Fanfic: Contágio - O Despertar | Tema: Magia, Terror, Mistério

- Isso não é possível - as lágrimas corriam pelas bochechas quentes dela - Eu não posso ter dormido por quarenta anos. Eu estou... 

- Jovem - Ana completou.

 - Nós não podemos explicar isso Annie. - o homem disse calmamente - ainda mas eu como médico. Minha função aqui é dar as notícias aos recém acordados já que sou portador de conhecimentos psicológicos. - Ele umedeceu os lábios - Veja bem, depois dessa catástrofe, não tínhamos mais recursos e nem podíamos fazer algum estudo sobre este vírus ou uma cura, pois estávamos ocupados salvando nossa própria pele. Não há mais escolas, faculdade ou hospitais. Não há mais mercados para comprar nossa comida ou farmácia para comprar remédios quando adoecemos. Sobrevivemos como pudemos. - ele disse- mas não sabemos como vocês sobrevivem. Vocês levantam assim, sem nenhum atrofiamento ou doença. Apenas magros, com fome e confusos.

Aquilo tudo era demais para ela. Sua visão tremulava pelas incontáveis lágrimas que se acumulavam em seus olhos.

- Minha família, eu tenho que achar minha família - ela disse tentando se levantar da cadeira de rodas, mas logo que seus pés tocaram no chão ela caiu.

- Vai com calma, Annie - o médico disse.

Ana pegou ela pelos braços e colocou de volta na cadeira.

- Pelo visto vamos ter que amarrar essa aqui, Doutor - Ana disse rindo e olhando  para Annie.

- Não será preciso, Ana- o médico disse.

Ana saiu de perto e cruzando os braços se encostou em uma das paredes da sala.

- Annie, - ele disse retirando os óculos do rosto - como eu tinha dito há uma possibilidade de sua família estar viva. Eu já vi recém acordados encontrarem a suas. Mas a maior parte não. Quando você souber a funcionalidade  que a nós nos encontramos agora, vai entender melhor. Temos grupos que viajam de fortalezas em fortalezas, levando notícias e outras coisas. Lógico, não se tem mais telefone, aparelho celular ou internet por hoje em dia. Se você não encontrar seus familiares por aqui, basta você nos dar os nomes e esse grupo vai passar de fortaleza em fortaleza perguntando se alguém te conhece. Se alguém sobreviveu, nós vamos achar.

Aquilo não acalmou. As lágrimas continuavam a rolar. Ela não acreditava em nada disso. Assim que se recuperasse e tivesse a chance, sairia dali a procura das irmãs e dos pais.

- Nós temos outros assuntos para discutir, Annie - o médico disse com cautela - Eu sinto muito, sei que você deve estar preocupada com as pessoas que ama e estar de luto pelo mundo que conheceu, mas isso é realmente crucial.

- Minha parte favorita - Disse Ana rindo.

O médico olhou com reprovação para ela.

- Você pode ir, Ana. Certamente tem outros assuntos para cuidar - o médico retrucou.

- Certamente - Ana disse assentindo. - Mas tenho que ficar aqui. E certamente você sabe porque, Doutor - Ela disse em um tom que não  permitia discussões.

O médico ignorou e olhou para Annie.

- É preciso  explicar sobre os malditos, Annie -  Ele apertou as têmporas e depois deu um suspiro, como se estivesse cansado demais. Depois abriu os olhos e a encarou - Você parece ser uma garota inteligente. Mas isso tudo é novo, me avise se não entender algo. - ele piarregou- Pense na criação do ser humano. De como eramos á milhares e milhares de anos atrás. Na idade da pedra. Na nossa descoberta do fogo. Nós evoluímos. Estamos em constante evolução, você deve saber disso.

- Eu não entendo onde você quer chegar - Annie conseguiu dizer entre dentes. Ela não queria saber dos malditos. Ela estava preocupada com outras coisas.

- Ele quer dizer que as criaturas evoluíram, querida - disse Ana antes que o médico conseguisse responder.

- Annie, certamente você já deve ter ouvido dessas criaturas. Ou no minimo ter visto vários filmes.- Annie balançou a cabeça positivamente -  No inicio nós denominamos nomes, mas isso foi a muito tempo. Pois bem - o homem parecia ter dificuldade para encontrar as palavras - Você deve imagina-lós como seres irracionais. E são. Só que depois de algum tempo eles começaram a mudar. Eles começaram a pensar... - o médico observava as reações de Annie - Quando uma pessoa é mordida, ela se transforma em um maldito. Ele age de forma irracional, só o que o move é o desejo de carne humana. Como se fossem um bebê. Agora aquele que estão vivos desde o inicio do contágio... bom, é como se eles tivessem crescido. Passaram de bebês para adultos. 

Annie olhava com desconfiança. O homem ignorou o olhar dela e continuou:

- Sofremos ataques desses recém criados. Como eu disse, eles são irracionais. E contemos seus ataques facilmente, mas os mais velhos... bom, aqueles que estavam desde o inicio podem pensar e criar estratégias. Eles são mais espertos. Não são muitos, pois essa evolução é demorada, mas são o bastante para criarem problemas. 

- Então é o fim - ela respondeu- É o fim de tudo, não tem esperança...

- Não Annie - o médico retrucou seriamente - nós não íamos entregar nosso mundo, nosso lar, família e  iguais sem lutar. Nós lutamos. E é por isso que você está aqui. Antes podia ser o fim. Mas o fato de você está acordada, isso significa nosso começo. 

- Eu não entendo! - Annie quase gritou - Começo de que?

- Da guerra - disse Ana. Ela estava de olhos fechados - Acredito que agora seja minha vez, Doutor.

O médico assentiu.

Ela abriu os olhos e com um sorriso entres os lábios deu dois passos na direção de Annie.

- Bem-Vinda ao apocalipse, Annie- seu sorriso cresceu - Eu sou Ana, sua treinadora.

portinonislife: Obrigada por ser uma leitora fiel e comentar. Espero que goste desse capítulo <3