Fanfic: A Aposta (Adaptação) | Tema: Laliter

  Pensativa.

  Na beira do mar, Lali segura o lenço azul entre as mãos. Ele se agita suavemente, dançando com a brisa que vem do oceano. Seus pés estão cravados na areia enquanto observa, atenta, as pequenas ondas se formarem. A água chega, tocando seus pés e recua, para voltar logo a seguir.

  Está pesando sobre o que Rocío disse, essa coisa que envolve sofrimento e amor. Se for enganada novamente, será que suportará? Lali não tem certeza de que sim ou de que não. Mas assim é a vida, não é? Recheada de incertezas.

  Rocío tirou Pablo para dançar. Não, ela não se esqueceu de Gas. Está triste, um tanto saudosa e também não tem certeza sobre nada. Ela e Pablo não têm nada em comum, são apenas amigos. Podemos dançar com amigos, não podemos? É o que ela está fazendo nesse exato momento.

  O ar fresco preenche os pulmões de Lali, relaxando-a. Não sente o vazio, não se sente sozinha no momento. E realmente ela não está.

  Peter está parado a uma curta distância, apenas coexistindo. Observa os cabelos de Lali esvoaçando para trás, juntamente com seu vestido semi-transparente. O perfume que ela exala chega às suas narinas e ele infla o peito, tomando coragem.

— Pensei que esse lenço me tiraria para dançar. – a voz grave e um tanto rouca atravessa o ar da noite.

  Lali não se vira, mas sorri. É um sorriso de lábios fechados, um tanto contido. Solta uma das mãos do lenço e, sentindo-se livre, o tecido se agita para trás, alcançando Peter que o pega com a mão direita.

  Nesse momento, ambos estão unidos por um lenço azul de seda, comprido demais, distante demais.

  Peter vai enrolando o lenço na mão, diminuindo o espaço que os separa, chegando cada vez mais próximo. Lali sente a aproximação às suas costas.

— Me diga que não é apenas uma aposta. – as palavras dela são levadas pela brisa, carregadas de insegurança.

— Não é apenas uma aposta. – o hálito quente de Peter alcança seu pescoço. Estão tão próximos que, talvez, nem o fino lenço de seda consiga ficar entre eles.

  Lali gira sobre a areia e seus cabelos voam para o rosto, alcançando Peter. Com as duas mãos, ele os alisa para trás. Ela estremece ao simples toque, tombando a cabeça de lado e cerrando as pálpebras. Peter sente uma urgência em beijá-la e dá voz a essa vontade:

— Não sabe o quanto eu quero beijar você, aqui, agora. – Peter acaricia o rosto de Lali com a ponta dos dedos. – Mas não posso permitir que todos vejam, não quero que perca a aposta.

— Eu não ligo em perder. Porque na verdade, acho que ganharei.

— Você já ganhou.

  Os olhos de Lali se abrem e se veem orbitando os raios solares de Peter. Não, ele não está mentindo. Será que Lali deve confiar em sua intuição?

  Uma comoção vem do tablado. Os olhares de ambos são imediatamente atraídos para lá. E o que presenciam, eu descrevo agora, em detalhes:

  Nicolas está com as costas arqueadas para a frente, tombando Euge em seus braços, como sempre acontece no final de uma dança. Os olhos estão cravados um no outro e as respirações se fundem numa só.

  Nicolas sustenta uma expressão de admiração e Euge está com um ar sonhador. Os lábios se entreabrem, as pálpebras se fecham. Num movimento sutil onde os sentimentos assumem o comando, a boca de Nicolas envolve a de Euge, em um momento para lá de perfeito.

  Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

  É o que todos os observadores deixam escapar, mesmo que o grito seja silencioso. Uma expressão incontida de felicidade desagua no rosto de Lali. Quando Peter gira para encará-la, o semblante dele é o mesmo.

— Finalmente a Euge tomou coragem. – Lali vai recolhendo o lenço enrolado na mão de Peter.

— Posso dizer a mesma coisa do Nicolas. – Peter solta a ponta quando Lali o puxa delicadamente. – E então, esse lenço não vai mesmo me tirar para dançar?

— Quem disse isso? – Lali murmura e na ponta dos pés, passa o lenço em volta do pescoço de Peter. – Essa noite, você é meu.