Fanfic: A Aposta (Adaptação) | Tema: Laliter

  Nas nuvens.

  Flutuando.

  Em êxtase.

  Perdidamente apaixonada.

  Esse é o retrato de Lali, no momento exato em que volta para as espreguiçadeiras distribuídas na praia. As garotas estão animadas, conversando sobre vários assuntos e apenas Eugenia nota quando a amiga se senta, em completo torpor.

— Seu suco chegou. – Euge avisa. – O que você e o Peter conversaram?

— Nada ainda. Mas ele vai contar o que está havendo daqui a pouco, lá no Centro de Arborismo. – a garota, ainda com um ar anestesiado, completa: – Ele disse que está apaixonado por mim.

— Como é? – Euge se inflama e as outras garotas param de falar, curiosas.

— Shhhhhh. – Lali pede com um sorriso sem graça. – Não diga a ninguém. Irei até lá e depois conto como foi. – Lali pega o copo de suco de maracujá ainda gelado e vira o conteúdo de uma só vez.

— Ai, meu Deus! Será que finalmente vocês dois vão se entender? – Euge sussurra.

— É o que eu espero.

~~***~~

  A vingança da Kibi não poderia ser mais perfeita. Lali acaba de tomar todo o conteúdo do copo de suco e Bola avisou que os efeitos começariam a ser notados em menos de quinze minutos.

  Lali se levanta, veste uma saída de banho e flutua para o Centro de Arborismo. Aos seus olhos, tudo está mais colorido e vibrante. Algo mudou em seu ser quando Peter se declarou. A garota se pega rindo, numa felicidade que nunca havia experimentado.

  Antes de tomar a trilha, olha para trás como Peter instruiu. Ninguém parece estar à espreita. Aliás, quem a seguiria e por que faria isso? Não importa, nada mais tem importância.

  A droga se infiltra no sistema de Lali conforme ela caminha. Alguns circuitos cerebrais são desligados sem que ela perceba o que está havendo.

  Durante a caminhada, ela tem algumas sensações e pensamentos que não haviam lhe passado pela cabeça. Imagina-se sozinha com Peter, no Centro de Arborismo, tendo todo o tempo do mundo. Um sorriso diferente imprime-se em seus lábios, um sorriso de quem não está mais no controle da situação.

  Um calor infernal toma conta do seu corpo e não é pela exposição ao sol. Não. Lali se sente em chamas e o incêndio precisa ser apagado agora mesmo. E só uma pessoa pode controlar esse fogo: Peter Lanzani.

  Boca seca.

  Olhos ardendo.

  Arrepios cortantes.

  Calor extremo.

  Mãos trêmulas.

  Nem assim Lali se toca de que algo está errado. Na última subida da trilha, tira a saída de banho, jogando-a ao chão. Os chinelos também já foram deixados pelo caminho, assim como o elástico que prendia seus cabelos e o relógio de pulso.

~~***~~

  Paula, que segue por uma trilha adjacente, dá as últimas instruções para Mery e Bola. A garota sustenta um sorriso macabro no rosto, um semblante vitorioso. Se tudo sair como planejado, a vingança finalmente chegará ao fim.

~~***~~

  Peter está recostado no tronco de uma árvore frondosa, repleta de frutos verdes. Sem camisa, veste apenas uma bermuda cinza chumbo da QuikSilver. Ensaia, silenciosamente, a conversa difícil que terá com Lali. Poderá ela perdoá-lo por ser um covarde?

  Peter deixa um suspiro apaixonado escapar quando finalmente a vê. Absolutamente linda. Os cabelos soltos ao vento, o biquíni cor de uva realçando a pele levemente bronzeada, as curvas asfixiantes... espere, há algo errado.

  Os lábios de Lali estão entreabertos e as pálpebras semicerradas, numa expressão que não pertence a ela. A garota sustenta um olhar desses esmagadores e Peter entra em estado de alerta.

— Lali? – desconfiado, ele recua.

  A garota se aproxima, penetrando fundo nos olhos de Peter, jogando-o contra o tronco. O garoto está acuado e confuso, sem saber o que pensar ou como agir.

— O que está acontecendo? – ele pergunta, sabendo que Lali não está em seu juízo perfeito. Tenta, mas não consegue identificar o que está causando essa brusca mudança de atitude.

— Cale a boca. – ela balbucia, com um sorriso de satisfação.

  As mãos dela rasgam o ar, trilhando um caminho sem volta. Toma o rosto de Peter de assalto, deslizando a ponta dos dedos pelo pescoço do cara, detendo-se demoradamente em seu tórax salpicado por gotículas de suor e tensão.

— Resolvi que contarei tudo desde o início. – as mãos de Peter se atiram para dentro dos bolsos da bermuda, aprisionando-se ali.

— Não quero conversar. – Lali agora traça desenhos provocantes na barriga malhada de Peter. Ele segura um gemido involuntário.

— Por que está agindo assim? – os olhos dele se fecham em êxtase quando ela cola os lábios em seu pescoço. Um arrepio subsequente liberta as mãos dos bolsos, agarrando-se à cintura de Lali. – Você está jogando? O que está pretendendo?

  Os lábios de Lali umedecem de beijos a pele pulsante e Peter joga a cabeça para trás, arfando. Suas mãos agora iniciam uma subida íngreme, através das curvas perfeitas de Lali, levantando os cabelos dela no alto, emaranhando-se nos sedosos fios.

— Por que está me provocando dessa maneira? – Peter pergunta entre sussurros e gemidos.

— Eu quero você. – Lali lança, num tom insinuante.

