Fanfic: Fixed At Zero | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass
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Sentada em uma cadeira com paredes cinza ao redor, Heather concluiu que se encontrava na sala do delegado. Haviam a trazido para depor.
Inicialmente Heather concluiu que o motivo disso tudo seria o fato de ela ter testemunhado o homicídio de Frederick Hatcher. Mas ficou completamente perplexa ao saber que o motivo de estar ali era a última chamada efetuada pelo celular da vítima.
O delegado – um sujeito na casa dos cinquenta anos, cabelo grisalho e olhos negros – sentou-se à frente de Heather, fitando-a com atenção.
– Muito bem. – declarou o homem. – Sra. Stevens, parece que temos muito que conversar.
Heather manteve-se firme e séria. Ele prosseguiu:
– Poderia me dizer qual era sua relação com a vítima?
– Claro. – respondeu. – Não havia relação alguma, senhor. Estou na cidade há muito pouco tempo. Para ser sincera, estou escrevendo um livro e, bem... O Sr. Hatcher era um professor de História. Pelo que sei, um excelente professor. Pensei em fazer a ele algumas perguntas a respeito da cidade.
– Hum. – o delegado resmungou e folheou alguns papéis à sua frente. – Bem, como e quando foi seu primeiro encontro com ele?
– Ontem. – ela disse rapidamente. – Procurei pelo endereço na internet. Segui para a residência dele. Ele disse-me que estava ocupado e que poderíamos falar mais tarde. Deixei para ele o meu número de telefone e, poucos minutos mais tarde ele me telefonou. Marcamos um encontro. – Heather fez um grande esforço para se manter o mais natural possível. – Fui ao encontro dele duas horas mais tarde. Para minha surpresa, ele não estava no local marcado.
– Que local seria este?
– McGreevy Park, senhor.
Ele folheou mais algumas páginas.
– Então você realmente presenciou o acidente?
Ela soltou um suspiro.
– Sim. – a lembrança causou nela um arrepio. – Ele vinha em minha direção. Acenando. Esperei do outro lado da rua. Assim que ele a cruzou... Um veículo pas...
– Não precisa entrar nestes detalhes, senhora. Já estamos a par deles. – interrompeu ele. – Estaremos investigando a respeito.
– Certo.
– Fez a coisa certa ao telefonar à polícia assim que o acidente aconteceu.
De repente, Heather levantou os olhos, arqueando as sobrancelhas.
– Como? – indagou.
– A senhora telefonou à polícia. Foi por isso que chegamos à cena do crime naquela mesma noite. Também foi por isso que a trouxemos conosco.
Heather não se lembrava de ter telefonado à polícia. Lembrava-se de ter sido trazida para a delegacia na mesma noite do acidente, entretanto, estava segura de que não fora ela a pessoa que telefonara a eles.
– Sra. Stevens? – a voz do delegado tirou Heather de seus pensamentos.
– Desculpe. – respondeu olhando para ele. – Há mais algo que queira me perguntar, senhor?
– Não. – disse brevemente. – Claramente a senhora apenas estava no lugar errado e na hora errada. Ainda assim, agradeço toda a ajuda que pôde nos oferecer com seu depoimento.
Ela assentiu. O delegado colocou-se em pé. Heather fez o mesmo. Ele a conduziu para a porta de sua sala. Ela saiu pela mesma, caminhando por um corredor que a levou para a recepção da delegacia. Ficou surpresa ao ver que Trevor Williams estava lá. Com os olhos transbordando preocupação, ele precipitou-se para ela e, inesperadamente, puxou-a para si, a envolvendo em seus braços.
– Deus! – exclamou. – Não sabe como fico aliviado em vê-la viva.
Heather afastou-se dele e olhou-o, confusa com o que escutara.
– Estou bem. – respondeu ela.
– Sim, estou vendo. – ele emitiu um sorriso de alívio. Ainda tinha as mãos pousadas sobre os ombros dela. – Pode... Digo, podemos conversar à sós?
– Claro. – ela decidiu. Não tinha escolha. Viu uma sombra passar ao seu lado. Virou-se rapidamente e se deparou com um rosto familiar. Alex Montini estava lá. Heather quis saber por que. Afastou-se de Trevor e deu passos apressados até alcançar o conhecido.
– Alexander. – ela viu-o se virar para ela assim que o chamou.
