Fanfic: A Dama e o Guerreiro - AyA | Tema: AyA (adaptada)

Naquela noite ele estava usando um kilt com a camisa branca de sempre e quando pulou para o interior da sacada, Anahí pôde ver-lhe as coxas grossas e bem-torneadas e lembrou-se de como era bom tê-las enroscadas nas suas.

— Achei melhor não vir pela escada. — gracejou Alfonso, cruzando o espaço que os separava e tomando-a nos braços.

— Certamente uma escolha muito sábia, meu caro. — ela respondeu, fitando-o. — Mas, ao mesmo tempo, muito arriscada.

— Sim, mas ainda não chegamos a Paris.

Ficaram ali parados, sob a luz do luar e também à vista de alguém que se postasse no centro do pátio. Isso sim, era uma grande tolice.

— Tem razão, ainda não chegamos a Paris. — Anahí concordou, antes de estender-lhe a mão e deixá-lo puxá-la rapidamente para o interior do fausto aposento.

Naquela noite ela não dormiu. As horas eram preciosas demais para perder tempo. Por isso, passou cada minuto olhando para Alfonso, acariciando-o, deixando-se acariciar e também amando-o com paixão.

— Preciso reconhecer que você correu um grande risco para me ver esta noite. — Anahí murmurou, tocando o peito viril com a ponta dos dedos.

— Bem, nós escoceses somos famosos por assumirmos muitos riscos. Não temos escolha.

— Nem eu. — declarou Anahí com um suspiro repleto de significado. — E depois que eu me casar...

— Você será uma excelente esposa.

— Sim, porque também não tenho escolha.

— Não exatamente, pois você sabe que, se quiser, poderá fugir com um renegado escocês.

— Fugir com você? — Anahí arregalou os imensos olhos verdes.

— Sim, não posso te oferecer muito luxo enquanto estivermos lutando. Os acampamentos são precários, às vezes enfrentamos chuva, às vezes vento, sol e tempestades. Mas ocasionalmente temos um castelo onde nos abrigar quando nos refugiamos ao norte do reino, um lugar aonde Eduardo ainda não conseguiu chegar.

— Pode ser, mas seus barões são tão perigosos quanto o inimigo inglês, pois em um dia assinam acordos de paz e no outro pegam em armas para lutar. Vocês não têm um rei para guiá-los. Não entendo por que continuam lutando.

— Pela Escócia, é claro.

— Você poderia ir até Eduardo I e clamar por perdão. Todos sabem que o único homem ao qual Eduardo jamais perdoará é Wallace.

— Não. Tenho lutado com sir Wallace por tanto tempo que jamais me sujeitaria a algo tão vil, nem mesmo pelo amor que pulsa em meu coração que, acima de tudo, é de um guerreiro escocês. Além do quê, minha lealdade não é algo que mude conforme o vento sopra. Tenho princípios, Anahí. Acredito neles e luto por eles.

— Mas...

— Quando entrego minha lealdade, milady, é para sempre.

Anahí acariciou o contorno da face angulosa, perguntando-se se teria coragem de fugir com um rebelde escocês e deixar tudo para trás, inclusive sua lealdade para com Clarin e as pessoas que habitavam ali. Mas no fundo sabia que era como Alfonso, leal a suas raízes e devotada à causa que abraçara.