Fanfic: A Aposta (Adaptação) | Tema: Laliter

  Lali optou por não ir mais ao colégio. Não há sentido em se expor somente para mostrar que é forte e inquebrável. Isso está longe da verdade, afinal, sente-se fraca e quebrada em todos os sentidos.

  Euge e Rocío acabaram de chegar, trazendo novidades do Prisma. Candela e Vico se tornaram amigos e a garota agora faz parte da turma das meninas do último ano.

  Mery anda sozinha, de cabeça baixa, sem qualquer amigo para conversar. Com a expulsão de Paula e o afastamento de Candela, a garota vive pelos cantos, com um tremendo ar de tristeza.

  Já Camila e Nando vivem quebrando o pau. Todos os dias ele deixa uma rosa na carteira dela, na vã tentativa de ganhar o perdão da garota. Hoje, na maior TPM, Camila deu várias “rosadas” na cabeça de Nando. Euge e Rocío contam a cena rolando de rir. Lali imagina a situação e por um momento sente-se excluída por não ter estado ali num momento tão hilário.

  Nicolas e Eugenia estão perdidamente apaixonados. Ela mostra toda orgulhosa, um livro que ganhou do cara hoje cedo.

— Podemos falar do Peter ou você não quer ouvir? – Rocío se senta na poltrona de fuxicos, colocando o violão sobre o colo.

— Não quero ouvir. – Lali termina de separar as roupas para a viagem.

— O Nicolas continua a dizer que o Peter é inocente e logo terão as provas disso. – Eugenia fala rápido para que Lali não tenha tempo de mandá-la calar a boca.

— Euge, não quero ouvir. – a amiga a encara, fechando a expressão.

— Desculpe.

— Bem, vamos ao shopping? – Lali força um sorriso. – Preciso de uma mala gigantesca para enfiar isso tudo. – ela aponta as várias pilhas de roupas e sapatos.

— Adoro ir às compras! – Rocío bate palminhas. – Eu vi um chinelinho tão lindo naquela loja de esquina, sabem?

— Outro chinelo? – Euge se sobressalta. – Cara, você tem altos problemas mesmo.

— Vamos antes que o Gas desista de me emprestar o carro. – Lali pega a bolsa sobre a cama. – Aliás, desde que vocês começaram a namorar, ele anda tão bonzinho. – a garota cutuca a barriga de Rocío.

— É o amor. – Euge suspira alto, levando as mãos ao coração.

~~***~~

  O shopping está abarrotado devido as festividades de fim de ano. O natal se aproxima a passos largos e as pessoas são tomadas por um ímpeto desenfreado em gastar, gastar, gastar.

  Rocío está toda feliz com seus quatro pares de chinelos dentro da sacola. Lali e Eugenia reviram os olhos quando a amiga para em frente a outra vitrine, apontando desesperadamente para um chinelo dourado com fitas de cetim.

— Eu preciso desse! – Rocío cola o rosto no vidro da loja.

— Chega de chinelos! – Lali ruge.

— Só mais esse, eu juro! – Rocío choraminga.

— Ai, tá bom! – Eugenia dá de ombros e elas entram na loja.

  Com cinco pares de chinelos, agora Rocío se dá por satisfeita. As três caminham pela multidão de pessoas e sacolas, a caminho da loja de departamentos. Lali precisará de uma mala tamanho extra mega super grande.

  As garotas procuram pela mala e encontram duas bem bacanas. Lali não consegue se decidir e entra numa discussão com Eugenia, averiguando os prós e contras das duas malas. Por fim, Lali decide-se pela roxa.

— Se abaixem! – Rocío sussurra, puxando as amigas para o chão.

— O que foi? – Lali sussurra de volta, com um tremendo frio na barriga, temendo que Rocío tenha visto Peter na loja. O que poderia ser pior do que o Peter?

— A Kibi Mor está aqui. – Rocío fita as amigas, em choque.

— Como é? – Eugenia arqueia as sobrancelhas, surpresa.

— Só pode ser brincadeira. – Lali bufa, inconformada.

— Realmente era só o que faltava. – o rabo de cavalo de Euge balança, irritado. A garota sente uma pontada de fúria queimando o estômago.

  Rocío coloca a mente para funcionar. Seu olhar se congela e as amigas reconhecem essa expressão: a garota está maquinando uma vingança, a todo vapor.

— Nem pense nisso. – Lali se apressa em dizer. – Sei o que está pensando e não vou permitir.

— Não pode me impedir – Rocío liberta um sorriso desafiador, soltando as sacolas no chão. – Hoje a Kibi não me escapa.

— O que pensa em fazer? – Eugenia arregala os olhos, sentindo um medo repentino. Quando Rocío se propõe a algo, ninguém a segura.

— Me vingarei por vocês duas. – Rocío estala o pescoço lateralmente, como se estivesse prestes a entrar em um ringue de luta livre. – Fiquem aqui.

— Não! – Lali tenta impedir, puxando a barra da saia de Rocío. A amiga se desvencilha facilmente, resoluta.

  Rocío se detém em frente a uma gôndola de esmaltes, vasculhando apressadamente os produtos. Sorri quando verifica os preços e os alarmes anti furto dos esmaltes franceses.

— Que droga, temos que fazer alguma coisa! – Eugenia murmura, sacudindo Lali pelos ombros.

  De onde estão, ambas acompanham quando Rocío se aproxima de Paula, sorrateira. Sustenta duas caixinhas de esmaltes às costas e Lali já entendeu o que ela pretende com isso.

  Essa será uma manobra arriscada, mas Rocío não é besta. Checa as câmaras de segurança e sorri quando nota que Paula está em um ponto aparentemente cego.

  A Kibi Mor está de cócoras, analisando um creme anti-envelhecimento para o rosto. A bolsa vermelha da garota, daquelas grandes e cheia de compartimentos, está aberta no chão. Rocío se mete entre Paula e sua bolsa, chutando-a discretamente a fim de posicioná-la melhor.

— E aí, Paulinha? Como anda a vida após a expulsão? – Rocío a encara, divertindo-se.

  Paula, sobressaltada, faz cara de quem foi pega roubando. Levanta-se num pulo e encara Rocío com sua famosa expressão presunçosa.

  Quando a Kibi recoloca o creme na prateleira, Rocío aproveita a brecha. Abre os dedos e as caixinhas de esmaltes caem direto no alvo. Torce para que Paula não perceba a artimanha e é exatamente assim que acontece. A Kibi nem imagina que carrega quase quatrocentos reais em esmaltes dentro da bolsa. Sim, duas caixinhas de esmaltes que custam em média duzentos reais cada. Um absurdo, não?

— O que quer? – a Kibi empurra Rocío, pega a bolsa vermelha do chão e fecha o zíper. Rocío respira aliviada, assim como Lali e Euge, que acompanham o desenrolar dos acontecimentos ao longe.

— A expulsão foi muito pouco para você. – Rocío requebra o quadril, tombando a cabeça de lado.

— Não me venha com essa. – as pálpebras de Paula tremem de raiva. – Você deveria me agradecer, Rocío.

— Surtou?

— Você deu aquela foto para a Lali. – a Kibi enfia o dedo no nariz de Rocío. – Eu deveria ter me vingado de você também!

— Ninguém mandou ser uma biscate, Paula. – Rocío passa a mãos nos cabelos loiros, dando uma boa gargalhada.

— Sua ridícula! – trincando os dentes, a Kibi Mor joga os cabelos oxigenados para o lado, tromba no ombro de Rocío e se encaminha para a saída da loja.