Fanfics Brasil - Capítulo XXVI - Give You What You Like Fixed At Zero

Fanfic: Fixed At Zero | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass


Capítulo: Capítulo XXVI - Give You What You Like

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[A música tema será anexada no momento em que ela deve ser executada, ok?]


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Adquirindo uma cicatriz toda vez que atravessava um caminho completamente fechado por árvores e galhos, ela não parou de correr. O corpo encontrava-se cansado. Exausto. Seus ossos doíam. Todos eles.


A escuridão desfavorecia sua visão. O único som que podia ouvir era o de seus passos mesclados com os sons dos animais que provavelmente ali habitavam. Com muito esforço conseguia manter seu foco. Seus olhos abertos. Lágrimas escorriam incontrolavelmente por estes mesmos olhos, umedecendo seus lábios secos. O gosto era salgado.


A adrenalina corria por suas veias na medida em que avançava seus passos. Rápidos. Como se flutuassem pelos ares. A última vez em que se sentira assim fora em sua fuga.


O maior golpe de sorte de toda a sua vida.


Mas ela não conseguia mais continuar. Lentamente seus passos foram diminuindo o ritmo. Com o coração palpitando violentamente em seu peito, Heather respirou ofegante enquanto apoiava-se ao tronco de uma velha árvore.


Pousou ambas as mãos sobre os joelhos, inclinada para frente, tentando recuperar todo o fôlego necessário para prosseguir. Olhou para trás. Não havia ninguém. Então ela parou por um segundo para raciocinar. Colocando suas ideais em ordem, Heather percebeu que havia escapado da morte mais uma vez.


As lembranças do último acontecimento vinham à sua mente com clareza. Nitidez. Ela ainda podia sentir a terrível sensação de que morreria em questão de segundos. Mas aquilo não acontecera, de fato. Heather lembrava-se claramente do que fizera para enganar a morte mais uma vez.


Ter saltado para fora do veículo enquanto ele ainda girava no ar, capotando várias vezes em seguida, havia sido um feito e tanto. Os ferimentos causados por tal ato, por muita sorte ou talvez milagre, não eram tão graves quanto os que ela provavelmente sofreria caso continuasse dentro do carro.


Ela não soube dizer se o motorista do carro que vinha logo atrás havia visto seu corpo sendo projetado para fora do veículo milésimos antes da primeira volta no ar ser executada involuntariamente pelo automóvel.


De qualquer forma, estava certa de que agora eles procuravam por ela. Precisava continuar. Precisava encontrar uma saída.


Sem hesitar, Heather ergueu o rosto e respirou fundo. Tomou ar e continuou seu caminho sem rumo.


–--


Jodie Adams abriu seus olhos com muita dificuldade. Concluiu que se encontrava deitada no que provavelmente era uma cama. A luz penetrou seus olhos como facas, causando nela uma péssima sensação de desconforto.


Agitou-se lentamente e sentiu que alguém se aproximava. Com o rosto inclinado para olhá-la, Frank Palmer exibia uma expressão indiferente em seus olhos. Observou-a com desdém e declarou:


– Bem, vejo que acordou.


– O-onde estou? – indagou. O ato de falar causou nela uma terrível ardência na garganta seca.


– Hospital. – respondeu Frank sem parecer se importar muito. – Disseram que você caiu. Bateu com a cabeça. Sente-se bem?


Um breve flashback foi executado na mente de Jodie. Ela lembrava-se. Jamais esqueceria o olhar que lhe fora lançado quando sofrera o acidente em sua casa. Um olhar repleto de rancor. Ódio. Sede de vingança.


Era isto o que aquele olhar havia transmitido uma vez que se encontrara com o olhar de Jodie. Ela sentiu um breve arrepio ao lembrar-se daquele olhar.


– Estou bem... – disse num sussurro. A voz estava fraca. Ela estava fraca. Subitamente uma questão completamente aleatória surgiu em sua cabeça. Frank notou que o olhar cansado de Jodie emitia agora curiosidade e suspeita. – Onde você esteve? – inquiriu ela.


Ela viu a expressão de Frank se alterar. Ele franziu a testa e fixou seus olhos nos dela.


– Fui visitar um amigo em uma cidade vizinha.


– Que amigo? – Jodie perguntou. Ainda havia confusão em seus olhos.


– São negócios do meu pai, tá legal? – argumentou nervosamente. – Era um sócio dele, amigo da família. Tive que representá-lo. Meu pai esteve ocupado.


