Fanfics Brasil - Capítulo X - Missing Fixed At Zero

Fanfic: Fixed At Zero | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass


Capítulo: Capítulo X - Missing

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MÚSICA TEMA DO CAPÍTULO.


________________________________________________


Descendo de um veículo negro como carvão, Heather caminhou até a entrada de um restaurante da cidade. Usava os cabelos presos para o alto e um belo vestido azul-claro. Seu ritmo era gracioso e elegante.


De dentro do restaurante, através de janelas de vidro, Alex Montini assistia atentamente, quase contra a sua vontade, cada movimento que ela fazia até entrar no estabelecimento.


Assim que colocara seus pés no restaurante, Heather teve de fazer um grande esforço para ignorar o modo como todos ao seu redor viravam-se para observá-la. Sorriu e caminhou na direção de uma das mesas. Sentou-se, esperando que alguém viesse até ela para atendê-la.


Depois de dois minutos, Heather concluíra que ninguém viria até sua mesa. Quando ameaçou se levantar, porém, sentiu que uma mão pousava sobre seu ombro, empurrando-a de volta para a cadeira.


– Fique, por favor. – Alex sentou-se na cadeira à sua frente. Ela o encarou bastante hesitante.


– Não ouse tocar em mim novamente. – advertiu impacientemente.


– Não se preocupe. – ele disse em tom calmo. Muito diferente do tom que usara na última vez em que ela o tinha visto. – Precisamos conversar.


– Mesmo?


– Sim.


Heather soltou um suspiro. Olhou ao redor e depois o encarou, dizendo:


– O que quer?


– Antes de qualquer coisa, quero saber quem é você.


– Isso não é da sua conta. – ela respondeu em tom ríspido, virando o rosto para o lado.


– Tudo o que diz respeito à Emma é de minha conta. – arrancou do bolso um maço de cigarros ingleses. Heather voltou a olhar para ele.


– Sei bem quem você é. – ela afirmou, estreitando os olhos para fitá-lo.


Com muita calma, Alex acendeu um cigarro usando um isqueiro vermelho, e a analisou por alguns minutos.


– Bem, então me diga quem você é.


– Heather Stevens. – ela apresentou-se, finalmente.


– Muito bem, Srta. Stevens. Eu creio que...


– Sra. Stevens. – corrigiu-o imediatamente.


Fitou-a com uma expressão de surpresa no rosto.


– É casada?


– Viúva.


– Eu sinto muito.


– É claro que sente. – concordou, irônica. – Seja breve. O que quer?


– Ontem você disse algo como... “Você não fez nada para descobrir quem a matou.”


Heather assentiu com a cabeça.


– Como foi que chegou à esta conclusão?


– Eu sei muito sobre as pessoas dessa cidade. E isso inclui você.


– Logo vi. – fez uma pausa e depois voltou a fitá-la. – Eu quero me desculpar. Agi de forma totalmente errada. Eu lhe devo as mais sinceras desculpas.


– Está tudo bem. – Heather decidiu que não daria início à mais uma discussão. Não desta vez.


– Você trabalha para a polícia? Está investigando o caso? – ele parecia tentar escolher cautelosamente suas palavras.


– Não. – respondeu ela.


– Então, por que está tão interessada no assunto?


– Porque Emma precisa de paz. – ela afirmou de forma severa. Estava certa do que dizia. – E ela jamais a terá enquanto seu assassino estiver em liberdade.


– Fala de Emma como se a tivesse conhecido antes.


– De certa forma, eu a conheci.


Ficaram ambos em silêncio por um longo tempo. Alex a fitava nos olhos, com muita atenção.


– Vejo que não me dirá nada sobre si mesma.


– Está certo. – Heather confirmou. – Mas eu tenho perguntas para lhe fazer.


– Fique à vontade. – ele recostou-se na cadeira.


