Fanfic: A Dama e o Guerreiro - AyA | Tema: AyA (adaptada)

— Isso é uma grande mentira!

— Longueville não tinha razão para mentir e meus amigos franceses também não.

— Ele é um pirata!

— Sim, um pirata, e, para sua sorte, Anahí, não um assassino profissional.

— Ah, por acaso deveria me matar?

— Sim, mas, segundo nos disse, não pretendia fazê-lo. Estava mesmo pensando em vendê-la como escrava para um sultão do Oriente. Uma mulher com sua beleza, especialmente com esse tom de pele e cabelos vermelhos, seria um verdadeiro tesouro no harém do sultão.

Ela o fitou, incrédula, então caminhou até a porta, abrindo-a.

— Saia, Alfonso Graham!

Em vez de fazer o que lhe fora dito, Alfonso recostou-se na lareira e cruzou os braços na altura do peito.

— Não foi você mesma que me pediu a verdade? Pois estou lhe dizendo a verdade. Você corre perigo, Anahí.

Ela meneou a cabeça inconformada.

— Não, você não entende. Enquanto eu continuasse em casa, solteira, não seria uma ameaça a ninguém. E se eu morrer sem gerar um herdeiro a propriedade passará às mãos de...

— Não seja tola, Anahí. Sabemos que se a situação chegasse aos ouvidos do rei ele cuidaria de arrumar um marido para você, quer gostasse ou não do eleito. Restam ainda seus parentes, que herdariam Clarin no caso de ser impossibilitada de fazê-lo.

Anahí o encarou furiosa.

— Meus primos são homens honrados e jamais fariam qualquer coisa para me prejudicar! — empertigou-se.

— Esse argumento é para mim ou para você mesma? — escarneceu Alfonso.

— Não é um argumento, mas um fato.

— Se quer acreditar nisso...

— Por favor, saia.

Alfonso cruzou o espaço que os separava e parou diante dela. Estava tão próximo que podia sentir-lhe o hálito com cheiro de menta, mas não ousou tocá-la.

— Seja como for, vou contar o que sei a seu noivo. Alguém precisa avisar o conde de Lacville do perigo que corre.

— Ele vai rir de você.

— Será?

— Claro. Alain conhece minha família.

— Pode ser, mas também é um homem inteligente e sabe o que a ganância pode fazer à alma humana — falou.

— Você é um mentiroso! Um mentiroso, um embusteiro, um monstro, um escocês!

— O último dos adjetivos certamente o sou, quanto aos demais, o tempo lhe mostrará!

— Ah, Alfonso Graham, você é a pessoa mais desprezível que já conheci! — bradou Anahí, respirando em golfadas.

— Peço desculpas por isso — ele disse sem se alterar. — Mas não gostaria de mudar nada em minha personalidade ou jeito de ser. Tenho orgulho de ser um maldito guerreiro escocês, como você diz.

— Ah, eu te odeio, Alfonso! Você é mesmo um monstro, um escocês maldito!

— Minha querida Anahí, está começando a se tornar repetitiva — falou com zombaria. — Agora diga, quer mesmo que eu saia?

— Não! — bradou ela, com a mesma determinação com que o estivera atacando.

— Ainda bem, porque agora é minha vez de pedir que faça amor comigo. Naquela primeira noite eu atendi a seu pedido, agora quero que faça isso por mim, porque Paris está muito perto, o que significa que logo nos despediremos para sempre. Por isso, esta noite, por favor, Anahí de Clarin, me ame e me torne o homem mais feliz da face da Terra.

Antes que Anahí pudesse responder, Alfonso abaixou cabeça e encontrou os lábios rosados. Eles eram doces, macios e deliciosamente sedutores. Iria queimar no fogo do inferno por isso e por todos os outros pecados que cometera durante as várias batalhas que lutara, mas agora não tinha tempo para lamentação, pois tudo o que queria era perder-se de amor naquele corpo de curvas sensual e mergulhar o rosto nos cabelos que exalavam um suave aroma de lavanda, esquecendo-se para sempre de que eram inimigos e que logo seriam separados pelo destino.