– Está cuidando dos negócios da família agora? – ironizou ela. Tentou rir para frisar ainda mais sua ironia, mas sentia-se demasiadamente fraca para tomar tal atitude.


– Olha só, isso não lhe diz respeito. – Frank soltou mais uma de suas grosserias. – Preciso ir. Vejo que ter vindo até aqui para me certificar de que você estava bem foi uma péssima ideia. – ele afastou-se da cama onde ela estava deitada. E então Jodie observou-o indo embora, batendo a porta do quarto do hospital.


Sentindo-se confusa, porém receosa, Jodie sentiu uma pequena ponta de remorso. Aquela havia sido uma das poucas vezes – ou talvez a primeira – em que Frank demonstrara-se preocupado com ela. Talvez não devesse ter agido de forma tão arrogante com ele. De qualquer modo, já estava feito.


–--


Heather encontrou abrigo em uma pequena construção abandonada no meio de todo aquele matagal. O local encontrava-se em estado crítico.


Era do tamanho de um cômodo comum. As paredes estavam quebradas e sua pintura descascando. Heather concluiu que alguém abandonara aquele lugar há muito tempo. Perguntou-se como e por que alguém construiria algo no meio de todas aquelas árvores. Bem, não fazia diferença. Deixou-se cair no chão assim que adentrou o local. Sua respiração era pesada.


Ela arfava enquanto tentava controlar os batimentos acelerados de seu coração. Estava escuro. Muito escuro. Era uma noite fria e evidentemente nada agradável.


Vestindo um jeans que lhe caía perfeitamente bem e uma blusa simples, Heather tremia de frio sentada no chão daquela construção. Aparentemente não havia mais ninguém ao redor. Sentiu o alívio tomar conta de seu corpo e de sua mente. Todavia, voltar para a cidade seria um tiro no escuro.


Quem quer que fosse a pessoa que havia a perseguido, certamente procuraria por ela em sua casa. Ela tinha de se esconder. Salvar a si mesma. Não podia morrer agora. Não antes de descobrir toda a verdade. A verdade sobre Emma e sobre seu próprio passado. Encolhida em um canto, tentando se manter aquecida, Heather decidiu que ficaria naquele mesmo lugar até se decidir. Pela manhã ela tomaria uma decisão.


Envolveu os braços ao redor dos joelhos e abaixou a cabeça. Estava cansada, muito cansada. Os olhos começaram a pesar, fechando-se lentamente. Deixou-se cair no sono. Ali. Sentada no meio da mais plena escuridão. Escuridão que, de certa forma, servia de consolo e abrigo para o desespero de Heather. Era irônico. Ela detestava a escuridão. Sentia-se sufocada toda vez que se encontrava em um ambiente escuro.


Não desta vez.


Caindo no sono, deixando sua mente vazia e seu coração congelado, Heather mergulhou em seu subconsciente. O descanso, entretanto, durou pouco tempo. Fora uma questão de poucos minutos.


Ela ouvira um som que soara próximo de onde ela estava. O mesmo som seguia repetindo-se lentamente. Várias vezes. Ela logo julgou saber do que se tratava.


Passos! Pensou. Estava agora totalmente desperta e atenta. Encontraram-me!


Silenciosamente Heather colocou-se em pé. Encostou-se à parede logo atrás e manteve-se cautelosa. Estava se aproximando. Ela nada podia ver. O escuro que minutos antes a confortava agora era seu inimigo.


Calada e hesitante, Heather manteve-se firme com as costas coladas à parede. Os passos aproximaram-se. Foram chegando mais perto. Mais próximos.


Iluminada pela luz fraca e pálida vinda do céu, uma sombra surgiu em frente à entrada da velha construção. Heather tentou recuar, mas aquele era seu limite. Continuou colada à parede, como se quisesse atravessá-la.


A sombra aproximava-se dela, vindo lentamente em sua direção. Cambaleando pelo caminho, a pessoa causou a súbita curiosidade de Heather.


– Por favor... – sussurrou a voz na escuridão.


O som soara fraco, quase inaudível. Contudo, Heather teria reconhecido aquela voz entre outras milhões. Cautelosamente ela começou a caminhar na direção do som. Seus passos eram mudos. Bem calculados, pois estava hesitante.


– Dr. Williams? – arriscou perguntar. Temia a resposta que viria em seguida. Um longo silêncio se prolongou, mas este logo foi quebrado.


– Oh, meu Deus... É você, Heather...?