Heather olhou para ele com curiosidade e suspeita. Julgou aquela atitude demasiada estranha. Ainda mais depois do dia anterior, no qual ele a tratara de forma agressiva. Quaisquer que fossem as intenções da parte dele, ela não perderia aquela oportunidade. Inclinou-se para frente e fitou-o fixamente nos olhos.


– Por que repentinamente mudou de atitude?


– Porque assim como você, quero descobrir o que aconteceu com Emma.


Parecia sincero. Heather teria acreditado nele se já não estivesse habituada a conviver com falsa simpatia. Ela manteve-se calada e logo ele prosseguiu:


– Sabe... – desviou seu olhar do dela. – Emma dizia que me amava mais do que tudo no mundo.


Heather não disse nada, esperando que ele continuasse.


– Nós conversávamos a respeito de nomes que daríamos aos nossos filhos... Nós éramos próximos até esse ponto.


– Eu realmente lamento. – foi tudo o que ela conseguiu dizer. Escutava atentamente cada palavra que ele dizia.


– Me esqueci do rosto dela. – havia uma expressão indiferente nos olhos dele. – E eu me odeio por isso.


Heather fez um breve aceno com a cabeça, assentindo.


– Deve estar ciente de que ela morava na mesma casa que você acabou de comprar.


– Sim. Obviamente.


– Quando Emma desapareceu... Bem, antes de confirmarem sua morte... Mil pensamentos vieram à minha cabeça.


– Como assim? – ela indagou.


– Tínhamos um compromisso. Ela não compareceu. Nunca mais a vi. Então eu... Eu pensei que talvez ela não gostasse mais de mim. Que talvez ela tivesse se mudado para outra cidade. Não sei.


– E por que não procurou saber o que havia acontecido?


– Foi o que eu fiz. – disse naturalmente. – Mas o avô dela se negou a me dar qualquer explicação. Expulsava-me toda vez que eu batia à sua porta. As amigas dela... Creio que nem preciso explicar...


– Amigas?


– Amanda e Jodie. Eram as melhores amigas de Emma.


– Amanda... Tive a oportunidade de conhecê-la.


– Sei. – ele balançou a cabeça. – Emma teve alguns problemas com essas pessoas.


Subitamente, os olhos de Heather pareciam surpresos. Ela o encarou, indignada. Agora a conversa estava começando a fazer sentido.


– Que tipo de problemas?


– Eu a amava. E muito. – Alex explicou. – Mas ela era fraca. Foi maltratada no colégio e seu avô parecia... Não sei. Cego. Ele parecia não enxergar o sofrimento da neta.


Heather o encarava, atenta.


– Foi quando eu a convenci a deixá-lo a par de toda a verdade. E ela contou para ele tudo o que estava havendo. – ele agora falava com emoção. Havia um brilho em seus olhos ao falar daquelas lembranças. – Ela estava tão feliz. O avô dela finalmente estava começando a me aceitar. Estávamos em nosso momento mais feliz... E então... – fez uma pausa, cabisbaixo. – E então ela se foi.


Heather não soube interpretar a expressão melancólica no rosto do indivíduo sentado à sua frente. Não soube dizer se ele agora estava sendo realmente sincero ou não.


– Tentarei fazer o possível e impossível para descobrir quem a matou.


– Obrigado. – levantou os olhos para fitá-la mais uma vez. – Olha, você parece ser uma boa pessoa. Sinto que suas intenções também são boas, por isso quero me desculpar novamente.


– Não se preocupe.


– Você acha que Emma está bem? Quero dizer... Onde quer que ela esteja...?


Heather soltou um profundo e longo suspiro.


– Emma encontrará a paz.


– Olha só... Mesmo depois do terrível mal entendido que eu cometi ontem, aqui estamos, conversando normalmente. – observou ele. – Fico feliz.


– Pois é.


– Heather, eu... – ele parou de falar. Censurou-se mentalmente e depois prosseguiu: – Posso te chamar pelo nome, não é?


– Faça como quiser.


