Fanfic: A Aposta (Adaptação) | Tema: Laliter

  Na sala de jogos, os garotos começam a lançar especulações sobre a aposta Bola versus Paula. Nicolas e Peter estão em um canto, se entreolhando a todo momento.

  Ninguém além deles sabe sobre a chantagem da Kibi e a vingança para cima de Lali. Nicolas é a favor de abrirem o jogo, mas Peter prefere deixar o restante da turma de fora. Envolvê-los pode piorar ainda mais a situação que já é tensa o bastante.

— Vamos pegar o Bola sozinho e prensá-lo contra a parede. – Nicolas sussurra.

— Ele não vai falar. – Peter soca o tampo de uma mesa, enfurecido.

— Conte para a Lali, Peter, ela precisa saber.

— Eu não faço ideia do que a Kibi esteja armando. Antes de pegar o Bola de jeito, não vou contar nada, não me aproximarei dela. Protegê-la é minha única prioridade no momento.

~~***~~

  O luau chega ao fim. Os garotos não voltaram para a praia e as garotas estão chupando o dedo, sozinhas em volta da fogueira. Na verdade não chupam o dedo, estão é devorando os espetos de marshmallow e queijo coalho, derretidos no calor do fogo.

  Lali está puta da vida. Não sabe o que pensar e muito menos o que dizer para Eugenia e Rocío.

  Euge também não está entendendo nada. Nicolas a deixou naquela pista de dança, sem ao menos se explicar. E Pablo fez o mesmo com Rocío. O que esses garotos estão armando? E por que parece ter tudo a ver com Bola e Paula?

  Aliás, esses dois já sumiram das vistas. Paula voltou para o quarto e Bola idem. No momento, os professores fazem a contagem dos alunos, para se certificarem de que todos estão no hotel.

  As garotas vão se levantando, se despedindo, tristes pela viagem estar chegando ao fim. Lali não sabe se conseguirá pregar o olho. Uma voz interna afirma, categoricamente, que algo de muito ruim está para acontecer. Essa voz é vidente, só para constar.

  As três amigas se levantam, sacudindo a areia. Caminham, pesadamente, até a ala das garotas. Nem sinal de Peter, Nicolas ou os outros garotos. Lali sente o peito se fechando, o coração ficando pequenino. Novamente o vazio, a sensação de perda. Mas que droga! Pelo jeito, não obterá qualquer resposta hoje. Mas, amanhã, o Peter não lhe escapa.

~~***~~

  Peter e Nicolas convenceram os garotos a ficarem do lado de fora do quarto, caso os professores apareçam. Entram, sorrateiramente, caminhando pela escuridão. Se Bola não está dormindo, finge muito bem. E não é que esse é o caso?

  Com uma chave de pescoço, Peter paralisa Bola. O garoto tenta gritar, mas não consegue. Nicolas acende o abajur e o interrogatório começa, à meia luz.

— Certo. Começaremos com essa aposta Bola versus Paula. – Peter inicia, de forma casual, como se estivesse numa roda de amigos. – Como você conseguiu?

— Sem ar, sem ar. – a voz de Bola é apenas um sopro.

— Vou afrouxar a pegada. Se você gritar ou tentar qualquer gracinha, eu arrebento essa sua cara, estamos entendidos? – Peter faz cara de mal. E a cara de mal dele é tão linda!

  Bola meneia a cabeça, em concordância. Peter afrouxa a chave de pescoço, o suficiente para que o cara possa responder as perguntas.

— Peter, não tem nada a ver com vocês, caras. Eu chantageei a Paula, só isso. – Bola choraminga.

— Você está trabalhando para as Kibis, não está? – Nicolas inclina o corpo, sondando os olhos de Bola.

— Eu só segui o Peter e a Lali no dia da Caça ao Tesouro. A Paulinha me pediu e eu ganhei um beijo em troca. Que mal há nisso?

— Com o que você chantageou a Paula? – Peter se altera. – Fala!

— Eu disse a ela que contaria sobre aquele dia na mata. Disse que falaria para você e para a Lali também. Foi isso, caras, vocês precisam acreditar em mim.

— A Paula não beijaria você na frente de todos só por isso. Tem algo grande aqui e você está me escondendo os fatos, Bolota. – Peter aperta novamente a chave e Bola dá um pulo na cama, asfixiando.

— Meu camarada, se eu fosse você, abriria o bico. Eu não tenho forças para segurar o Peter aqui, sacou? – Nicolas dá dois tapas no ombro de Peter e em seguida, levanta a manga da camisa do amigo. O bíceps e o tríceps dele são um espetáculo másculo. – Imagine tomar um soco desse cara? Você demoraria um ano para reencontrar o caminho de casa, acredite-me.

— Caras, eu juro que foi isso. Pelo amor de Deus, Peter, eu tô falando sério!

  Toc, toc, toc.

  Ops, professores a caminho. Um toque: tudo ok. Dois toques: monitores. Três toques: professores.

— Peter, temos que ir. – Nicolas tenta mover o braço do cara, mas não consegue. – Porra, man, quer se ferrar? Vamos sair daqui.

— Caras, eu tô falando a verdade, podem confiar. – Bola está com as bochechas vermelhas, respirando com dificuldades.

— Vamos, Peter! – Nicolas se levanta, encaminhando-se para a porta.

— Meu irmão, vou descobrir o que está havendo. E quando isso acontecer, é melhor você correr. – Peter dá o ultimato e segue Nicolas para fora do quarto.

  Quando a porta se fecha atrás de Peter, Bola se senta na cama, ajeitando o colarinho do pijama. Respira fundo, colérico. Num sussurro, ele diz para si mesmo:

— Você vai cair, Peter. E quando acontecer, sou eu quem darei o golpe de misericórdia.