Ela concluiu suas teorias. Um sorriso – resultado de um misto de alívio e surpresa – surgiu no rosto de Heather. Ela correu para ele, seguindo o som de sua voz e precipitou-se para pousar ambas as mãos sobre seus ombros.


Ao chegar tão próxima de Trevor, Heather finalmente teve plena certeza de que era ele, pois as leves luzes dos céus iluminavam o ambiente. Diante do rosto ferido do médico condizendo com todo o resto – resultado das agressões que sofrera –, Heather fitou-o com perplexidade. As mãos antes pousadas em seus ombros rapidamente subiram para o rosto dele.


– O que lhe fizeram? – indagou.


E sua voz soou trêmula, deixando transparecer todas as emoções que haviam sido acumuladas durante os últimos dias. Comovido com a reação dela, na emoção do reencontro, Trevor se esforçou para emitir um sorriso cansado.


Levou suas mãos para as mãos dela que se encontravam pousadas suavemente sobre seu rosto machucado.


– Eu... Eu ficarei bem... – ao notar o tom de voz fraco no qual ele falava, Heather precipitou-se em ajudá-lo a se acomodar.


– Venha. – colocando um dos braços dele ao redor de seus ombros, ela o guiou para dentro da construção abandonada. Em lentos e calmos passos, ela colocou-o sentado no chão, encostado à parede.


– Fique aqui, está bem? – disse Heather pacientemente. – Vai ficar tudo bem.


– Heather...


– Não fale. – interrompeu ela. – Precisamos de luz.


Heather colocou-se a pensar, procurando por uma solução. Logo uma resposta veio à sua mente. Ela virou-se para Trevor que se encontrava agora sentado no chão daquele local envolto em trevas e assegurou:


– Sei o que fazer. Você fica aqui.


– Não... Heather...


– Fique aqui. – declarou ela mais uma vez.


Trevor se calou. Tentar vencer uma discussão com Heather era perda de tempo. Sem hesitar, Heather saiu e, deparando-se com todas as árvores e plantas que envolviam o ambiente em que eles estavam, seguiu um caminho por entre as mesmas.


Ali perto ela recolheu tudo o que precisaria. Buscou por galhos de diversos tamanhos e mato seco. Retornou à velha construção minutos depois. Trevor ainda estava lá. Sentado. Exausto. Fraco. Heather posicionou os itens recolhidos no meio do chão e aproximou-se do médico.


– Quem estava com você?


– Eu... Eu não... Não sei, Heather...


– Não se lembra dos rostos? Das vozes?


– Estive com... Os olhos vendados... Todo o tempo... – ele tossiu violentamente. – Não vi... Nada...


Heather encarou-o aturdida. Imaginou os horrores que o haviam forçado a viver durante aqueles dois dias.


– Eu sinto muito. – disse ela.


– O que você... O que você trouxe...? – ele perguntou ainda com muita dificuldade.


Heather voltou à realidade de um súbito. Voltou-se para os galhos e matos secos. Juntando sua ideia ao ato, Heather tentou fazer com que uma fogueira se acendesse.


Sua tentativa fora em vão. Não havia qualquer combustível que pudesse abastecer o fogo. Trevor lentamente levou sua mão até o bolso da calça. Tal ato fez com que todo o resto de seu corpo estremecesse devido às dores.


– Heather... – chamou ele. Ela virou-se para encará-lo e encontrou-o com o braço estendido. – Meu celular não... Não funciona... Mas... A bateria...


Ela compreendera de imediato. Rapidamente apoderou-se do aparelho, retirando a tampa traseira e em seguida a bateria. Posicionou a bateria embaixo do mato seco e começou a fazer movimentos entre um pedaço de madeira e uma pedra.


O fogo demorou a surgir, mas depois de muitas tentativas, ele subiu alto, iluminando todo o ambiente num clarão inesperado, porém necessário. Heather afastou-se do fogo e colocou-se sentada ao lado de Trevor, recostando-se à parede.


– Deu certo. – sorriu pra si mesma. – Parece que você conhece mesmo todas as soluções, doutor.


Pelo fato de estar há dias sem comer ou dormir, todas as ideias enviadas para a mente de Trevor eram lentamente processadas. Como um conta-gotas enchendo o mar.


Após o primeiro impulso do reencontro entre eles, ele finalmente lembrou-se de seu propósito.


Virou-se para ela bruscamente, dizendo:


– Querem... Matá-la...


– Sim, eu sei. Mas acho que a sorte está ao meu lado. – esforçou outro sorriso. – Bem, ao nosso lado.


