Fanfic:  A Aposta - O jogo de sedução está prestes a começar. Adaptada | Tema: AyA

Há um lenço azul no pescoço de Alfonso Herrera. De costas, Anahí caminha intuitivamente em direção ao tablado. Os olhos de ambos não se desgrudam um segundo sequer.

Murmurinhos começam a se formar na pista de dança e conjecturas são atiradas para todos os lados. Será que Anahí perdeu a aposta? Se apaixonou por Alfonso? Que diabos está acontecendo?

Anahí engole a saliva que se forma em sua boca, está nervosa com essa demonstração pública. Não que ligue para o que as pessoas pensam, não é isso. Mas os olhares cravados nela incomodam um bocado.

Anahí dá um puxão no lenço, trazendo Alfonso para mais perto. A trilha sonora não é lenta, mas dá para dançar juntinho. As mãos de Alfonso rasgam o ar, agarrando a cintura de Anahí com delicadeza. Ela solta as pontas do lenço e entrelaça os braços ao redor do pescoço dele.

O magnetismo entre esses dois gera uma aura grandiosa, capaz de protegê-los contra qualquer mal. Juntos, possuem uma força  avassaladora, dessas que evocam o poder divino. Mas eles não sabem sobre isso. Ainda.

Anahí se deixa envolver pelos sentimentos que afloram, não se importando mais com o que acontece ao redor. O tempo e o espaço se fundem, deixando de existir. Arrepia-se quando Alfonso acaricia seu pescoço com os lábios úmidos.

—Está usando aquele perfume, não está? – ele pergunta, inalando-a, inebriando-se com o aroma.

—Hipnose? – ela faz uma pausa. – Estou sim.

Ela sente as batidas do coração dele contra seu próprio peito. Cerra as pálpebras quando seu hálito quente deixa marcas por onde passa. Anahí não está mais no controle e ele a abraça com força, fazendo-a arfar.

Um novo murmurinho toma conta do tablado. É Alfonso quem percebe primeiro o que está havendo. Troca olhares assustados com Gancho. Sophia acaba de tirar Bola para dançar, utilizando-se de um lenço vermelho sangue.

Alfonso para de dançar, afrouxando o abraço em Anahí. Ela percebe algo estranho e o fita, sem entender o que está havendo. Nota que os olhos do cara estão fixos em algum ponto além e girando a cabeça, solta uma exclamação.

Sophia acaba de desferir um beijo de língua em Fabiano, o Bola.

~~***~~

Alfonso está boquiaberto e uma de suas pálpebras treme de raiva. Esse tempo todo o Bola estava jogando contra eles, as coisas finalmente começam a fazer algum sentido.

O cara é um agente duplo, está tão óbvio agora. O que ele contou para as Kibis? Será que dedurou as apostas? Ah, claro que sim, Suzana e Ana Paula estavam agindo como se soubessem do jogo.

E o que Bola terá contra a Kibi Mor? Por que ela está se humilhando a esse ponto? Terá algo a ver com Anahí? Será que Bola conseguiu algo para que Sophia possa finalmente se vingar?

—Bola, seu lixo humano. – Alfonso murmura,entredentes.

—O que foi? – Anahí escuta o lamento de Alfonso. – Está com ciúmes?

—Como é? Enlouqueceu?

—É o que está parecendo! – Anahí empurra Alfonso com as duas mãos.

—Não é nada disso.

Gancho e Maite, de mãos dadas, se juntam a Alfonso e Anahí. Os amigos se entendem só com o olhar e Gancho está com o cenho franzido e os olhos negros brilhando em fúria.

Nesse ponto, Sophia e Bola estão dando um show – de horrores – na pista de dança.

Entre beijos e afagos, começam a dançar ao ritmo da salsa. Agem como se não percebessem os olhares embasbacados e as bocas entreabertas ao redor.

—Poncho, precisamos conversar. – Gancho dispara, um tanto afoito.