  Peter não responde, as palavras não saem de sua boca. Não faz ideia do que Lali pretende e está sem forças para afastá-la. Tanto que, tomado por uma sede enlouquecedora, atira-se àqueles lábios quentes como uma fornalha.

  Lali se descontrola quando as mãos de Peter alisam suas costas, detendo-se em seus glúteos firmes e curvilíneos. Passa uma rasteira precisa no cara, caindo por cima dele.

  A garota exala sedução por todos os poros. Peter está perdido naquele pescoço, na pele que queima ao toque, nos sons abafados que ela emite em espasmos.

  Esses dois estão ardendo e Peter não desconfia que Paula já canta vitória, a alguns metros dali. E nem imagina que ela acaba de engolir um grito de prazer quando Lali desenlaça a parte de cima do biquíni.

  Ah, Deus, agora a coisa vai esquentar.

~~***~~

  Enquanto isso, na praia…

  Garotos e garotas se espalham pelas espreguiçadeiras na areia, batendo papo, beliscando batatas fritas e frutos do mar, despedindo-se do último dia na ilha.

  Nicolas está deitado com Euge em uma espreguiçadeira, acariciando seu rabo de cavalo volumoso. Contará à ela sobre a aposta quando estiverem sozinhos, não correrá o risco de Bola dar com a língua nos dentes. Seus grandes olhos claros são atraídos para o outro lado, acompanhando Candela se aproximar correndo, em pânico.

— Gente, eu preciso contar! Alguém precisa impedir!

— O que foi, Cande? – é Vico quem pergunta.

— A Paula e o Bola drogaram a Lali. Ela está doidona!

— Como é? – Rocío dá um pulo da espreguiçadeira, agarrando Candela pelo braço. – O que você está dizendo?

— Não temos tempo agora, precisamos impedir!

— Onde ela está? Onde está a Lali? – Camila está aos gritos.

— No Centro de Arborismo. – é Euge quem revela, se levantando num salto e disparando a toda velocidade, de mãos dadas com Nicolas.

~~***~~

  O ponto de observação é fantástico. O zoom óptico da câmera de Paula capta todos os detalhes. Bola e Mery filmam tudo o que está rolando entre folhas e beijos escandalosos.

  Paula já possui fotos e vídeos suficientes para uma excelente vingança. Mas ela quer mais, quer que Lali protagonize cenas pornográficas com Peter. Se ela sente ciúmes? Pode até ser. Mas o sentimento de vingança é mais forte e sobrepuja qualquer outra coisa. Vingança. Doce e perfeita vingança.

~~***~~

  Louco. Alucinado. Peter não consegue mais raciocinar, está entregue as vontades de seu corpo.

  E Lali? Bem, a garota está ensandecida. A droga atinge o ápice e ela desfere uma mordida prazerosa no lábio inferior de Peter. É o que basta para ele ser tomado por uma força do além, rolando-os sobre o tapete de terra e folhas secas que estalam sob os corpos em chamas.

  Os cabelos dela se espalham revoltos pelo chão e mesmo sem qualquer controle da situação, Peter consegue se afastar, arqueando as costas para trás:

— Lali, algo não está certo aqui. Não quero você assim, nesse lugar. Está me testando, é isso?

  Com uma expressão provocante, o olhar de Lali é vidrado e as pupilas estão dilatadas.

— Não me quer, Peter? – a voz dela o envolve em nuvens escaldantes.

— Não faz ideia do quanto eu quero você. – ele responde, prendendo as mãos dela acima da cabeça. – Mas estou sentindo que há algo errado.

— A única coisa errada aqui é você ainda estar vestido. – Lali semicerra as pálpebras, lançando um sorriso desafiador no ar. Entrelaça as pernas em torno da cintura de Peter, desarmando-o.

  A mente do garoto luta para assumir o controle do corpo e vice-versa. Ele é um bravo guerreiro, mas está vencido. Ondas elétricas atravessam esses dois e qualquer outra coisa perde a razão de ser.

— Eu preciso de você e será agora. – as palavras de Lali, ditas num sussurro quente em seus ouvidos, libertam as amarras invisíveis que ainda prendiam Peter a sanidade. Ele está possuído e agora tudo poderá acontecer.

  Lali inicia uma luta ferrenha com a bermuda dele, usando os pés para livrar-se do tecido. Peter está entregue e dará qualquer coisa que ela pedir. E ela pede mais, arfando.

  Ele a beija com mais intensidade, suas mãos vigorosas se agarram àquela pele fervendo, deixando rastros avermelhados por onde passam. O fogo consome esses dois e Peter está por um fio, na verdade, por um cordão. Cordão esse que Lali acaba de desatar, afrouxando o calção de banho do cara, levando-o a loucura.

  Oremos para que a ajuda chegue logo.

— Lali! Peter! – Eugenia leva as mãos à boca ao notar que Lali está sem a parte de cima do biquíni.

— Cubra a Lali com a sua canga. – Nicolas arranca o tecido da cintura de Euge. – Eu cuido do Peter.

  Os dois correm na direção dos amigos e Peter escuta a voz de Nicolas e Euge se aproximarem. Nicolas e Euge? Num sobressalto, ele se dá conta de que Lali está praticamente nua.

— Deixe comigo, Peter. – Euge passa a canga nas costas da amiga. – Venha, Lali, nós vamos resolver isso.

— Resolver o quê? Saiam daqui agora! – ela grita, tentando se desvencilhar de Eugenia e da canga colorida.

— O que está acontecendo? – Peter pergunta, atordoado.

— A Lali foi drogada. – Nicolas se ajoelha e pega a bermuda do garoto entre as folhas. – Vista-se.