Fanfics Brasil - Capítulo 2 Teimoso Demais Para Casar S2 AyA S2

Fanfic: Teimoso Demais Para Casar S2 AyA S2


Capítulo: Capítulo 2

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  • Você não acha que está aumentando a real dimensão dos fatos? As palavras de Alphonso fizeram Anahi ficar tão vermelha quanto na última vez em que ele as dissera, naquele dia sob a chuva em Chicago.






  • Você parece causar este efeito em mim.




  • Pois eu me recordo de causar efeitos melhores em você.




  • Aquela era uma mulher diferente.




  • Realmente. A Anahi que eu conhecia não ficaria com aparência de morta em um terninho desses.




  • A Anahi que você conhecia não existe mais. Aceite isto.




  • Está bem, assim como você terá de aceitar o fato de que estaremos ligados um ao outro até eu encontrar seu tio.




Anahi não gostou do som daquelas palavras.


Não gosto da idéia de estarmos ligados.


Não importa. Planejo ser sua sombra. Onde você for, eu irei.


Ela se recusava a sentir pânico. O truque para lidar com Alphonso era permanecer calma, fria e controlada. Algo difícil de se fazer, mas estava determinada a tentar.


Você não pode ficar aqui no banco o dia todo, dia após dia. Eu lhe disse que não sei onde está meu tio. Mas lhe contarei se descobrir algo. Deixe-me seu cartão comercial e, se ele entrar em contato comigo, eu lhe telefonarei.


Ela faria aquilo se soubesse que o tio realmente estava em perigo. Mas somente nesse caso.


Certo. E você comprou uma maravilhosa propriedade de frente para o mar em Kansas e quer vendê-la para mim por um preço bem baratinho. Ora, acha mesmo que acredito que você me telefonará?


Os olhos castanhos de Anahi cintilaram de raiva. Não conseguia ser fria e calculista como pretendera.




  • Por acaso está dizendo que não confia em mim?






  • Digo apenas que você tem um senso equivocado de leal­dade a seu tio, e que isto pode estar nublando sua capacidade de julgamento. Não que sua capacidade de julgamento um dia tenha sido muito boa.




  • Aquela era a velha Anahi — falou causticamente. — Aquela que o julgou erradamente. A nova tem uma visão muito clara da realidade.






  • Se você diz...




Era óbvio que ele não lhe dava crédito.




  • A questão é simples: tenho um trabalho a fazer e irei realizá-lo da melhor maneira possível — falou, categórico.




  • Pois eu também tenho um trabalho a fazer. E não poderei fazê-lo com você em meu caminho.




  • Certo. Então vou me sentar ali — disse ele, indicando uma cadeira do outro lado do saguão. — Esperarei até a hora em que o banco fechar. Faltam poucos minutos. O banco fecha mais cedo aos sábados, certo?




Anahi sentiu a frustração crescer e escapar de seu con­trole. Como Alphonso ousava lhe desafiar?




  • Isto pode acontecer hoje, mas e quanto a segunda-feira? Eu estou lhe dizendo, não pode ficar me espionando no trabalho. Não terei como explicar sua presença contínua aqui.




  • Ora, diga a sua chefe que estou apaixonado por você e que não consigo ficar sem vê-la por muito tempo.




Anahi praguejou baixinho.


Acha que ela não vai acreditar?! — Alphonso indagou com fingida indignação. — Pois posso parecer embasbacado por você se precisar. Veja.


Ele abriu bem os olhos, como para lhe dar uma visão melhor da paixão que os fazia brilhar. Toda a encenação a tornou mais consciente da beleza máscula, dos cílios fartos. Os olhos eram sedutores, e as rugas nos cantos demonstravam quanto gostava de rir.


Anahi queria evitar a qualquer custo que seus sentidos fossem atraídos pela fingida paixão presente naquele olhar.




  • Você está parecido com aqueles heróis de programas infantis.




  • Ainda é fã de desenhos animados?




Ela assentiu e acrescentou:


.— Rir é bom para a alma. Mas você não gosta de desenhos.


Alphonso levou a mão ao peito.


Você me feriu.