– O que faz aqui? – ele perguntou. Havia uma perceptível expressão de curiosidade em seus olhos.
– Pergunto-lhe o mesmo. – ela disse, séria. – Por que está aqui?
– Bem, eu... Um velho conhecido foi assassinado na noite anterior. – explicou. – Estou aqui para depor.
Heather parecia subitamente incrédula. Sentiu-se perdida em uma imensa confusão. Quando fez menção de perguntar algo, um policial emitiu um sinal para que Alex entrasse na sala do delegado.
Ele lançou para ela um olhar que Heather não soube interpretar e então dirigiu-se para a sala. Ela sentiu uma mão pousar em seu ombro esquerdo. Virou-se instintivamente.
– O que houve? – Trevor indagou, sem entender.
– N-nada. Podemos ir?
Ele abriu um sorriso e balançou a cabeça em um gesto positivo.
Foram à uma cafeteria que se localizava próxima à delegacia. Não havia quase ninguém por perto. O estabelecimento parecia vazio. Heather alegrou-se com isso. Detestava lugares lotados. Sentaram-se em uma das mesas e ele a encarou por alguns minutos. Ambos em silêncio. Obviamente, havia muito a ser dito.
– Como foi que tudo isso aconteceu, Heather? – Trevor Williams decidiu que seria ele o primeiro a dar um fim naquele silêncio.
– Fui ao encontro de Hatcher. – a voz dela deixou claro que estava receosa. – Aliás – fitou-o com seriedade. – Por que não foi até minha casa?
– Porque também me atacaram noite passada.
A resposta fora rápida. Heather arregalou os olhos. Ele continuou falando com muita calma:
– Sinto muito por não ter ido com você.
– O que lhe fizeram?
– Isso não faz a menor diferença agora. – ele a interrompeu. – Assim que recuperei a consciência tive plena certeza de que estariam atrás de você. Mas aparentemente era Hatcher quem eles queriam matar desta vez.
– Porque ele sabia demais. – completou ela.
– Exatamente. – Trevor assentiu com a cabeça.
– Eu... Eu não entendo. – ela olhava de um lado para o outro e depois fitou suas próprias mãos em seu colo. – Às vezes sinto que todos eles são culpados pela morte de Emma. Sinto que... Todos eles têm uma pequena parcela de culpa. Eles agem como tal. – ela falava em tom de desespero. – Querem que eu pare de tentar descobrir quem fez isso. Querem me colocar medo. E, para ser sincera, estou começando a ficar apavorada.
Ele colocou sua mão na dela, sobre a mesa, e disse:
– Não se preocupe.
Aquele contato fez com que Heather fosse tomada pelo – até então – ignorado sentimento de tranquilidade que ele lhe causava todas as vezes que se encontravam.
– Alex Montini estava lá. – ela disse. Viu a expressão dele se alterar de súbito.
– Eu o vi.
– Disse que teria de depor a respeito de um homicídio. O homicídio de um velho conhecido.
– Frederick Hatcher. – deduziu ele.
– Exato.
– Mas... Por que o chamariam para depor?
Instintivamente, Heather lembrou-se de um importante fato ocorrido ainda naquela manhã.
– Chamaram-me para depor porque meu número telefônico estava registrado nas ligações efetuadas por Hatcher naquele dia.
Os olhos dele estavam cheios de ansiedade. Inclinou-se para frente e respondeu:
– Então Hatcher entrou em contato com ele.
– Só nos resta saber se ele fez isso antes ou depois de ter me telefonado. – ela falou. – E, claro, o motivo de ele ter entrado em contato com esse sujeito.
– Tem algo em mente?
– Sempre. – Heather sorriu de canto. – Falarei com Alex novamente.
– E por quê?
– Porque preciso saber que tipo de ligação ele mantinha com Hatcher. Preciso saber o motivo da ligação. Há muita informação que posso arrancar dele, acredite.
– Não duvido. – ele recostou-se à cadeira. – Considerando o fato de que ele é um dos suspeitos.
– Sim. Ele é.
– É por isso que não aprovo sua ideia, Heather. Aproximar-se dele pode ser perigoso.
Ela cruzou os braços e rolou os olhos.
– Sei me cuidar.
– Você é muito impulsiva.
– O quê?! – Heather soou totalmente indignada.
– Exatamente o que eu disse.
