Fanfics Brasil - Capítulo IV - About A Girl Fixed At Zero

Fanfic: Fixed At Zero | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass


Capítulo: Capítulo IV - About A Girl

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MÚSICA TEMA DO CAPÍTULO.


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Trevor Williams virou-se na cama pela milésima vez.


Ligou o abajur posicionado em cima de um criado-mudo, ao lado esquerdo da cama, e consultou o relógio de pulso que havia deixado no mesmo lugar. Eram três horas da madrugada. Tornou a colocar o relógio sobre o criado-mudo e endireitou-se na cama.


Não havia dormido por um segundo sequer. Estava no quarto do hotel que havia reservado dias antes de se mudar para Hartford. Virou-se novamente, encarando o teto. Não conseguiria dormir. Mesmo estando mentalmente exausto, estava certo de que não pegaria no sono.


A proposta feita por Heather naquela manhã não abandonara seus pensamentos pelo resto do dia. Nem pela noite.


Obviamente muitos ou até mesmo todos os internos da Jones & Johnson almejavam deixar a clínica. Apesar de seus estados mentais, de modo geral, nenhum deles tencionava passar o restante de suas vidas naquele lugar. Não que aquele fosse um lugar detestável.


Pelo contrário. O grupo de prestigiados médicos que tratavam dos pacientes na clínica eram dedicados e prestativos. As enfermeiras eram amáveis com todos, sempre carregando um efusivo sorriso no rosto.


Foram estes pontos positivos a favor da Jones & Johnson que fizeram o doutor Williams questionar o porquê de Heather querer fugir.


Fugir, ela dissera. E dissera com tal determinação que não deixou sombra de dúvidas de que ela tinha algo planejado em mente. Claramente ela não poderia fazê-lo sozinha. Talvez este fora o motivo de ela ter compartilhado com ele sua ideia de fuga.


Mas o que a fizera pensar que ele a ajudaria? Que lhe daria qualquer suporte?


Trevor a julgava sensata demais para achar que ele a ajudaria. Possivelmente ela estava desesperada. Ele havia notado o quão ansiosa ela estava. Não porque ela deixara isso transparecer, mas sim porque sua ansiedade estava muito presente, apesar de disfarçada por trás de um amargurado par de grandes olhos castanho-claro. Qualquer outra pessoa não perceberia.


Qualquer um, menos Trevor Williams.


Conhecia muito bem as pessoas. Conseguia enxergá-las além do que estava evidente. Podia ver além de expressões e olhares. Era este o motivo pelo qual ainda não havia desistido de sua mais nova e complicada paciente. Estava determinado a descobrir qual era o grande mistério da vida de Heather.


Heather...


Dentre todos os pacientes que já tratara no decorrer de seus anos desempenhando o papel de um brilhante psiquiatra, ele estava seguro de que Heather McLean fora a primeira a lhe intrigar de tal forma que ele passou a se dedicar inteiramente ao caso dela.


Heather não estava louca. Disso ele tinha absoluta certeza. Seu problema era outro. Algo completamente diferente de qualquer outro caso que ele enfrentara antes.


Disseram-lhe que ela conservava consigo lembranças de outra pessoa. O médico logo descartou aquela fantasiosa hipótese. Não soube entender como os outros terapeutas haviam levado em consideração uma teoria tão estúpida quanto àquela.


Logicamente Heather sofria de distúrbios mentais – diferentes de quaisquer outros que Trevor estudara antes –. De qualquer maneira, tudo isso se resumia à um transtorno mental. Bastante incomum, porém ainda se tratava de uma perturbação psicológica.


Apesar de tal adversidade, Heather sempre se demonstrara consciente e perspicaz aos olhos dele.


Por outro lado, ele presenciara alguns dos momentos em que ela entrava em transe, com os olhos muito abertos, petrificados, congelados no tempo. Permanecia assim, calada e sem mover um músculo sequer. Por longos minutos.


Minutos nos quais ela dizia ter visões. Memórias. Eram como flashbacks. Um filme rodando em sua cabeça, muito nítido, pois, segundo ela, estas visões eram minuciosas e claras como o dia.


Trevor não tivera a oportunidade de ouvir isso da própria Heather. Ela ainda não lhe havia dito nada a respeito de suas visões. Tudo o que ele sabia referente à isto era o que havia lido nas fichas médicas dela.


Juntando todos os seus pensamentos para tirar uma conclusão plausível disso tudo, Trevor percebeu que duas coisas não se associavam de forma conciliadora.


