Fanfic: Contágio - O Despertar | Tema: Magia, Terror, Mistério

Ela sentia que estava em movimento. Já não estava mais no conforto de um colchão como antes, agora parecia estar em algo metálico, frio e em movimento.

Podia ouvir o arrastar das rodas sobre o piso e todos os rangidos que a maca fazia em cada curva. Ainda não conseguia abrir os olhos ou mexer os braços. A rigidez dos seus músculos já se cedia somente pelas suas tentativas de se mexer. Mas ela sentia  cãibras.

Sua garganta estava seca e ela sentia fome. Sentia que seus lábios estavam rachados  pela desidratação.

Se sua maca estava em movimento, era porque tinha alguém á empurrando.

- Socorro - ela disse com uma voz baixa. Sua garganta protestou e doeu pelo esforço dela dizer aquela simples palavra.

Ninguém respondeu.

Foi assim por minutos. Ela não tentou falar de novo, era dolorido demais. De repente sua maca parou e ela ouviu um grande estrondo de uma porta se fechando.

Ela respirava pela boca. E onde quer que haviam colocado ela, o silêncio era absoluto. O som da sua respiração era alto e irregular.

O seu braço doía. Ela movimentou a cabeça e ignorando a dor falou:

- Eu preciso de água -  ela disse. Lágrimas escorriam por seus olhos fechados.

Silêncio.

- Meu Deus - Annie murmurou para si mesma.

E se passou horas assim. Ou dias. Ela perdeu a noção de horas e dias. Minutos e segundo. Poderia ter passado a eternidade inteira ali.

Seus pensamentos eram direcionados á suas irmãs. Estariam elas na mesma situação? O que havia mordido seu pescoço? Camile conseguiu escapar? Seu coração batia mais rápido devido ao desespero. Antes que pudesse surtar com seus pensamentos, a porta abriu fazendo um grande barulho.

- Quem está aí? - Annie disse com a voz rouca, mas firme.

Ninguém respondeu. Mas alguém tocou seu braço. O toque de pele com pele, fez ela se arrepiar.

- Está tudo bem - disse uma voz masculina.

Annie se sobressaltou. Desde quando tinha acordado, não havia escutado a voz de ninguém.

- Onde estou? O que está acontecendo?- Annie perguntava freneticamente.

- Você vai ter suas respostas. Eu sou um médico, estou aqui para te examinar -  ele disse sem intervalos.

- Médico? Eu estou doente? - mas ela não teve respostas.

Ela sentiu o toque das mãos frias e hábeis do homem tocando em seu braço que doía. O médico levantou sua cabeça para examinar seu pescoço e ela prendeu a respiração.

Jurou que o homem veria a mordida em seu pescoço e lhe daria o pior diagnostico.

Mas ele apenas apalpou seu pescoço e soltou sua cabeça.

- Agora eu vou tirar o esparadrapo dos seus olhos. Abra com cuidado, a luz é forte por aqui. Depois vou pingar colírio para lubrificar seus olhos. - ele disse com uma voz tediosa.

Ele retirou algo pegajoso dos olhos de Annie. Foi até um pouco dolorido.

Ela tentou abrir os olhos mas fechou imediatamente. Ela estava habituada a escuridão. A luminosidade era dolorida. 

Ela tentou novamente mas repetiu o processo.

E foi assim durante vários minutos.

Até que conseguiu abrir os olhos e deixou a luz domar a escuridão. Mas agora sua cabeça doía.

Ela olhava para uma luz branca quando o rosto de um homem surgiu em sua visão. Ele aparentava ter 50 anos e tinha uma fina barba branca.

Ela observou a expressão do homem mudar de tranquila para surpresa. Os olhos do homem se arregalaram e sua boca se abriu de surpresa.

- E-Eu volto já - ele disse gaguejando. E saiu da sala imediatamente, sem dar tempo dela perguntar qualquer coisa.

Agora Annie podia ver que era uma sala. Uma sala com luzes extremamente brancas e de vidro. A porta era de metal e pintada de branco. Annie com muito esforço conseguiu se sentar na sua maca. Ela olhou seu corpo. Estava quase translucida e podia ver os ossos saltando de sua pele. Não estava com roupa. Apenas uma faixa branca cobria seus seios e ela usava um short igualmente branco.

Ela observou o seu braço. Havia pequenas manchas vermelhas de sangue no rumo de sua veia. Como se uma grande agulha tivesse sido tirada a pouco tempo.

Ela escutou passos chegando ao rumo da porta. Escutou barulho de trancas. E então a porta rangendo se abriu.

Ela ficou tensa. Seu corpo ficou tenso. Ela não conseguia respirar, não somente pela dor mas também por não saber o que estava acontecendo. Estava ela tão doente? Porque o médico teve que sair?

Uma mulher entrou. Apesar de aparentar ser quase da idade de Annie, seus cabelos eram brancos e alcança sua minuscula cintura. Ela era magra e usava roupas pretas. Calça e blusa de couro que grudava em suas formas corporais.

Ela olhou pasma para a menina recém acordada na sala.

- Ela acordou - disse olhando para Annie - a nossa salvação, acordou.