Fanfics Brasil - Capítulo XXV - Dig Up Her Bones Fixed At Zero

Fanfic: Fixed At Zero | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass


Capítulo: Capítulo XXV - Dig Up Her Bones

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MÚSICA TEMA DO CAPÍTULO.


_________________________________________________


Trevor Williams voltara a si depois de mais um longo intervalo de tempo. Intervalo cujo qual ele passara dormindo contra a sua vontade. Abrira os olhos. Ainda encontravam-se vendados.


A venda ao redor de seu rosto apertava-lhe a cabeça, causando-lhe uma terrível enxaqueca. Todo o seu corpo estava dolorido. Seus pulsos ardiam, pois a corda que os prendia para trás da cadeira lhe apertava o sangue violentamente.


A voz que antes lhe falara em tom irônico e debochado agora proferia palavras de ameaça em tom autoritário – aparentemente – ao telefone.


– O prazo se esgota hoje. – dizia a voz. Parecia estar dando instruções, ordens. – Hoje apagaremos aquela garota. Sim.


Trevor sentiu a angústia e o desespero invadirem-no. Tentou com todas as suas forças se manter imóvel, temendo que eles voltassem a lhe injetar aquilo que fazia com que ele adormecesse. Há exatos dois dias ele não se alimentara.


Raramente o dono da única voz que ele ouvira desde que chegara àquele local lhe proporcionava o alívio de matar sua sede em um copo com água. Sentia-se demasiadamente fraco. Não apenas pelas drogas que haviam injetado em seu corpo desde então, mas também pelo sono. Pela fome. Pelo desespero que o consumia violentamente.


Todavia, precisava se acalmar. Precisava pensar. Agir. Sua mente funcionava de modo lento devido às circunstâncias nas quais se encontrava.


Ainda assim, com muita paciência, tentando conter a angústia que – aos poucos – não o deixava se concentrar, Trevor começara a procurar por uma solução. Uma saída. E então percebeu que era isto. Era este o primeiro passo a ser dado. Sair dali.


–--


Heather encarou seu telefone, segurando-o por debaixo do volante de seu carro. Não dormia de verdade há dois dias. Tampouco conseguia se alimentar normalmente.


Dois dias...


Se deu conta de que o prazo acabaria naquela mesma noite. Eram 16h17min. Ela constatara isto ao consultar o visor de seu celular. Sentia-se completamente desesperada, ainda que não deixasse isso transparecer. A angústia a sufocava. Ainda mais ao perceber que o telefone não tocara há muitas e muitas horas.


Tentou imaginar o que eles estariam planejando desta vez. Claramente eles havia dado à ela um prazo maior para brincar com sua mente. A fotografia no banheiro do colégio e os sussurros na igreja, causando em Heather o medo e o terror, eram o entretenimento daquelas pessoas. Das pessoas que provavelmente fizeram parte do assassinato de Emma.


Heather culpava estas mesmas pessoas pela vida miserável que vinha vivendo desde que conseguia se lembrar. Pelos ataques que sofria sempre que Emma entrava em contato com ela. Pelos anos que passara trancada na Jones & Johnson. Por tudo o que vivera desde então. Heather guardara dentro de si um ódio imenso que agora precisava encontrar uma forma de escapar antes que acabasse consumindo-a.


Causando em Heather uma breve sensação de alívio, o som do celular soou. Alto e estridente. Sem pensar duas vezes, ela atendeu, posicionando-o contra sua orelha. Não disse nada, esperando que a pessoa do outro lado da linha se manifestasse primeiro.


– Seu prazo se esgota hoje. – assegurou o desconhecido.


– Sei disso. – Heather respondeu com convicção.


– Já sabe o que tem de fazer caso queira seu médico de volta. – afirmou a voz. – Terá de sair da cidade.


– Bem sabe que aceitarei o que me propor desde que poupe a vida dele. – ela declarou firmemente. – Ele não tem nada a ver com tudo isso.


– Nos vemos dentro de uma hora, na saída da cidade. Esteja com suas malas prontas. – ordenou. – Não haverá volta.


