Fanfics Brasil - Capítulo III - Cold Blooded Fixed At Zero

Fanfic: Fixed At Zero | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass


Capítulo: Capítulo III - Cold Blooded

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MÚSICA TEMA DO CAPÍTULO.


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Emma soube que algo estava errado quando saiu para ir a Harrison Brown Academy de manhã e se deparou com Alex Montini na porta de sua casa.


– O que faz aqui? – indagou ela. Estava bastante surpresa.


Ele abriu um sorriso de orelha à orelha e Emma podia jurar que os olhos dele brilhavam, esbanjando satisfação em vê-la. Ficou ainda mais confusa.


– Pensei em te acompanhar até a escola.


– Péssima ideia.


– Por quê? – ele perguntou. Desmanchou o sorriso no rosto rapidamente.


Emma não lhe deu uma resposta. Não soube a forma certa de responder sem causar uma impressão contrária do que ela realmente queria dizer. Mas não sabia nem mesmo o que queria dizer. Estava confusa. Ainda.


– Está com medo que nos vejam juntos, não é? – o tom de voz dele soou familiar. Era o mesmo tom que Emma ouvira quando eles se conheceram. Frio. Severo. Rude. – Por mais que você diga o contrário, Emma, você realmente se importa com o que eles pensam ao seu respeito. A opinião deles importa pra você.


– Não! – ela protestou.


– Não negue o que está claramente óbvio.


Ficaram ambos em silêncio. Ela ainda não sabia como explicar e ele estava certo de que se enganara ao achar que ela era diferente.


– Por que você veio? – Emma perguntou.


– Já disse. Pensei em te acompanhar no caminho.


– Quero dizer... Por quê? Eu não esperava ver você na porta da minha casa disposto a me acompanhar. Não é o seu tipo.


Alex deu de ombros.


– Achei que fôssemos... Não sei. Amigos. – ele disse. – Mas banquei um idiota, claro. E você tem razão. Não é o meu tipo. Não devo confiar nas pessoas desse jeito. Confiar cegamente nunca é bom.


Emma o encarou surpresa e falou:


– Não imaginava que você cultivasse consideração por mim.


– E por que não? Você é uma excelente ouvinte. Mesmo quando eu não falo muito.


Ela abriu um sorriso espontâneo.


– Essa sou realmente eu.


– Gosto de você.


– Claro. – disse com uma ponta de ironia.


– Falo sério.


– Por favor! Quem sou eu?


– O que te faz agir dessa forma agora?


– Os últimos acontecimentos, talvez. Não sei.


– Coisas ruins acontecem às boas pessoas.


Emma não disse mais nada por um curto intervalo de tempo. O fitou nos olhos e respirou fundo, dizendo:


– Você quer mesmo me acompanhar?


– Claro. Não vim até aqui para nada, Emma.


– Certo, certo. – ela abanou a cabeça. – Podemos ir.


Ele sorriu e a acompanhou.


Obviamente os comentários apenas cresceram, tornando-se cada vez mais absurdos. Emma, porém, não parecia se importar tanto quanto antes. Os boatos maldosos a seu respeito já não faziam tanta diferença.


Alex passou a acompanhá-la todas as manhãs para o colégio – o que, obviamente, fez com que os comentários se tornassem cada vez piores -, mas Emma não se sentia mais sozinha no meio daquela situação. Passaram a conversar todos os dias, por longas horas, compartilhando experiências e planos. Emma descobriu-se completamente apaixonada. Mas decidiu manter segredo. Ainda era cedo para recomeçar, dar início à um novo relacionamento. Precisava de algum tempo para pensar.


Prometeu a si mesma que contaria a ele a respeito disso assim que se sentisse confiante o bastante para isso.


________________________________________________


Heather passou grande parte de sua vida internada na Jones & Johnson – uma renomada clínica psiquiátrica localizada na cidade de Hartford, Connecticut -. A Jones & Johnson era um complexo que ocupava um quarteirão inteiro, com dois pequenos prédios acinzentados, pouco atrativos.


