Fanfic: A Dama e o Guerreiro - AyA | Tema: AyA (adaptada)

Quando Alfonso chegou, Anne-Marie o avisou de que Anahí estava no quarto. Ele subiu as escadas rapidamente, viu a porta fechada, então bateu, mas não esperou por uma resposta, entrando logo em seguida no aposento que era palco da volúpia e do desejo que consumia seus corpos e almas desde a noite em que Anahí o pedira para amá-la.

Ela estava parada ao lado da janela, parecendo magnífica em um vestido azul-claro. Desde que chegara à França, não havia usado tiaras, véus ou quaisquer adereços que lhe escondessem a reluzente cascata de cabelos louros, e ali, sob a luz difusa do crepúsculo, o perfil delicado parecia ainda mais belo do que nunca.

Alfonso estremeceu, sentindo o coração bater mais rápido e o desejo se apossar de seu corpo como um inimigo impiedoso ao qual era impossível resistir. Céus, como uma única mulher podia exercer um efeito tão devastador sobre o coração de um guerreiro?, perguntou-se, mal contendo um profundo suspiro.

Anahí sabia que era ele quem havia entrado no quarto, não precisava nem mesmo virar-se para confirmar isso, pois apenas Alfonso era capaz de fazê-la sentir aquele arrepio na nuca e de deixar todos os seus sentidos em alerta. Num gesto inconsciente, passou a língua pelos lábios e voltou-se lentamente.

— O rei Felipe vai mandar um emissário para levá-la até seu noivo.

— Eu sei, ouviu Jacques e Hélène conversando.

— Graças a Deus que sabe. Pensei que estivesse contemplando a possibilidade de saltar da janela outra vez, milady.

Um leve sorriso brincou nos lábios rosados.

— Não, não faria isso, prometi que não haveria arrependimentos. Mas, por outro lado, gostaria muito de saber o que seus amigos têm dito sobre mim àqueles que se atrevem a perguntar.

Alfonso deu um passo atrás e virou-se para a pequena lareira que havia num dos cantos do aposento, fingindo aquecer as mãos nas chamas que crepitavam ali.

— Se não pretende me dizer a verdade, milorde, então é melhor retirar-se — irritou-se ela.

— Não use esse tom comigo, Anahí.

— Já sofri muito em suas mãos, portanto, meu tom é bem compreensível.

— Você sofreu?! — Alfonso empertigou-se. Ela enrubesceu, mas não ousou dar-lhe as costas.

— Pois saiba, minha cara, que sempre tive toda a intenção de falar a verdade, não só para senhora, como também para o conde de Lacville.

— O quê!? — exasperou-se Anahí, um pavor repentino falseando em seus olhos.

— Isso mesmo que ouviu, milady. Já que insisti tanto em descobrir o que dizem meus amigos, saiba que estão preocupados com sua segurança. Afinal, todos sabemos que Longueville foi contatado em Liverpool e pago para abordar o navio em que a senhora viajava, e, se preciso fosse, colocá-lo a pique.

— Como?!

— Ocultei essa informação durante algum tempo, porque temi que pudesse ser mentirosa ou deturpada pelo pirata, mas meus amigos franceses investigaram e confirmaram que Longueville não mentiu. Alguém deseja vê-la morta. E, como vai se casar com o conde de Lacville e depois voltar a Clarin, deve estar ciente de que corre um grande perigo, pois não sabemos quem encomendou sua morte.

— Não compreendo.

— E simples, minha querida, você tem inimigos.

— Está dizendo que Longueville foi pago para atacar o navio em que eu viajava? Mas, por quê? Quem? Com que finalidade?

— Simples, queriam que desaparecesse da face da Terra, milady.