De fato, Heather estava ciente de sua situação. Era inteligente e raciocinava tão bem quanto qualquer outra pessoa considerada sã. As razões de estar internada na Jones & Johnson eram suas alucinações. Entretanto, estava claro que ela não queria falar sobre elas. Nem com ele, nem com ninguém. Pelo menos não até sua última sessão com o doutor Williams.


Ela parecia estar completamente disposta a falar a respeito de seu problema quando propôs a ele aquele acordo. Pela primeira vez ela contaria o que estava há muitos anos trancado em seu consciente. Em troca, pedira a ajuda dele para fugir daquele lugar.


Mas seria isso tão importante para ela ao ponto de fazer com que ela finalmente se abrisse, deixando-o a possibilidade de entender sua conturbada mente? Por que ela desejava com tanta ansiedade sair daquele hospital?


Heather, o que está planejando?


Heather também estava com insônia. Mas isso já vinha acontecendo havia alguns dias, desde que ela chegara à conclusão de que era hora de agir.


Propor um acordo ao médico havia sido um ato de grande risco. Um passo que, apesar de arriscado, tinha de ser dado. Já estava feito. Ela havia compartilhado de sua ideia com alguém. O que viria a seguir era imprevisível. Ou não. Heather presumia que o doutor Williams não a levaria a sério. Provavelmente ignoraria sua proposta e não tocaria mais no assunto.


Para sua grande surpresa, na manhã seguinte, aquela fora a primeira coisa da qual ele falara com ela.


Estavam mais uma vez na mesma sala. Cercados por paredes brancas, desabitadas de vida. A mesa cinza estava no mesmo lugar à sua frente, enquanto ela se encontrava sentada em uma cadeira da mesma cor. Contemplando suas próprias mãos por debaixo da mesa, Heather ouvia o terapeuta falar:


– Confesso que pensei muito a respeito do que conversamos ontem.


Heather não esperava que ele fosse mencionar sua proposta. Ele prosseguiu:


– Creio que tenho direito à algumas respostas.


Ela manteve-se cabisbaixa, mas não estabeleceria limites às suas palavras. Não desta vez.


– O que quer saber?


Sua voz soava rouca e baixa. Ele mal conseguia ouvi-la.


– Bem, primeiramente – ele se inclinou para frente, apoiando ambos os cotovelos sobre a mesa e entrelaçando os dedos das mãos entre si. – Quero saber o que pretende fazer uma vez que esteja fora dessa clínica.


Você não acreditaria se eu dissesse. Pensou ela.


Mas suas palavras foram outras:


– Eu também preciso de respostas, doutor. – ela levantou seu rosto, um olhar determinado em seus olhos. – Estou em busca de algo que vai me guiar à todas as respostas que preciso.


– Respostas para quais perguntas? – ele indagou.


– Durante esses dias em que acompanhou meu caso, doutor, o senhor nunca se perguntou o porquê de eu estar aqui? Nós dois sabemos muito bem que eu não estou louca.


Ela falava de forma tão severa e decidida que Trevor se perguntou se estivera errado em subestimá-la anteriormente.


– Jamais usei esse termo. Nem com você, nem com qualquer outro paciente. – ele explicou, seriamente. – Mas sei que seu problema é psicológico, Heather. E é para isso que estou aqui. Pra ajudá-la a superar isso.


Heather balançou a cabeça de forma negativa.


– Não está entendendo. – disse. – Eu não sou uma lunática, doutor. Ninguém diagnosticou minha doença até agora simplesmente porque não há doença alguma. Estou em meu perfeito estado mental.


De fato, ela aparentava estar completamente sã. Escolhia muito bem suas palavras, articulando-as com muita determinação e firmeza.


– Realmente. – o médico voltara a falar. – Por algumas vezes me perguntei o motivo de você estar aqui.


– Essa é uma das respostas que procuro encontrar. Mas enquanto eu estiver trancafiada neste maldito... – fez uma rápida pausa. – Neste lugar... Não terei a chance de descobrir nada.


– E o que a faz pensar que, estando do lado de fora, descobrirá algo?


– Sei bem onde procurar. E não é aqui, neste hospital, que vou encontrar o que procuro.


Ele suspirou, percebendo que todas as respostas de Heather não estavam levando-os a lugar algum. Ele decidiu ir direto ao ponto:


– Para onde pretende ir?


– Talvez eu lhe diga, se concordar em me ajudar.


Sua resposta fora rápida e precisa.


– Preciso saber exatamente do que se trata este acordo, Heather.


– Sua parte no acordo, doutor, é apenas me ajudar a sair daqui. O que eu tenciono fazer do lado de fora desta clínica não lhe diz respeito.


Trevor arqueou as sobrancelhas, surpreso.


