Fanfic:  A Aposta - O jogo de sedução está prestes a começar. Adaptada | Tema: AyA

Após a reunião com os pais dos alunos do último ano, ficou acordado que Sophia e Bola estavam expulsos. Os pais dos garotos, extremamente envergonhados, pediram desculpas aos presentes e resolveram assumir sozinhos os encargos da destruição do hotel.

O pai de Anahí, nessa mesma reunião, decidiu acatar o pedido da filha e desistiu do processo judicial. Em que esse processo poderia melhorar as coisas? Os pais de Sophia e Bola pareciam ser boas pessoas e, bem, que melhor escola do que a vida, não? Esses dois garotos tomariam muitas  bordoadas se não mudassem de atitude.

Anahí ainda não deu sua resposta com relação a morar no exterior. Após deliberar com Mai e Dulce, decidiu pensar um pouco mais. Essa é uma oportunidade de ouro e não se pode desprezar algo assim.

Anahí também foi levada ao hospital para fazer novos exames de sangue. O que quer que havia em seu sistema foi expelido, de maneira natural. Não há qualquer traço da substância que ingeriu e isso foi um tremendo alívio para os pais da garota. O laudo do exame de sangue de Anahí já saiu e está nas mãos da polícia.

Hoje é segunda-feira, o primeiro dia das duas últimas semanas no Prisma. O diretor deu um salvo-conduto para Anahí. Se ela não quiser frequentar as aulas, estará dispensada sem maiores problemas. Mas esse seria um atestado de fraqueza e Anahí não quer parecer fraca.

Maite e Dulce prometeram não falar sobre Paris com ninguém. Esse será um segredo muito bem guardado.

Anahí chega ao colégio, estacionando a moto na vaga de sempre. Tira o capacete e pega a mochila e a bolsa, dirigindo-se para a entrada. No meio do caminho encontra Maite e outras garotas com o olhar abismado, mirando algo ao longe. Os olhos de Anahí são imediatamente atraídos para lá.

Ela empalidece no mesmo instante.

Mas que merda!

O outdoor, em frente ao colégio, sustenta algo que faz com que Anahí feche os olhos por alguns segundos. Quando torna a abri-los,descobre que é real.

Mai se aproxima, balançando a cabeça em negativa. Isso é ruim, muito ruim. As duas se encaram por alguns segundos antes de Anahí começar a dizer:

— Nós sabíamos que algo assim aconteceria.

— É, nós sabíamos. – Mai encara o outdoor novamente, absorta.

— Até que a Sophia tem talento, essa foto está ótima. – Anahí brinca com a situação, tentando desanuviar.

— É, a imagem está ótima mesmo. – Maite concorda. – É uma pena que você está seminua.

— É uma pena mesmo. – Anahí está com vontade de chorar, mas tenta dominar suas emoções.

— E o Poncho está com as mãos nos seus…

— É, ele está. – Anahí admite, pesarosa.

— Até que o layout do outdoor ficou legal. – Mai zomba, para que Anahí não se sinta tão mal.

— É, ficou interessante.

O imenso outdoor na porta do colégio está tomado por uma imagem de Anahí e Alfonso, naquele Centro de Arborismo, no último dia na ilha. Sem a parte de cima do biquíni, Anahí está montada sobre o cara. Ele, por sua vez, está com as duas mãos nos seios da garota, tapando-os de olhares indiscretos.

O título em negrito anuncia: "Alfonso, o vencedor da Grande Aposta."

O subtítulo, também em negrito, arremata: "Anahí Portilla, a biscate do ano."

Camila chega correndo, esbaforida. Traz algo em mãos e começa a gritar,

completamente surtada:

— Aquela galinha, Anny! Se eu cruzar com ela na rua, juro que atropelo!

— O que foi agora? – Maii revira os olhos.

— Ela pagou dois garotos para distribuírem isso! – Camila estende um DVD na direção das meninas. É Maite quem o pega das mãos de Camila. Anahí olha por cima dos ombros da amiga e o que vê revira o seu estômago. Na capa do DVD, a mesma imagem do outdoor está impressa, com os dizeres: Alfonso versus Anahí, o pornô mais quente do ano. Apreciem sem moderação.

— Certo, ela foi longe demais. – os olhos de Anahí umedecem automaticamente.

— O diretor precisa recolher esse material. Temos que falar com ele agora! – Mai faz menção em quebrar a mídia ao meio, mas Anahí não permite.

— Não! Deixe eu guardar esse. – ela pega o DVD com fúria e o joga dentro da bolsa.

— Anny, volte para casa, aceite a dispensa que o diretor lhe deu. – Mai aconselha.

— Não farei isso. Esse é o teste para saber se sou mesmo inquebrável como penso.

— Não será fácil encarar essa galera. – a amiga salienta.

— Não, não será. – Anahí enxuga uma lágrima com as costas da mão.

— Estaremos ao seu lado. – Camila ajeita uma mecha do cabelo de Anahí atrás da orelha. – Se alguém fizer uma piadinha, eu juro que mato!

