Fanfic: A Aposta (Adaptação) | Tema: Laliter
A alguns metros dali, escondida entre arbustos de folhagens esverdeadas, Paula aproxima o zoom da câmera e tira mais uma foto. A Kibi Mor está fritando de raiva por ainda não ter conseguido a fotografia que imaginou. Vingança é a única palavra que essa garota parece conhecer.
De todas as fotos, apenas duas são realmente boas: a de Peter e Lali na trilha da Caça ao Tesouro e a da gruta. A imagem do beijo na quadra de tênis também é fenomenal, mas não terá o efeito desejado. Afinal, a sala inteira assistiu ao espetáculo de camarote. Não. Ela precisa de um material inédito e caliente. Quer provar que Lali é uma biscate.
— Não acredito que esteja aí observando os pombinhos. – Bola chega por trás, sem aviso.
— Cale a boca e se abaixe! – Paula puxa Bola para detrás dos arbustos. – Quer entregar a minha localização, seu idiota?
— Quem você está chamando de idiota?
— Bolinha, é sério, eu preciso muito de uma foto quente. Então, se me der licença…
— Eu tenho o que você precisa. – Bola a encara com uma expressão de superioridade. – Mas o preço vai dobrar.
— Como é? Está querendo me chantagear?
Eu deveria rir, mas a situação é tensa. Todo chantagista já passou ou passará por um momento como esse, afinal, colhemos o que plantamos.
Bola tem um trunfo ilícito na manga, algo que poderá mudar o rumo dos acontecimentos. Eu já disse que esse garoto é mau?
— O que você tem para me ajudar? Uma foto quente? A Lali nua? O que é? – Paula é a ansiedade em pessoa ao chacoalhar os ombros de Bola.
— Primeiro vamos determinar o preço, só então eu lhe mostro o produto. – Bola negocia, preguiçosamente. O cara está por cima e sabe disso.
— Droga! – Paula se inflama. – Tudo bem, qual o seu preço?
— No luau de hoje a noite, quero que fique comigo na frente de todos. – a expressão de Bola não se altera.
— Como é? – a Kibi sibila e levanta num pulo.
— É isso ou nada feito. Você é quem sabe. – Bola dá de ombros, indiferente.
— Qual é a jogada? O que você tem em mãos?
— Aceitará o meu preço?
A garota se ajoelha na grama recém aparada, pensativa. Seus olhos se estreitam, ávidos por descobrir o plano de Bola. Sentindo certa repulsa por si mesma, ela resolve pagar para ver.
— Tudo bem, eu aceito. – Paula ruge. – Agora me diga, o que você tem para a minha vingança?
— Isso aqui. – Bola tira do bolso da bermuda um frasco sem rótulo.
— Em que isso vai me ajudar? – Paula faz cara de quem conversa com um otário. Bem, ela realmente conversa com um otário.
— Eu roubei isso aqui do estoque do meu irmão, sabia que seria útil em algum momento. – ele rola o frasco entre os dedos. – Ele e os amigos da faculdade criaram essa droga. A batizaram de Droga da Coragem. Quem a ingere, fica totalmente desinibido e faz coisas que nunca faria, nem à base de álcool.
— Isso é uma droga? – Paula se senta com os olhos brilhando em excitação. – Tipo, uma droga, droga?
— É, quer que eu desenhe? Que parte você não entendeu?
— Bola, você é um gênio!
— Eu sei, só que ninguém parece perceber isso. – o garoto olha para o céu, distraindo-se. Paula pigarreia e então ele continua: – Enfim, apenas seis gotas disso aqui e a Lali vai fazer o que tem vontade. Sem medos, receios ou pudores. Você finalmente conseguirá sua vingança.
Paula tenta pegar o frasco das mãos de Bola, mas num impulso, ele fecha os dedos, meneando a cabeça em negativa.
— Nada disso. Primeiro pague, depois receba.
— Mas amanhã é o último dia na ilha. Temos que usar isso hoje mesmo! – a Kibi é tomada por uma sensação de urgência, seus lábios tremem com as possibilidades.
— Pague o que me deve hoje e amanhã eu garanto que terá a sua foto quente.
— Esse troço é perigoso, tipo, a Lali pode morrer e tal? – não que Paula esteja preocupada com isso, a pergunta foi feita por desencargo de consciência.
— Não é perigoso. Relaxe, vai sair tudo como você quer. – Bola se levanta do esconderijo. – Estamos acertados?
Com um sorriso maquiavélico e olhos flamejantes, Paula chacoalha a cabeça em concordância.
— Estamos acertados.
~~***~~
Peter quer desvendar todos os segredos dessa linda garota de olhos negros e a estimula a continuar. Lali não acredita que esteja a ponto de contar algo tão íntimo a ele.
Ela se convence de que falar pode lhe fazer bem, expurgando todo o veneno que ainda corre em suas veias. Quem sabe o passado de Lali mostre a Peter que o terreno no qual pisa é perigoso e arriscado, cheio de minas enterradas e armadilhas mortais.
Lali suspira alto, sentindo algo se remexer dentro de si. Talvez seja a lagosta, ou seu espírito, quem sabe?
— Quando eu tinha quinze anos, comecei a namorar um cara dois anos mais velho. Nos conhecemos no colégio e ele estava prestes a se formar. Nós ficávamos naquele flerte à distância e eu nunca tinha tido a coragem de me aproximar.