A entrada era cercada por um jardim com poucas flores e o interior de seus dois únicos prédios possuíam grossas camadas de tinta branca. Robert Jones – diretor administrativo da clínica – quase nunca dava as caras pelos corredores da Jones & Johnson. Encontrava-se sempre trancado em seu escritório, no terceiro andar do prédio principal.


As histórias sobre seu sócio – e supostamente amigo – Matthew Johnson estar usando o dinheiro da clínica em viagens eram infinitas. O sujeito fora visto duas ou três vezes, depois disso não compareceu a ocasião alguma.


De qualquer maneira, Heather jamais dera ouvidos à qualquer coisa ou a qualquer um naquele lugar.


Muitos médicos tentaram diagnosticar o que havia de errado com ela. Muitos tentaram ‘’desvendá-la’’, mas todas as tentativas foram em vão. Não se lembrava de como tinha ido parar ali, em um lugar como aquele. Ou sobre sua vida fora da Jones & Johnson.


Nada se sabia sobre sua família, amigos, conhecidos... Era apenas ela. Ali. Sozinha. Não sabia nada sobre si mesma. Definitivamente, este não era um caso como muitos do quais já haviam marcado o passado da Jones & Johnson.


Os médicos que estavam na clínica desde a época em que Heather fora internada a conheciam muito bem. Calada – falava apenas consigo mesma –. Fria. Evitava tudo e todos. Por mais que tentassem fazer com que ela falasse, poucas palavras eram ditas por ela.


No início fora difícil aceitá-la. Era uma paciente difícil, agressiva, bastante incontrolável. Nos primeiros dias e noites Heather gritava muito. Por horas e horas. Tinham de sedá-la a todo o momento. Entretanto, com o passar dos anos, Heather tornou-se mais calma.


Mais calma, porém não menos perturbada.


As pessoas se acostumaram a vê-la isolada em seu quarto, andando de um lado para o outro. Repetia sempre as mesmas falas. Era como se falasse com alguém. Alguém que só ela podia ver e ouvir. Mas algo mudou desde a última vez em que um médico tentou ajudá-la.


Heather já não andava de um lado para o outro, falando sozinha. Agora estava sempre ajoelhada no chão, em um canto do quarto. Tinha os braços ao redor dos joelhos. Cabisbaixa. Pensativa. Havia algo em sua mente. Algo sendo planejado. Algo que ela planejava cuidadosamente.


– Heather. – uma enfermeira abriu a porta, colocando a cabeça para dentro do quarto. – Está na hora.


Ela não se moveu.


– Vamos, Heather. – a enfermeira insistiu e Heather levantou a cabeça, sem olhar a mulher nos olhos.


Esta mesma enfermeira a ajudou a colocar-se em pé, segurando Heather por um dos braços e a guiando lentamente por entre os corredores da Jones & Johnson.


As paredes eram úmidas, de um branco pálido e melancólico. Todas eram iguais. Era como um labirinto. Heather julgava que qualquer um que visitasse aquele lugar se perderia com muita facilidade.


Qualquer um menos ela.


Apesar da unanimidade da decoração de todas as salas, Heather já havia estudado todos os cantos da Jones & Johnson. Conhecia cada centímetro de concreto daquelas paredes. Cada passo a ser dado para se chegar ao destino desejado.


A enfermeira seguiu guiando Heather pelos corredores até que chegaram a uma sala nada diferente das outras. Heather foi obrigada a sentar-se em uma cadeira com uma mesa logo à sua frente, ambas pintadas de cinza.


Ela começou a fitar a mesa fixamente até que ouviu alguém se aproximar, entrando na sala. Pôde também ouvir a enfermeira se afastando em passos rápidos.


– Bom dia, Heather. – ela reconheceu aquela voz, mas não se deu ao trabalho de olhar para a pessoa e se certificar de que era mesmo quem era julgava ser. Não faria diferença. – Espero que esteja se sentindo confortável.