Heather não respondeu e a ligação foi encerrada. Ele havia lhe dado as mesmas instruções antes. Antes de adiar o encontro. Antes de lhe proporcionar mais dois dias de prazo. Heather temia que a pessoa adiasse aquele encontro mais uma vez. Se antes ela já se sentia desesperada, agora não sabia mais o que fazer. Ou o que pensar.


Encarou seu telefone mais uma vez. Instintivamente discou alguns números e ficou à espera.


– O que houve? – a voz de Alex Montini soou do outro lado da linha.


Heather não soube como pedir sua ajuda. Não depois do que ocorrera entre eles. Sentia-se imensamente desconsertada. Estava certa de que o tinha magoado com sua atitude. Pela primeira vez, Heather receava ter causado dor em alguém. Com a voz trêmula e receosa, ela declarou:


– Preciso de você.


Ela ouviu Alex se sentir incomodado com aquela afirmação. Precisava dela pelo menos tanto quanto ela dele. Porém, em situações diferentes. Ouviu-o pigarrear e soltar um suspiro curto e rápido.


– Diga-me o que aconteceu.


– Me encontrarei com eles hoje à noite. Em uma hora. – explicou ela. – Preciso de você, Alex.


Desta vez foi Heather quem se sentiu incomodada ao ouvir o som da própria voz dizendo o nome dele.


– Estão armando algo para cima de você. – asseverou Alex. Sua voz era ríspida, deixando claro para Heather que ele não estava muito feliz com ela. – Está louca se pensa em ir ao encontro deles.


– Talvez eu esteja. – disse. – Mas não permitirei que a vida de outra pessoa seja envolvida em algo que só diz respeito a mim.


– Entretanto quer que eu a acompanhe. – ele pareceu ironizar o que ela havia dito. – Está envolvendo a minha vida nisto.


– Você mesmo disse que me ajudaria. – ela o fez se lembrar de sua promessa. – Olhe, se está com raiva de mim, eu entenderei. Mas não deixe que isto nos impeça de descobrir quem assassinou Emma. – Heather dizia com severidade. – Foi ela quem me mostrou que eu podia confiar em você. Não me decepcione agora que eu finalmente decidi fazer o que ela me pediu.


Alex sentiu uma onda de surpresa o invadir. Em outras palavras, Heather acabara de afirmar que confiava nele. Aquelas haviam sido as palavras mágicas para que ele deixasse sua frustração se esvair, novamente dando lugar ao afeto que tinha por ela.


– Estamos juntos nessa, Heather. – ele declarou em tom firme. – Pode contar comigo.


Heather emitiu um sorriso, aliviada. Tudo daria certo. Tinha de dar certo. Apertou o aparelho celular com força ao ouvir a decisão de Alex. Ele a ajudaria. Emma tivera razão, afinal de contas.


Alex Montini era uma boa pessoa.


– Estarei passando por sua casa quinze minutos antes de partir para a saída da cidade. – avisou ela.


– De acordo. – Alex respondeu, encerrando a ligação.


Heather respirou fundo, preparando-se para o que viria a seguir. Em uma hora as coisas seriam colocadas às claras. Em uma hora ela estaria frente à frente com o possível assassino de Emma.


A pessoa a quem ela culpava por todos os solitários e confusos anos que passara trancafiada em uma clínica psiquiátrica.


A resposta para todas as suas perguntas.


–--


Preso à uma desconfortável cadeira que o forçava a se manter sentado, Trevor Williams decidiu-se. Estava na hora de agir. A voz que ele já vinha ouvindo ao longo dos dois dias que se seguiram voltara a soar.


– Heather Stevens... – disse a voz. – Heather McLean... Foi internada em um hospital psiquiátrico em Hartford há quinze anos. Não é de se admirar que ela aja como maluca. – soltou uma risada de deboche. – Então você a conheceu neste hospital psiquiátrico, não? – o sujeito aproximou-se de Trevor, proferindo palavras com o melhor de seu sarcasmo. – Quantas vezes você se divertiu com ela na cama daquele hospital?


