Fanfic: Contágio - O Despertar | Tema: Magia, Terror, Mistério

Agora Ana empurrava ela por um corredor. Ele era iluminado pelas inúmeras janelas de vidro. Annie esticou o pescoço para ver a paisagem. As janelas davam para um prédio cinzento grande e largo. 
Ana percebendo o olhar da garota disse:
 - Você está em uma faculdade, querida - ela disse em tom de divertimento.
Annie acabava de sair da sala do médico onde Ana disse que seria sua treinadora para a guerra. Ninguém respondeu mais nenhuma das perguntas dela. "- Me treinar para quê?"  mas tudo o que recebeu foi um sorriso sarcástico da mulher e um aceno de cabeça do médico. Ana empurrou sua cadeira porta á fora e disse que levaria Annie para seu alojamento. Agora estava ali, sendo empurrada por sua `treinadora`.
- Porque uma faculdade? - Annie disse depois de um tempo.
- Porque é um lugar mais fácil de se murar. Não conseguiríamos construir um muro em volta da cidade inteira - Ana explicou - Várias pessoas morreram anos atrás quando o muro estava sendo construído.  Alguém colocava os tijolos enquanto outro ficava dando cobertura com um machado na mão, caso algum maldito aparecesse. Lógico que eu não estava aqui quando aconteceu, isso foi o que me contaram.
- Onde você estava? - Annie questionou virando seu corpo o máximo que pode para olhar no rosto da mulher.
Mas Ana só se limitou a rir alto e empurrar a cadeira.
Pararam em uma porta de madeira. 
Ana largou a cadeira de rodas e entrou no quarto. Ela ficou no meio do cômodo esperando. Annie não sabia o quê. 
- É só empurradas as rodas, querida - ela disse impaciente.
E foi o que ela fez. O quarto era simples. Havia um colchão no chão, uma janela pequena e um armário mais pequeno ainda. 
- Não existe mais hotel cinco estrelas - Ana disse rindo da expressão de Annie - Bom, vou pedir para alguém vim te ajudar. Você precisa voltar a andar o mais rápido possível.
E antes que Annie pudesse perguntar alguma coisa a mulher saiu do quarto. O som das suas botas no piso foi diminuindo até cair o absoluto silêncio.
Annie se empurrou até a janela. A paisagem era a mesma. Um grande prédio cinza de um campus da faculdade que antes abrigava milhares de estudantes e agora era somente um campo de refúgio para os sobreviventes.
Ela viu duas pessoas andando lá embaixo e ouviu o som de risos. E se perguntou como alguma coisa podia ter graça na situação que se encontravam. Antes que pudesse dar uma resposta amarga para si mesma, houve uma batida na porta. Annie virou a cadeira de rodas com dificuldade, e se deparou com o rosto de uma garota sorridente.
Ela era baixa, tinha cabelos e olhos pretos e seu rosto arredondado. Vestia uma calça de moletom e uma blusa branca. E trazia um saco preto nos braços.
- Eu bati na porta para não te assustar - ela disse alegremente - Eu vim cuidar de você.
Annie encarou ela. A menina aparentava ter 18 anos ou menos. E  estava sendo mais do que educada, parecia estar... feliz em ver Annie. 
- Você precisa de um pouco de fisioterapia - a menina disse ainda com um sorriso no rosto - posso parecer nova, mas já li todos os livros da faculdade que se diz respeito á isso. E o Doutor me ensinou a parte prática.  Eu já ajudei muitos recém acordados mas não estava acordada para ajudar alguém como você ... - ela se interrompeu. Como se não devesse dizer aquilo - Meu nome é Clara.
A sala permaneceu em silêncio. 
- Isso é para você - Clara pegou o saco preto e apontou na direção de Annie, interrompendo a quietude que havia se tornado constrangedora.
- O que é? - Annie questionou.
- Roupas. Imagino que já esteja cansada de usar esses trapos de adormecida - O sorriso voltou ao rosto da garota.
Na verdade só agora Annie percebeu o que vestia. E se sentia envergonhada. Ela ainda estava com a faixa branca e o short.

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Dois dias se passaram com ela no quarto fazendo os exercícios. Agora ela conseguia andar, embora depois de dormir se levantar ainda era um desafio. Annie gostou de Clara, a menina tinha o sorriso fácil. Mas quando ela perguntava algo mais sério, a menina se limitava em um sonoro "Não posso falar sobre isso, desculpa".  Mesmo quando ela perguntou porque algumas pessoas se juntavam embaixo de sua janela e desapareciam quando ela se aproximava. Ela comia o que lhe traziam e ia em um banheiro que ficava na porta seguinte do seu quarto. Aproveitou essas pequenas saídas para estudar o local em que estava. Permanecia em um corredor com várias portas. No final dele, uma porta de ferro. Ela julgou que alguém também deveria permanecer de guarda, igual na sala do médico. Ela tentou bater nas outras portas do corredor, mas não teve respostas.
No dia seguinte ela acordou com o barulho de uma movimentação. Se apoiando na parede conseguiu se levantar e olhar pela janela. Várias pessoas saiam do prédio em frente e se dirigiam em uma direção que ela não tinha alcance de ver.  Antes que pudesse gritar por alguém la embaixo, a porta do seu quarto se abriu.
- Que bom que você já consegue ficar de pé - Ana disse com um sorriso no rosto. Agora ela vestia roupas brancas. Eram colocadas no seu corpo, como se fossem couro.
- O que está acontecendo? Para onde estão indo?- Annie disse gesticulando para a janela. Era a primeira vez que Ana aparecia durante esses dois dias.
- Venha, eu te explico no caminho - ela respondeu.
- Para onde vamos? - Annie questionou com desconfiança
- Eu te explico no caminho. - ela disse perdendo a paciência - você não pode fugir do seu destino, querida. Venha.
Annie foi relutante na direção de Ana. Juntas foram até o fim do corredor e a porta se abriu com uma ordem da sua `treinadora`. Como Annie desconfiava, havia um guarda vigiando. Se aquilo era salvação, porque tantos guardas vigiando os humanos?
Ela entrou em um saguão. Havia várias janela de vidro e a luz natural inundava o lugar.
- Sabe Annie, as pessoas precisam de um espetáculo - Ana disse. Com a luz do sol, a pele da mulher ficava mais translúcida - Você está destinada, querida. No momento em que você abriu os olhos e acordou para esse mundo, você foi destinada para um bem maior, se assim podemos dizer - ela riu- As pessoas estão depositando a vida delas em você. Na sua coragem. 
- Acho que você está enganada, Ana - Annie murmurou- Eu não sei do que você está falando.
- Não, não estou - ela retrucou se divertindo.
Elas saíram do saguão. Pela primeira vez Annie estava do lado de fora. O sol fez sua pele formigar. Ela fechou os olhos e inspirou. Por um minuto acreditou que todo aquele pesadelo não estava acontecendo. 
- Precisamos ir - Ana disse com urgência.
- Para onde vamos, Ana? Porque desde o momento em que eu acordei as pessoas só me falam o que fazer. - ela disse irritada por ter sido tirada do seu pequeno momento de prazer.
Ana pousou a palma da mão nas costas dela e empurrou gentilmente.
- Como eu disse, querida - elas agora caminhavam de novo - as pessoas precisam de um espetáculo. De uma prova.
- Prova de quê? - Ana franziu o cenho.
- Prova de quê você possa sobreviver na Arena. - Ana não sorria mais.