Fanfics Brasil - Primeiro Ciclo - Capítulo IX - Se Não Pode Vencer Seu Inimigo... Sete Demônios

Fanfic: Sete Demônios | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass


Capítulo: Primeiro Ciclo - Capítulo IX - Se Não Pode Vencer Seu Inimigo...

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Depois de livrar-se com muita pressa de seu vestido de luto, Ellie cumpriu com o que prometera a si mesma no momento em que voltara para casa.


Passara uma longa e deleitável hora debaixo do chuveiro, sentindo a água quente desabar sobre sua cabeça como uma nuvem carregada. Tentou colocar em ordem todo aquele caos que ocorria em sua mente, mas os fatos tornavam a se embaralhar, tornando impossível encontrar uma plausível conclusão dos eventos ocorridos recentemente.


Vestiu-se com uma camisola de seda branca e penteou os cabelos em frente ao espelho do banheiro, admirando sua imagem refletida. Uma imagem infeliz, abatida pelo desespero e cansaço dos últimos dias. Dias nos quais vinha fingindo um sorriso toda vez que alguém lhe cumprimentava. Dias nos quais também tivera de engolir o próprio orgulho e aceitar de cabeça baixa os desafios impostos pela vida.


Partiu do banheiro para seu quarto, onde James Braxton encontrava-se sentado sobre a cama, lendo com infinita atenção e cautela um papel em mãos.


Ellie parou à porta quando viu que ele estava lá. Temia que, uma vez que ela se aproximasse, ele fosse lançar para ela mais um olhar indiscreto, deixando-a desconfortavelmente perturbada. Mas aquilo fora algo que ela não pudera evitar, mesmo que desejasse.


James levantou os olhos para fitá-la assim que notou sua presença.


– Qual é o problema? – ele indagou rispidamente.


Ellie imediatamente sentiu o incômodo de estar a sós com ele. Não respondeu e caminhou na direção de seu lado na cama, onde se sentou e deixou escapar um suspiro baixo e fraco.


Sentada com as costas viradas para ele, Ellie decidiu evitar que o silêncio que tomara conta do ambiente se prolongasse por mais tempo. Aquilo a sufocava.


– O que terei de fazer amanhã? – perguntou. – Digo, o treinamento.


– Deixarei que os acontecimentos respondam sua pergunta. Será uma surpresa. – James respondeu com um sorriso sádico no rosto.


Por diversas vezes Ellie tivera a breve impressão de que ele divertia-se ao vê-la angustiada.


Depois de uma semana casada com ele, ela teve certeza.


Ela ainda estava virada de costas para ele, evitando fitá-lo, pois mesmo sem olhar, podia sentir os olhos dele queimarem suas costas com malícia.


– Você realmente tem motivos para deixar seu ego inflar. – ele comentou aleatoriamente. Ellie não se conteve e virou-se para ele, erguendo as sobrancelhas.


– Que motivos seriam estes?


– Nunca houve uma mulher na Fraternidade. – James esclareceu. – Bem, na verdade... – as palavras dele cessaram, de repente. Como se ele tivesse se arrependido de algo. – Esqueça.


– Por que nunca houve uma mulher na Fraternidade? – Ellie sentiu-se subitamente curiosa.


– Tradição. – respondeu laconicamente. Aparentemente ele não queria dar continuidade àquele assunto. E Ellie não arriscou insistir.


– Você tem ideia de quem possa ser a pessoa que assassinou meu pai? – a pergunta dela soara tão inocente que James não pôde segurar o riso.


Com os olhos muito curiosos, ela o fitava na expectativa de conseguir arrancar dele uma resposta que pudesse clarificar sua mente naquele instante.


– Eu não teria me casado com você se soubesse quem matou seu pai, menina. – retorquiu. – Na realidade, as coisas teriam acontecido de modo diferente. Eu teria a cabeça do traidor enfeitando minha estante agora. Seria mais fácil, se quer saber.


Aquela havia sido uma frase dita em sentido figurado, mas Ellie não tinha dúvidas de que Braxton era capaz de juntar aquelas palavras ao ato literal e conseguir a cabeça do assassino de Maurice Donovan.


– Quero descobrir quem foi o desgraçado que traiu a Fraternidade tanto quanto você quer. – finalizou ele.


Ellie não permitiu que aquilo lhe servisse de consolo. De qualquer maneira, esta certamente não era a intenção de James quando afirmara que tinha o mesmo objetivo que ela. Era mais uma ironia do destino. Eles visavam o mesmo alvo, mas não seguiam o mesmo caminho.