– Oh, então este é o seu diagnóstico? Heather é impulsiva. Prendam-na em uma jaula o mais rápido possível. – disse em tom debochado e irônico. – Ora, por favor!
Ele tentou conter o riso, mas aquilo fora em vão. Heather notou sua reação e pareceu ainda mais surpresa.
– E você ainda ri?
– Claro. – tentou se manter sério. – É ótimo vê-la assim depois de anos sem se manifestar, trancada em seu próprio mundo.
– É difícil se expressar quando lhe deixam trancafiada em um lugar como aquele e jogam a chave fora. – ela tinha um olhar carregado de más recordações. – Ainda mais em um lugar cujo qual você vive cercado por maníacos de todas as espécies.
– Sei disso. – Trevor a fitou com admiração. – Mas posso lhe assegurar que era a mais bela paciente de todo o hospital.
Ela se manteve calada. Não proferiu qualquer palavra por um longo tempo.
– Quanta doçura, Dr. Williams! – exclamou, sarcástica, quebrando o silêncio. – Dispenso elogios. Voltemos ao nosso principal assunto, por favor.
– Bem, então – ele parou de fitá-la com tanta intensidade. – Onde pretende encontrar seu querido suspeito?
– Não posso aparecer na porta da casa dele. Seria muito óbvio que eu quero investigá-lo...
– Pensei o mesmo.
Inesperadamente, Heather sentiu uma forte pontada em sua cabeça. A respiração começara a falhar.
– Dê-me um minuto. – ela colocou-se em pé e seguiu para o banheiro da cafeteria com muita pressa.
Entrou no local e contemplou sua imagem no espelho. A dor de cabeça agora era quase insuportável. Fechou os olhos, mas sabia que controlar o que estava por vir seria impossível. Sua respiração foi interrompida.
Sentiu como se sua alma fosse bruscamente arrancada de seu corpo, sendo conduzida em extrema velocidade para outro lugar. Outro tempo. Outra vida.
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– Vamos. Siga-me. – Alex Montini guiou Emma para um lugar que ela desconhecia completamente.
Subindo algumas escadas, ela o seguiu sem ter ideia de para onde ele a estava levando. Ele não havia dito nada a respeito até então. Emma estava certa de que seria mais uma surpresa e estava animada.
– Aqui estamos. – declarou ele.
– Aonde? – ela perguntou, ainda sem entender. Alex não respondeu. Ela olhou ao seu redor e percebeu que estavam no terraço de algum lugar.
– Este é o Mancini’s. – Alex sentou-se à beira do terraço e começou a explicar. – Antes era um restaurante. Vão reinaugurar usando outro nome. As pessoas poderão se apresentar aqui.
– Mas que incrível. – Emma disse. Sua voz soara sincera como sempre. Ainda estava parada em pé, olhando para ele.
– Eu tenho muitos planos. Principalmente depois que ouvi a respeito disto. – ele olhou para a bela vista que aquele lugar os proporcionava. – Parece diferente quando se vê de cima, não?
Emma também admirou a paisagem. Jamais tinha visto Middletown de um ângulo como aquele. Apesar de perdida com a vista do lugar, ela indagou:
– Por que você me trouxe aqui?
– Porque esse lugar é especial para mim. – respondeu ele virando-se para ela e olhando em seus olhos. – Assim como você.
Ela abaixou a cabeça, corando. Permaneceu alguns minutos em silêncio. Sentiu que ele se aproximava, tomando ambas suas mãos entre as dele.
– Eu quero me casar com você, Emma.
Emma ergueu os olhos. Alex pode ver que eles estavam começando a transbordar as primeiras lágrimas de alegria. Ela se lançou para ele e eles se abraçaram enquanto ele sorria junto dela.
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Heather abriu seus olhos e sentiu um forte impacto ao voltar à realidade. Estava em frente a um espelho, ainda no banheiro da lanchonete. As intenções de Emma ao lhe mostrar aquela lembrança estavam claras como água. Aquilo viera à sua mente em boa hora.
Mancini’s.
Ela respirou fundo, visualizou seu reflexo mais uma vez e deixou o banheiro. Voltando à mesa com o Dr. Williams, Heather encarou-o firmemente e disse:
– Sei onde encontrar Alex Montini.
– Eu...