Trevor Williams entendeu então que poderia fazer um jogo com a mente de seu sequestrador. O sujeito provavelmente estava sob pressão, com a mente recheada de ideias sem coordenação alguma.


– Deve estar molhando as próprias calças de tanto medo, suponho eu. – ele fez um comentário aleatório esperando causar uma reação diferente no desconhecido que lhe falava.


– De que diabos está falando? – perguntou a voz elevando seu tom.


– Heather já sabe quem é o assassino de Emma Connors. – declarou com falsa convicção. – São vocês quem estão nas mãos dela e não o contrário.


– Impossível! – disse o homem rindo nervosamente. – Não há como ela saber.


– Sinto lhe informar, mas, sim, há um modo de saber. E ela já sabe. – explicou o médico com toda a calma. – Ela os entregará à polícia muito em breve.


– Está dizendo besteiras. – ele afastou os passos e Trevor pôde ouvir que ele andava de um lado para o outro, deixando óbvio que estava ficando transtornado.


– Heather tem vocês nas mãos. – Trevor prosseguiu seriamente, vendo seu jogo de palavras dar certo. – Ela sabe exatamente o que aconteceu. E sabe quem foi o autor de toda aquela crueldade.


– Não! – ele ouviu o sujeito fazer uma objeção. – Ela não sabe de nada. Não se lembra de nada. Não pode se lembrar.


Trevor percebera a ênfase colocada na última sentença. Mas tinha de continuar usando toda a sua persuasão para ver até onde o sujeito era capaz de chegar.


– Heather sabe muito bem quem assassinou Emma.


Sentiu que a pessoa aproximava-se rapidamente, ameaçando agredi-lo. E então ele interveio:


– Faça isto se quiser! Mas todos vocês que estão envolvidos naquele homicídio pagarão por seus crimes. Nada impedirá Heather de entregar vocês.


– Filho da mãe! – exclamou a voz.


Trevor manteve-se calmo, atento à cada som emitido pelos movimentos da pessoa que lhe falava, pois não podia ver com seus olhos vendados.


Lentamente, ele sentiu que o desconhecido avançava para ele novamente, como um animal à espreita. Estava na hora de reagir. Antes que o punho do sujeito lhe acertasse o rosto, Trevor reuniu todas as forças que ainda lhe restavam e colocou-se em pé.


Com as mãos ainda presas à cadeira, ele girou seu corpo bruscamente, seguindo seus instintos e a direção do som. Numa fração de segundos, sentiu que o móvel atingira algo.


Ouviu um urro de dor.


Seguiu a direção do som novamente, avançando a cadeira – ainda presa às suas costas – para a pessoa que agonizava. Atingiu-lhe com a cadeira cinco vezes, até que os sons cessaram. Rapidamente, sem pensar muito, pois não havia tempo, Trevor recuou, correndo em alta velocidade até colidir de costas contra uma parede.


Sentiu a cadeira se despedaçar, não se importando com a dor que sofrera devido ao impacto.


Apesar de ainda se encontrar com os braços amarrados para trás, agachou-se e passou com os dedos pelo chão, tateando às cegas até encontrar algo que ele julgara ser um pedaço de madeira. Constatou que este era áspero e pontiagudo. Com muito cuidado, porém apressado, Trevor passou com o pedaço de madeira pelas cordas que lhe apertavam o sangue.


Livrando-se completamente das cordas, ele retirou a venda de seus olhos. Um tecido sujo e com aspecto terrivelmente nojento. Jogou-o para longe.


Ainda que o sol já estivesse se pondo, Trevor sentiu uma quase insuportável ardência em seus olhos ao sentir a luz os invadindo aos poucos. Há dois dias não via nada. Olhou ao redor. O lugar parecia um galpão abandonado. As paredes e o chão estavam imundos. Havia prateleiras vazias por toda parte.


À sua frente jazia o corpo de seu sequestrador.