De qualquer modo, Heather não saberia responder aquela pergunta. Nunca soube o que realmente era sentir-se confortável. O chão gelado e úmido de seu quarto, onde ela sempre se encontrava sentada, não era confortável. E apesar do macio colchão da cama, tão macio quanto suas cobertas, Heather jamais se sentira confortável naquele lugar.


– Podemos conversar? – não houve resposta. Ele deu um suspiro e prosseguiu, falando suavemente: – Heather, por favor.


Ela ergueu os olhos e o doutor Williams teve a impressão de que ela fosse finalmente proferir qualquer palavra. Estava enganado. Ela manteve-se calada como antes.


Trevor Williams havia sido transferido para a Jones & Johnson com o objetivo de ajudar no tratamento de alguns pacientes mais complexos. Havia sido muito bem recomendado por outras clínicas.


Anteriormente, passara um ano afastado da psiquiatria devido à problemas familiares dos quais jamais falara a respeito com outras pessoas, mas estava preparado para exercer seu papel novamente. Estava ali há uma semana. Logo de início o caso de Heather, em particular, chamou muito a sua atenção.


Quando ouviu a situação dela pela boca de outros médicos que já estavam ali há muito mais tempo, não pôde acreditar que fosse tão difícil fazer Heather falar. De fato, não fora muito difícil fazê-la falar. Ela falava. Dava respostas rápidas, curtas e em tom rude. Às vezes irônica, arrogante, fria.


Quando as perguntas eram a respeito de seu ‘’problema’’, porém, Heather negava-se a fazer qualquer tipo de manifestação. Não falava.


Os primeiros dias com Heather foram perturbadores. Ela evitava contato visual o tempo todo e mantinha sempre a mesma expressão. Uma expressão de amargura. Os cabelos dourados estavam sempre opacos e desalinhados. Sempre trazia consigo um aspecto frio por trás de intensos olhos castanhos.


Quando o Dr. Williams decidiu tratá-la muitos de seus colegas de trabalho haviam lhe avisado de imediato que a paciente seria um problema. Para ele não se tratava de problema algum, mas sim de um enigma. Desde que a viu pela primeira vez em seu primeiro dia naquela clínica, passando por um dos corredores da Jones & Johnson, ele soube que aquela seria uma paciente diferente de todos os outros que já havia tratado desde que começou a exercer sua carreira. Um desafio. E ele aceitara o desafio.


Heather era um mistério. Um quebra-cabeça com peças espalhadas por toda parte.


Uma semana havia se passado. Nenhum progresso – não aos olhos dos outros médicos -. Aos olhos do Dr. Williams as coisas estavam indo bem. Heather já lhe respondia algumas perguntas, se manifestava. Era um bom sinal.


Agora estavam ambos sentados frente à frente. Heather permaneceu cabisbaixa, fitando suas próprias mãos por baixo da mesa. Vestia uma camisola de algodão branca como as paredes de todos os quartos e salas daquela clínica. Com os cabelos despenteados e olhos fundos, com enormes olheiras ao redor, Heather se manteve calada, como já ele previa.


– Quero que fale quando se sentir mais confortável, como costumamos fazer. – o médico ainda estava falando. – Mas preciso que converse comigo, Heather. Quero tentar te entender.


– Para quê? – a voz dela soou como um sussurro distante. Sentiu a garganta seca, pois se mantinha calada durante a maior parte do tempo.


– Porque quero lhe ajudar.


Heather emitiu um breve e irônico sorriso que se desmanchou em seu rosto em questão de poucos segundos.


– Desista.


– Não, Heather. – ele insistiu. – Não vou desistir. Quero saber o que está acontecendo com você.


– Já sabe. – aquela era a primeira vez que ela não se limitava à poucas palavras. – Eles já lhe disseram.


– Heather...


– Você não acredita, não é, doutor? – ela ainda mantinha a cabeça baixa, sem sequer olhar para ele. – É sempre assim. Eles mandam outro médico que, de início, não acredita na minha verdadeira situação. Até que eles desistem de mim e vão embora. Acredite, ninguém pode me ajudar.