Ainda que já estivesse familiarizado com a frieza de Heather, ela jamais lhe falara de forma tão grosseira antes.


– Não está certo me propor algo e não me dar detalhes a respeito.


– Ora, por favor, doutor. – Heather tinha um irônico sorriso no canto da boca. – Não aja como se se importasse. O que eu pretendo ou não fazer fora deste lugar é problema meu.


– Heather, você me disse que estava disposta a falar...


– E eu falarei. – ela o interrompeu. – Quando eu lhe disse que contaria tudo, eu me referia à tudo o que diz respeito ao meu... Problema.


– Tudo bem. – suspirou derrotado, recostando-se na cadeira. – Sou todo ouvidos.


Heather o estudou por poucos segundos. Estaria ele mesmo interessado? Não. Falar com ela, tentar fazê-la contar sobre seus problemas e ajudá-la a resolvê-los era apenas seu trabalho. Ele era pago para isso. Não se importava. Não deveria se importar.


Porém ela arriscara contar-lhe sobre seus planos. Agora era tarde para voltar atrás. Tinha que cumprir sua parte no trato. Tinha de falar. Mas antes, uma pergunta de maior importância era necessária. Ela continuou a fitá-lo e, muito confiante, perguntou-lhe:


– Vai aceitar o acordo?


Dr. Williams estava preparado para aquela pergunta. Passara toda a noite pensando se deveria ou não entrar no jogo de Heather. Estava totalmente interessado em saber o que estava escondido por trás de toda aquela apatia e frieza.


Apesar de tudo, Heather demonstrara-se muito determinada. Ela ainda o fitava, e ainda que tentasse esconder qualquer tipo de emoção, os olhos dela transbordavam ansiedade. Era como se uma decisão muito importante a ser tomada por ela dependesse da resposta dele.


Estava com os olhos fixados nele, à espera. Este fora um dos pontos que ele havia notado nela.


Apesar de não falar muito, Heather tinha sua própria forma de deixar suas emoções transparecerem. Escolhera uma válvula de escape que ninguém notaria. Eram seus olhos que falavam por ela. Diziam mais do que quaisquer palavras que ela havia dito até então.


Que história se esconde por trás desses olhos?


– Preciso de uma resposta. – ela insistiu.


Suas palavras quebraram o silêncio que estava no ambiente.


– Se me disser quais são seus objetivos, talvez então eu possa lhe ajudar.


Aquela não era a resposta da qual ela precisava.


Merda!


Heather culpou-se mentalmente por ter sido tão estúpida ao ponto de acreditar que ele a ajudaria a fugir daquele hospital.


– Não vou repetir o que já disse. – ela voltou a abaixar a cabeça.


– Heather, eu... Eu realmente quero te ajudar. De verdade.


– Então faça-o. Aceite o acordo e me ajudará.


Sua última frase soara como um misto de raiva e desespero. O tom rude ainda estava presente, mas era claramente óbvio que ela estava desesperada para abandonar a Jones & Johnson.


Toda aquela conversa não havia levado nenhum dos dois à uma conclusão. Heather soube que era hora de se dar por vencida e voltar para seu quarto. Lançou para ele um olhar inexpressivo e começou a levantar-se.


Deu dois passos. Sentiu sua cabeça latejar. O latejar era tão violento que Heather precisou apoiar uma mão na parede para não perder o próprio equilíbrio. Ao ver o estado em que ela se encontrava, Trevor colocou-se em pé e, rapidamente, correu para ela. Heather tinha os olhos muito abertos. Nenhum som saía de sua boca. Um peso em sua cabeça martelava fortemente. Era insuportável.


De repente, era como se sua audição falhasse. Todos os sons ao seu redor cessaram. Várias imagens começaram a ser enviadas para seu cérebro. A quantidade de informações a serem processadas era gigantesca. Um caleidoscópio de cores em sua mente, formando então, um cenário.


Era como estar correndo em incrível velocidade dentro de um túnel. Escuro e sem saída.


Até que seus olhos encontraram a luz.


________________________________________________


Emma escolhera muito bem o que usaria naquela noite.


O vestido mais bonito que encontrara em seu armário. Era de um verde-claro muito gracioso, com detalhes em branco. Nos pés sapatos baixos, simples, porém complementavam muito bem o restante de sua figura.


Estava feliz como nunca estivera antes. Há vários dias sua vida se resumia em sorrisos, bons momentos. Momentos que passara ao lado de Alex Montini.


Tanto Amanda quanto Jodie passaram a evitá-la – algo que Emma jamais imaginara que pudesse acontecer –, por outro lado, isso nada mudara em sua vida.