“Alguns amigos me avisaram que ele era um tremendo galinha, mas eu achava que estava apaixonada e nem liguei para os comentários. Quando a oportunidade surgiu, eu me agarrei a ela.
“Namoramos por seis meses. Meus pais eram contra e passaram a vigiar todos os meus passos. Eu não podia usar a internet e os telefonemas eram gravados. Meu pai é advogado criminalista e minha mãe trabalha com segurança da informação, ou seja, eles desconfiam até da própria sombra. Hoje eu os entendo perfeitamente.”
Lali faz uma pausa. Rememorar o passado nunca fez bem a ela. Mas de alguma forma, sente que quando terminar a narrativa, será uma outra pessoa.
— O que aconteceu? – Peter reclina para trás, escorando o corpo com as mãos.
— Durante seis meses, nós namoramos na minha casa e às escondidas, quando eu conseguia enganar os meus velhos. O filho da mãe tinha uma lábia incrível e fez com que eu acreditasse que era especial. Ele dizia que me amava e que eu era única e perfeita. Hoje eu sei que ele só estava preparando o terreno para o ataque.
Os lábios de Peter se retesam. As pálpebras tremem e ele se inclina sobre a mesa com os punhos cerrados. Uma sombra atravessa aquele olhar dourado e Lali continua:
— Todas as vezes que nos encontrávamos, era a mesma história. Ele me amava, eu o amava e nós tínhamos que elevar nosso relacionamento a um outro patamar. Eu era muito nova, Peter, totalmente inexperiente e, de certa forma, inocente. Ele usou isso contra mim, da forma mais repugnante que se possa imaginar.
“Numa tarde, o cara apareceu na minha casa sem aviso. Eu estava sozinha e as coisas começaram a evoluir rápido demais... eu não tive escapatória.”
Lali faz outra pausa e, por incrível que pareça, não está se debulhando em lágrimas. A expressão de Peter é matadora e o cara trinca os dentes, mas não diz nada. Não ainda.
— Eu não queria, juro para você. Eu só tinha dezesseis anos e não estava pronta. Mas ele forçou a barra, disse coisas que eu queria ouvir. Parecia que ele podia ler meus pensamentos, minhas vontades.
“Eu sempre fui uma tola romântica. Que idiota. Nunca pensei que me entregaria daquela forma, no sofá da sala, sem qualquer preparação, sem… sem romance.
“Quando terminou e ele foi embora, eu não me senti plena ou flutuando como dizem. Eu me senti suja e com vontade de gritar. Não que ele tenha sido bruto, mas não foi feito com amor.
“Ele parou de me ligar depois disso. Eu deixava recados no celular e nada de um retorno. Quando eu finalmente tive coragem e liguei na casa dele, descobri que a mãe do cara nem sabia quem eu era. Ela disse algo mais ou menos assim: ‘Ah, não, outra pseudo-namorada? Esse garoto não tem jeito. Quantos anos você tem, mocinha?’
“Foi então que eu descobri tudo. Minhas amigas ajudaram, vasculhando a internet, perguntando aos amigos dos amigos dos amigos. Tudo o que eu vivi durante seis meses, não passou de uma mentira, uma farsa com o único intuito de me levar para a cama. Bem, para o sofá da sala.
“Eu quis muito me vingar, eu queria o sangue dele nas minhas mãos. Mas não foi nada disso o que eu fiz. Eu me resignei, me fechei para o mundo, parei de confiar nas pessoas e me transformei no que sou hoje. Alguém que não consegue se relacionar, que tem medo de ser enganada e que está permanentemente fechada para balanço.”
Autor(a): Laninha Carvalho
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Chef Louis traz dois pratos fundos, recheados com risoto de salmão e cebolinhas picadas por cima. Lali já perdeu a fome e Peter encara o prato, ainda com o maxilar trincado. Quando se veem novamente sozinhos, Peter a fita com um olhar febril e uma expressão que Lali nunca viu antes. — Eu vou matar esse cara. — Não ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 25
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melinara Postado em 09/06/2015 - 16:22:21
muito bom
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elas10 Postado em 05/12/2014 - 21:50:29
Ansiosa pra saber o q vai rolar na Ilha ....posta mais !!!!!!
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lehlaliter Postado em 02/12/2014 - 11:30:33
Uoww que foda ameiiii continuaa logo amg
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laliteever Postado em 01/12/2014 - 23:26:28
Posta mais um hoje!!!! Serio ta muito bom!! Simplesmente incrível em tudo sua fanfic, parabéns!
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cidinha_rodrigues Postado em 01/12/2014 - 22:28:31
Que saudades!!!!Ameiiiiiiiiii o cap
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laliteever Postado em 01/12/2014 - 22:17:08
Ah meu deus!!! To amando geral a web!!! Leitora Nova só pra deixar claro hehe!! Q isso gente, arrepiei muito, ri alto ak ate kkk'
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elas10 Postado em 30/11/2014 - 08:09:15
Q boa noticia !!!!! Ansiosa para novos capítulos
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lehlaliter Postado em 28/11/2014 - 16:21:49
Uhuuu vc voltou ainda bem ja estava morrendo de saudades de seus capitulos magnificos kkkk então o meu cel é (45) 8835-4844
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lokaloucaporlaliter Postado em 08/09/2014 - 10:22:24
Haaaa isto esta ficando otimo posta maaaaisss porfi perfe.
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rcidinha Postado em 04/08/2014 - 14:00:45
ameeei