– Bem, eu gostaria de... Quero que saiba que estou disposto a ajudar.


– Ajudar? – ela levantou as sobrancelhas de maneira inquisitiva, olhando para ele.


– Eu não a conheço e não sei de onde veio. – havia agora um olhar sério em seus olhos. – Mas você quer descobrir quem assassinou Emma e isto é o suficiente para que eu lhe confie meu total apoio.


– Mas...


– Você tinha razão. – ele a interrompeu. Heather parecia ainda mais confusa. Alex olhou para baixo e depois voltou a fitá-la. – Eu não fiz absolutamente nada para descobrir quem a matou. Fui covarde.


– Compreendo que você teve medo.


– Sim, de fato. Mas agora você apareceu. Você é a minha oportunidade de me redimir e descobrir quem a assassinou.


Heather permaneceu em silêncio. Quando finalmente fez menção de dizer algo, notou que uma silhueta feminina e nada familiar estava parada em frente à mesa.


Uma desconhecida com intensos olhos cor de esmeralda e cabelos castanhos ondulados sorria como se estivesse esperando algo. Ou alguém.


Alex pôs-se em pé de prontidão assim que notara sua presença. Colocou-se ao lado dela.


– Esta é Rose. Minha noiva.


Rose esboçou um sorriso tímido. Heather não se deu ao trabalho de parar para analisá-la. Fez um breve aceno com a cabeça. Alex deu continuidade às apresentações:


– Rose, essa é Heather. Ela é nova na cidade.


– Ah, sim. – Rose abriu outro sorriso. Ela falava docemente. – É um prazer conhecê-la.


– Igualmente. – Heather forçou um sorriso em resposta.


– Bem, Heather. – Alex voltou a tomar a palavra. – Creio que voltaremos a nos ver muito em breve. A cidade é pequena e... Sabe como é.


– Claro, claro.


Pousando uma das mãos nas costas da noiva, Alex Montini caminhou para fora do estabelecimento lentamente, deixando Heather com certo ar de perplexidade.


– Heather? – ouviu seu nome e virou-se rapidamente para o lado. Ao levantar os olhos, Heather percebera a presença de outra figura. Desta vez, já conhecida.


– Olá, Amanda. – respondeu em tom amistoso.


Sem questionar, Amanda sentou-se com ela à mesa, lhe presenteando com um amigável sorriso. Heather a fitou rapidamente e seus olhos irradiaram curiosidade ao notar o braço enfaixado e o curativo na testa de Amanda.


– Mas o que houve? – indagou.


– Sofri um... Um acidente de carro ontem à noite. – Amanda suspirou. – Foi horrível. Mas felizmente não me feri gravemente.


– Estou vendo. Como foi que isto lhe aconteceu? – Heather estava curiosa, não preocupada. Deixara isso bem claro.


– Eu... Bem, eu não sei exatamente... – Havia confusão nas palavras dela. – Eu estava voltando para casa e... – suas palavras ficaram pairando no ar ao lembrar-se do que vira na noite anterior.


– O que houve?


– E... Eu... Eu vi algo... Não sei. Acho que... – o agudo som de um aparelho celular soou, a interrompendo. Amanda colocou uma de suas mãos na bolsa que levava consigo, tirando um telefone de dentro. – Sim? Ah, claro. Estou a caminho. Sim, sim. – desligou e olhou para Heather com ansiedade. – Negócios.


– Entendo. – Heather sorriu de canto.


– Devo ir. Desculpe-me.


– Sem problemas.


Amanda se levantou e sorriu. Em seguida afastou-se de Heather em passos rápidos e largos, deixando o restaurante.


Heather também foi embora da mesma forma que havia chegado. Sem sequer fazer um pedido aos garçons, ela pegou sua bolsa e caminhou na direção de seu automóvel, do lado de fora do estabelecimento lotado. Ao posicionar-se no banco do motorista do veículo, Heather sentiu sua cabeça latejar violentamente.