Morto ou apenas desacordado, o desconhecido não fazia mais diferença. Não naquele momento. Trevor sabia que não havia tempo para se recuperar ou pensar. Não havia tempo para se preocupar consigo mesmo. Tinha de avisar Heather. Avisá-la de que o suposto encontro entre ela e os sequestradores era na verdade uma armadilha. Tencionavam matá-la.


Ao lembrar-se desta possibilidade, Trevor Williams pôs-se em pé segurando-se à parede. Com muita dificuldade, pois ainda sentia-se demasiadamente fraco e atordoado, ele retirou-se do local onde passara os dois piores dias de toda a sua vida. Saindo por uma entrada sem portas, Trevor deparou-se com inúmeras árvores e plantas.


Os animais noturnos invadiam o ambiente com seus sons. Sem hesitar, ele adentrou o que mais parecia uma floresta, procurando por uma saída o mais rápido possível. Não podia parar. Não podia olhar para trás. Tinha de chegar à cidade a tempo.


De dentro do galpão que ele acabara de deixar, o corpo estirado no chão movimentou-se. Cautelosamente, com um breve movimento de seu braço, retirou um aparelho celular do bolso traseiro de sua calça. Apertou um único botão e segundos depois declarou:


– Apaguem-na.


–--


Heather seguiu com seu automóvel até a residência de Alex Montini. Buzinou duas vezes, aguardando qualquer sinal de que ele a acompanharia. Poucos minutos depois o viu sair de sua casa, trancando a porta por fora.


Seus passos eram rápidos e ansiosos, entretanto ele demonstrava um pouco de nervosismo em seus olhos. Um nervosismo que Heather não deixara de notar. Alex abriu a porta do carro, instalando-se no banco do passageiro ao lado dela.


– Pronta? – indagou.


– Lhe faço a mesma pergunta. – disse Heather sem olhar para ele.


– Acho que sim. – assegurou firmemente. – Está quase na hora.


Sem responder, Heather girou a chave na ignição e pisou no acelerador. O carro arrancou bruscamente, mas ela manteve a velocidade controlada. Ainda lhe faltavam quinze minutos. Quinze minutos para chegar à uma conclusão. Talvez o fim de todo aquele mistério.


O mistério que envolvia tanto a morte de Emma Connors quanto a vida da própria Heather. Estava completamente segura de que uma vez que desvendasse o enigma por trás do assassinato de Emma, tudo faria sentido em sua vida. Desvendaria também os segredos de seu passado. Havia um tumulto de sentimentos correndo por suas veias.


Desejava acabar de uma vez por todas com toda aquela angústia. E antes de tudo, queria ter certeza de que Trevor estava vivo.


Dominada pelo receio e também pela inquietude, Heather segurou o volante de seu carro com força, fixando seus olhos no asfalto conforme seguia pelas ruas que a guiariam para a saída de Middletown.


A saída da cidade estava vazia. Sombria. O perfeito cenário para uma cena de horror. Fora exatamente isto o que Heather pensara ao chegar ao local. Estacionando seu carro ao lado da estrada que levavam as pessoas para fora da cidade, Heather bufou.


Pegou sua bolsa de couro preta de onde tirou seu telefone. Consultou as horas no visor. Faltavam dois minutos. Respirou fundo, deixando transparecer sua ansiedade.


– Creio que chegamos a tempo. – comentou Alex com muita calma. Sua calma causara ainda mais angústia em Heather. Ela virou-se para olhar para ele.


– Faltam dois minutos.


– Heather, isto é realmente loucura. E você sabe disso. – ele disse de forma severa.


– Não importa. – respondeu ela. Parou de fitá-lo, observando a estrada pelos vidros de seu carro, apreensiva. – Nada mais importa.


Estou sozinha. Concluiu em seus pensamentos. Tiraram-me tudo o que eu tinha. Tudo em que eu podia me agarrar. O único em quem eu realmente podia confiar.


Em meio a estes mesmos pensamentos que natural e involuntariamente eram encaminhados para sua mente, Heather chegou à irônica conclusão de que não seria capaz de confiar em Alex Montini. Não como confiava em Trevor Williams.


