Fanfic: A Aposta (Adaptação) | Tema: Laliter

  Peter observa Lali desaparecer do seu campo de visão. Que garota intragável! Essa aposta está fora de cogitação, sem chance. Nicolas interrompe os devaneios do amigo quando pergunta para Eugenia e Rocío:

— Como aguentam o mau humor dessa garota?

— A Lali? Qual é, Nicolas, ela é legal. – Eugenia parte em defesa da amiga.

— Sei. – Peter revira os olhos.

— É verdade, a Lali é muito gente boa. – Rocío confirma. – Deveriam tentar conhecê-la melhor.

— Qual o problema dela com pessoas do sexo masculino? – Nicolas indaga, interessado.

— Longa história e, sinceramente, não contarei a nenhum de vocês dois. – Rocío não vacila. – Vamos, Euge.

— Vamos. – Eugenia concorda em ir, mas não se move. Essa paixão platônica por Nicolas já está tirando Rocío do sério. Ela precisa praticamente arrastar a amiga dali.

— Até mais. – Nicolas se despede, indiferente ao fascínio que exerce sobre Eugenia. A maioria dos homens é cego.

  Quando as meninas se afastam o bastante, Peter fuzila o amigo com o olhar. Nicolas dá de ombros, sem saber o porquê do olhar cortante.

— Certo, o que foi?

— Você levou a aposta adiante sem o meu consentimento. Cara, eu disse que estava fora.

— Man, consegui três mil reais. – Nicolas gira o boné na cabeça, deixando a aba para trás. – Três paus, cara! Qual é, vai amarelar?

— Não vai rolar, Cabeçudo. E outra, três mil é só a metade do que preciso. Mesmo se eu decidisse prosseguir com isso, ainda teríamos que pagar aos apostadores.

— Peter, meu camarada, se você vencer essa aposta, os três mil são seus, limpinhos.

— O que está dizendo? – Peter confronta, franzindo o cenho.

— O que quero dizer é que todos apostaram na Lali, ou seja, se você ganhar, a grana é toda sua, sem divisões.

— Mas que merda! Ninguém apostou em mim? – Peter replica, pasmo. – Nem você, cara?

— Só estou tentando ajudar. – Nicolas dá um tapa no ombro de Peter.

— Nicolas, é sério, devolva o dinheiro para os apostadores e esqueça essa merda de Grande Aposta. O diretor está de olho em mim, cara!

— Era com vocês mesmos que eu queria falar. – o tom arrogante não deixa dúvidas de quem se trata: Paula.

  Ela se aproxima embalada numa calça jeans skinny, dessas que se agarram ao corpo de maneira impossível. Rebola sobre as sapatilhas com padronagem de oncinha e requebra o quadril ao fitar Peter e Nicolas.

  A camiseta do colégio sofreu transformações significativas após uma sessão de customização. Está tão curta que deixa parte da barriga a mostra, desrespeitando a regra básica de etiqueta da escola.

— O que quer, Kibi? – Nicolas suspira antes de remedar: – Desculpe. O que quer, Paulinha?

  Paula é a ex-namorada de Peter. Bem, ex-namorada é subjetivo, já que a coisa toda não passou de uma aposta. E como toda garota orgulhosa e vingativa, Paula ainda não se esqueceu do que aconteceu no ano passado, mas contarei os detalhes sórdidos mais tarde.

  A morena gira a cabeça teatralmente, lançando os cabelos castanhos para o ar. Apesar de nutrir uma paixão avassaladora por Peter, jamais admitirá o fato. Amor e ódio, uma combinação explosiva. E a garota é pura TNT.

— Nicolas, vou relevar a piadinha, mas só porque tenho uma proposta para o Peter. – Paula recosta na mureta azul, dirigindo-se ao ex-namorado. – Soube que não vai levar a aposta adiante, é verdade?

— Soube corretamente. – Peter admite, certo de que algo bombástico sairá dos lábios vermelhos de Paula.

— Que tipo de proposta é essa? – Nicolas estimula a garota a continuar.

— Soube que precisa de seis mil reais para arrumar a sua moto. Bem, eu tenho o dinheiro, Peter. – Paula verifica as unhas cor de fogo, preguiçosamente.

— É como eu disse, não vou levar isso adiante. – Peter se mantém impassível.

— O que quer do Peter, Paulinha? – Nicolas a encara, desconfiado.

— Vocês dois sabem o que aquela vadia da Lali aprontou comigo. Só estou querendo dar o troco, nada de mais.

— E quer a minha ajuda? – Peter adivinha, acertadamente. – Esqueça de mim nesse seu lance. Estou fora, qualquer que seja a proposta.

— É o seguinte, Juan Pedro: ou você me ajuda nessa ou então, mostro para o seu velho o vídeo que está no meu celular. – ela estressa e tira o aparelho do bolso traseiro da calça, balançando-o na altura dos olhos de Peter. – E nem preciso dizer que fiz milhões de cópias, certo?

— Você disse que não iria mostrar a ninguém. – Peter se abala, sentindo o sangue ferver.

— E não vou! – Paula se faz de rogada. – Mas veja bem, se não me ajudar, como posso ajudá-lo, Peter?

— Você é uma Kibi filha da mãe. – Nicolas vocifera, entre dentes.

— Cale a boca, Nicolas. – Peter nunca tinha sido chantageado antes. A boca seca e ele umedece os lábios, nervosamente.

— O que me diz? – Paula finge não ouvir o que Nicolas acaba de dizer. Mira Peter e seus olhos castanhos se estreitam perigosamente.

— O que quer que eu faça? – Peter foi ameaçado abertamente e não acredita que esteja cogitando a possibilidade de ajudar Paula. Mas no momento, não encontra alternativa. Não pode permitir que seu pai saiba a verdade sobre o “acidente” com a moto.

— Deixe a Lali pensar que você desistiu da aposta, mas a verdade é que você não desistirá, entendeu?

— Não, não entendi. O que pretende com isso? – Peter tenta se manter calmo, apesar da situação.

— Não interessa o que pretendo. É só fazer a Lali acreditar que a aposta acabou. Aguarde novas instruções quando chegarmos na ilha. Assim que eu conseguir o que quero, você terá a sua grana. – Paula acaricia o rosto de Peter com o celular. – Bom, é isso. Até mais, lindão. E tchau para você, Cabeçudo. – armada do melhor rebolado, Paula deixa dois amigos embasbacados para trás.