Algo começou a sufocá-la, colidindo fortemente contra seu estômago. Com imenso esforço, Heather tentou manter-se lúcida, mas sua tentativa fora em vão.


Cerrou os olhos com muita força.


________________________________________________


Emma sentava-se em uma carteira ao lado da janela de sua sala, na Harrison Brown Academy. Observando o exterior do colégio através desta mesma janela, ela se deu conta de que já era hora de entregar seu teste.


Havia terminado minutos antes do previsto.


Voltando à realidade, Emma pegou suas folhas e levantou-se. Fitava seu teste atentamente, verificando se havia feito tudo conforme o que lhe fora pedido. Distraída, olhando para suas folhas de papel completamente preenchidas, Emma caminhava na direção da mesa do professor.


Estava tão concentrada em seu teste, olhando fixamente para os papéis, que não percebeu que Frank Palmer vinha em sua direção, esbarrando nela de forma brusca. Ela sentiu-o a empurrando para o lado com força.


Emma só notara o acontecido quando olhou para baixo e o encontrou caído no chão, com uma de suas mãos ensanguentada.


Horrorizada, Emma cobriu a boca com ambas as mãos, dando um passo para trás, hesitante. De repente, todos os seus colegas de classe aproximaram-se da cena, olhando com curiosidade e pavor. Ela ouviu suas vozes. Todas se perguntando como aquilo havia acontecido.


O professor – um sujeito na casa dos sessenta anos, com cabelos brancos e olhos cansados – aproximou-se, abrindo espaço, até chegar próximo de onde Emma estava parada, com seus pés fincados no chão.


– Mas o que houve aqui? – inquiriu, apavorado.


– Emma! – Frank apontou um dedo na direção dela. – Fez com que eu caísse! Viu que eu estava com uma tesoura na mão e colocou um pé no meu caminho para que eu caísse! Está desapontada e quer vingança porque rompi com ela! E tudo porque descobri que ela dormiu com mais da metade dos alunos deste colégio! – cada mentira que ele proferia era como uma lâmina perfurando Emma até chegar alcançar sua alma.


– E-eu... Eu não... – olhou ao redor e deparou-se com inúmeros olhos fixados nelas. Vozes soaram, acusando-a. As acusações pareciam penetrar em seus ouvidos e ecoar em sua mente, deixando-a afogada em puro terror.


Sentindo-se totalmente perdida, Emma correu para fora da sala. Com lágrimas banhando seu rosto por completo, ela deixou-se cair no meio do corredor principal da Harrison Brown Academy.


A vida estava agindo injustamente com ela.


Durante meses tentara se manter forte e determinada, mas teve a impressão de que por mais que ela tentasse enfrentar seus problemas, eles sempre acabariam derrotando-a. Tentou colocar seus pensamentos em ordem. Ainda precisaria voltar àquela sala. Precisaria enfrentar todos aqueles olhares, jogando sobre ela a culpa por algo que ela jamais tencionara fazer.


Algo que ela jamais havia feito.


Frank Palmer era um mentiroso, de fato. Mas as pessoas jamais levariam a sério a palavra de Emma contra a dele. Perdida entre pensamentos e lágrimas de desespero, Emma permaneceu ali.


Sozinha.


________________________________________________


Heather sentiu a pressão contra seu estômago se afrouxar. Abriu os olhos e buscou por ar desesperadamente. Levou certo tempo para voltar à sua respiração normal.


Perguntou-se o motivo pelo qual Emma lhe permitira ver aquela cena. O motivo pelo qual ela lhe transferira aquela lembrança.


Com o passar dos últimos meses – e com a orientação de Charles Stevens – Heather percebera que, cada vez que Emma lhe permitia ver uma de suas lembranças em vida, ela queria lhe dizer algo. Ela queria que Heather tomasse uma atitude relacionada àquela lembrança.


Entretanto, Heather não entendera o que tinha de fazer depois desta sua última visão. Pensativa e calada, ela encarava o volante à sua frente.