Ele a havia ferido mais. E tinha a petulância de tentar encantá-la novamente quando na verdade apenas a procurara por causa do trabalho. O maldito trabalho. O grande motivador da separação dos dois.


Não, não era verdade. O novo emprego fora apenas uma desculpa. O real motivo residia em Alphonso insistir em fazer as coisas a sua maneira e não a envolver nas decisões que tomava. Dissera a Anahi, na ocasião, que seu futuro nada mais tinha a ver com ela, deixando clara a pouca importância que lhe reservava em sua vida. Parecia querer um corpo quente a seu lado na cama, mas não uma parceira, uma companheira de fato.


E Anahi quisera mais. Merecia mais. Durante os primeiros meses após sua partida, ela secreta­mente desejou que Alphonso se entristecesse ante sua ausência e se desse conta do erro cometido. Mas fitando-o no presente momento, não via quaisquer si­nais de tristeza ou arrependimento.


Anahi contemplava a perfeita organização dos músculos de um homem forte, feito de dinamite. Apenas aguardava para ser detonado. Bem, pois ela já não era Uma mulher interessada em brincar com fogo, muito menos com explosivos. Aprendera sua lição e muito bem.


No presente, queria segurança e não paixão. Mudara sua imagem, esquecera seu lado passional e exuberante e o res­tringira em um terninho muito bem abotoado e na cor creme. Ali no banco era conhecida como uma jovem bem-comportada e tranqüila e era exatamente aquilo que queria ser.


Os dias em que dava cartas em um cassino haviam sido deixados para trás. Seu estilo de vida nômade, nada conven­cional, pertencia ao passado. Sentia-se pronta para se estabe­lecer em um local. Queria uma família. Criar raízes.


Por mais que seu tio houvesse tentado, não conseguira subs­tituir o lugar de seus pais. Ela ainda se lembrava da segurança que sentira nos braços paternos e da certeza de que sempre teria o amor da mãe. Embora amasse o tio que sempre a tratara com carinho, sabia que estabilidade e constância não combi­navam com a personalidade dele.


Anton dera o melhor de si. Sempre a fizera sentir-se im­portante para ele e lhe ensinara que a vida estava repleta de possibilidades de boas mudanças, que poderiam estar logo na próxima esquina.


Os dois haviam se mudado bastante. De Nova Jersey para Pensilvânia, então Ohio, depois Michigan, Illinois e assim por diante.


Já mudara o suficiente. Em Chicago permitira que a paixão regesse sua vida. O resultado fora um coração despedaçado. Pois era hora de crescer, instalar-se. Não queria Alphonso interferindo em seus planos e arruinando a nova vida que construíra para si.




  • Você não poderia esperar por mim do lado de fora e então discutiríamos a situação em particular? — perguntou, consciente do olhar de suspeita de Francis em sua direção.




  • E se você escapulir pela porta dos fundos? De jeito ne­nhum. Já lhe disse: estou apenas fazendo meu trabalho.




  • Escute, tenho uma nova vida aqui. Não quero que você me atrapalhe.




  • Fale baixo — avisou-a — ou aquele dragão irá se aproximar novamente. Se isto a faz sentir-se melhor, eu falarei com o gerente do banco e explicarei o motivo de minha presença aqui.




  • Não!




Pegou o braço de Alphonso para detê-lo.


Quanto tempo havia se passado desde que o tocara pela última vez? Era muito tempo, mas talvez não o bastante para apagar as sensações inquietantes que ressurgiram e a invadi­ram. Era desencorajador pensar que após três anos ainda es­tava suscetível a seu toque.


E nem ao menos fora Alphonso quem tomara a iniciativa do contato. Não, ela fora tola em fazer aquilo. Soltou-o tão subitamente que a mão de Alphonso caiu sobre a escrivaninha, fazendo barulho.


Não quero que Fred saiba a seu respeito. Não quero que pense que fiz algo para chamar a atenção da Agência U.S. Marshals.


Alphonso ficou curioso.


Por que ele pensaria isto?


Antes que pudesse responder, um homem de cabelos louros e ralos usando um terno finamente cortado, óculos de lentes grossas e portando-se de modo requintado juntou-se aos dois.