Ficaram ambos em silêncio. Seus olhares permaneceram fixos um no outro. Uma troca de emoções aconteceu. Algo que Heather não soube explicar. Afeto. Um sentimento mútuo.


Após um longo tempo fitando-o, Heather saiu de seu transe e observou a fogueira improvisada que acabara de fazer.


– Eu quero me desculpar. – disse de repente. – Na última vez em que nos vimos eu agi de forma totalmente irracional. Você tinha razão. Isto está ficando perigoso demais para mim.


Trevor juntou as forças que ainda estavam presentes em seu corpo e mente à sua infinita paciência antes de respondê-la.


– Nada é perigoso demais para você. – afirmou ele. – É muito corajosa. Talvez seja por isso que eu a admire tanto. Sempre admirei.


Heather não respondeu de imediato. Ficou observando o fogo por um longo intervalo de tempo. E então as palavras soaram antes que ela pudesse controlá-las ou filtrá-las em sua cabeça.


– Senti sua falta.


Trevor julgou ter ouvido mal, mas não ousou pedir para que ela repetisse o que acabara de afirmar. Ela certamente o negaria. Observou-a por segundos.


– E eu a sua.


A mente de Heather estava um verdadeiro tumulto. As emoções que até então ela vinha evitando ou tentando guardar dentro de si estavam escapando por entre seus dedos, fazendo com que ela perdesse o controle do que sentia e pensava. Sentiu os olhos começarem a ficar aguados. Tentou não piscar, temendo que uma vez que começasse a chorar, não fosse capaz de parar.


Mas a pressão que descia cada vez mais sobre sua cabeça era incontrolável. A pressão que ela colocava sobre si mesma, forçando-a a tomar quaisquer que fossem as atitudes necessárias para atingir seu objetivo. Para resolver todos aqueles problemas e finalmente seguir uma vida normal.


Uma vida normal... Jamais terei uma. Estou marcada para sempre. Marcada por um passado que desconheço.


E então, antes que ela pudesse tentar manter seu autocontrole, as lágrimas começaram a escapar, escorrendo por seu rosto. As lágrimas tornaram-se soluços. Insopitáveis soluços. Mas algo fez com que estes cessassem. Algo que Heather nãoouvira.


O silêncio que respondia às suas lágrimas era aterrador. Olhou ao seu lado e Trevor Williams parecia inconsciente. Aproximou-se dele, inclinando-se e chacoalhando-o pelos ombros de forma desesperada.


– Doutor, acorde! Acorde! – ela estava começando a ficar aflita, mas toda a sua angústia desapareceu quando ele voltou a si.


– O q... O que houve...? – sua voz agora soava mais fraca do que antes.


Ela deixou um suspiro de alívio escapar e afastou suas mãos dos ombros dele. Seus olhos se abriram por completo, assustados, assim que ela constatou que havia sangue em ambas as suas mãos.


– Vamos ter de cuidar de você antes de qualquer coisa. – asseverou ela.


Tornou a se inclinar sobre ele e, com mil cuidados, tratou de lhe desabotoar a camisa branca coberta por sujeira e parciais manchas de sangue. Afastou o tecido de um dos ombros dele, mas ficou atônita ao notar que o ferimento que sangrava se estendia por toda a extensão das costas dele.


Aquilo acontecera após a colisão proposital que ele causara entre a cadeira na qual estava preso e a parede. Transtornada, Heather observou os ferimentos, sentindo o remorso cair sobre ela.


– Me deixe ver isso. – aquilo soara como um pedido, mas ela não esperou que ele respondesse. Cuidadosamente retirou-lhe a camisa e depositou-a ao seu lado, no chão. Heather forçou-o a se sentar logo à sua frente, concluindo que os ferimentos eram, de fato, graves, levando em consideração as circunstâncias em que se encontravam.


– Merda... – Heather bufou. – Precisamos fazer algo antes que se infeccionem.


– Estou bem... – ele respondeu. Seu tom de voz entregava todos os pontos. Definitivamente ele não estava bem. E não ficaria bem se continuasse naquela situação. Heather fechou os olhos, tentando – à muito custo – encontrar uma solução para o problema que o destino lhe apresentara desta vez. Lembrou-se subitamente de algo que acontecera quando ainda estava na Jones & Johnson. Algo que ela ouvira. Uma conversa entre duas enfermeiras e um dos psiquiatras daquele hospital.