Foi então que alguém bateu no vidro de seu carro, fazendo-a estremecer no banco do motorista, assustada.


Olhando para o lado, ela viu um rosto desconhecido através do vidro negro de seu veículo. Sem entender, desceu o vidro e encarou o sujeito.


– O que deseja? – perguntou.


– Seu pneu traseiro. – ele indicou com a cabeça. Seus cabelos flutuavam devido à brisa vinda da direção do rio da cidade. Fitou-a com insolentes olhos verdes que, subitamente, causaram em Heather a sensação de que ela já os tinha visto antes. – Está murcho.


– Oh, eu não... Não vi.


Ele soltou um riso abafado.


– Olha, acho melhor resolver isso antes que anoiteça.


– Claro. – ela concordou. Abriu a porta, saindo de seu carro e observou o pneu murcho. Percebeu que o desconhecido a tinha fitado da cabeça aos pés, indiscretamente. – Obrigada por me avisar.


– Não por isso. – respondeu, sorrindo. – É você quem acaba de se mudar para cá?


– Sim, sou eu.


– Agora entendo por que todos estão falando a seu respeito. – voltou a fitá-la. Ela sentiu-se desconfortável. – A propósito, sou Frank Palmer.


Heather sentiu que o sangue fugia-lhe do corpo. Reconhecera-o de imediato. Foi quando ela entendeu o motivo pelo qual Emma lhe tinha mostrado aquela lembrança. Para alertá-la. Hesitante, Heather tentou se manter séria e formal. Olhou para ele e, com esforço, emitiu um sorriso.


– Heather. – disse em tom firme. – Heather Stevens.


Frank se manteve calado, a observando com ar sonhador. Incomodada com aquilo, Heather voltou a se posicionar atrás do volante de seu carro, fechando a porta logo em seguida.


– Levarei o carro para onde eles possam resolver este problema com o pneu agora mesmo. Mais uma vez, obrigada pelo aviso.


Ele exibiu um sorriso entusiasmado.


– Espero ter a oportunidade de vê-la novamente.


– Sem dúvidas você voltará a me ver. – respondeu com muita convicção, girando a chave na ignição e acelerando. Frank afastou-se do automóvel, vendo-a guiar para longe. Soltou um riso irônico e balançou a cabeça, tomando seu rumo novamente.


Já era noite quando Alex voltara para sua casa. Havia enfrentado mais um dia, na tentativa de conseguir um novo emprego. Há semanas havia sido demitido de uma loja de eletrodomésticos, passando assim, vários dias sem dormir ou comer, tomado por um grande sentimento de preocupação.


Dependia daquele dinheiro e agora já não poderia contar mais com isso. Havia tentado a sorte em provavelmente metade dos estabelecimentos da cidade. Ninguém entrara em contato. Estava começando a desistir. Não apenas de conseguir um emprego, mas de todo o resto.


Ainda morava com os pais e a irmã. Precisava desesperadamente de uma independente estabilidade financeira antes de seu casamento com Rose. Estava aflito, com medo de decepcioná-la. Já havia decepcionado alguém que lhe era muito importante antes. Não estava disposto a sentir o amargo gosto da culpa mais uma vez. Sentado à beira de sua cama, ele decidiu telefonar à noiva para verificar se ela estava bem.


Agarrou o auscultador e discou alguns números com pressa. Esperou com atenção que alguém lhe atendesse do outro lado da linha. Logo a terna e harmoniosa voz de Rose soou, arrancando dele um breve sorriso.


– Alô? – era a terceira vez que ela falava, esperando que alguém lhe respondesse. Alex voltou à realidade.


– Desculpe, querida.


– Oh, Alex, mas é você! – exclamou aliviada. – Pensei que alguém estivesse brincando comigo. O que houve?


– Eu... Eu só queria saber se está tudo bem.


– Sim. Está tudo bem. Eu já estava pronta para me deitar.