Alphonso não gostou do sujeito à primeira vista, provavelmente porque o homem pousou a mão no ombro de Anahi como se ela lhe pertencesse. Em vez de vê-la esquivar-se, observou-a dar um sorriso res­plandecente como se o homem fosse um presente dos céus às mulheres.


Tudo sob controle aqui?


A voz combinava com a aparência. Era condescendente e enervante ao mesmo tempo.


Sim, Fred — respondeu Anahi. — Tudo bem.


Srta. Grimshaw disse que você poderia estar com problemas.


Alphonso certamente era problema, pensou Anahi silenciosamente. Não gostava nada do modo como ele fitava Fred.


A culpa é minha — disse Alphonso.


Pode apostar que é, pensou Anahi, irada. Ficou imedia­tamente ansiosa pelo que Alphonso diria em seguida. Será que mostraria sua carteira de identificação a Fred?




  • Eu não vejo Anahi há muito tempo...




  • E você é... — Fred o interrompeu.




  • Alphonso Uckerman.






  • Sou Fred Finley — disse-lhe, estendendo a mão. — Ge­rente do banco. Você e Anahi se conhecem, então?




Somos mais do que meros conhecidos. Somos muito próximos.


Era hora de intervir para evitar um dano ainda maior, pen­sou Anahi.




  • É claro que somos próximos — disse rapidamente. — Ele é... meu irmão.




  • Irmão? — perguntou Fred, arqueando as sobrancelhas ruivas. — Você nunca me disse que tinha um irmão. O sobre­nome dele não é o mesmo que o seu.




  • Porque é meu meio-irmão.




  • De que lado? — murmurou Alphonso, felizmente sendo ouvido apenas por Anahi.




  • Está de passagem pela cidade — acrescentou ela.






  • E ficando com minha irmã por uns tempos. O anúncio de Alphonso fez Fred franzir a testa.




  • O apartamento dela não é muito grande, você sabe. Foi a vez de Alphonso franzir a testa.




  • Como você sabe?




Fred sabe de tudo — Anahi interferiu e o brindou com um sorriso brilhante.


Alphonso não estava gostando daquela situação. O rapaz com pescoço fino tinha um relacionamento com Anahi? O que possivelmente uma garota tão linda vira em Fred Finley? Ele era tão magro que faria uma vassoura parecer exótica. E seu aperto de mão fora desconjuntado e mole.


A Anahi Portillo que ele conhecera teria ficado a milhas de distância de um rapaz como Fred. Ou ao menos lhe dado uma gravata mais bonita para melhorar a imagem. Jamais o teria brindado com um segundo olhar mesmo que sua vida dependesse daquilo.


Teria mudado tanto assim? O que ele esperava? Percebera que Anahi não ficara sa­tisfeita em vê-lo após tanto tempo. Mas não esperava que es­tivesse tão diferente da moça divertida, amorosa e passional que deixara em Chicago.


Poderia ter jurado que ela não possuía traço algum de con­servadorismo, mas atualmente já não sabia mais em que pen­sar. Exceto em quanto estava aborrecido em presenciar tantas mudanças desagradáveis.


O apático gerente estava falando com ele.




  • Bem, foi um prazer em conhecê-lo, Alphonso.




  • Digo o mesmo, Frank.




Anahi o fitou, mostrando um resquício de seu velho olhar flamejante.




  • É Fred, não Frank. Alphonso deu de ombros.




  • Tanto faz.




Depois que Fred retornou a seu escritório, Alphonso falou:




  • Meio-irmão? Isto foi o melhor que você pôde inventar? Por que não lhe disse a verdade?




  • Qual? Que você é um chato?




  • Que fui seu primeiro amante.




Alphonso falou com prazer as palavras possessivas.


Mas não o último.


Era mentira mas Anahi não lhe daria a satisfação de saber. Alphonso cerrou os dentes, a voz seca e formal.




  • Eu a seguirei até sua casa em meu carro. Não tente me despistar. Sei onde mora.




  • Está no arquivo que você sem dúvida tem a meu respeito. Eu não ficaria surpresa se já soubesse a cor de meus lençóis. Má escolha de palavras, percebeu tardiamente. — Ainda não.