– Não. – ela o interrompeu antes que ele fosse capaz de terminar sua frase. – Irei sozinha. Isso é algo que eu preciso fazer sozinha.
Ainda que agisse contra a sua vontade, Trevor acabou concordando. Levou-a de volta para sua casa e partiu para seu quarto de hotel com uma pequena ponta de descontentamento.
Heather aguardou ansiosamente pelo cair da noite. Tomou um banho frio e vestiu um belo vestido cinza-claro com sapatos pretos. Partiu de casa às oito horas, seguindo para o centro da cidade. Não demorou muito para que encontrasse o que procurava.
O Mancini’s realmente não se tratava mais de um restaurante. Era um movimentado estabelecimento onde muitos dos habitantes de Middletown iam para comer, beber, ouvir música e se descontrair.
Heather estacionou seu veículo ali perto. Desceu do automóvel e seguiu para a entrada do local. Empurrou as portas de vidro e deu alguns passos adiante, vendo-as se fechar logo em seguida.
Right now he`s probably slow dancing with a bleached-blond tramp and she`s probably getting frisky…
A agradável e hipnotizante voz da figura feminina que se encontrava no pequeno e improvisado palco do estabelecimento tomava conta do ambiente.
Heather olhou ao redor com seus olhos irradiando curiosidade. Passou seus olhos por cada canto daquele lugar até que, de forma inesperada, pousou-os sobre o conhecido que se encontrava sentado à uma mesa não muito distante dali.
Right now he`s probably buying her some fruit little drink ‘cause she can`t shoot whisky...
Acompanhado de duas desconhecidas, Frank Palmer exibia um sorriso esbanjando toda sua satisfação enquanto girava um copo de bebida na mão direita. Seus olhares se cruzaram e Heather se repreendeu mentalmente por ter deixado que ele notasse sua presença.
– Ora, mas vejam só quem eu encontrei. – uma voz soou atrás dela. Heather virou-se para trás e se deparou com o próprio. – Está sozinha?
Ela o encarou por rápidos segundos e fez esforço para sorrir.
– Ahn... Sim. Estou.
– Não mais. – passou seu braço por cima do ombro dela. – Por favor, me acompanhe.
Heather involuntariamente deixou-se guiar por Frank Palmer. Sentaram-se à mesa e ele fez um sinal com os dedos para que as outras duas mulheres se retirassem dali. Elas obedeceram apressadamente.
Right now he`s probably up behind her with a pool-stick, showing her how to shoot a combo…
– Heather, Heather... – ele cantarolou o nome dela, ainda sorrindo. – O que você tem de tão especial que faz com que eu me sinta incapaz de tirá-la da cabeça?
– Guarde suas falas ensaiadas para as ingênuas garotinhas que está habituado a enganar. – ela dirigiu-lhe um sorriso irônico.
– Ora, não banque a durona. – Frank chamou um garçom e pediu uma garrafa de whisky. – Fico feliz em vê-la aqui.
– Eu disse que íamos nos encontrar muitas e muitas vezes.
– Pois é. – o garçom tornou a reaparecer. Depositou dois copos e uma garrafa sobre a mesa, afastando-se deles em seguida. – Eu a vi na casa de Jodie outro dia. – comentou ele despejando a bebida em ambos os copos.
– Meu carro havia quebrado. – ela respondeu tomando posse de um dos copos cheios. – Precisava de um telefone.
– Entendo. – ele pegou o outro copo. – Bem, à que brindaremos?
– Aos possíveis encontros que teremos depois deste. – Heather respondeu, erguendo seu copo. Havia uma cega convicção em seus olhos.
– Me parece muito certa de que voltaremos a nos ver.
– De fato. – respondeu. – Mas algo me diz que ainda temos muito que conversar. Consequentemente nos veremos.
Ele sorriu novamente e eles brindaram, virando os copos ao mesmo tempo. Ele olhou indiscretamente para as pernas dela e Heather teve de se esforçar para não expressar sua repulsa. Estava segura de que Frank Palmer era o mais provável de todos os suspeitos. Era como se isto estivesse escrito em sua testa. Analisou-o por algum tempo.
– Conhece Alex Montini? – ela perguntou. Os olhos dele esboçaram surpresa e menosprezo.
– Montini? – inquiriu. – Bem, infelizmente. Estudávamos juntos no colegial.
– Eram amigos?
