Fanfic:  A Aposta - O jogo de sedução está prestes a começar. Adaptada | Tema: AyA

Trinta e dois: A primeira etapa da caça

Algemados. Sim, esses dois se embrenham no meio da mata atrelados pelos pulsos, as peles se tocando.

Um perigo! Poncho está com os localizadores no bolso de trás da bermuda e Anny segura o mapa aberto em mãos. Os apitos balançam pendurados ao pescoço, sustentados por um fio de nylon. Ambos receberam um cinturão com alguns apetrechos e um cantil de água. Poncho dá uma olhada rápida no bolso da pochete e descobre: uma mini lanterna, duas barras energéticas e um canivete suíço.

Dá para o gasto. Anny vai guiando Poncho pela trilha aberta na mata.

Percebem que os mapas não são iguais quando Maite e Nando tomam outro caminho. Eles se mantém na mesma trilha que Gancho e Dulce, Bárbara e Bola, Camila e Edgard e outras duplas que vem logo atrás.

— Temos que virar aqui. – Anny para e aponta algo no mapa.

— Certo.

Os dois saem da pista principal, avançando por um terreno um tanto inclinado, ladeado de árvores e plantas rasteiras. Estão por conta própria a partir de agora. Estudando o mapa, Anny acredita que logo alcançarão a rocha demarcada com um xis vermelho.

Quando chegarem a esse ponto, deverão pegar um caminho adjacente e seguir em frente, até cruzarem com o riacho. É lá que encontrarão a caixa com a chave e o segundo mapa. Anny estaca de repente. Poncho, desavisado, leva um tremendo puxão para trás. Vira-se para encarar a garota, irritado.

— Custa avisar que vai parar de andar?

— Desculpe. – Anny pede silêncio, levando o indicador aos lábios. – Acho que ouvi alguma coisa.

— Fala sério. – Poncho bufa. – Estamos no meio da mata. É óbvio que você vai ouvir coisas.

— Não é isso. Tenho a estranha sensação de que estamos sendo seguidos. – Anny está séria, compenetrada. Aguarda mais um pouco antes de retomar o caminho. – Devo estar enganada.

— Não somos os únicos nessa mata. – Poncho revira os olhos, doido para chegarem logo ao riacho.

Eles voltam a caminhar. É Poncho quem vê a rocha com um xis marcado. Ao alcançarem o local, viram à esquerda, numa trilha estreita e com o mato mais fechado.

— Tem cobras aqui? – Anny não tinha pensado sobre o assunto até então.

— Com certeza. Mas fique tranquila, elas não vão se aproximar.

— Nem vou perguntar se o que acabou de dizer é uma ironia. – Anny acelera e Poncho toma um tranco violento no pulso.

O mapa é preciso. Pouco tempo depois, escutam o barulho de água. Devem estar próximos ao riacho. Anny segue em frente, segurando-se nos troncos das árvores. Nesse ponto, o terreno está lamacento, resultado da chuva de ontem.

— Estou ouvindo o barulho de água. – Poncho fala o óbvio.

— Não estou surda.

— Deus, que garota difícil! – ele chacoalha as mãos e por consequência, uma das mãos de Anny balança junto.

— Se não quiser tomar uma joelhada, pare de balançar a minha mão.

— Se me der uma joelhada, vou cair e você vai precisar me arrastar. – Poncho retruca, parando de andar. Anny sente o solavanco e fuzila o garoto com o olhar.

— Não precisarei arrastá-lo. Quebro o seu dedão e tiro a algema.

— Que coisa macabra. Você me dá medo às vezes. – Poncho a encara, recostando num tronco grosso e cheio de falhas. Pega o cantil do cinturão e dá uma golada. – Quer?

— Não. Só quero chegar logo nesse riacho e me livrar de você. – Anny ergue o braço atrelado a Poncho, com a cara amarrada.

— Por que quer se livrar de mim? – ele guarda o cantil e dá um puxão em Anny. A garota bate contra o peito dele e usa a mão livre para se afastar.

— Faça isso de novo e eu juro que quebro a sua cara. – Anny resmunga, impaciente.

— Já disse que você fica extremamente sexy quando está brava? – o cara curte brincar com fogo. Nesse caso, a velha Anny daria um bom chute no meio das pernas dele, correto? Mas a pedido de Dulce, usará outra estratégia com Poncho.

— Ah, é? Você acha isso mesmo? – Anny entreabre os lábios e com o dedo indicador, traça um caminho perigoso que desliza pelo peito de Poncho até o rosto. Ela se aproxima mais, prendendo os olhos dele aos seus. O rapaz é pego no contrapé, a respiração falha e o coração bombeia o sangue num ritmo alucinante.

— O que está fazendo? – ele balbucia, a voz entrecortada.

A mão livre de Anny está na nuca de Poncho. Os olhos não se desgrudam nem um instante. As bocas se aproximam, mas ela desvia na hora H, alisando a barba dele com os lábios, chegando até o lóbulo da orelha. Ela mordiscou? Sim, ela mordicou a orelha dele! Poncho solta um gemido abafado, fecha os olhos e sente um arrepio cortante subir pelos braços. E então, para arrematar com chave de ouro esse momento, a garota murmura, com a voz mais provocante que consegue fazer:

— Se me irritar novamente, vou mostrar o quanto sua morte por afogamento pode ser sexy. – dito isso, ela se afasta para o mais longe que as algemas permitem.

Poncho abre os olhos. No lugar daqueles pontos luminosos que brilham como raios solares, duas bolas de fogo faíscam na direção de Anny. Um tanto violento, Poncho a joga contra outra árvore, prendendo-a pelos braços.

— Se me provocar desse jeito de novo, não respondo por mim. – ele arfa.

— E o que vai fazer? – Nina mantém o tom insinuante.

— Está avisada!

E arrancando o mapa das mãos da garota, ele retoma a trilha, arrastando uma triunfante Anny que vem logo atrás.