  • Jamais.




  • Se você diz assim...




  • Digo sim.




Como fora estranho ver Fred e Alphonso em pé lado a lado. Seu passado e seu futuro. Dois homens não poderiam ser mais diferentes. Alphonso era forte e com rosto vivido. Fred, com seus cabelos louros, pele pálida e maneiras meticulosas, parecia uma imitação muito distante e tímida.


Não, corrigiu-se. Nem mesmo uma imitação. Outra pessoa simplesmente. Faltava a masculinidade exuberante de Alphonso. Seu senso de humor, o sorriso que fora capaz de fazê-la, muitas vezes, perder o autocontrole.


Sua resposta a Alphonso a perturbava, deixando-a zonza como um medicamento para dormir.




  • Está pronta para ir embora? — falou Alphonso, dando um tapinha impaciente no relógio de pulso. — O banco fechou há dez minutos.




  • Está louco se acha que vou deixá-lo ficar em meu apartamento.




Sentia-se tão suscetível a ele em um lugar público como o banco, que temia até imaginar como seria estar no minúsculo confinamento de sua casa.




  • É meu trabalho — murmurou Alphonso, dando de ombros.






  • Assim diz você — murmurou de volta, pegando a bolsa na última gaveta da escrivaninha. — Por que eu deveria lhe dar crédito?






  • Não deveria.




Alphonso tocou-lhe o cotovelo assim que Anahi deu a volta na escrivaninha e a guiou até a saída.




  • Sinta-se livre para ligar para meu chefe e verificar caso deseje — complementou ele.






  • Farei isto.




Anahi procurou se distanciar do toque perturbador.




  • Assim que chegar a casa e tiver alguma privacidade.




  • Está bem. Seremos apenas você e eu.




Alphonso a seguia rumo ao apartamento, feliz em descobrir que o carro era o mesmo do passado. Nem tudo estava mudado! Anahi o havia comprado quando se conheceram em Chicago, e o automóvel tinha sessenta mil milhas na ocasião. Podia apostar que o pequenino compacto vermelho havia duplicado sua milhagem desde então.


Era reconfortante vê-la em algo familiar como o carro.


Sua aparência certamente o havia surpreendido. Ela parecia até... desprovida de charme. Conservadora.


Ficou desapontado em descobrir que o apartamento era tão neutro quanto o terninho usado por sua dona. Esperara encontrar sinais de sua paixão e vivacidade escondidos ali, talvez vê-la mo­rando em um edifício colorido, ensolarado, tão único quanto ela.


Alphonso se virou para contemplar o apartamento. Notou o pre­domínio da cor creme e os poucos móveis.




  • O que aconteceu com aquela maravilhosa poltrona ver­melha que você tinha?




  • Eu a vendi em um leilão de garagem em Chicago.




  • Mas que pena!




Ele nutria boas lembranças daquela poltrona e das tenta­tivas frustradas de fazerem amor ali.


Pelo menos o sofá era confortável, embora pequeno demais para acomodá-lo a contento em uma soneca. Aquilo significava que teria de estender seu saco de dormir no chão.


Ele ja enfrentara compromissos piores, mas nenhum o fizera sentir-se tão constrangido como em relação a Anahi.


Eu gostaria do nome e telefone de seu superior.


A voz dela não era nada suave, contrastando com as mechas douradas que escaparam do coque.


Alphonso lhe forneceu a informação e observou seus dedos esguios impacientemente discarem os números... no aparelho de telefone creme.


Não usava esmalte. No passado tinha predileção pelos tons intensos de cor-de-rosa e viciara-se em passar as unhas com­pridas e pintadas sobre peito dele, fazendo uma pausa para atormentá-lo e deliciá-lo em lugares muito sensíveis.


Naquele momento, entretanto, parecia mais interessada em falar com Wes Freeze.


Então basicamente você está me dizendo que não tenho opção, estou legalmente obrigada a auxiliar a Agência U.S. Marshals? Mas por que Alphonso precisa ficar aqui em meu apar­tamento? Comendo em minha casa?


