Fanfic: Balões :`) | Tema: Não sei rs
Gabriel é um conhecido vendedor de balões na cidade de Tangamandápio, uma cidadezinha do interior.
Certo dia, ele caminhava vendendo seus balões – como sempre – e avistou uma criança chorando mais adiante.
Ele se aproximou da criança que estava sem nenhum adulto por perto, ajoelhou e falou em um tom amoroso com a pequena criança de cabelos ruivos e olhos azuis.
“O que houve, garotinha? Cadê seus pais?” – disse Gabriel.
A criança continuou a chorar como se não tivesse visto Gabriel ali, e continuou encolhida no chão abraçando os joelhos.
Gabriel pegou um balão vermelho e entregou na mão dela.
“Olha. Tem a cor do seu cabelo.” – disse Gabriel.
A criança pegou o balão, engoliu o choro e ficou olhando o balão vermelho que flutuava no ar.
“Obrigada.” – disse ela.
Gabriel sorriu.
“Tudo bem com você? Onde estão seus pais?” – voltou a perguntar Gabriel.
A criança soltou o balão e voltou a chorar.
O balão voou para a imensidão do céu.
“Meus pais sumiram.” – falou a criança com a voz pausada pelas lágrimas.
Gabriel, um homem experiente sabia exatamente o que fazer em situações como aquela. Ele entregou outro balão para a menina.
“Quer vir comigo? Posso te ajudar a encontrar eles.” – falou Gabriel.
Um sorriso iluminado abriu no rosto da menina.
“Sério?” – perguntou ela animada.
“Sim.” – respondeu Gabriel sorridente.
Ele a pegou pela mão e foi até a delegacia mais próxima.
Após explicar toda a situação ao delegado, ele o instruiu a deixar a menina ali na delegacia até encontrarem seus pais, ou eles vierem a procura dela. Gabriel negando disse que levaria a criança para sua casa naquela noite. O delegado não o contrariou, ele sabia que Gabriel era um homem de bem, e que talvez, a criança fosse ter uma noite melhor em um bom quarto, que na delegacia.
Gabriel levou a criança até sua casa.
“Essa não é minha casa.” – questionou a criança.
“Você vai ficar aqui essa noite até que o policial me ligue amanhã falando se achou seus pais” – respondeu Gabriel.
A criança parecia que iria começar a chorar de novo, quando Gabriel disse: “Vamos encher algumas bexigas?”
A criança o seguiu até o quarto. Lá havia cilindros de gás e reguladores de pressão, tal como muitos balões cheios e murchos.
Gabriel pegou outro balão vermelho, encheu em um dos cilindros e entregou para ela.
“Você enche estranho.” – disse a menina. – “Eu não encho assim. Olha.” – falou ela.
A menina tomou em suas mãos um balão também vermelho, e encheu com a boca até onde seu ar a permitia.
Gabriel amarrou um cordão e entregou para ela.
“Assim ela não voa.” – disse Gabriel.
A menina olha sua bexiga tocando o chão. Ela solta a bexiga de hélio e abraça a que encheu com seus pulmões.
“Mas essa fui eu quem fiz.” – falou ela sorrindo.
Gabriel ficou surpreso com a resposta, e pela primeira vez em anos, ele encheu o balão com o próprio ar. E assim se passou sua noite.
Mais tarde, eles jantaram, assistiram alguns episódios de Bob Esponja e depois se colocaram a dormir.
Quando a criança se levantou, Gabriel já estava cortando o pão com mortadela e aquecendo o leite com achocolatado. A menina se aproximou com os olhos semicerrados e soltou um grande bocejo.
“Bom dia.” – disse ela.
“Estou quase terminando. Pode sentar à mesa.” – respondeu Gabriel.
“Posso comer vendo desenho?” – perguntou ela.
“Claro. Espere no sofá então.”
A menina foi até o sofá e esperou quieta com a televisão desligada.
Gabriel chegou mais tarde. Ligou a TV e deu a comida para a menina. Após comer eles ficaram ali vendo televisão.
“Qual seu nome tio?” – perguntou ela.
“Eu sou Gabriel. E você?”
“Meu nome é Saphira.”
Gabriel olhou para ela e disse: “Como seus olhos.”
A criança sorriu.
“E sua mãe e pai? Como se chamam?” – perguntou ele.
“Minha mãe se chama Victória, e eu não tenho pai. Quer ser meu pai?” – falou a menina.
Gabriel riu por um instante.
“Eu não posso ser seu pai.” – respondeu.
“Porque?” – perguntou a criança.
Nesse momento o telefone tocou.
“Já volto.” – disse Gabriel, deixando a menina vendo televisão.
