Fanfic: Solteiro Sob Medida (vondy)

Dulce sorriu, pegou a mão dele e o deixou conduzi-la pelo caminho sujo e cheirando a lixo, mas ao longo da calçada sempre mágica de Nova York.

Eles andaram de mãos dadas para dentro de um dos restaurantes italianos mais finos de Manhattan.

CAPÍTULO SEIS

- Pare! Ladra!

Sentada à mesa da cozinha, Dulce ergueu os olhos de seu trabalho. Eram 10h da noite, e eles tinham voltado do restaurante aproximadamente meia hora atrás. Christopher havia ido para o banho, e Dulce decidiu fazer seu trabalho de pesquisa.

Usando um roupão azul-marinho, Christopher entrou na cozinha, os cabelos ainda molhados.

- Este é o meu pacote de comida para viagem, que sobrou do restaurante?

Ela olhou para seu trabalho novamente, porque evitar o homem lindo de roupão e descalço parecia uma ideia sensata.

- Quando você começou a chamar este pacote assim? -disse Dulce sorrindo- O que houve como pacote para o cachorro?

- Não tenho ideia. Você está evitando a minha pergunta? –rebateu com bom humor-

- Que pergunta seria esta?

Com uma garrafa de cerveja na mão, Christopher veio se sentar ao seu lado na mesa.

- Onde está o pacote para o cachorro?

- Ainda na geladeira. Você não o viu lá dentro?

Ele riu, balançando a cabeça.

- Ouça, Christopher  -começou Dulce com uma seriedade irônica- , vamos ser realistas aqui. Você é muito educado e muito chique para comer restos, e sabe disso.

- Não é verdade.

- Qual parte?

- Eu não sou chique. -ele inclinou a cerveja na direção dela- Quer um pouco?

- Por que não? -após um grande gole, com Christopher a observando o tempo inteiro Dulce lhe devolveu a garrafa e retornou ao seu trabalho-

- Então, o que você está fazendo aí? -perguntou ele-

- Reescrevendo meu curriculum vitae.

- Precisa de alguma ajuda?

- Não, obrigada.

Inspirou Dulce e aquilo foi um erro. O cheiro dele era tão bom... um misto de sabonete com uma essência natural almiscarada. Ela tentou respirar pela boca em vez de pelo nariz, o que não era uma façanha fácil. Certamente um prendedor de roupa ou algo assim teria ajudado.

- É só uma questão de fazer minhas poucas qualificações em design gráfico parecerem mais substanciais do que realmente são. –ela disse-

- Deixe-me ver. -Christopher pegou o papel-

Dulce se sentou mais ereta, como se estivesse fazendo uma entrevista para um cargo ali, naquele momento.

- Estou determinada a conseguir um bom emprego em design gráfico até o outono -disse ela, enquanto ele a estudava.- Um cargo de principiante está bom, mas eu quero muito que seja numa grande empresa. Quero aprender com os melhores.

Christopher lhe devolveu o currículo e declarou:

- Eu sei o que você precisa fazer para acertar isto.

- O quê? -perguntou ela, roubando a cerveja dele e dando um gole-

- Precisa mudar seu sobrenome.

- O quê?

- Mude seu sobrenome para Uckermann, e não terá dificuldades de encontrar um emprego.

Dulce pareceu chocada.

- Eu não posso fazer isso.

- Por que não?

Ela se recostou na cadeira e cruzou os braços sobre o peito de maneira protetora.

- Quero conseguir esse emprego por meus próprios méritos.

- Um empregador não desperdiçará tempo para avaliar seus méritos, Dulce. -ele também se recostou, e bebeu sua cerveja-  Sabe quantas pessoas estão competindo por vagas em design gráfico em Manhattan? E não o tipo de emprego no qual você organiza jornais, serve lanches e cafés para os executivos nos seus momentos de folga.

 Ela brincou com suas unhas.

- Tenho certeza de que muita gente.

- Milhares. -ele pôs a garrafa de cerveja sobre a mesa e pegou-lhe a mão, aquela com a qual Dulce estava brincando, e ela ergueu os olhos para fitá-lo- Um caçador de talentos nem mesmo vai ler o seu currículo, a menos que alguma coisa nele atraia sua atenção.

- Como o nome Uckermann. Christopher assentiu.

- Exatamente.

- Mas existe mais de um Uckermann nesta cidade.

- Não Dulce Uckermann. Todos na cidade sabem que eu me casei, e com quem me casei.

Dulce suspirou.

- Eu não sei.

- Não é um nome ruim.

Ele parecia um garotinho orgulhoso, e ela lhe sorriu.

- Não, não é. –Dulce sorriu-

 O que a estava impedindo de fazer aquilo? O que a fazia estremecer com a ideia? O fato de que só teria o nome por um ano? De que o nome não lhe pertencia realmente?

Estava se tornando uma pessoa confusa. Não gostava de se sentir assim, de não conhecer os próprios sentimentos, de ter dúvidas quanto à escolha certa a fazer.

Mas, na verdade, quanto mais tempo passava na companhia de Christopher, mais confusa se tornava.

- Consiga o emprego, Dulce, então mostre a eles os seus méritos.

- São bons méritos -insistiu ela, mais para si mesma do que para ele-

- Ótimos -concordou Christopher-  Méritos tão atraentes que nenhuma empresa, nem ninguém, poderia rejeitar.

Eles estavam se tornando amigos rapidamente. Ela conseguia sentir o calor e a familiaridade de um elo crescendo entre os dois. E isso era ótimo, adorável. O que lhe preocupava era a atração inegável que circulava aquela amizade. E não se devia apenas à proximidade, embora isso certamente ajudasse a alimentar a atração. Não, Dulce sentira aquela atração irresistível por Christopher desde o primeiro dia que eles haviam se falado, à porta do apartamento dele, quando ela censurara sobre os jornais e namoradas que erravam de endereço.