Fanfic: A Aposta (Adaptação) | Tema: Laliter

  Antes de invadirmos o quarto das Kibis, contarei uma historinha para vocês. É sobre um tal de Jaíme Bola e o ódio secreto que ele nutre por Juan Pedro Lanzani.

  Bola, desde que se entende por gente, possui um sentimento profundo em seu íntimo. Um amor sufocado e bem guardado por sua musa inspiradora, aquela que invade seus sonhos todas as noites. Essa garota se chama Paula, a Kibi.

  Quando Bola descobriu que Paulinha e Peter haviam ficado, sofreu como um cão sem dono. Apesar de saber que nunca teria a Kibi em seus braços, Bola gostava de fantasiar com o dia em que ela finalmente olharia para ele com outros olhos.

  É claro que isso nunca aconteceu.

  Quando o garoto soube que o namoro não passava de uma aposta, ficou completamente doido. Na saída do colégio, puxou a Kibi para um lugar mais tranquilo e lhe contou tudo o que sabia a respeito. Esse era o terceiro dia do namoro Peter versus Paula.

  Transcrevo agora o diálogo entre os dois, depois que o Bola contou tudinho para a Kibi Mor:

— E daí? – Paula pergunta, impaciente.

— Estou dizendo que você está sendo enganada! – Bola é mais enfático.

— Eu já sabia sobre a aposta, seu idiota. A Cande ouviu os meninos conversando. – Paula mira as unhas cor de ameixa.

— E você vai aceitar isso? – Bola está inconformado.

— É a minha única chance com o Peter. E eu vou agarrá-la, com as unhas se for preciso.

— Paulinha, você não precisa disso. Não acredito que vá se humilhar desse jeito. – Bola tenta tocá-la, mas a Kibi recua, em repulsa.

— O que eu faço ou deixo de fazer, não lhe interessa. – Paula diz, ríspida. – Me deixe em paz, tá legal?

— Mas, Paulinha…

— Tchau, Bola.

  Já sabemos o que aconteceu depois: pole dance, Kibi seminua, Peter em perigo, fim daaposta.

  Bola assistiu a Kibi chorar na manhã seguinte do término do namoro. Viu Peter ser condecorado. E ouviu um papo que não deveria ter escutado.

  Peter não contou a ninguém sobre o que realmente aconteceu naquele quarto. Mas, como não consegue esconder nada de Nicolas, acabou abrindo a verdade para o melhor amigo quando se viram sozinhos no laboratório de química.

  Eles não estavam realmente a sós.

  Bola, escondido debaixo do balcão, fugia dos garotos do ano anterior. Ele havia aprontado, de novo, e estava sendo perseguido por todo o colégio.

  Encolhido e agachado no chão, Bola acompanhou o relato detalhado de Peter sobre a tarde anterior em seu quarto. Escutou o cara reclamar e dizer o quanto havia sido constrangedor. Ouviu – quase chorando – quando Peter contou como ela havia implorado para que transassem. A risada incrédula de Nicolas lhe arranhou os ouvidos, principalmente quando o pirata a chamou de vagabunda.

  Naquele dia surgia a lista negra de Bola. E Peter e Nicolas encabeçavam essa lista.

~~***~~

  Paula finge estar dormindo quando Candela e Mery voltam para o quarto. Ela é tão boa atriz que eu juraria estar vendo a garota em sono R.E.M.

  Candela e Mery não se conformam com o que aconteceu pouco antes, na pista de dança. Não entendem como Paula pôde beijar Bola daquela maneira. O que a Kibi Mor estará tramando?

— Ela deve ter seus motivos. – Mery sussurra, vestindo a camisola.

— Que motivos? Isso é loucura, essa vingança a cegou completamente. – Candela tira a colcha da cama e se enfia debaixo dos lençóis.

— Do jeito que você fala, até parece que não quer essa vingança. A Lali nos humilhou, Cande. Temos que nos vingar!

— Nós aprontamos muito com ela também. Lembra quando estouramos três tubos de cola dentro da mochila dela? E quando roubamos suas roupas depois da aula de educação física?

— É, eu lembro. – Mery se recorda sim. Chegou a ficar com dó da garota naquele dia.

— Então! – Candela ajeita o travesseiro. – Acho que estamos quites. Nós a humilhamos, ela nos humilhou. Acabou. Temos que continuar com nossas vidas.

— A Paulinha não pensa assim. E você sabe que se não ficarmos do lado dela…

— Sim, eu sei. Ela continuará nos chantageando. – Cande revira os olhos, cansada de ser usada.

— É isso. – Mery puxa o lençol até o pescoço. – Vamos dormir, amanhã perguntaremos o que está acontecendo, tá bom? Boa noite.

— Boa noite, Mery.

~~***~~

  Os primeiros raios de sol atravessam as persianas, iluminando o quarto das Kibis. Esse é o último dia na Ilha Inamorata e Paula está excitada demais para continuar na cama.

  Quando finalmente abre os olhos, Paula vê Candela e Mery ajeitando as coisas, vestindo biquínis mínimos. Ela ainda se lembra do diálogo da noite anterior e precisa saber se pode ou não contar com suas amigas.

— Estão comigo ou contra mim? – Paula pergunta, num tom rouco.

  As duas levam um tremendo susto. Candela e Mery se entreolham nervosamente. Será que Paula ouviu a conversa sussurrada?

— Estamos com você, mas antes terá que nos contar o que está acontecendo. Por que beijou o Bola daquela maneira? – Mery penteia as madeixas oxigenadas para trás.

— O Bola tem algo para esquentar essa vingança. – Paula respira fundo. – E eu vou precisar da ajuda de vocês.

— O que teremos que fazer? – Candela amarra a canga em volta da cintura.

— O que fizeram até agora. Ficar à espreita, aguardando o momento chegar. Quero fotos e vídeos de tudo o que rolar hoje. – Paula se levanta num pulo, espreguiçando-se demoradamente.

— O que o Bola tem a ver com tudo isso? – Candela interpela.

— Ele tem algo que pode mudar o rumo dessa vingança. – Paula abre a mala rosa chiclete e tira de lá um fio dental branco e não é de limpar os dentes.

— Explique para nós. – Candela se senta aos pés da cama, passando uma leve camada de protetor solar nos braços.

— O Bola vai colocar algo na bebida da Lali e se as coisas correrem como imagino, ela vai fazer tudo o que tiver vontade. Nós iremos fotografar e filmar cada passo da vagaba.

— O que o Bola vai colocar na bebida dela? Ele vai drogá-la? – Mery sobressalta-se. – Paulinha, isso é absurdo!

— Absurdo, Mery? Absurdo foi o que a vagaba fez com a gente! Já se esqueceram? – Paula vinca a testa, as pálpebras pulsando enraivecidas.

— Drogar a Lali é demais, Paulinha. É demais até para você! Isso já ultrapassou todos os limites aceitáveis. – Candela pega sua toalha de piscina e finaliza: – Eu tô fora.

— Não pode cair fora! Ou então vou contar para os seus pais que…

— Pode contar! Já cansei de ser chantageada por você. Cansei de ser manipulada, usada, humilhada! – Candela faz uma pausa para respirar. – Isso não é amizade.

  Pisando duro, Candela vai para a piscina, batendo a porta do quarto com força ao sair.

— E você, Mery? Vai me trair também? – as pupilas de Paula se dilatam de tanto ódio.

— Não, Paulinha. Estou com você até o fim.