Fanfic: Solteiro Sob Medida (vondy)

 Nenhuma mulher, exceto suas colegas de trabalho, o chamava de Sr. Uckermann. Refletiu, tentando achar uma razão pela qual aquela mulher, em particular, não gostava dele. Levou um momento e então entendeu. Suas visitas do sexo feminino, madrugadas... apartamentos errados. Christopher inclinou-se contra a moldura da porta e cruzou os braços sobre o peito.

- 12B, certo? –ele perguntou e ela assentiu-

- Em pessoa.

- Então, você e o Jack são...

- Eu moro lá para tomar conta do apartamento enquanto ele está fora -esclareceu ela, sem muita vontade-.

Ela era do tipo esquentada. Christopher concluiu e logo acrescentou a uma nota mental algo que não costumava acontecer: ela não fora nem um pouco afetada pelo seu charme. Com toda certeza, aquela mulher era rara. Obviamente não era seu tipo, mas definitivamente tinha de vê-la de novo.

- Bom, obrigado pelo jornal -disse ele- E sinto muito pelas frequentes intrusões no meio da noite. Eu pretendia ir me desculpar pessoalmente.

- É claro que pretendia.  –disse sorrindo com ironia-

- Ando ocupado.

- Nós todos somos ocupados, Sr. Uckermann.

- É claro. –concordou sem perceber que ela não falava sério- E, mais uma vez, peço desculpas. De agora em diante, vou me certificar de que minhas visitantes não façam mais confusão. Mas, do contrário, por favor, não hesite em passar aqui e me dar outro puxão de orelha...

- Você está achando que isso é engraçado? -interrompeu ela-

- Não.

- Sim, está.

- Garanto-lhe que não acho engraçado ser acordado no meio da madrugada. -disse ele com muita seriedade. Os lábios entreabertos induziam que ele ainda algo para falar, no entanto, Dulce ergueu o queixo e disse:

- Ótimo.

- A menos que seja por uma razão muito, muito boa. –ele disse finalmente e os olhos castanhos se estreitaram quando Dulce pareceu pronta para golpeá-lo no estômago-

- Espero que você cuide deste problema imediatamente Sr. Uckermann. De preferência, esta noite.

- Eu não tenho um encontro amoroso esta noite.

- Talvez você deva dar um mapa às suas convidadas. –ela sugeriu sem o escutar então fez uma pausa, foi quando acrescentou com sarcasmo: - Ou talvez não. Elas sempre parecem um pouco confusas com instruções.

Christopher sorriu. Havia gostado daquela mulher. Gostado muito. Talvez precisasse ampliar seu leque de opções.

- Verdade? –perguntou ele-

- Oh sim. Eu até mesmo precisei trazer uma delas até sua porta.

- O que posso fazer? –deu ombros sorridente- Mulheres inteligentes não combinam com homens como eu.

Ela desviou o olhar.

- Sim, certo -murmurou baixinho-

- Perdão? — perguntou Christopher, embora a tivesse ouvido. Ora, qualquer desculpa era válida para observar aqueles lábios se moverem novamente-

- Nada. Eu preciso ir. -ela lhe acenou o gesto parecendo uma saudação militar, antes de seguir pelo corredor-

- Obrigado mais uma vez. -disse ele e ela olhou para trás. Os cabelos voaram pelo ar e Christopher podia jurar que quase perdeu o folego-

- Eu diria "disponha", mas estaria mentindo.

Christopher riu.

- Ei. Espere um segundo.

- O quê?

- Se eu encontrá-la no corredor ou no elevador...

- O quem tem haver...?

- Posso chamá-la de 12B?

Desta vez, ela deu um sorriso de verdade, um sorriso divertido.

- Não se quiser que eu responda.

Os lábios dele se curvaram nos cantos e ele pôs as mãos no bolso da calça. Ela era realmente difícil, mas então ela falou exatamente o que ele queria saber.

- Eu sou a Dulce. Dulce María Saviñón.

- Você é uma garota inteligente, Dulce Saviñón?

 Um sorriso novamente tomou conta do rosto de Dulce.

- Lamento, mas sim.

 Christopher a observou andar para o apartamento 12B, o traseiro firme e arredondado balançando com os movimentos. Parte garota, parte mulher. Muito atraente. Ela era bonita, sexy à sua própria maneira... mas definitivamente não o seu tipo usual. Não mentira ao dizer que mulheres inteligentes não combinavam com ele. Adorava mulheres inteligentes, assim como ser desafiado por elas, mas, no momento, tinha todo desafio com o qual podia lidar no trabalho.

Por enquanto, queria o simples e descomplicado.

Christopher entrou em seu apartamento, sentou-se no sofá e abriu o jornal, esquecendo completamente que ia sair para correr antes que sua pequena vizinha aparecesse.

Ele folheou o jornal. Primeiro as notícias, depois os esportes. New York Yankees e ofensas ocultas. Perde credibilidade, perde respeito.

Desgostoso com seu time favorito de beisebol, Christopher virou a página... e arregalou os olhos.

- Droga -praguejou ele. Grandes fotografias de Christopher e Belinda Peregrin (a mulher com quem ele saíra algumas vezes,  ela que tinha puIado do telhado do seu prédio mais de um mês atrás) olhavam para ele da seção de entretenimento do jornal.

A manchete dizia: "Vítima de Suicídio Trocando Afagos com o Playboy da AMS um Pouco Antes de sua Morte?"

Christopher jogou o jornal de lado e pegou seu Black-Berry, um celular sofisticado, de cima da mesinha de centro. Como esperado, sua caixa de e-mails estava repleta de pedidos para entrevistas, declarações e diversas fotos de Marie em sua companhia.

- Droga.

Dez minutos depois, o telefone tocou. Era a polícia, requisitando-o a dar um tipo muito diferente de entrevista.

- Sr. Uckermann, nós gostaríamos que viesse à delegacia para responder algumas perguntas.