Fanfic: A Aposta (Adaptação) | Tema: Laliter

  Há um lenço azul no pescoço de Peter Lanzani. De costas, Lali caminha intuitivamente em direção ao tablado. Os olhos de ambos não se desgrudam um segundo sequer.

  Murmurinhos começam a se formar na pista de dança e conjecturas são atiradas para todos os lados. Será que Lali perdeu a aposta? Se apaixonou por Peter? Que diabos está acontecendo?

  Lali engole a saliva que se forma em sua boca, está nervosa com essa demonstração pública. Não que ligue para o que as pessoas pensam, não é isso. Mas os olhares cravados nela incomodam um bocado.

  Lali dá um puxão no lenço, trazendo Peter para mais perto. A trilha sonora não é lenta, mas dá para dançar juntinho. As mãos de Peter rasgam o ar, agarrando a cintura de Lali com delicadeza. Ela solta as pontas do lenço e entrelaça os braços ao redor do pescoço dele.

  O magnetismo entre esses dois gera uma aura grandiosa, capaz de protegê-los contra qualquer mal. Juntos, possuem uma força avassaladora, dessas que evocam o poder divino. Mas eles não sabem sobre isso. Ainda.

  Lali se deixa envolver pelos sentimentos que afloram, não se importando mais com o que acontece ao redor. O tempo e o espaço se fundem, deixando de existir. Arrepia-se quando Peter acaricia seu pescoço com os lábios úmidos.

— Está usando aquele perfume, não está? – ele pergunta, inalando-a, inebriando-se com o aroma.

— Hipnose? – ela faz uma pausa. – Estou sim.

  Ela sente as batidas do coração dele contra seu próprio peito. Cerra as pálpebras quando seu hálito quente deixa marcas por onde passa. Lali não está mais no controle e ele a abraça com força, fazendo-a arfar.

  Um novo murmurinho toma conta do tablado. É Peter quem percebe primeiro o que está havendo. Troca olhares assustados com Nicolas. Paula acaba de tirar Bola para dançar, utilizando-se de um lenço vermelho sangue.

  Peter para de dançar, afrouxando o abraço em Lali. Ela percebe algo estranho e o fita, sem entender o que está havendo. Nota que os olhos do cara estão fixos em algum ponto além e girando a cabeça, solta uma exclamação.

  Paula acaba de desferir um beijo de língua em Jaíme, o Bola.

~~***~~

  Peter está boquiaberto e uma de suas pálpebras treme de raiva. Esse tempo todo o Bola estava jogando contra eles, as coisas finalmente começam a fazer algum sentido.

  O cara é um agente duplo, está tão óbvio agora. O que ele contou para as Kibis? Será que dedurou as apostas? Ah, claro que sim, Cande e Mery estavam agindo como se soubessem do jogo.

  E o que Bola terá contra a Kibi Mor? Por que ela está se humilhando a esse ponto? Terá algo a ver com Lali? Será que Bola conseguiu algo para que Paula possa finalmente se vingar?

— Bola, seu lixo humano. – Peter murmura, entre dentes.

— O que foi? – Lali escuta o lamento de Peter. – Está com ciúmes?

— Como é? Enlouqueceu?

— É o que está parecendo! – Lali empurra Peter com as duas mãos.

— Não é nada disso.

  Nicolas e Eugenia, de mãos dadas, se juntam a Peter e Lali. Os amigos se entendem só com o olhar e Nicolas está com o cenho franzido e os olhos claros brilhando em fúria.

  Nesse ponto, Paula e Bola estão dando um show – de horrores – na pista de dança. Entre beijos e afagos, começam a dançar ao ritmo da salsa. Agem como se não percebessem os olhares embasbacados e as bocas entreabertas ao redor.

— Peter, precisamos conversar. – Nicolas dispara, um tanto afoito.

— Só se for agora. – Peter concorda, pegando Lali de surpresa.

— Como é? – ela encara Peter e Nicolas. – O que está acontecendo aqui?

— Lali, mais tarde. – Peter tira o lenço do pescoço e entrega a ela. – Prometo que depois conto tudo a você, mas não agora.

  E antes que Lali ou Eugenia possam dizer qualquer coisa, os dois seguem em direção às redes, distanciando-se ao máximo da muvuca na qual se transformou a pista de dança.

  Lali e Eugenia se entreolham, confusas. Logo Rocío se junta a elas, tão absorta quanto todo o mundo.

— Gente, o que está rolando aqui? O mundo acabou e eu não estou sabendo? – Rocío sacode a cabeça, sem conseguir desviar os olhos de Bola e Paula.

  Confusa e com o humor oscilando drasticamente, Lali finca as unhas nas palmas das mãos antes de concluir:

— Eu não faço ideia do que está rolando, mas vou descobrir.

~~***~~

  Os nervos de Peter pulsam em fúria. O sangue borbulha dentro das veias enquanto caminha em círculos na areia, tentando entender o que está havendo.

  Já está claro que Bola trabalha para as Kibis. E o que mais? O que faria com que Paula beijasse o cara na frente de todos? Ele a está chantageando? Terá algo que a Kibi precisa para a vingança? Ou não é nada disso e Peter está delirando?

— Conte tudo para a Lali, man. Abra o jogo antes que seja tarde. – Nicolas aconselha.

— Não posso fazer isso, não antes de me entender com ela. – Peter leva as mãos à cabeça, incerto.

— Cara, você precisa contar. Estou sentindo uma vibe estranha, acho que vai dar merda, meu camarada.

— Precisamos descobrir o que está rolando, Cabeçudo. Talvez não tenha nada a ver com a aposta e a vingança da Kibi.

— Duvido!

— Ok, estou perdido. – Peter joga as mãos para o céu. – Não sei o que fazer.

— Vamos arrebentar a cara do Bola até ele abrir o bico. Vamos torturar o cara! – Nicolas esmaga os dedos e soca o ar. – Que traíra filho da mãe!

— Ei, galera. – Pablo chega seguido por todos os garotos do Prisma. – O que está pegando naquela pista? Como o Bola conseguiu vencer a aposta?

— Eu não faço a menor ideia, mas precisamos descobrir. Estão comigo? – Nicolas estende o braço com a palma da mão virada para baixo.

— Estamos com você. – Peter repete o gesto de Nicolas, colocando a mão sobre a do amigo.

  Logo todos repetem o gesto, uma mão sobre a outra. O que quer que Bola esteja escondendo, esses garotos irão descobrir.

~~***~~

  Lali corre atrás de Peter, que segue apressado para a sala de jogos. Quando ouve seu nome, estaca no lugar, sem se virar.

— Peter, o que está acontecendo?

— Lali, não posso falar sobre isso agora. – ele não quer se virar, não pode deixar que seus olhos temerosos o entreguem.

— É isso então? Vai me deixar assim, no vácuo? E será que dá para olhar para mim? – Lali avança agarrando o braço dele, puxando-o com violência.

  Olhos nos olhos. Lali percebe que algo está muito errado. Peter não consegue disfarçar e sabe bem disso.

— Confia em mim? – Lali não responde e Peter refaz a pergunta. – Confia em mim, Lali?

— Eu ainda não sei. – ela hesita.

  Peter toma o rosto dela entre as mãos. Antes que ela o afaste, os lábios se colam com força, com vontade, com fúria. Mas não é um beijo longo. Quando Peter abre os olhos, segura Lali pelos ombros.

— É só o que peço, que confie em mim. – ele então segue para a sala de jogos, deixando uma desnorteada Lali para trás.