Fez uma pausa.




  • Oh, então ele bancará o próprio alimento. Isto é para fazer eu me sentir melhor?




Mais uma pausa.


É para minha própria proteção? Bem, mas acho que isto não vai dar certo!


Dizendo isso, bateu o fone no gancho.




  • Que situação lamentável! E assim que desperdiçam o dinheiro do contribuinte?




  • Prender um dos maiores falsificadores do noroeste não é desperdiçar dinheiro do contribuinte.




  • Você não vai pegá-los dormindo em meu sofá.




  • Eu não vou dormir em seu sofá.




Aguardou até que um olhar de espanto iluminasse os enor­mes olhos castanhos. Não ficou desapontado.


Não vai dormir em minha cama!


Ela falou vagarosamente, enfatizando cada palavra.


Você já disse isto. Seu sofá é pequeno demais, por isso eu usarei o chão da sala de estar. Há um saco de dormir inflável e uma coberta em meu carro.


Minutos depois ele ocupava toda a compacta sala de estar com sua bagagem.




  • Precisa fazer tanta bagunça? — queixou-se ela com olhar exasperado. — Eu tenho companhia esta noite.




  • Companhia...?




  • Fred. Temos um encontro.




  • Está brincando.






  • E você quem conta piadas — respondeu-lhe. — Não eu. O som do telefone tocando a fez dar um pulo.




  • Quer que eu atenda? — perguntou Alphonso.




  • Não! Eu posso atender sozinha. Pegou o fone.




  • Anahi, sou eu — disse a voz masculina. Imediatamente reconheceu a voz do tio.




  • Sim.




Seu tom de alerta alarmou Anton.




  • Alguém está aí com você?




  • Isto mesmo. Como vão as coisas? Para Alphonso ela murmurou:




  • E uma amiga minha.




A resposta o pareceu satisfazer porque ele começou a abrir o zíper do saco de dormir, mas permaneceu no ambiente com ouvidos alertas.




  • As coisas estão complicadas — murmurou o tio.




  • Ouvi dizer.




  • Então você sabe que os irmãos Zopo são más pessoas. Não ficaram satisfeitos em saber que eu poderia testemunhar contra eles.




O sotaque checo de Anton estava mais pronunciado do que o usual, um sinal de que estava aborrecido.




  • Há tanta coisa a lhe dizer, mas serei breve. Seu telefone pode estar grampeado.




  • Está bem.




  • Nada fiz de errado. Não sou falsificador.




  • Sei disto.




  • Os Zopo são donos da gráfica — falava rapidamente. — Eu era um bom gerente. Importava-me com minha própria vida e os negócios. Mas então encontrei uma caixa. Jamais devia ter olhado dentro, mas fiz isto. Estava cheia de cheques falsos em branco. O governo quer que eu testemunhe sobre isto, e os Zopo dizem que posso me arrepender se eu falar. Por isto desapareci. Você sabe: o governo talvez não consiga me proteger dos Zopo. Preciso de tempo para pensar.




  • Eu compreendo — disse ela com cuidado. — Você tem de fazer o que acha melhor. Ligue-me a qualquer hora.




  • Tome cuidado com os Zopo.




A voz de Anton refletia quanto estava preocupado com a segurança da sobrinha.




  • Eu queria avisá-la disto. Nunca falei aos Zopo sobre você, mas pode haver espiões em todo lugar. Tenha cuidado.




  • Terei. E você também.




  • Eu a amo, malenka.




A outra linha ficou muda.




  • Sobre o que conversavam? — perguntou Alphonso.




  • Uma amiga minha rompeu com um sujeito que não presta. Eu lhe disse que estava certa em fazer isto. Um rapaz que não consegue manter um compromisso não a merece a seu lado.




Longe de ser atingido pelo desdém, Alphonso pareceu divertido.




  • Está falando de alguma experiência pessoal sua?




  • Absolutamente. Fred não é nada disto. É uma pessoa centrada.




  • Eu diria que ele é uma pessoa sem iniciativas. Ela o fitou de maneira gélida.






  • O que foi? — perguntou Alphonso com fingida inocência.






