Fanfic:  A Aposta - O jogo de sedução está prestes a começar. Adaptada | Tema: AyA

Via Láctea.

Sistema Solar.

Planeta Terra.

América do Sul.

Brasil.

São Paulo.

Zona Sul.

Colégio Prisma.

Segundo andar.

Estão me acompanhando? Pois então, é bem provável que o barulho do tapa desferido por Anahí em Poncho tenha feito o caminho inverso, reverberando nas bordas da galáxia, alcançando inclusive nossa vizinha, Andrômeda.
O rosto do garoto queima como a superfície do sol e não é apenas pela dor. Ele está enfurecido.

Seus olhos esverdeados encontram-se com os azuis de Anahí. Estão estreitos, cortantes, flamejantes. Poncho leva a mão ao local estapeado, alisando a barba por fazer.

Ele não pode ver, mas Anahí pode: quatro dos dedos dela estão marcados na pele de Poncho como um carimbo para que ele se lembre, pelo menos pelas próximas horas, de com quem está lidando.

Um uuuhhhhhh abafado surge de todos os

cantos do corredor em azul e branco, recém pintado

com uma tinta lavável e de fácil manutenção. O lance sobre a escolha da tinta não vem ao caso agora, concentremo-nos no tal tapa.

E que tapão! Poncho foi pego desprevenido e quando seu cérebro finalmente para de zunir, avança um passo em direção a Anahí, desconcertado.
Ele não esperava por isso, ninguém imaginava esse desfecho. Acredito que até Anahí esteja surpresa com sua atitude. Mas como toda ação leva a uma reação contrária na mesma intensidade, podemos supor o que acontecerá a seguir.

— Você é louca? Qual o seu problema? – Poncho dispara, ainda alisando o rosto em chamas.

— Meu problema é você, Alfonso

Herrera! – Anahí cospe, exaltada. – Você, seus amigos e essas malditas apostas!

— Ah, saquei tudo. – Poncho lança no ar um sorriso debochado. – Quer saber, Anahí? Nem

se o valor da aposta triplicasse, eu toparia beijar você.

— Uuuuhhhhhhh. – outra comoção deixa a atmosfera mais tensa.

— Seu… seu… seu cretino! Está invertendo as coisas a seu favor! E você me beijaria sim ou então, não teria aceito essa aposta ridícula.

— Ri-dí-cu-la. Você tem toda a razão.

Beijar você é absurdo e eu seria patético se levasse isso adiante. – o garoto não tem a

menor noção do perigo.

Anahí se aproxima e impulsionada por uma fúria crescente, acerta uma joelhada nas

bolas de Poncho. O cara empalidece e urra de

dor, caindo ao chão. Antes que algum engraçadinho se ajoelhe e conte até dez, como nos ringues de luta livre, uma voz mal-humorada surge dos confins do corredor:

— Chega dessa palhaçada! Voltando para a sala de aula agora mesmo! – o professor de Literatura aproxima-se a passos largos, enxotando a todos como se fossem mosquitos irritantes. – Menos vocês dois. – aponta para

Poncho e Anahí. – Venham comigo. O diretor vai

adorar ouvir a empolgante narrativa que

culminou nesse momento tão ímpar.