— Deixe que façam piadas, eu não ligo. Nós sabemos o que realmente aconteceu na ilha e é isso o que importa.

O celular de Maite toca, insistentemente.

Ela o retira do bolso traseiro do jeans, desliza o indicador sobre a tela e há uma nova mensagem.

— É da Dulce. – Mai abre a mensagem. – SOS?

— SOS? – Anahí olha para a mensagem, intrigada.

— Por que a Dulce pediria socorro? – Camila vinca a testa.

— Ai. Meu. Deus. – a ficha de Maite cai, ruidosamente. – O Christopher iria passar na casa da Dulce hoje de manhã para trazê-la ao colégio! Anny, ele deve ter visto o outdoor! – Mai está aos gritos, com os olhos saltando das órbitas.

Um nome escapa dos lábios trêmulos de Anahí:

— Poncho.

~~***~~

Anahí corre, mas não é rápida o bastante.

Quando chega à entrada do colégio, o tumulto já está armado. Christopher está sendo contido por Hulk, Edgard, Nando e um cara do primeiro ano. Gancho está ajoelhado ao lado de Alfonso, que aliás, sangra como um porco recém-abatido.

Anahí sente um nó se formar na garganta e seus olhos se encontram com os de Dulce. A amiga está aos prantos, tentando acalmar Christopher a todo o custo. Deixando o orgulho ferido de lado, Anahí larga a bolsa e a mochila aos pés de Camila e Maite, abrindo espaço entre as pessoas, distribuindo cotoveladas para todos os lados.

Quando finalmente alcança a clareira, ajoelha-se ao lado de Alfonso, verificando visualmente os ferimentos. O cara está estendido no chão, com o nariz sangrando e Gancho segura a cabeça do amigo com uma das mãos. Os olhos de Alfonso se encontram com os de Anahí, prendendo-os como sempre acontece.

— Anny, se afaste desse cara! – Christopher grita, tentando se desvencilhar das mãos que o seguram firme.

— Desculpe por isso, Poncho. – Anahí não consegue desviar o olhar daqueles raios solares hipnóticos. – Meu irmão é um pitbull.

— Eu mereci. – Alfonso geme baixinho.

— Anny, eu tô falando sério, porra! – Christopher luta em vão enquanto é arrastado para fora do colégio.

Os professores chegam trotando em direção a muvuca. O diretor leva as mãos à cabeça, pedindo que Anahí e Gancho conduzam Alfonso à enfermaria.

— Não precisa vir. – Alfonso passa o braço ao redor do pescoço de Gancho, levantando-se um tanto quanto cambaleante. Quando o garoto tomba para o lado oposto, Anahí o escora com o próprio ombro.

Ela não responde quando Alfonso repete "não precisa vir". Apenas faz sinal para que Gancho comece a andar em direção à enfermaria. Curiosos vão seguindo com o olhar, enquanto Mai e Camila recolhem os pertences de Anahí do chão.

Christopher está gritando, mas Anahí o ignora. Vão ganhando terreno, subindo os quatro degraus, até chegarem à entrada principal do colégio.

~~***~~

Uma multidão se forma no corredor da enfermaria. Alfonso, Anahí e Gancho aguardam a chegada da enfermeira, que aliás, está presa no congestionamento.

Anahí abre um armário de vidro e pega um pacote de gaze e um spray antisséptico. Borrifa um pouco do conteúdo e começa a limpar o rosto de Alfonso, fugindo dos olhos do cara.

— Não precisa fazer isso. – Alfonso segura a mão de Anahí. O simples toque de peles a faz arrepiar da cabeça aos pés.

— Meu irmão não deveria ter descontado em você. – Anahí analisa os ferimentos. O nariz de Alfonso sangra e a boca está cortada por dentro. Dois socos, talvez três. Anahí não sabe dizer quantos foram e não quer perguntar.

— Você viu o DVD? – Gancho pergunta, contendo a multidão de curiosos que querem invadir a enfermaria a todo custo.

— Estou com um na minha bolsa. – Anahí revela, umedecendo os lábios. – Se meu pai souber disso, a coisa vai ficar muito feia.

— A Kibi foi longe demais. – o tom de Gancho denota fúria.

— O estrago já está feito. – Anahí diz em tom de desabafo.

— Ai. – Alfonso reclama quando a gaze desliza pelo canto da boca.

— Desculpe. – ela alivia a pressão.

— Temos que conversar. – Alfonso se perde dentro dos olhos de Anahí, mas a garota está evitando encará-lo.

— Não estou pronta. – ela admite.

— Me deixem passar. – a enfermeira finalmente alcança a porta e Gancho desbloqueia a entrada.

— Está em boas mãos agora. – Anahí, sem olhar para Alfonso, atira a gaze suja de sangue em direção ao lixo. – Mais uma vez, desculpe pelo meu irmão.

— Anny. – Alfonso a segura pelo braço.

— Como eu disse, ainda não estou pronta para essa conversa. – e então, Alfonso afrouxa a pegada e Anahí passa voando por Gancho, saindo porta afora.