Fanfic: A Aposta (Adaptação) | Tema: Laliter
Lali está de malas prontas.
Ajeita a bainha de tule do vestido preto e calça as sapatilhas coloridas com strass. Eugenia e Rocío aguardam no andar de baixo, na companhia de Gas e sua turma barulhenta.
A galera toda irá na inauguração do Aquarium, uma boate na Vila Olímpia, em que um dos sócios é amigo de Gas. Os convites para a ala VIP foram disputados à tapa e o irmão de Lali conseguiu dez deles, na faixa.
A garota borrifa o perfume nos pulsos e também atrás das orelhas. Dá uma última olhada no espelho antes de descer para encontrar as amigas.
Os pais de Lali foram ao cinema e a turma de Gas está espalhada nos sofás e sobre a bancada de mármore travertino da cozinha. Várias latas de cerveja se empilham na pia e sacos de amendoim e batatas fritas estão abertos sobre as mesinhas de apoio.
Rocío e Gas conversam num canto, próximos demais. Lali os encara com curiosidade. Já tinha percebido um clima, mas não faz ideia do que esteja rolando entre esses dois.
— Pronta? – Euge dá um pulinho ao ver Lali. – Uau, Lali, esse vestido é um arraso.
— O seu também. – Eugenia está usando um vestido azul de alça única, na altura dos joelhos, de um tecido bem estruturado. O rabo de cavalo foi feito bem alto e algumas mechas loiras escapam, emoldurando seu rosto.
— Todo mundo por aqui? Podemos ir? – Gas recolhe os sacos de salgadinhos espalhados.
Lali observa Rocío que permanece recostada na parede, no outro canto da sala. A amiga está deslumbrante num vestido estilo indiano, com a cintura marcada por um cinto de camurça. Um imenso colar prateado pende de seu pescoço e nos pés, chinelos com miçangas pretas. O cabelo castanho, bem longo, sustenta duas presilhas laterais que prendem a franja. Lali nota que Rocío está usando o bracelete de níquel envelhecido que compraram juntas, na feira de antiguidades da praça Benedito Calixto, na Vila Madalena.
— É impressão minha ou a Rocío e o Gas estão…? – Lali se vira para Euge e não termina a frase.
— É, eu também percebi um clima. – Eugenia balança a cabeça em concordância.
— Hum. Acha que devemos perguntar?
— Deixe ela nos contar. – Euge tira um fio de cabelo do vestido de Lali. Não ficaria chateada?
— Por que eu ficaria chateada? – Lali franze o cenho, confusa.
— Sei lá, é seu irmão e sua amiga. – Euge dá de ombros. – Não que isso seja grande coisa, não é traição nem nada.
— Eu acharia muito legal, de verdade.
~~***~~
O quarteirão do Aquarium está tomado por carros de todas as marcas e modelos. Com isso, é óbvio que o trânsito está um caos. Uma imensa fila se forma do lado de fora da boate e a maioria das pessoas não faz nem ideia de que sem um convite, nada feito.
As três amigas caminham juntas, de braços dados, vencendo os dois quarteirões que separam o único estacionamento com vagas da entrada do Aquarium. Rocío não toca no assunto Gas. Lali e Euge fingem não terem visto nada.
Gas e sua turma vem logo atrás e como todo bando de garotos, começam a se bater e empurrar a caminho da danceteria. Nesse interim, uma Pajero recheada de meninas surtadas para ao lado dos garotos. Gas dá trela e Rocío fecha a cara no mesmo instante. Lali sente as unhas da amiga fincarem em seu braço com força.
— Ei, não precisa arrancar a minha pele. – Lali estremece e Rocío se sobressalta.
— O quê?
— O que está rolando entre você e meu irmão? – droga, Lali tinha prometido a si mesma não perguntar.
— Nada. – Rocío olha de esguelha para trás. Seus olhos verdes ficam opacos quando veem Gas e sua turma se derretendo para cima das meninas da Pajero.
— Por sua causa ou por causa dele? – Euge se mete no assunto.
— Não está rolando nada, é sério. – Rocío suspira tristemente.
— Se um dia rolar, saiba que dou todo o apoio. – Lali sente o aperto de Rocío afrouxar de seu braço.
— Obrigada, Lali. Mas é como eu disse: Não está rolando nada.
Finalmente chegam à entrada da boate e Gas e os caras se livram das garotas oferecidas, para alívio de Rocío. Pepino saca os convites do bolso e entrega ao segurança. O engravatado confere a autenticidade dos mesmos e libera a entrada, carimbando os pulsos com uma tinta néon.
O Aquarium, como o próprio nome diz, é um imenso aquário, repleto de plantas aquáticas e animais marinhos diversificados. A danceteria é circular e cercada por paredes de vidro curvas, que tomam toda a extensão do lugar.
Lali fica boquiaberta quando vê uma imensa arraia flutuando sobre sua cabeça, ainda não tinha percebido que o aquário também se estende por todo o teto da boate.
