Fanfic: Despedida de Solteira - Vondy

A sala estava bem iluminada, pude ver perfeitamente os rostos das meninas. Elas estavam sentadas no sofá preto de couro, silenciosas. Ficaram nos observando de cima a baixo, um por um. Permanecemos de pé, formando uma fila horizontal, expondo nossos corpos como se fossem produtos num supermercado.

É isso aí. Meu corpo é um produto; faço a propaganda, o controle de qualidade e vendo para a cliente que pagar mais. Pode parecer chocante colocar as coisas desse jeito. Bom, pode ser, mas este sou eu. Não adianta ficar me mascarando, aprendi a assumir o que sou. Dulce estava olhando para o chão, admirando algum ponto inexistente do piso de azulejos brancos. Parecia nervosa, assustada... Balançava a cabeça de leve, quase imperceptivelmente. Talvez estivesse travando alguma batalha interna. Daria tudo para ler seus pensamentos.

Os caras permaneceram calados, muito quietos e sérios, assim como eu.

– Dulce, querida, é só escolher. Irei apresentá-los agora. Este você já conhece, é o Marcelo – disse Marlos, apontando para o meu colega.

Marcelo sorriu, mas Dulce o encarou com um olhar sério e rígido. Reparei melhor nos seus olhos; grandes e amendoados, continham um brilho intenso, provavelmente resultado do reflexo fornecido pelas lâmpadas acesas.

– Este é o Christian. – Marlos continuou a apresentação.

Dulce desviou o olhar para ele. Prendeu os lábios de leve, e seu rosto inteiro ficou vermelho. Uma reação meio óbvia para mim, pois a recebo o tempo todo; ela tinha gostado do Christian. Ele era belo, claro, não posso negar. Também não posso negar que senti um gosto amargo na boca. Fiquei com medo. Sim, medo. Acredita? Que bom, porque eu não acreditei.

– Este é o Alfonso. – Aquela mulher misteriosa guiou seus olhos na direção do meu parceiro de pirofagia.

Pensei em não ver suas reações, pois não ia gostar muito se escolhesse o Poncho. Sabia que ele era um dos mais atraentes ali, mas, por incrível que pareça, Dulce não corou ou prendeu os lábios. Nem fez mais nada além de encarar os olhos claros do meu colega com um pouco de desinteresse.

Bom, não apenas os olhos. Percebi quando ela inclinou o rosto e deu uma bela sacada no corpo dele. Fiquei com raiva. Uma raiva muito grande, nem sei dizer do quê. Acho que dela, por estar me fazendo ficar nervoso. Eu só queria protegê-la, e a imbecil ficava de gracinha com os outros caras? Àquela altura do campeonato, iria achar bem feito se escolhesse o Poncho.

– Este você também já conhece, é o Christopher – continuou Marlos. Opa!