Fanfic: A Dama e o Guerreiro - AyA | Tema: AyA (adaptada)

— Veja, Birdie! Conseguimos! — Anahí gritou, extasiada com o sucesso de sua empreitada.

A porta tinha sido finalmente colocada abaixo e as duas mulheres saíram correndo da cabine.

Quando chegaram ao convés, descobriram que este estava completamente tomado por flechas incendiárias. Ao contrário do que Anahí tinha imaginado, o navio não estava pegando fogo, mas isso acabaria ocorrendo se alguém não tratasse de apagar as chamas bem rápido.

E os piratas de Longueville pareciam saber exatamente o que fazer, pois ao mesmo tempo que apagavam as chamas, preparavam-se para o ataque da nova nau que já se acoplara ao lado oposto do navio inglês.

— Corram, seus imbecis! — Longueville gritava de seu posto de comando. — Eles trouxeram táticas de batalha em terra para o alto-mar. — Enfurecido, olhou para a nau inimiga e resmungou algo em francês, antes de dizer: — Ah, mon Dieu, são escoceses. Eu deveria ter imaginado.

Era surpreendente que àquela altura a embarcação inglesa ainda não tivesse ido a pique. Afinal, de um lado estava o navio pirata, acoplado como se fosse uma espécie de prolongamento da embarcação original, e de outro, o navio que Longueville dissera ser escocês.

— Ergam suas espadas e lutem, piratas malditos! — Uma voz profunda e sonora se fez ouvir acima do tumulto que imperava no convés do navio.

Anahí virou-se a tempo de avistar um homem alto e forte que acabava de subir no mastro e empunhava sua espada com ar desafiador.

Sem dúvida, ele era mesmo escocês, pois a primeira coisa que Anahí notou foi que o invasor usava um tartan xadrez, calças pretas, botas de pele de animal e uma camisa de linho branca. Um grande broche celta mantinha o tartan preso no ombro largo. Ele era jovem, certamente, com cabelos escuros que lhe chegavam até a altura dos ombros. O rosto tinha feições angulosas e os olhos escuros pareciam sagazes e atentos a tudo a sua volta. Surpreendentemente, aquele escocês não usava barba e demonstrava uma certa cultura, pois havia falado em francês com os piratas.

Ora, mas isso não queria dizer que fosse um homem civilizado!, Anahí falou para si mesma. De qualquer forma, ele era um bárbaro escocês, que matava a tudo e a todos que estivessem em seu caminho. Anahí sabia muito bem disso, pois experimentara a fúria escocesa na própria carne quando Wallace resolvera enfrentar os ingleses próximo às terras do Castelo de Clarin.

Pelo canto dos olhos, ela observou o jovem líder escocês agarrar-se a uma das cordas do mastro com uma mão e empunhar sua espada com a outra, escorregando em direção ao convés.

Mas o capitão pirata não era tolo e estava pronto para recebê-lo quando ele chegou ao chão. Os dois lutavam furiosamente.

Logo muitos outros homens saltaram para o convés, utilizando a mesma corda que o primeiro escocês usara.

De onde estava, Anahí pôde ouvir gritos em galés, gritos de ordem em um dialeto nórdico e muitas palavras desconexas em dialetos que jamais escutara antes. Os franceses, por sua vez, falavam em um idioma que qualquer pessoa razoavelmente esclarecida poderia entender.

Em questão de segundos, uma batalha feroz voltou a ser travada no convés, e Anahí e Birdie se encolheram junto à proa a fim de se proteger daqueles homens que pareciam não ter o menor apreço por suas vidas.

— Ah, isso não pode estar acontecendo! — Birdie gemeu quando um homem caiu bem junto a seus pés.

Era um pirata. Ele pareceu momentaneamente atordoado, então ergueu os olhos para as duas mulheres, esboçou um sorriso banguela e logo voltou a ficar em pé e atirar-se sobre seus inimigos. O mais incrível era que parecia estar se divertindo com tudo aquilo.

— Ah, um ataque já é demais, porém dois seguidos é algo de que nunca ouvi falar! Chega a ser uma grande falta de decoro — reclamou a criada. Estava tão ultrajada que, por um instante, esqueceu seus temores.

— Tem razão, Birdie. E precisamos fazer alguma coisa bem rápido — Anahí argumentou, tentando pensar em uma maneira de sair dali.

— Vamos voltar para a cabine do capitão, milady.

— Não! — Anahí recusou-se veementemente. O medo que sentia de fogo era paralisante. Contudo, tinha de admitir que estavam numa posição muito perigosa, considerando-se o combate corpo a corpo que se desenrolava no convés. — Birdie, vamos correr para a popa! — gritou, quando dois homens se atracaram e começaram a rolar perto delas.

Agarrando a mão da fiel serviçal, Anahí a puxou em direção à popa do navio. Uma vez ali, parou e olhou para as águas agitadas que arrebentavam junto ao casco de madeira. O mar irlandês não era o que se podia chamar de um reduto de águas tranqüilas.

Até mesmo o céu, que até pouco tempo atrás estivera azul e brilhante, agora exibia nuvens escuras e acinzentadas, como se refletisse a violência que explodia no convés da embarcação de bandeira inglesa.