As garotas seguem Gas por um corredor largo, no ponto mais alto do Aquarium. É o único acesso para a ala VIP que não está congestionado. A outra opção seria pelo meio da pista de dança que, no momento, está abarrotada de cabeças saltitantes.
A música techno rola solta em meio aos efeitos especiais que vem de todos os cantos imagináveis. Uma névoa colorida sobe pelo chão, abraçando as pessoas até a cintura.
A ala VIP está bem mais tranquila, com seus sofás imensos, mesas largas, um bar privativo e garçons circulando com bandejas repletas de bebidas coloridas. Lali aproxima-se do parapeito de aço e dá uma sacada no lugar. O Aquarium é simplesmente fenomenal.
— Animada para a viagem de formatura? – Gas precisa falar alto para se fazer ouvir.
— Acho que será legal. – Lali responde, ao pé do ouvido do irmão.
— Está finalmente deixando a adolescência para trás, Lali. É agora que a ralação começa e a vida adulta vai massacrar você de todas as formas.
— Ah, obrigada pelo incentivo! – Lali dá um tapa no ombro de Gas.
— Já sabe o que fazer caso algum engraçadinho resolva se meter a besta nessa viagem? – Gas pergunta, vincando a testa.
— Joelhada nas bolas, soco no nariz e… o que mais mesmo?
— Acerte no pomo de adão.
— Ok, fique tranquilo, ninguém vai se meter a besta comigo.
— Ei, Lali, vamos para a pista? – Eugenia chama. Lali percebe que Gas e Rocío trocam olhares demorados e uma urgência em ajudar inflama a garota.
— Vamos, Gas? – Lali convida, deixando a bolsa sobre um dos sofás.
— Vamos para a pista, galeraaaaa?! – Gas grita e Lali revira os olhos, tapando os ouvidos.
~~***~~
Chegar à pista é uma maratona suada, apertada e acotovelante. Com alguns empurrões, os amigos de Gas conseguem abrir espaço para dançar.
O olhar de Lali é atraído para cima a todo o momento, o colorido do aquário sobre sua cabeça é inebriante.
Gente bonita e suada pula ao som do DJ. Lali corre os olhos pela pista, observando rostos descontraídos e maquiagens escorrendo. Não é do tipo que curte baladas como essa, mas adora uma novidade. Ela não perderia essa inauguração por nada.
Quatro músicas depois e a garganta queima, ressequida. Voltar à ala VIP está fora de cogitação. O bar mais próximo fica a uns seis metros de onde estão. Grita nos ouvidos de Eugenia e Rocío, doida por qualquer coisa líquida. As amigas concordam, seguindo na frente.
— Onde vão? – Gas pergunta.
— Pegar água. Quer? – ela oferece, por sobre o ombro.
— Não, valeu. Já sabe, hein… pomo de adão. – Gas recomenda.
— Pode deixar. – Lali ri e segue para o bar.
Passar entre pessoas pulantes e bêbadas não é tarefa das mais fáceis. Lali desvia, tira o pé do caminho, é empurrada e empurra também. O lugar está claustrofóbico e a boca de Lali está tão seca que nem a língua é capaz de umedecer os lábios.
Uma mão toca em seu ombro e a puxa para trás.
— Ei, pensei que sereias não existissem. – um garoto sardento e até bem bonitinho exclama. Mas a cantada é tão demodê que Lali dispara a rir.
— Sereias costumam afogar garotos como você, sabia? – ela rebate.
— Faria isso comigo, sereia? Qual o seu nome, hein?
— Se eu disser o meu nome, terei que te matar. – Lali tenta se desvencilhar, mas o garoto sardento aperta seu braço com força.
– Será que dá para me soltar?
— Pague o pedágio que eu solto. É só um beijo, você vai gostar.
Quando o garoto sardento aproxima-se perigosamente, uma mão forte surge em cena, agarrando Lali pela cintura.
Ok, congelemos o momento para uma análise mais profunda.
São Paulo é uma cidade gigantesca e as chances de encontrar alguém conhecido numa balada são nulas, correto? Engano seu. Apesar de Sampa ser uma megalópole, as baladas são sempre as mesmas, divididas em bairros, classes sociais e estilos. As chances de encontrar alguém conhecido numa inauguração desse porte são imensas. Nem vou entrar nos méritos do destino em ação, porque sei lá, tem isso também.
Descongelemos o momento em 3, 2, 1…
— Dá o fora, mané! – Peter empurra o sardento.
— Não me disse que estava acompanhada, sereia. – o garoto fecha a cara e solta Lali.
— E não estou! – o tom dela é agressivo, metralha Peter com um olhar irado.
— Nesse caso, dê o fora você, manezão! – o sardento vira homem, pega o braço de Lali e a puxa para si.