Era o delegado de polícia ao telefone, a mãe havia sido encontrada, e ele havia de comparecer à delegacia.
Gabriel falou com Saphira que ficou logo muito animada.
Eles partiram em direção à delegacia que ficava a alguns quarteirões dali.
Chegando a porta, Saphira logo identificou sua mãe e saiu correndo em sua direção. No meio do caminho foi barrada por um policial.
“O que isso significa, delegado?” – perguntou Gabriel confuso com a situação.
“A mãe está desistindo da criança.” – respondeu o delegado.
Gabriel ficou em choque.
“A menina aparentemente sofre de uma doença sem cura e a mãe não quer ver sua filha morrer. O diagnóstico foi dado há pouco tempo. “– continuou o delegado.
Gabriel ainda estava viajando em sua mente. Porque a mãe deixaria a filha sozinha? Uma mãe não pode abandonar uma filha.
“Essa doença não tem cura mesmo?” – perguntou Gabriel.
“Segundo o nosso perito e a explicação da mãe. Não. Ela pode morrer a qualquer instante.” – respondeu o delegado.
Gabriel engoliu seco e foi até Victória, mãe de Saphira.
“Porque, por que deixar uma garota tão pequena e indefesa sozinha?” – perguntou Gabriel.
Victória se pôs a Chorar.
“Não posso ver ela morrer. Prefiro abandonar ela a vê-la perder a consciência e morrer.” – falou Victória.
Gabriel tira o celular do bolso.
“Me dê seu número de telefone.” – pediu para Victória.
Ela passou o número.
Gabriel virou em direção a Saphira que esperava chorando ali longe. De costas para Victória ele disse: “Quando a hora chegar eu ligo para você.”
Ele partiu juntamente com Saphira de volta para sua casa. A menina, claramente não aceitou ir quando ele chamou, mas após inflar alguns animais de balões ela concordou em ir.
Aquela noite foi como a anterior.
Na manhã seguinte; Gabriel evitou tocar no assunto “mãe” e ensinou Saphira a fazer animais de balão. Como ela não tinha fôlego o suficiente, ele encheu diversos balões com hélio, e alguns com oxigênio. A noite foi até a locadora e alugou todos os filmes da Barbie.
Só foram dormir na manhã do dia seguinte. Saphira parecia estar começando a se acostumar com a ausência da mãe.
Eles acordaram muito tarde.
Saphira levantou antes de Gabriel e foi até a sala de balões. Gabriel se levantou e encontrando Saphira ali, logo notou que ela havia pego alguns balões que estavam no chão e feito uma pessoa usando eles. Naquela tarde Gabriel mostrou para Saphira que engolir hélio deixa a voz engraçada.
Eles se divertiram muito com aquilo. Ela pediu uma boneca da Barbie para ele. Eles foram até o mercado e compraram uma com cabelo vermelho. Chegando em casa viram TV, jantaram, viram mais TV e depois Gabriel contou uma história para Saphira dormir.
Gabriel acordou na manhã seguinte e a primeira coisa que viu foi a boneca ao seu lado, com um cordão e muitos balões vermelhos amarrados em seu braço; como se a boneca fosse uma vendedora de balões.
Gabriel se levantou, foi até a cozinha e encontrou Saphira no chão. Ele checou o pulso, a respiração e a batida do coração.
Gabriel Chorou.
Ele levantou, pegou o celular e ligou.
“Alô. Victória?” – falou ele.
“Sim.” – respondeu a voz ao telefone.
“Aconteceu.” – falou ele.
Ele ouviu Victória chorar do outro lado da linha.
“Onde você mora?” – perguntou Victória.
“Vá para o cemitério. Eu pedi que preparassem tudo ontem à noite, e já está tudo pronto. O enterro será hoje à tarde. Chame seus parentes.” – falou Gabriel.
A tarde estavam todos os parentes reunidos no enterro. Tudo se seguiu como seria na religião de Gabriel, um culto e após isso, cada um se despediu da criança ao seu modo e ela foi enterrada.
A Noite caía.
Victória chorava olhando a lápide de sua filha. Ela abraçou Gabriel que também estava chorando por ter se apegado demais a menina.
“Como você pôde suportar? Ficar com ela sabendo que ela iria morrer?” – perguntou Victória.
Gabriel tirou um lenço e secou as lágrimas de ambos os rostos. Ele chamou a atenção de todos para o céu. E centenas de balões vermelhos foram lançados. E por último subia a Barbie “vendedora de balões”.
Ele olhou aquela boneca, e com um sorriso no rosto virou para Victória e disse:
“Eu não podia curar suas feridas, mas eu podia fazê-la sorrir. Eu podia fazê-la feliz.”
FIM
Autor(a): willmaxfield
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