– Pelo visto você não sabe muito sobre ele. – Frank disse em tom debochado. – E nem sobre mim.
Sei mais do que imagina.
– Mas por que esse interesse nele? – ele continuou falando. Heather não respondeu. – A noivinha dele não ficaria nada alegre se soubesse que outra mulher está interessada nele.
– Não estou interessada nele. – declarou com severidade.
– Ainda bem. – Frank emitiu um breve sorriso. – Aquele filho da mãe não é homem o suficiente para você. – encheu mais um copo e esvaziou-o rapidamente.
– Jodie é sua namorada? – perguntou Heather.
– Não exatamente. – respondeu ele. – Na verdade, não faz muita diferença. Eu não preciso dela. Pelo menos não tanto quanto ela aparentemente precisa de mim.
– Isso soa cruel.
– Sou realista.
– Deve partir o coração de todas as garotas da cidade.
– Não é minha culpa. – ele riu. – Elas não são como você.
– Como eu?
– Sim. Você é esperta. – Frank encheu mais um copo. – E não tem medo de se divertir.
Heather emitiu um sorriso forçado.
– Se importa se eu for ao banheiro?
Ele fez que não com a cabeça e ela se afastou. Heather entrou no banheiro às pressas e encostou-se à pia, abrindo a torneira. Jogou água contra seu rosto e admirou sua imagem no espelho. Respirou fundo. Uma vez. Duas. Três.
Manteve-se calma e então arrancou algumas toalhas de papel da caixa presa à parede, ao lado da pia, e enxugou o rosto com cuidado. Respirou fundo mais uma vez e retirou-se dali. Voltando a se sentar com Frank Palmer, notou que ele a recebeu com seu mais encantador sorriso.
– Bem, mas... Você estava falando a respeito de Rose. – Heather mudou de assunto de modo inesperado. – A noiva de Alex.
– Sim, sim. – ele balançou a cabeça. – A doce e angelical Rose.
– É mesmo?
– Rose sempre foi uma idiota. – ele esvaziou o copo em poucos segundos e o depositou sobre a mesa novamente. – No colégio era a garota que todos evitavam. O tempo todo. Mal falava com as pessoas.
– Então você já a conhecia antes, no colégio...
– Claro.
– E quando foi que ela se tornou a noiva de Alex Montini?
– Um bom tempo depois que... – ele parou de falar. Seu rosto mudou de expressão. Ele virou a garrafa de whisky sobre os copos de novo. – Deixa pra lá.
– Tudo bem. – Heather esforçou mais um sorriso e tomou seu copo em um só gole.
Olhou ao redor. Não tinha visto Alex Montini desde que chegara ao local. Perguntou-se então por que Emma teria lhe permitido ver aquela lembrança.
De repente, sua visão tornou-se um tanto embaçada. Tinha dificuldade para enxergar. Sua audição processava os sons de modo estranho, eles penetravam seus ouvidos todos embaralhados.
– Heather? – ouviu seu nome sendo chamado. Longe. Muito longe. – Você está bem?
Ela sentiu-se atordoada, perdida em meio a sons e imagens que ela não conseguia distinguir umas das outras.
– Venha. – sentiu que uma mão a segurava pela cintura, guiando-a por entre inúmeras sombras que se moviam lentamente ao seu redor.
Em seguida, ela sentiu que alguém a posicionava dentro de algo que lhe parecia um automóvel. Estava sentada em um banco. Sua cabeça doía como nunca.
Sentiu lábios desconhecidos se comprimirem contra os dela de forma brusca. Uma mão deslizava por debaixo de seu vestido.
– Não... – ela murmurou. Era a única palavra que fora capaz de articular. Um misto de estranhas sensações tomava conta de sua mente. Sentia-se fora de órbita. Seus olhos estavam fechados, pois não conseguia ver nada mesmo se tentasse mantê-los abertos.
– Shh... Quietinha. – sussurrou uma voz. Era assustadoramente inebriante.
– Não quero... – Heather tentou, sem sucesso, se desvencilhar da mão que subia por seu corpo. Frank Palmer estava demasiado distraído e bêbado para perceber a presença que se aproximava dele apressadamente.
Sentiu que o puxavam para fora de seu conversível violentamente, derrubando-o ao chão.