Heather teve a inesperada vontade de agradecer aos céus por ter se lembrado de algo tão aleatório e, ao mesmo tempo, tão necessário para aquele momento. Com os olhos semicerrados, Heather tomou posse da camisa de Trevor mais uma vez, e então posicionou seu rosto próximo ao tecido.


Com os lábios entreabertos, receosa, ela deixou que sua saliva escorresse para a camisa manchada. Em seguida, aproximou-a dos ferimentos que literalmente cobriam toda a área das costas dele, pressionando o tecido contra os cortes ainda abertos. Ela o viu estremecer de dor assim que entrou em contato com sua pele esfolada.


– O que... Está fazendo? – ele quis saber.


– Bem, uma vez eu ouvi dizer que saliva acelera a cicatrização e evita infecções. – explicou com o tecido ainda pressionado contra as costas dele.


– Acho que... Não sou o único a conhecer todas as... Soluções... – ironizou ele, apesar do estado em que se encontrava.


Heather emitiu um riso breve e espontâneo. Ele virou-se para ela e a fitou diretamente nos olhos, irradiando admiração.


– É bom tê-la por perto... De novo...


Afastando o tecido molhado do corpo dele, ela não respondeu, dominada pelo que vinha tentando evitar. Negar. Ignorar. Mas já não conseguia cumprir isto com a mesma facilidade de antes. Até mesmo sua mente – sempre fria e indiferente – estava começando a trair seus princípios.


Ela tentou desviar seu olhar do dele, mas não pôde. Os cabelos louros em desalinho e os olhos azuis muito abertos que sempre pareciam inquisitivos para Heather, faziam agora com que ele parecesse menos formal do que de costume. E, automaticamente, Heather descobriu-se profundamente atraída. Tinha de admitir que era bom tê-lo por perto também.


Não apenas naquele momento, mas em todos os outros.


Era ele quem sempre aliviara toda a sua aflição e agonia. E então, de forma súbita, Heather percebeu o quanto sua vida havia mudado por causa dele. Fora o primeiro e o único a não desistir dela desde o dia em que se conheceram. Havia insistido nela. Se esforçado para ajudá-la.


Aquilo havia sido o combustível necessário para que Heather tomasse a atitude de escapar do hospital onde vivera por tantos anos.


Consequentemente aquele afeto mútuo que nenhum dos dois queria admitir havia se tornado algo muito mais além de uma relação entre um médico e sua paciente.


Heather não soube dizer quem havia sido o primeiro a agir. Sentiu que ele tomava suas mãos entre as dele. Trêmulas e geladas. Assim como as da própria Heather. Estava nervosamente ansiosa e nada hesitante. Algo que resultou em sua indignação. Mas aquilo não durara muito. Não depois que Trevor aproximara-se dela, selando seus lábios com os dele.


Ela permaneceu imóvel. Calada. Quando se deu conta, estavam em um beijo intenso. Um beijo que revelara tudo aquilo que nem ele e nem ela eram capazes de dizer. A sensação que aquilo causara em ambos era de que o mundo lá fora não existia mais. Tudo estava bem. Heather já não se sentia mais nervosa quando Trevor colocou ambos seus braços ao redor de sua cintura, intensificando o beijo entre eles. Sem quebrar o beijo, eles caíram no chão, rindo.


Heather não se deu ao trabalho de sentir-se incomodada com o chão frio e sujo ou com o ambiente em si. Sentiu o calor do corpo forte e magro de Trevor sobre o dela, enquanto ele inclinava-se sobre ela, não deixando seus lábios se separarem dos dela por nenhum segundo sequer. Heather podia sentir as mãos dele em sua cintura e cada vez mais elas desciam, até que chegaram às calças dela.


Despindo-a com delicadeza, porém apressadamente, Trevor afastou seu rosto do dela, admirando o sorriso de satisfação que ela levava nos lábios. Livrou-se das roupas dela e do restante de suas próprias roupas, afastando as pernas dela com cautela. Fitou-a nos olhos, como num pedido, esperando que ela aprovasse o que viria a seguir.


Com os olhos semicerrados, Heather o observava cheia de expectativa e desejo. Era o sinal de que Trevor precisava. Ao entrar nela, ele deslizou as mãos por todo o seu corpo, parando sobre suas coxas, dando leves arranhões. E foi quando ela se entregou por completo a ele. Então ele voltou a se inclinar sobre ela e a beijá-la, arrancando gemidos de prazer da parte dela.


– Você me ama, Heather? – ele sussurrou com os lábios encostados no rosto dela.