– Bem, - Trevor Williams alterou seu tom de voz, começando a falar severamente. – Eu não vou desistir de você.


Novamente ela sorriu irônica, como se estivesse zombando de tal afirmação, mas se manteve calada.


– Tudo bem, Heather. – ele deu mais um suspiro, recostando-se na cadeira. – Eu quero ouvir a sua versão. Quero que me diga o que se passa com você.


– Não acreditaria. – ela disse, rapidamente.


– De fato creio que estão um pouco equivocados a seu respeito. Sua situação pode parecer diferente, talvez requeira um pouco mais de paciência, mas tenho a certeza de que encontraremos uma solução. Não estamos falando de algo de outro mundo.


Ela levantou seus olhos, fitando diretamente os dele. Estudou-o por alguns segundos. Ele parecia realmente interessado em entender o que estava acontecendo, mas não convenceria Heather.


– Não sabe de nada, doutor. – disse em tom de desprezo, desviando seu olhar.


– Não há como eu saber de coisa alguma, Heather. – respondeu. – É por isso que estou aqui. Para que você mesma me conte. – sua voz continuava a soar firme. – Se você sofreu algum trauma na infância, algo que fez com que viesse a ter essas... Visões, não sei... – ele falava e a observava atentamente ao mesmo tempo, uma expressão cautelosa em seus olhos azuis. – Só saberemos do que se trata quando você falar.


– Não há trauma. – apesar de seu tom rude, a voz dela ainda soava distante, quase inaudível.


– Bem, só há um modo de saber. – ele ainda insistia. – O que está em sua mente neste momento?


Durante vários dias apenas uma coisa estava ocupando os pensamentos de Heather. Algo que ela precisava analisar cuidadosamente. Estudar. Planejar.


Sua única saída.


Seus planos, porém, não poderiam ser executados apenas por ela. Precisaria de ajuda. Não seria capaz de colocar tudo aquilo em ação sozinha.


Então Heather percebeu que estava na hora de falar.


O primeiro passo a ser dado estava bem ali. Ela encarou o sujeito que se encontrava em sua frente. Ele lhe parecia um bom homem. Decente. Possuía uma fisionomia confiável.


Heather ligou alguns pontos, colocando seus pensamentos em ordem rapidamente. Conversar com ele seria um tiro no escuro, mas ela não via qualquer outra saída.


– Façamos uma troca de favores, então. – declarou, bastante confiante.


– Sim? – ele inclinou-se para frente e fitou-a, esperando por sua resposta.


– Estou disposta a lhe contar tudo.


A proposta o pegou de surpresa. Entretanto, estava curioso a respeito do preço que teria de pagar.


– E o que quer em troca? – o Dr. Williams perguntou, hesitante.


– Quero que me ajude a sair daqui.


Os olhos sombrios da interlocutora, de repente, irradiavam ansiedade.


Foi quando ele teve a certeza de que ela falava sério.



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 2



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  • ceeh Postado em 02/06/2014 - 21:48:29

    Sabe eu sinceramente adorei. A história é muito boa misturando tudo. Pensei até que o assassinato de Emma foi por Heather (nem sei escreve, repara não)e não entendi o porque de todos a adiarem daquele jeito. Eu mesma já me senti sozinha e muitas pessoas viraram as costas para mim mas eu nunca fiquei tão sozinha quanto Emma ficou. Ela criou uma segunda personalidade para se defender de tudo o que sofrera. Para não ser mais fraca. E como adorei tudo cada detalhe e como jogou com o leitor revelando alguns mistérios mas deixando outros ocultos. Gostaria muito de ler outra historias suas e finalmente li algo realmente bom. E você nem usou personagens famosos, sua historia é famosa e quem não leu só perdeu. De sua fã Ceeh.

  • ceeh Postado em 01/06/2014 - 14:19:15

    Aiin... Que web mais perfeita. Eu me senti como a própria personagem e você escreve bem demais. Por favor não abandone a história, eu já estou amando tudo nela principalmente os detalhes. Continue...


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