– Certo.


– E o que se passa consigo? Está tudo bem? Me parece preocupado...


– Não se preocupe. – disse ele, calmamente. – Tudo ficará bem. Estou resolvendo alguns problemas para que possamos ter paz quando nos mudarmos para nossa casa.


– Fico feliz em ouvir isso, mas... Não se martirize, por favor. Ainda há muito tempo. Não coloque pressão sobre si mesmo. – pediu de forma doce e sincera.


– Vou fazer tudo dar certo. Prometo.


– Sei disso.


Alex calou-se por alguns segundos, pensando em como cumpriria aquela promessa. De uma forma ou de outra, tinha de fazer com que tudo funcionasse corretamente. Tinha de conseguir um emprego. Um lugar para morar com sua futura esposa. Tinha de resolver tudo. E tinha de fazê-lo o mais rápido possível. Não desistira. Não novamente.


Soltou a respiração, deixando transparecer sua frustração da forma mais discreta que conseguia. Não tencionava preocupar Rose. Voltou a lhe falar:


– Rose, eu... Eu prometo não decepcioná-la.


– Eu tenho cert... – a voz dela fora interrompida. Um grave e estridente som vindo do auscultador causou espanto em Alex.


– Rose? Está me ouvindo?


O som continuava soando, cada vez mais penetrante.


– Rose, responda. Eu não consigo ouvi-la. Rose?


– Não... – misturada com o terrível som vindo do telefone, uma voz soou ao fundo. Suave e fraca. – Não a decepcione como me decepcionou...


Com os olhos arregalados, Alex encarou o auscultador. O som tornara-se mais alto, como se o volume estivesse alcançando seu nível máximo.


De repente, parou.


Um pesado silêncio tomou conta do ambiente. Alex não soube como reagir. Manteve-se calado. Parado. Sentado em sua cama. Um estrondoso som soou do lado de fora de sua casa. Inesperadamente, todas as luzes de seu quarto se apagaram. Alex soltou o auscultador sobre sua cama e caminhou na direção que julgava levá-lo para a janela.


Não pôde ver nada.


Toda a cidade parecia estar mergulhada em completa escuridão. O coração dele havia disparado. Reconhecera aquela voz. Soara-lhe tão familiar. Um vento frio fustigou seu rosto. Sentiu que algo passava por ele apressadamente, deixando um rastro de vaga tristeza. Ele respirou fundo, tentando se controlar.


Parado no meio de seu quarto, cercado por todo o breu que invadira a cidade, Alex imediatamente entendeu de quem se tratava.


– Emma... – murmurou afundado em plena angústia.


Manteve-se parado. Os pés presos no chão. Não arriscou fazer qualquer movimento. Ficou apenas ali. Como se estivesse à espera de algo.


Algo que ele não soube distinguir.



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 2



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  • ceeh Postado em 02/06/2014 - 21:48:29

    Sabe eu sinceramente adorei. A história é muito boa misturando tudo. Pensei até que o assassinato de Emma foi por Heather (nem sei escreve, repara não)e não entendi o porque de todos a adiarem daquele jeito. Eu mesma já me senti sozinha e muitas pessoas viraram as costas para mim mas eu nunca fiquei tão sozinha quanto Emma ficou. Ela criou uma segunda personalidade para se defender de tudo o que sofrera. Para não ser mais fraca. E como adorei tudo cada detalhe e como jogou com o leitor revelando alguns mistérios mas deixando outros ocultos. Gostaria muito de ler outra historias suas e finalmente li algo realmente bom. E você nem usou personagens famosos, sua historia é famosa e quem não leu só perdeu. De sua fã Ceeh.

  • ceeh Postado em 01/06/2014 - 14:19:15

    Aiin... Que web mais perfeita. Eu me senti como a própria personagem e você escreve bem demais. Por favor não abandone a história, eu já estou amando tudo nela principalmente os detalhes. Continue...


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