Não estava certo de que era cedo ou tarde demais para perguntar. Receava que aquela pergunta a fizesse se sentir incomodada. Heather tinha os olhos fechados e mantinha um sorriso nos lábios. Não era necessário que ela respondesse. Com aquele gesto de entrega e a expressão estampada em seu rosto, Heather estava dizendo sim à pergunta que ele lhe fizera.


Naquela noite – a noite que antes tinha tudo para ser a pior de suas vidas –, amaram-se com lentidão, num misto de paixão e ternura.


Assim sendo, Heather se deu conta de algo. Alex Montini teria lhe possuído na noite em que ela o rejeitara por causa do que ocorrera em sua mente. Mas Trevor Williams a fazia se sentir verdadeiramente amada.


Amava cada parcela de seu corpo. Amava-a por ser quem ela era, não porque ela trazia a ele lembranças de outro alguém. Sentia-se completa com ele. Em todos os sentidos.


As frases compostas apenas por gemidos apareceram de novo. Os dois se perderam naqueles sons tão desordenados e ao mesmo tempo cheios de prazer.


Ele a fitou intensamente quando percebeu que o prazer a tinha atingido como uma súbita explosão. Contemplou a expressão no rosto de Heather antes de se saciar dentro dela, decidido a se recordar daquela imagem para o resto de sua vida.


Trevor deixou-se cair sobre ela, beijando-a mais uma vez. Ela manteve os braços ao redor dele, apertando-o contra si com o cuidado de não tocar as feridas em suas costas. Então ele retirou-se dela lentamente, deixando-se deitar ao lado dela no chão.


Estavam ambos cansados. Suados. Exaustos. Heather aproximou-se dele e Trevor a envolveu em seus braços.


Observando o fogo que queimava o mato seco e os galhos que ela havia juntado, Heather sentiu seus olhos pesarem pela segunda vez naquela noite. Sem hesitar, ela caiu no mais profundo sono.


Ao se certificar de que ela dormiria confortavelmente, Trevor também se permitiu cerrar os olhos e dormir.


Não sabiam o que iria acontecer pela manhã, mas não importava.


–--


Rose despertou de seu sono assim que ouviu batidas violentas contra a porta da sala de sua casa.


Colocou-se em pé rapidamente.


Desperta, ela seguiu para a porta, atravessando todos os cômodos. Parou em frente à porta e girou a chave na fechadura, abrindo-a com cuidado.


O olhar frio e penetrante nos olhos negros de Alex a deixaram assustada. Ele estava ali. Parado. O rosto ferido. Segurava um braço com o outro. Dava a impressão de ter voltado de uma batalha cuja qual havia perdido.


Ele manteve o olhar fixo no rosto dela. Rose não soube o que perguntar, mas Alex soube o que dizer.


– Preciso encontrá-la. – declarou com severidade.


Rose nada conseguiu dizer. Continuou observando o estado terrível em que ele se encontrava. O olhar dele causou nela um receio que até então ela não havia sentido.


Algo estava errado.



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MÚSICA TEMA DO CAPÍTULO. __________________________________________________ – Eu realmente pensei que fosse morrer. – Heather disse num suspiro. Com a cabeça deitada sobre o peito de Trevor e com os braços dele ao redor de seu corpo, aquela era a primeira vez em que ela sentia-se livre para falar sobre qualquer coisa. Qualquer cois ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 2



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  • ceeh Postado em 02/06/2014 - 21:48:29

    Sabe eu sinceramente adorei. A história é muito boa misturando tudo. Pensei até que o assassinato de Emma foi por Heather (nem sei escreve, repara não)e não entendi o porque de todos a adiarem daquele jeito. Eu mesma já me senti sozinha e muitas pessoas viraram as costas para mim mas eu nunca fiquei tão sozinha quanto Emma ficou. Ela criou uma segunda personalidade para se defender de tudo o que sofrera. Para não ser mais fraca. E como adorei tudo cada detalhe e como jogou com o leitor revelando alguns mistérios mas deixando outros ocultos. Gostaria muito de ler outra historias suas e finalmente li algo realmente bom. E você nem usou personagens famosos, sua historia é famosa e quem não leu só perdeu. De sua fã Ceeh.

  • ceeh Postado em 01/06/2014 - 14:19:15

    Aiin... Que web mais perfeita. Eu me senti como a própria personagem e você escreve bem demais. Por favor não abandone a história, eu já estou amando tudo nela principalmente os detalhes. Continue...


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