  • Eu esperava mesmo que você se sentisse ameaçado por alguém tão seguro de si quanto Fred.




  • Eu? Ameaçado? E por Fred? — Alphonso riu. — Esta é boa! Por um minuto achei que você realmente falasse sério.




  • Eu falava sério. Obviamente você não.




Anahi deu um chute no saco de dormir, fazendo-o cla­ramente concluir que o verdadeiro alvo da agressão era ele. Aquilo lhe deu esperanças. Estava agindo conforme a mulher passional que ele conhecera em Chicago e não como a moça conservadora que trabalhava no banco.




  • Vejo que ainda tem temperamento forte — observou com aprovação.




  • Não seja tolo.




O rosto de Anahi estava vermelho de raiva.


Você se meteu em minha vida e confundiu tudo. Espalhou seus pertences por toda minha sala de estar.


Ele sorriu. Sim, aquela era a Anahi que conhecia. Por quem sentia tanto desejo, e com quem tinha vontade de fazer amor. Bastava continuar a importuná-la para obter os resul­tados desejados.




  • Sinto muito sobre isto.




  • Não se desculpe, apenas deixe-me em paz.




O som da porta do quarto de Anahi batendo ruidosamente o fez sorrir mais. Ele estava se saindo muito bem. Sim, bem demais.


Alphonso folheava uma das revistas de Anahi quando ela finalmente saiu de seu quarto trinta minutos mais tarde. Tro­cara o terninho creme por calça comprida da mesma cor e camisa branca de modelo tradicional.


Seus cabelos eram o único traço remanescente do passado em Chicago. Estavam soltos e esvoaçantes.


Fico feliz por não ter cortado seus cabelos.


As palavras escaparam dos lábios de Alphonso.


Ela não demonstrou verbalmente ter ouvido o comentário, mas pegou uma presilha na mesinha lateral e prendeu os ca­belos em um rabo-de-cavalo.


Fred chegou antes que Alphonso tivesse oportunidade de abor­recê-la novamente.


Está encantadora — elogiou-a, colocando um braço sobre seus ombros e beijando-a.


Alphonso sentiu uma pontada no estômago.




  • Está pronta?






  • Ambos estamos — respondeu Alphonso embora a pergunta fosse dirigida a Anahi. — Achei que você não se importaria se eu fosse junto.






  • Eu me importo — falou Anahi de modo frio. Alphonso lhe lançou um olhar de aviso.




  • Mas você ainda é uma criança, irmã.




Colocou o braço sobre seus ombros também, empurrando de leve o de Fred.


Anahi pisou no pé de Alphonso. Mas foi como um mosquito mordendo um enorme rinoceronte. O efeito de suas sapatilhas flexíveis sobre o sapato pesadão foi praticamente nulo.


Alphonso sorriu para ela.




  • Para onde iremos esta noite?




  • A um drive-in.




Anahi se afastou de Alphonso e aproximou-se mais do namorado.


Nada que sirva para você.




  • Mas eu adoro esses lugares — insistiu Alphonso. — Certa­mente você pode se lembrar disto, irmãzinha. — Alphonso pousou a atenção no bancário e acrescentou: — Então, Frank, você já conhece o restante da família de Anahi ou sou o primeiro?




  • O nome dele é Fred! — proferiu Anahi.




  • Certo.




Alphonso não deu mostras de quem iria pedir desculpas.




  • Eu apenas vi o tio dela uma vez — respondeu Fred.




  • Ah, o bom e velho tio Anton. — A atenção de Alphonso focou-se no caso. — Quando o encontrou?




  • No último Natal.




  • E esta foi a última vez em que o viu ou ouviu falar dele?




  • Isto mesmo.




  • E o que acha de Anton? — perguntou Alphonso.




Parece ser um cavalheiro simpático.


Simpático? Tinha o jeito de um coiote.


Precisava controlar a raiva, admoestou-se. Mas era difícil aceitar o fato de ter sido feito de bobo pelo astuto senhor.


E o que Anton achou de você, Fred?




  • Eu não sei.




Ele gostou muito de Fred — insistiu Anahi.


