Fanfic: - Hold On - | Tema: Original

           Quando abriu a porta de casa, viu todos no sofá conversando e beliscando alguma coisa que estava na mesinha de centro. Seu pai sempre fazia uma entrada, apenas porque ele estava acostumado com essas coisas no restaurante, e segundo ele, não podia faltar. Era camarão empanado.

           – Oi Thom. – Amanda levantou do sofá e deu um abraço caloroso no amigo. Thomas deu um beijo na sua testa, Nick e Caleb cumprimentaram de longe, dizendo que estavam com preguiça de levantar. Ele foi logo pegar os empanados na mesa de centro, sem fazer cerimônia. Louis Löhnhoff era bastante exagerado, faltar ali nunca faltava, podiam não ter tanto dinheiro assim, mas a mesa estava sempre farta. Ali todos eram como se fossem da família.

           Nick, Thomas, Amanda e Caleb se afastaram de seus pais, indo todos para o quarto de Thom. No caminho, passaram pela cozinha, e automaticamente sentiram o maravilhoso cheiro da comida de Louis.

           – Tá de parabéns, Luizinho! – Brincou Caleb, passando por lá e brincando com o “quase pai”, que apenas gesticulou negativamente com a cabeça e soltou uma risada.

           Eram todos íntimos por ali, se divertiam todos juntos.

            Os quatro jovens entraram no quarto de Thom já se acomodando como queriam. Folgados, eu poderia dizer.

           – Agora nos explique o que diabos foi fazer na mansão. – Amanda começou, sentando na cama de Thomas e sorrindo debochada pro mesmo, que revirou os olhos.

           Nicholas sentou na cadeira do computador e a virou para os amigos, para participar da conversa.

           Caleb sentou no chão e deitou a cabeça na cama, sempre fazia isso.

           – Apenas agradecer, Amanda. Não fui agarrar Sophie Montini, se é o que está pensando. Aposto que minha mãe já contou a história dos livros, ou não? – Ele perguntou, franzindo o cenho. – Ela nunca perde a oportunidade de contar alguma fofoca. – Nick riu do comentário de Thomas.

           – Contou. – Ele confirmou.

           – Pois é, só fui agradecê–la. Esses livros são tudo que eu preciso pelo menos pelos próximos 3 anos. – O garoto explicou, sentando na cama também, ao lado de Amanda.

           – Não foi só isso que te fez ir até lá, aposto. – Caleb falou, rindo. – Juntou a fome com a vontade de comer.

           Thom sorriu e nada respondeu. Não era como se precisasse.

           – Como ela é, Thom? – Amanda perguntou, com os olhos azuis fixados nos de Thomas.

           Um sorriso bobo surgiu nos lábios dele.

           – Estupidamente linda. – Ele respondeu, abobalhado. – Sério. Vocês nunca viram aquela garota de perto, ela é maravilhosa.

           – Eu imagino. A irmã dela era uma deusa mesmo magra demais, imagine ela nas proporções perfeitas. – Nicholas falou, parecendo sonhar acordado. Amanda olhou pra ele com uma cara feia.

           – Ah é, então a irmã dela era uma deusa? – Ela perguntou pra ele, carregando a voz no sarcasmo. Nicholas revirou os olhos.

           – Ai Amanda, agora você vai ter ciúmes por causa de uma estrelinha do céu? – Caleb ironizou, se metendo na briga do casal.

          – Estrelinha? Uma senhora estrela, eu diria. – Nick comentou.

           Amanda começou a dar socos fracos no ombro dele, que começou a rir. Caleb e Thomas riram junto. A relação dos dois era divertida, ela era puro ciúme e aquilo não o abalava, ao contrário, ele gostava de brincar com a situação.

           Thomas estava um pouco alheio à conversa que os amigos começaram no instante seguinte. Na verdade, depois que saiu da mansão, uma pergunta ficou na sua cabeça, não, não era apenas uma, eram algumas. Além do jeito contraditório dela, várias outras: Por que ela tinha aqueles livros se ela não fazia medicina? Quem tinha feito anotações sobre as doenças de Katy Montini? Quem tinha estudado sobre aquilo? Por que ela sempre ficava na janela? Por que ela tinha dado os livros pra ele?

           Não era porque estava a incomodando no closet, aquela com certeza foi a desculpa mais esfarrapada que ele já tinha ouvido. Por Deus, o closet daquela garota deveria ser o mundo, por que alguns livros que segundo ela não valiam nem o preço de um sapato de marca incomodariam? Ela comprou os livros só por que achava que queria medicina? Ela era uma aluna tão aplicada a ponto de estudar antes mesmo de entrar na faculdade? O que a tinha feito trocar sua escolha por psicologia? Eram muitas dúvidas, muitas perguntas que ele queria fazer à Sophie. Mas ora, a menina não quis ao menos apertar sua mão, quem dirá dizer a ele informações sobre sua vida!

            – Ei Thomas, qual é seu problema? Estamos te chamando pra comer há um tempão. – Amanda dizia, na porta do quarto do amigo.

           Ele estava tão concentrado em seus pensamentos que nem ao menos viu seus amigos saindo do quarto para comer. Ainda bem que o esperaram, porque se não esperassem, não sobraria nem uma folha de alface. Eram todos uns trogloditas!