E mais irônico ainda era o fato de que ele costumava ser o único a aliviar toda a sua ansiedade e seu pânico. E agora era por causa dele que ela sentia aquelas mesmas sensações. Tentou se manter calma, respirando fundo várias vezes.


Mas todo aquele esforço fora por água abaixo assim que ela ouviu o som de um motor. Um veículo se aproximava. Pelo espelho retrovisor ela avistou faróis acesos avançando em sua direção. Heather começou a se agitar no banco do motorista. Sentiu que uma mão pousava sobre seu braço. Virou-se para encarar Alex.


– Fique calma. – ele discretamente levantou a jaqueta que cobria o bolso de sua calça.


Nele encontrava-se um revólver. Os olhos de Heather estavam arregalados, surpresos. Foi quando ela descobriu o motivo pelo qual, na última vez em que tencionaram se encontrar com os sequestradores, Alex havia lhe pedido para passar em sua casa antes. Para que ele pudesse pegar algo.


Agora Heather sabia perfeitamente do que se tratava e descobriu-se indignada.


– Por quê? – ela perguntou.


– Porque não confio neles. – respondeu em tom rude. – E você também não deveria confiar.


Heather soltou um suspiro, dizendo:


– Nós não precisaremos d... – o som de um tiro soou. Alto. Estrondoso. Assustador.


Antes que a bala atingisse o vidro traseiro do carro de Heather, ela sentira que alguém a empurrava para baixo. O carro estremecera, mas os vidros não haviam se estilhaçado. Estes eram blindados. Heather levantou a cabeça devagar.


Alex viu os olhos dela esbanjarem surpresa e terror. Com muito esforço, Heather tentava coordenar as ideias enviadas rapidamente para sua cabeça.


– Você está bem? – Alex perguntou. Havia forçado ela a se abaixar assim que notara que algo estava prestes a acontecer.


Sem dar a ele uma resposta, Heather girou a chave e tomou posse do volante de seu carro, afundando seu pé no pedal do acelerador. Seu carro arrancou de forma bruta, causando um estridente som nos pneus.


Seguiu para a estrada à sua frente sem raciocinar propriamente. Estava desesperada. Verdadeiramente desesperada. Atingindo o limite máximo de seu veículo, Heather respirava ofegante. Suor escorria por seu rosto, misturando-se às lágrimas de pânico que começaram a brotar de seus olhos.


– Não vão me pegar... Não vão me pegar... – repetia ela. Havia um olhar insano em seu rosto. Alex a observava falar sozinha enquanto guiava em extrema velocidade pela estrada escura. Ele virou-se para trás. O veículo de onde a bala partira os estava seguindo.


– Heather! – gritou na esperança de salvá-la de seu choque. – Heather, precisa me escutar!


– Não! Não! – ela soluçava aos gritos, sem deixar de conduzir seu automóvel. – Não vão me pegar! Não!


Alex não soube que atitude tomar. Seu impulso era de telefonar à polícia, mas lembrou-se do que levava consigo. Pousou a mão sobre o revólver, retirando-o de seu bolso.


Virou-se para trás, apoiando as mãos sobre o banco do carro, segurando a arma. Suas mãos tremiam. Jamais fizera aquilo antes. Apontou para onde o motorista do carro provavelmente estaria sentado. Era impossível ter certeza, pois o veículo que os seguiam também possuía vidros escuros.


Alex fechou os olhos e respirou fundo, lentamente pousando seu dedo sobre o gatilho. Heather ainda falava consigo mesma, como se fizesse uma prece à sua própria mente. A voz dela misturou-se com o som do motor acelerando, fundindo-se também com o som do carro que seguia logo atrás.


A mente de Alex tornou-se uma verdadeira confusão. Ele não conseguia encontrar seu foco. Prendeu a respiração e depois deixou que o ar escapasse, deixando-se cair sobre o banco.


– Não posso... – suspirou.