– Seu maldito filho da mãe! – Alex Montini montou em cima dele e lhe desferiu um soco no meio do rosto. Frank sentiu duas mãos apertando-lhe a garganta com brutalidade.
Estavam do outro lado da rua.
O carro estacionado no escuro.
Ninguém ao redor. Seria o momento perfeito para dar um fim na vida de alguém tão desprezível quanto Frank Palmer. Mas não era a coisa certa a se fazer. Alex sabia disso. Saiu de cima dele e o observou com a boca ensanguentada.
– Você... É um... Homem morto... – disse Frank com muita dificuldade.
Alex ignorou sua ameaça banal.
Olhou para o corpo fraco e imóvel no banco do passageiro do carro parado ao seu lado. Aproximou-se com cautela.
Passou seus braços por debaixo das costas dela e a carregou para fora do veículo. Afastou-se daquele lugar com Heather nos braços, sem olhar para trás.
Seguiu caminhando até conseguir um táxi. Depositou-a no banco e sentou-se ao seu lado, dando instruções ao motorista. Em menos de dez minutos, o táxi parou em frente à sua casa. Alex entregou algumas notas para o taxista e saiu do carro, cuidadosamente guiando Heather para fora do veículo.
Fê-la apoiar-se sobre seus ombros e a conduziu até a porta de entrada de sua residência, ouvindo o taxista partir com o automóvel. Alex retirou um molho de chaves do bolso de sua calça e colocou uma delas na fechadura da porta, abrindo-a. Levou Heather para dentro, fechando a porta.
Com muita cautela, ajudou-a a subir as escadas, degrau por degrau até chegar ao seu quarto. Acendeu a luminária em sua mesa e, ainda com Heather apoiada em seus ombros, deitou-a gentilmente sobre sua cama. Tirou-lhe os sapatos e endireitou o vestido dela. Ajeitou sua cabeça sobre os travesseiros e cobriu-a com um confortável cobertor.
Certificou-se de que ela adormeceria sem ser incomodada e deixou-se cair na poltrona ao lado da cama, onde também acabou adormecendo.
Frank pôs-se em pé, cambaleando e resmungando. Passou a mão pela boca e sentiu o quente e salgado sabor de seu próprio sangue. Caminhou até seu carro, onde se deparou com algo que não soube dizer se era real ou resultado do quão alcoolizado estava. Encravadas nos bancos de couro de seu conversível, como se tivessem sido feitas com algum objeto cortante, quatro letras fizeram com que Frank se sentisse aterrorizado.
Ele aproximou seus olhos dos bancos para ter certeza. E lá estava. Apesar de se encontrar completamente bêbado, ele não deixou de reconhecer aquele nome.
Emma.
Passou os dedos pelos buracos feitos nos bancos de couro. Aquilo só poderia ser brincadeira.
E de muito mau-gosto.
Prévia do próximo capítulo
[A MÚSICA TEMA SERÁ INSERIDA NO DECORRER DO CAPÍTULO, ASSIM VOCÊS PODERÃO DAR O PLAY QUANDO ELA REALMENTE DEVE TOCAR, OK?] ________________________________________________ Heather abriu seus olhos lentamente. Sua cabeça ainda doía. Muito. Mas não tanto quanto antes. Os raios de sol fizeram arder seus olhos e ela sent ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 2
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ceeh Postado em 02/06/2014 - 21:48:29
Sabe eu sinceramente adorei. A história é muito boa misturando tudo. Pensei até que o assassinato de Emma foi por Heather (nem sei escreve, repara não)e não entendi o porque de todos a adiarem daquele jeito. Eu mesma já me senti sozinha e muitas pessoas viraram as costas para mim mas eu nunca fiquei tão sozinha quanto Emma ficou. Ela criou uma segunda personalidade para se defender de tudo o que sofrera. Para não ser mais fraca. E como adorei tudo cada detalhe e como jogou com o leitor revelando alguns mistérios mas deixando outros ocultos. Gostaria muito de ler outra historias suas e finalmente li algo realmente bom. E você nem usou personagens famosos, sua historia é famosa e quem não leu só perdeu. De sua fã Ceeh.
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ceeh Postado em 01/06/2014 - 14:19:15
Aiin... Que web mais perfeita. Eu me senti como a própria personagem e você escreve bem demais. Por favor não abandone a história, eu já estou amando tudo nela principalmente os detalhes. Continue...