           A mesa da casa dos Löhnhoff`s era bem grande. Sempre com jantares, almoços e lanches, não tinha como ser pequena, afinal. Durante o almoço, o pai de Nicholas, o Sr. Roberto, fazia algumas piadas, eram até engraçadas, ele fazia com que todos ali dessem risadas altas, nada discretas. O bom daqueles almoços eram os sorrisos, as risadas, a felicidade dali. Por mais problemas que tivessem, sempre estavam sorrindo. Esse era um dos motivos para que Anna adorasse aqueles almoços aos domingos, além da felicidade da família dela, aquele almoço proporcionava a felicidade de outras três famílias. Felicidade pelo menos por um momento, porque a final de contas, nem tudo na vida é um mar de rosas.

           Os almoços de domingo acabavam sempre com os quatro amigos andando de skate pelos quarteirões vizinhos da vila dos Löhnhoff`s. E é claro que não poderia faltar a passadinha pela mansão adorada de Thom. Mesmo com os amigos, ele nunca deixava de passar bem devagar por ali. Olhou para janela. Ela não estava, e a cortina mais uma vez estava fechada.

            – Acho que não deu sorte, meu caro. – Nicholas brincou com o amigo, com uma voz de falso dó.Amanda deu um tapa no ombro do namorado.

           Thomas se decepcionava quando não via a garota. Tinha que confessar que, às vezes, o objetivo de suas saídinhas de skate era apenas a linda vista que a mansão lhe proporcionava.

           Depois de não terem encontrado Sophie, os quatro foram correndo para a praça que costumavam ir. Pararam um pouco lá, tomaram um sorvete, conversaram idiotices da vida e fizeram algumas manobras numa rampa que tinha ali.

           Os quatro decidiram voltar apostando corrida. Amanda estava ganhando, bem na frente dos três. Corriam os quatro como loucos. Seria imperdoável que uma garota ganhasse uma corrida de skate com três homens, afinal. Ah, puro machismo! Por outro lado, Amanda não poderia deixar essa oportunidade ir embora, tinha que mostrar que as mulheres eram sim capazes de serem mais rápidas que os homens no skate.

           Sem prestar atenção em mais nada, eles tiveram que parar bruscamente quando quase esbarraram em uma garota saindo da mansão. Não. Não era apenas uma garota. Era “A garota”. Era ela.

           Os olhos de Thomas encontraram Sophie, que estava na frente do portão, com aqueles olhos verdes arregalados. Os olhos ficaram ainda mais arregalados quando ela percebeu que era o futuro médico filho da manicure. Estavam ali então, Sophie e Thomas, outra vez cara a cara.

           Caleb, Nick e Amanda estavam apenas olhando, sabendo bem de quem se tratava. Vou te dizer que o fato de Thomas não ter se dado conta que estava passando pela mansão não havia sido nada estranho. Era uma corrida, a velocidade estava tão grande com o skate que nem prestar atenção a um palmo à frente do seu nariz ele prestou. Que bom que não passavam muitos carros pela cidadezinha, porque atropelamento não seria muito difícil naquela situação.

           Olhar nos olhos dela era quase hipnotizante. Uma vez que alguém olhasse, parar seria com certeza muito difícil. Isso devido ao simples fato de que eram olhos belíssimos. Verdes, extremamente verdes. Lindos.

           – Continua com a blusa suicida. – Sophie foi a primeira a dizer, abaixando o olhar dos olhos dele para a blusa trinta vezes maior que seu corpo. Era a mesma que ele estava pela manhã, quando foi agradecê–la pelos livros.

           Não havia conseguido entender bem a expressão que ela havia feito após o comentário, era quase simpática. Se era um sorriso ou não Thomas não sabia, mas ele tinha gostado daquilo. Sophie cruzou os braços e olhou para o resto do grupo, dos pés a cabeça, da cabeça aos pés. Olhou nos olhos de Thomas outra vez, para o desespero do garoto. – Além de tudo anda em bando. – Ela afirmou, e depois sorriu, claramente. De um jeito debochado.

           Thomas devolveu o sorriso pra ela, mas de uma forma mais amigável.

           – São meus amigos, gostamos de andar por aqui pra tomar um ar. É perto de casa, sabe?

           Nick começou a rir. Tomar um ar, Thomas? Agora esse era um novo nome para o ato de ficar observando a vizinha? Thom olhou para Nick, fazendo discretamente uma cara feia. Sophie pareceu não ter reparado.

           – Desculpe, mas não me lembro de ter perguntado quem são, muito menos o que gostam de fazer. – Ela respondeu, erguendo uma de suas sobrancelhas. Thomas arregalou os olhos.

Amanda, Caleb e Nicholas se entreolharam, surpreendidos com tamanha arrogância da menina. Como podia ser tão bonita e tão... Metida?

           – Bem... Nós já estamos de saída. – Thomas falou, sorrindo sem graça e bagunçando o cabelo, desajeitado.

           Sophie mordeu os lábios e acabou sorrindo. Dessa vez, de um jeito bem natural.– Boa noite. – Ela falou, simpática. – Boa noite também, bando. – Ela completou, olhando para os amigos de Thomas.