– Não é você quem eles querem. – disse Heather. Seus olhos estavam vidrados na estrada. Suas mãos apertavam o volante com brutalidade. Seu pé estava fincado no pedal do acelerador. – Eles querem a mim. – subitamente ela jogou seu corpo para o lado, mantendo apenas uma mão no volante.


Com a outra, ela puxou a maçaneta da porta do lado do passageiro. Alex sentiu o desespero tomar conta dele assim que a porta se abriu com o carro em movimento.


– Saia. – ordenou ela, voltando a colocar ambas as mãos sobre o volante. – Saia agora!


– Heather, está louca. Não posso fazer isso.


– Não deixarei que coloquem outra vida em risco por minha causa. – afirmou seriamente. – Saia!


– Não! – ele respondeu. Estava pelo menos tão assustado quanto ela evitava demonstrar.


– Saia desse maldito carro! Agora, Alex! Saia! – ela virou-se para ele e viu que ele emitia um gesto negativo com a cabeça, incapaz de responder. – Merda! Saiaagora!


– Não, Heather!


Heather tomou ar e violentamente jogou seu corpo contra o dele, projetando-o para fora do carro. Sem olhar para trás, Heather seguiu com seu veículo, acelerando ainda mais. Era uma corrida. Uma verdadeira corrida da morte.


Ela constatou pelo espelho que o carro continuava a segui-la. Sentiu um breve alívio. Era realmente ela quem eles queriam. Ouviu o estrondo de outro tiro soar logo atrás dela. Seu corpo se abalou com o susto.


Contudo, o tiro não atingira seu veículo.


Ela seguiu acelerando até que outro tiro soou. Sentiu-se envolta em pleno pânico assim que percebeu que não conseguia mais manter o controle de seu carro. Haviam acertado um dos pneus. Tentou desesperada e inutilmente manter seu automóvel na pista, mas este acabou rodando bruscamente. Heather viu imagens e ouviu sons ao mesmo tempo. Todos misturados.


Aquilo tinha uma breve semelhança com o que ela sentia toda vez que Emma entrava em contato com ela. O automóvel girou no ar, como um ballet mortal, capotando uma. Duas. Três vezes no total, parando no acostamento da estrada.


Consequentemente o veículo que vinha logo atrás parou. Estacionou-se próximo ao carro de Heather que agora se encontrava completamente destruído. Do veículo desconhecido uma figura surgiu, descendo do mesmo.


Aproximou-se do carro de Heather com um sorriso no rosto. Seus passos eram silenciosamente cautelosos. Chegou mais perto, até alcançar o lado do motorista do carro.


Passou com seus olhos por todo o interior do veículo destruído. Inesperadamente concluiu que este se encontrava vazio.


Sem esboçar qualquer tipo de reação, o indivíduo retirou um telefone celular do bolso. Apertou um botão e aproximou o aparelho de sua orelha.


– A garota continua viva. – anunciou. – Desapareceu.



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 2



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  • ceeh Postado em 02/06/2014 - 21:48:29

    Sabe eu sinceramente adorei. A história é muito boa misturando tudo. Pensei até que o assassinato de Emma foi por Heather (nem sei escreve, repara não)e não entendi o porque de todos a adiarem daquele jeito. Eu mesma já me senti sozinha e muitas pessoas viraram as costas para mim mas eu nunca fiquei tão sozinha quanto Emma ficou. Ela criou uma segunda personalidade para se defender de tudo o que sofrera. Para não ser mais fraca. E como adorei tudo cada detalhe e como jogou com o leitor revelando alguns mistérios mas deixando outros ocultos. Gostaria muito de ler outra historias suas e finalmente li algo realmente bom. E você nem usou personagens famosos, sua historia é famosa e quem não leu só perdeu. De sua fã Ceeh.

  • ceeh Postado em 01/06/2014 - 14:19:15

    Aiin... Que web mais perfeita. Eu me senti como a própria personagem e você escreve bem demais. Por favor não abandone a história, eu já estou amando tudo nela principalmente os detalhes. Continue...


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