Por alguma razão Alphonso duvidava daquilo. Era-lhe difícil imaginar o divertido e animado Anton se dando bem com o sisudo Fred. Nos velhos tempos, Anahi costumava dizer que herdara seu amor pela vida do tio.


Naqueles dias, Anton demonstrava ter uma visão boêmia das coisas. Exceto quanto a sua sobrinha. Era surpreendentemente antiquado em relação a ela. E protetor a ponto de enervar Alphonso.


Era por aquela razão que ele tinha certeza de que Anton entraria em contato com Anahi, para certificar-se de que ela estava segura.


Assim que telefonasse, Alphonso o pegaria. Faria com que ficasse na linha tempo suficiente para ser localizado, o que seria fácil já que Anton normalmente era muito tagarela.


Então Anton gostou de você, Fred. Bom saber.
A voz de Alphonso deixava claro que achava o oposto.




  • Sim, bem... Se não sairmos agora, nós nos atrasaremos para o filme — Fred falou, olhando preocupado para seu caro relógio de pulso.




  • Se você quer vir conosco, poderá nos seguir em seu carro —Anahi falou para Alphonso.




Acho que deveríamos ser mais práticos. Economizar gasolina, você sabe. —Ao observar a expressão dela, Alphonso acrescentou:


Pensando bem, talvez eu deva mesmo segui-los em meu carro.


O drive-in, no lado sudeste da cidade, apresentava um filme de ação que provavelmente já estava nas videolocadoras de Portland. Mas a vida era mais lenta ali em Fell.


Alphonso estava bem atrás do carro de Fred. Anahi esperava que o local estivesse lotado, forçando-o a parar bem distante, mas a sorte não estava de seu lado. Ele ocupou o espaço vizinho e teve a audácia de lhe fazer um aceno.


Alphonso quase cedeu à tentação de dar um tapa no pescoço de Fred ao cumprimentar a "querida irmã". O sujeito dirigia o carro que ele cobiçava havia dois anos. E estava com o braço ao redor da mulher que...


A mulher que o quê?, questionou-se. Com a qual experi­mentara sensações incríveis? Com a qual morara? A mulher que deixara ir embora de sua vida, e que assombrava sua memória desde então?


Alphonso não conseguia rotular Anahi, e, naquele momento, pressentia que ela estava deliberadamente se achegando a Fred.Rezou para que conseguisse pegar Anton antes de enlouquecer. Mas desejava beijar Anahi pelo menos uma vez antes que tudo estivesse terminado.


As atrações seguintes passavam na tela e eram narradas por um minúsculo alto-falante atado à janela. O som da porta traseira do carro sendo aberta fez Anahi dar um pulo e derrubar pipocas no colo.


Olá — Alphonso falou ao se acomodar no assento. — Estive na lanchonete e comprei mais pipocas do que seria capaz de comer, por isto pensei em vir aqui e dividir o pacote com vocês.


Estendeu-lhes um enorme saco de pipocas, colocando-o no meio dos dois.


Sirvam-se. Oh, vejam, o filme realmente é ótimo. Adoro a parte em que os alienígenas pousam na cidade.


Anahi tinha vontade de esbofeteá-lo. Então as coisas foram de mal a pior quando Alphonso alegre­mente falou:


Diga-me, Fred, exatamente quais são suas intenções em relação a minha irmã?



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Autor(a): millinha

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  Não responda, Fred — ordenou Anahi, a voz trêmula de raiva. — Meu irmão é um contador de piadas inveterado, e este é só mais um exemplo de seu bom humor. Eu estava apenas cuidando de seus interesses... — protestou. Sei exatamente o que estava fazendo. Naquele instante, Alphonso disfar&c ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



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  • mariahsouza Postado em 23/07/2009 - 15:06:34


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  • anjinhavondy Postado em 17/07/2009 - 23:27:09

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  • andressarbd Postado em 15/07/2009 - 20:04:22

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  • andressarbd Postado em 15/07/2009 - 20:03:57

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  • mariahsouza Postado em 13/07/2009 - 11:41:21

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  • mariahsouza Postado em 13/07/2009 - 11:41:19

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  • mariahsouza Postado em 13/07/2009 - 11:41:17

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