O sangue de Peter sobe nas alturas e ele empurra novamente o sardento, com mais força dessa vez. Lali nota que Nicolas se aproxima. O sardento quer briga e Peter parece querer o mesmo. Ela está entre eles e resolve apaziguar os ânimos.
— Pare com isso, Peter! – Lali precisa gritar ao pé do ouvido do garoto, o que se mostra uma péssima ideia. O aroma dele é uma mistura de mistério e sedução que faz suas pernas bambearem.
— Dê o fora, eu já falei! – Peter fecha o punho no colarinho do sardento.
— Ei, ei, ei! – Nicolas finalmente chega. – Vamos deixar disso, beleza? – Nicolas é da turma do “deixa disso”, mas, quando provocado, é da turma do “vamos matar todo mundo”. – Leve a Lali daqui, Peter!
— Não vou com você a lugar algum! – Lali tenta se livrar de Peter, mas o garoto é mais forte. E da forma como ele a está abraçando no momento, nem joelhada, nem soco, nem pomo de adão surtirão efeito.
Lali procura as amigas no meio da muvuca e as encontra. O bar fica um nível acima e ambas estão acompanhando o que está acontecendo na pista de dança, atônitas. Rocío levanta as duas mãos para o teto, não entendendo nadinha do que está rolando.
— Ande logo, sem reclamar. – Peter passa Lali à frente, prendendo-a como se fosse um escudo protetor, obrigando-a a andar em direção ao bar.
— Me solte, Peter!
— Quietinha, Lali, ou não ganha sorvete. – Peter sussurra em seus ouvidos e ela sente o hálito de Mentos de frutas do garoto. Mentos de frutas é golpe baixo.
— Isso não vai ficar assim!
— Já disse, fique quietinha.
— Me larga! – ela grita e cerra os punhos.
— Pronto, sã e salva. – Peter finalmente afrouxa e Lali gira sobre as sapatilhas, pronta para socá-lo. Mas algo a detém. Os olhos dele, tão dourados quanto o sol. Tão brilhantes como lavas de um vulcão em erupção.
— Eu sei me defender sozinha! – ela exclama, inflamada de ódio.
— Eu vi. – Peter debocha.
— E aí, galera! – Nicolas chega num pulo e passa o braço sobre ombros de Peter.
— Deu um jeito no sardento? – ele pergunta, sem desviar os olhos de Lali.
— O cara vai ficar sussa. – Nicolas elucida.
— Oi, Nicolas. – se Euge fosse uma geleira, já estaria derretida no chão.
— Oi, Euge, oi, Rocío. – Nicolas cumprimenta.
— Pegaram água? – Lali sustenta o olhar de Peter com sua famosa expressão “vou matar você” impressa no rosto.
— Pegamos. – Rocío responde. – Vamos voltar para a pista?
— Fique longe de mim, Peter, eu estou falando sério. – quando Lali tromba no ombro dele ao abrir passagem, o garoto sussurra em seu ouvido:
— Alguém já disse que você fica linda de preto?
Lali não se dá ao trabalho de responder. Range os dentes e continua a caminhar, sem olhar para trás.
Autor(a): Laninha Carvalho
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As amigas estão dançando lado a lado, embaladas pelo ritmo frenético da batida eletrônica. O olhar de Lali se perde lá no teto, acompanhando um peixinho amarelo se esgueirar entre as folhagens. Como ele é fofinho. — O que aconteceu lá atrás? – Euge pergunta, aos gritos. — Um babaca queria ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 25
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melinara Postado em 09/06/2015 - 16:22:21
muito bom
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elas10 Postado em 05/12/2014 - 21:50:29
Ansiosa pra saber o q vai rolar na Ilha ....posta mais !!!!!!
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lehlaliter Postado em 02/12/2014 - 11:30:33
Uoww que foda ameiiii continuaa logo amg
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laliteever Postado em 01/12/2014 - 23:26:28
Posta mais um hoje!!!! Serio ta muito bom!! Simplesmente incrível em tudo sua fanfic, parabéns!
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cidinha_rodrigues Postado em 01/12/2014 - 22:28:31
Que saudades!!!!Ameiiiiiiiiii o cap
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laliteever Postado em 01/12/2014 - 22:17:08
Ah meu deus!!! To amando geral a web!!! Leitora Nova só pra deixar claro hehe!! Q isso gente, arrepiei muito, ri alto ak ate kkk'
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elas10 Postado em 30/11/2014 - 08:09:15
Q boa noticia !!!!! Ansiosa para novos capítulos
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lehlaliter Postado em 28/11/2014 - 16:21:49
Uhuuu vc voltou ainda bem ja estava morrendo de saudades de seus capitulos magnificos kkkk então o meu cel é (45) 8835-4844
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lokaloucaporlaliter Postado em 08/09/2014 - 10:22:24
Haaaa isto esta ficando otimo posta maaaaisss porfi perfe.
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rcidinha Postado em 04/08/2014 - 14:00:45
ameeei