Na realidade, algo mudara.


Emma, pela primeira vez em muitos anos, sentia-se livre. Livre de qualquer corrente que a prendia às pessoas do colégio ou do restante da cidade. Os maldosos comentários não podiam mais abalar sua estrutura. Estava firme e forte, preparada para qualquer coisa que viesse a acontecer. Confiante como nunca, Emma terminou de se preparar para, provavelmente, a noite mais especial de sua vida.


Pelo contrário. Aquela estava longe de ser uma noite especial...


Naquela noite seus gritos não foram ouvidos. Seus desesperados pedidos de socorro não foram atendidos. Os debochados risos que ouvia enquanto mãos a sufocavam, a forma selvagem com a qual tentava se livrar de quem a imobilizava, o sangue que esguichava de seu nariz...


Mergulhada em profundo terror, Emma lutava como uma louca para se libertar, mas todo o seu esforço era inútil. Ela não conseguia desenvencilhar-se. Desistindo de lutar, ela viu a escuridão a cercando, se fechando ao redor de seus olhos como cortinas. Fechavam-se cada vez mais.


Até sua alma esvair-se de seu corpo.


________________________________________________


– Pare, por favor! – Heather começou a se debater e a gritar com desespero. – Pare! Pare!


– Heather, me escute!


Ela encontrava-se encolhida no chão da sala onde conversara com o Dr. Williams.


Este estava agachado ao seu lado, tentando a todo custo fazê-la voltar à realidade.


– Heather! – pousou suas mãos sobre os ombros dela, impedindo-a de continuar a se debater. – Acorde!


Repentinamente ela parou de se agitar. Sua viagem de volta à sua sã consciência era como um soco no estômago, que a fez recuar para trás.


– Fale comigo. – ele pediu.


Heather virou o rosto lentamente para encará-lo. Havia pânico em seus olhos.


– Está tudo bem. Você vai ficar bem.


Ela desviou seu olhar, ainda aterrorizada. Aquela fora a mais nítida visão que tivera até então.


– O que foi que você viu? – Trevor arriscou perguntar.


Silêncio.


– Heather, esses ataques, essas visões... Elas são frutos de sua...


– São lembranças. – ela o interrompeu bruscamente. – Lembranças que não me pertencem.


– É por este motivo que precisa aceitar a minha ajuda. Se não se abrir comigo não poderei ajudá-la, e então essas... Lembranças... Elas se tornarão cada vez mais frequentes.


Heather percebeu então, que se continuasse naquele lugar aquelas visões a levariam à loucura – o que seria a mais irônica peça que o destino poderia lhe pregar –.


Precisava sair daquele hospital.


O médico ainda estava tentando acalmá-la, falando-lhe suavemente, em tom amistoso.


– Eu creio que...


– Preciso de sua ajuda. – ela declarou. Olhou para ele novamente e dessa vez lágrimas de desespero começaram a brotar dos olhos dela. – Você tem que me tirar desse lugar.


Ele a fitou, perplexo. Jamais a tinha visto em tal estado. Ela se encontrava em total desespero.


Decidiu-se rapidamente.


Precisava ajudá-la.



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MÚSICA TEMA DO CAPÍTULO. ___________________________________________________________ – Ela era uma garota incrivelmente bonita. Cheia de vida. Heather estava cara à cara com o Dr. Williams, em mais uma sessão. – Você tem absoluta certeza de que jamais a vira antes? – ele perguntou, curioso. – Sim. Absoluta. &nd ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 2



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  • ceeh Postado em 02/06/2014 - 21:48:29

    Sabe eu sinceramente adorei. A história é muito boa misturando tudo. Pensei até que o assassinato de Emma foi por Heather (nem sei escreve, repara não)e não entendi o porque de todos a adiarem daquele jeito. Eu mesma já me senti sozinha e muitas pessoas viraram as costas para mim mas eu nunca fiquei tão sozinha quanto Emma ficou. Ela criou uma segunda personalidade para se defender de tudo o que sofrera. Para não ser mais fraca. E como adorei tudo cada detalhe e como jogou com o leitor revelando alguns mistérios mas deixando outros ocultos. Gostaria muito de ler outra historias suas e finalmente li algo realmente bom. E você nem usou personagens famosos, sua historia é famosa e quem não leu só perdeu. De sua fã Ceeh.

  • ceeh Postado em 01/06/2014 - 14:19:15

    Aiin... Que web mais perfeita. Eu me senti como a própria personagem e você escreve bem demais. Por favor não abandone a história, eu já estou amando tudo nela principalmente os detalhes. Continue...


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