Fanfic: A Aposta (Adaptação) | Tema: Laliter

  Peter e os garotos acordaram cedo para o jogo de futebol masculino no campo gramado. Estão todos por lá, menos Bola.

  O jogo já dura vinte minutos e Peter arrumou duas brigas nesse meio tempo. Está nervoso, aéreo, um tremendo pé no saco. A galera percebe e se junta ao redor do cara quando o garoto perde um gol feito.

— Certo, o que está rolando aqui? Abra o jogo, Peter. – Pablo é o primeiro a falar.

— Anda, Peter, fala. – Nando se pendura no ombro de Pablo.

  Nicolas e Peter se entreolham. Será que podem confiar nesses caras? Bola já se mostrou um tremendo 171.

— Acho que deveríamos contar. – Nicolas guarda o apito no bolso, incitando o amigo.

— Tudo bem. Contarei o que está rolando.

  Peter conta tudo sobre a aposta, a chantagem e a vingança da Kibi Mor. A galera escuta atenta a todos os detalhes e suposições de Peter e Nicolas.

— Que o Bola está do lado das Kibis, isso está na cara. Ele é apaixonadão pela Paula. – é Pablo quem elucida. – Agora, quanto a essa vingança, não sei o que pensar. A Paulinha pega pesado e ela pode estar armando qualquer coisa.

— Entenderam o drama? – Nicolas encara cada um dos amigos. – O Peter tá ferrado.

— Não tem jeito de conseguirmos esse vídeo? – Vico especula. – Talvez invadindo o computador dela, sei lá.

— Ela fez milhões de cópias, não é esse o caminho. – Nicolas gira o boné na cabeça, displicente.

— Vocês viram o vídeo? Dá para saber que é o Peter naquela moto? – Pablo pergunta, um tanto tenso. – É que, bem… é que eu filmei aquela noite. E as imagens não são boas. – Pablo engole em seco e finaliza: – A Paula ficou comigo em troca do vídeo.

— Como é? – Peter fala em uníssono com Nicolas. – Deu o vídeo à ela?

— Todos demos. – é Nando quem revela. – Ela ficou com todo mundo em troca dos vídeos. Peter, eu não imaginei que ela iria chantageá-lo.

— Puta merda! Ela tem vários vídeos, de vários ângulos do acidente? – Nicolas joga o boné longe. – Caras, eu não acredito!

— Eu tô ferrado, Cabeça. – Peter arqueia o corpo para a frente, sentindo um tremendo peso nas costas. – Eu pensei que a Kibi só tivesse um vídeo, o que ela mesma filmou naquela maldita noite.

— Peter, o que podemos fazer? – Pablo toca o ombro do amigo, sentindo-se o pior entre os piores. – Cara, é só pedir.

— Fiquem de olho no Bola e nas Kibis. Relatem qualquer coisa anormal. Se algum deles se aproximar da Lali, nos avisem. – é Nicolas quem dá as instruções.

— Ei, Nicolas. – Vico chama. – O Bola tem algo contra você?

— Não sei. Acho que não.

— Foi ele quem lançou a aposta Nicolas versus Euge. Acho bom você ficar esperto.

— Puta que pariu.

~~***~~

  Hoje o dia será repleto de atividades na Ilha Inamorata. Jogos de futebol, volei de praia, aulas de surf… e à noite, as portas da boate do hotel serão abertas aos estudantes.

  As garotas estão na praia, curtindo o último dia na ilha. Muitas já estão chorando e se abraçando, pois quando voltarem para casa, tudo irá mudar.

— Não acredito que isso vá acabar. Cada uma de nós vai tomar um rumo e vamos perder contato. – Camila chora no ombro de Rocío.

— Não deixaremos isso acontecer. – Rocío acaricia os cabelos dourados de Camila.

— Ah gente, vou chorar também. – Euge tira os óculos de leitura, enxugando os olhos úmidos.

  Lali pressente a aproximação de Peter. Gira o corpo e o encontra sozinho, caminhando de cabeça baixa em direção ao mar.

— Volto já. – ela diz, levantando-se apressada e sem dar maiores explicações.