—Só se for agora. – Alfonso concorda, pegando Anahí de surpresa.

—Como é? – ela encara Alfonso e Gancho. – O que está acontecendo aqui?

—Anny, mais tarde. – Alfonso tira o lenço do pescoço e entrega a ela. – Prometo que depois conto tudo a você, mas não agora.

E antes que Anahí ou Maite possam dizer qualquer coisa, os dois seguem em direção às redes, distanciando-se ao máximo da muvuca na qual se transformou a pista de dança.

Anahí e Maite se entreolham, confusas.

Logo Dulce se junta a elas, tão absorta quanto todo o mundo.

—Gente, o que está rolando aqui? O mundo acabou e eu não estou sabendo? –Dulce sacode a cabeça, sem conseguir desviar os olhos de Bola e Sophia.

Confusa e com o humor oscilando drasticamente, Anahí finca as unhas nas palmas das mãos antes de concluir:

—Eu não faço ideia do que está rolando, mas vou descobrir.

~~***~~

Os nervos de Alfonso pulsam em fúria. O sangue borulha dentro das veias enquanto caminha em círculos na areia, tentando entender o que está havendo.

Já está claro que Bola trabalha para as Kibis. E o que mais? O que faria com que Sophia beijasse o cara na frente de todos? Ele a está chantageando? Terá algo que a Kibi precisa para a vingança? Ou não é nada disso e Alfonso está delirando?

—Conte tudo para a Anny, man. Abra o jogo antes que seja tarde. – Gancho aconselha.

—Não posso fazer isso, não antes de me entender com ela. – Alfonso leva as mãos à cabeça, incerto.

—Cara, você precisa contar. Estou sentindo uma vibe estranha, acho que vai dar merda, meu camarada.

—Precisamos descobrir o que está rolando, Cabeçudo. Talvez não tenha nada a ver com a aposta e a vingança da Kibi.

—Duvido!

—Ok, estou perdido. – Alfonso joga as mãos para o céu. – Não sei o que fazer.

—Vamos arrebentar a cara do Bola até ele abrir o bico. Vamos torturar o cara! – Gancho esmaga os dedos e soca o ar. – Que traíra filho da mãe!

—Ei, galera. – Hulk chega seguido por todos os garotos do Prisma. – O que está pegando naquela pista? Como o Bola conseguiu vencer a aposta?

—Eu não faço a menor ideia, mas precisamos descobrir. Estão comigo? --Gancho estende o braço com a palma da mão virada para baixo.

—Estamos com você. – Alfonso repete o gesto de Gancho, colocando a mão sobre a do amigo.

Logo todos repetem o gesto, uma mão sobre a outra. O que quer que Bola esteja escondendo, esses garotos irão descobrir.

~~***~~

Anahí corre atrás de Alfonso, que segue apressado para a sala de jogos. Quando ouve seu nome, estaca no lugar, sem se virar.

—Poncho, o que está acontecendo?

—Anny, não posso falar sobre isso agora. –- ele não quer se virar, não pode deixar que seus olhos temerosos o entreguem.

—É isso então? Vai me deixar assim, no vácuo? E será que dá para olhar para mim? --Anahí avança agarrando o braço dele, puxando-o com violência.

Olhos nos olhos. Anahí percebe que algo está muito errado. Alfonso não consegue disfarçar e sabe bem disso.

—Confia em mim? – Anahí não responde e Alfonso refaz a pergunta. --Confia em mim, Anny?

—Eu ainda não sei. – ela hesita.

Alfonso toma o rosto dela entre as mãos. Antes que ela o afaste, os lábios se colam com força, com vontade, com fúria. Mas não é um beijo longo. Quando Alfonso abre os olhos, segura Anahí pelos ombros.

—É só o que peço, que confie em mim. – ele então segue para a sala de jogos, deixando uma desnorteada Anahí para trás.