Fanfic: A Aposta (Adaptação) | Tema: Laliter

  Quando Lali e a mãe estavam saindo do aeroporto, o olhar da garota não se conteve. Ela e Peter se entreolharam e, naquele momento, Lali sentiu como se o mundo estivesse em suspenso, suspirando alto e profundamente.

  O olhar dele se jogou dentro do dela como uma âncora. Para Lali, foi difícil pacas conseguir se soltar e retomar o seu caminho, mas a garota conseguiu o impossível.

  No caminho para casa, ouviu o sermão de sempre: “As pessoas são más, devemos ter cuidado com o que bebemos e blá, blá, blá”. Lali já nem estava mais ouvindo o que a mãe dizia.

  Agora, afundada no sofá da sala, sente como se tivesse voltado no tempo, naquela madrugada insone em que ouviu um sermão de mais de duas horas dos pais. Aquela mesma noite em que Gas e os amigos foram soltos da prisão.

  Lali conta, parcialmente, o que aconteceu desde que chegaram à ilha, inclusive sobre a contra-aposta que lançou para Peter. Se Gas já estava puto, agora o irmão mais velho está irado, querendo o sangue de Peter. O pai de Lali quer justiça a qualquer custo, não arreda o pé quanto a processar Paula e Bola.

— Você deveria fazer uma viagem. Não acho que esteja preparada para iniciar uma faculdade agora. – a mãe recosta no sofá, cruzando as pernas. – Eu liguei para a minha prima em Paris e ela disse que será ótimo ter companhia por algum tempo.

— Paris? – os olhos de Lali brilham, mas seu coração se apaga.

— Você queria tanto passar algum tempo em Paris para treinar o seu francês. O momento chegou. – o pai de Lali arqueia o corpo para a frente, apoiando os cotovelos nos joelhos. – Essa é uma excelente oportunidade. E depois de tudo o que aconteceu...

— Quando a faculdade começar, você ficará presa por quanto tempo? Seis anos? Talvez mais? – Gas abre uma lata de Coca e se joga na poltrona. – Não terá outra oportunidade como essa por um bom tempo.

— Concorda com isso? – Lali fixa Gas com o olhar.

— Acho uma ótima ideia, se quer saber. Talvez em Paris você não arrume tantas confusões. – Gas revira os olhos.

— Eu posso pensar ou já está decidido? – Lali pergunta, esmagando uma almofada contra o peito.

— Não iremos impor nada a você, Lali. – a mãe esclarece. – Essa é uma oportunidade única e nós a bancaremos por seis meses, um ano, quanto tempo desejar.

— Me deem alguns dias para pensar nisso, está bem? – No momento, Lali só consegue pensar em Peter.

— Tudo bem, filha. O que decidir, nós apoiaremos. – os pais de Lali entrelaçam os dedos e fitam a garota, com ares de preocupação.

~~***~~

  Em seu quarto, Lali fita o teto branco. Fragmentos de memória vão se encaixando e ela assiste as cenas que protagonizou com Juan Pedro Lanzani. As imagens tornam-se nítidas, o som da voz dele ecoa em seus ouvidos, o aroma inebriante de seu pescoço invade o ambiente, impregnando suas narinas.

— Posso entrar? – Gas enfia metade do corpo pelo umbral da porta.

— Claro. – Lali não desvia o olhar do teto.

  Gas se aproxima, sentando-se na cama. Ele a encara por algum tempo, pensando no que dizer. Finalmente encontra algo inteligente:

— Eu ainda tenho aquele taco de beisebol.

— Eu sei que tem. – Lali deixa um sorriso escapar.

— Se quiser…

— Não será preciso. – Lali se senta, cabisbaixa. – Não se preocupe, vou superar.

— Está apaixonada pelo cara?

— Não consigo disfarçar, não é? – Lali pega a mão de Gas e começa a estalar os dedos dele, como fazia quando eram crianças.

— Não.

— E você e a Rocío? – ela muda de assunto.

— Acha que devo ligar para ela? Tipo, acha que tenho alguma chance? – Gas franze o cenho, em dúvida.

— Ela não ficou com ninguém na ilha. Aliás, sempre que podia, tocava no seu nome. – Lali revela.

— Isso quer dizer que tenho chances.

— Todas as chances do mundo.

— Vou ligar então. – Gas puxa o celular do bolso e Lali toca o rosto do irmão.

— Faça isso. Pelo menos uma de nós precisa de um final feliz.