  Seus passos são rápidos e afundam na areia fofa. Desliza os óculos de sol para o rosto e ajeita as bordas do biquíni cor de uva. Peter ainda não a viu. O garoto entra no mar e mergulha quando uma onda se quebra sobre ele.

  Lali mergulha logo atrás. Hoje as ondas estão altas e fortes, perfeitas para aulas de surf. Ela grita o nome dele quando sobe à superfície. Peter mergulha novamente quando uma nova onda se quebra. Lali respira fundo e mergulha também.

— Peter!

  Ele se vira. Seus olhos estão baixos como se a luz do sol tivesse sido extinta. Lali sente um arrepio rasgando suas costas.

  Uma nova onda se quebra e os dois mergulham. Peter estende a mão e Lali a pega, deixando-se conduzir para a frente, ultrapassando a zona de arrebentação.

— Vai me dizer o que aconteceu ontem? – Lali pergunta, sem rodeios.

— Não agora.

— Por que não?

— Porque eu ainda não sei o que está havendo. – Peter alisa os cachos para trás, com a cabeça fritando.

— Do que está falando?

— Muitas coisas estão acontecendo nessa ilha. Tem pessoas que adorariam ferrar com a gente. – Peter sustenta o olhar de Lali. – Você precisa manter distância de mim até irmos embora.

— Não farei isso, a não ser que me diga o que está rolando aqui. – Lali fecha a cara.

— Nem eu sei o que está rolando. É por isso que estou pedindo: mantenha distância.

  Lali se vê num mar de dúvidas. Deve virar as costas e deixar Peter sozinho? Ou tenta arrancar dele qualquer informação? Será que o jogo ainda está rolando e ela, burra, teima em não acreditar? Peter lê todas essas incertezas nos olhos dela.

— Quando voltarmos para São Paulo, contarei tudo desde o início. Mas tem algo que você precisa saber e que eu não posso mais esconder.

— E o que é?

  Peter toma o rosto dela entre as mãos. Algo devastador a inunda nesse instante. É uma sensação grandiosa demais para ser desprezada. Finalmente a névoa se dissipa e ela tem plena clareza de seus sentimentos por ele. Por mais incrível que possa parecer, não está com medo, não se afasta.

— Eu estou apaixonado por você e nunca senti isso antes, por ninguém.

  As palavras que Lali tenta proferir se perdem dentro da boca. Todo o seu corpo reage a declaração. A garota não consegue segurar um sorriso, é mais forte do que ela. Seus poros se abrem, explodindo em êxtase de dentro para fora.

— E é por isso que estou pedindo que mantenha distância até voltarmos. Ninguém pode saber. – Peter está louco para beijá-la, abraçá-la. Mas não fará isso, não agora.

— Peter, eu não entendo… – Lali tenta se aproximar e ele recua.

— Entenderá quando eu contar.

— Conte agora.

— Não posso. Não enquanto eu não souber de tudo. – ele olha para o horizonte, um tanto deprimido.

— Está jogando? É isso, não é? – os olhos de Lali se umedecem e não é água do mar.

— Não estou jogando!

— Prove! – ela não queria, mas está gritando.

— O que quer que eu faça? – ele também grita, perdendo o controle.

— Me diga o que está havendo. Prove que isso tudo não é só uma aposta!

— Que droga! – ele soca a água, em fúria.

— Prove, Peter.

  Ele joga a cabeça para trás, fitando o céu azul. Está pesando os prós e contras, cogitando a possibilidade de contar tudo à Lali sobre a vingança e a chantagem. Teme que ela, de cabeça quente, acabe enfrentando Paula num duelo nada amistoso. Não pode permitir que isso aconteça.

— Precisa prometer que não fará absolutamente nada quando eu contar o que está havendo.

— E o que está havendo? – Lali estimula, ansiosa.

— Prometa. – Peter insiste.

— Está certo, eu prometo.

— Me encontre daqui meia hora no Centro de Arborismo. E se notar que está sendo seguida, volte para a praia, está bem?

— Quem iria me seguir? – Lali une as sobrancelhas, confusa.

— Apenas faça isso. – Peter se põe a caminhar, lutando contra a correnteza.

  Lali congela no lugar, perdida. Só começa a se mexer quando Peter finalmente alcança a praia, encaminhando-se para o Centro de Arborismo.

  A hora da verdade chegou.