Ellie interrompeu os pensamentos em sua cabeça uma vez que James Braxton aproximara-se dela, pousando ambas as mãos sobre seus ombros expostos. Uma sensação de pavor começou a se alastrar por seu corpo quando ela sentiu a respiração quente dele bater contra sua pele enquanto ele depositava beijos por toda a extensão de seu pescoço com lentidão. Ellie permaneceu estática. Seu sangue parecia ter congelado em suas veias e seus batimentos cardíacos eram descompassados. Ele não havia tocado nela desde a noite de seu casamento e Ellie pedia a Deus todas as noites para que aquilo não tornasse a se repetir.


Evidentemente Ele não havia atendido seu pedido.


Ellie tentou controlar a si mesmo enquanto James afastava seus cabelos, lentamente puxando as alças de sua camisola de seda. Embora ela tentasse com muito esforço se manter imóvel e totalmente desinteressada, todo o seu corpo se arrepiou involuntariamente quando o tecido caiu de seus ombros e as mãos de James apoderaram-se de seus seios possessivamente, acariciando-os com suavidade à medida que ele descia seus lábios pelas costas dela, regozijando-se da aprazível sensação de estar em contato com sua pele macia.


Ellie fechou os olhos e o receio em relação ao que aconteceria depois a acertou em cheio, tomando conta de cada parcela de seu corpo vulnerável. James ergueu o rosto novamente, aspirando o perfume dos cabelos de Ellie. O pânico a invadiu por completo quando uma das mãos dele deslizou cuidadosamente até suas pernas, insinuando-se entre suas coxas.


Quando ele tocou-lhe em sua intimidade e sentiu a umidade que fluía dela, abriu um sorriso glorioso, certo de que – ainda que contra sua vontade – ela correspondia às carícias que ele distribuía pelo corpo dela. Ellie, entretanto, punia-se mentalmente por não ter controle absoluto sobre as reações que seu corpo emitia cada vez que ele a tocava daquela forma.


Ela mantinha os olhos cerrados e, então, ele aproximou-se do rosto dela, sussurrando-lhe ao ouvido, ainda sentado atrás dela:


– Vamos, pequena Ellie. – a voz dele soara rouca, enfatizando sua excitação. – Entregue-se a mim.


Ela sentiu-se incapaz de reagir ou responder. O peso do medo caía cruelmente sobre sua cabeça, deixando-a petrificada enquanto ele satisfazia-se movimentando os dedos por entre as coxas dela.


Juntando todas as forças que podia para manter-se firme, Ellie, contudo, não pôde reprimir um gemido que saiu estremecido quando os dedos de James tocaram-lhe em um ponto sensível.


Percebendo a reação que aquilo causava nela, James pôs-se a mover seus dedos em movimentos circulares, falando em voz baixa:


– Pare de resistir.


Ellie sentiu-se tentada a responder que não queria que ele a tocasse, que a beijasse. Desejava poder colocar um fim naquilo, afastar-se das mãos que deslizavam por seu corpo e dos lábios que proferiam palavras acirrantes. Mas, definitivamente, não podia reagir de tal forma. Temia desesperadamente a reação dele. Principalmente depois que presenciara seu feito quando aquele automóvel branco os perseguira.


Sem esperar que ela respondesse, James colocou-se ao lado dela, depositando as mãos sobre seus ombros, empurrando-a lentamente para trás. Em seguida, inclinou-se com o corpo sobre o dela, despindo-se com ansiedade. Ellie entreabriu seus olhos, vendo-o livrar-se das próprias roupas com rapidez. Seus olhos logo estavam vidrados no corpo esguio e forte dele que, agora, encontrava-se descoberto.


Depois, James apressou-se em puxar a camisola branca dela para baixo – juntamente com sua roupa íntima –, jogando ambas as peças no chão do quarto sem preocupações. Ellie apertou os olhos com força, cerrando os dentes. James voltou a aproximar-se dela, e ela pôde sentir o peso do corpo dele sobre o seu.


Ele fitou-a com os olhos semicerrados, traçando as linhas do rosto dela com a ponta de um de seus dedos, admirando sua beleza imaculadamente angelical. Afastou seu rosto do dela mais uma vez.


– Você é minha. – decretou ele, triunfante.


Com uma mão sobre cada um dos joelhos dela, James afastou-lhe as pernas gentilmente e Ellie esforçou-se para conter outro gemido que ameaçou escapar de seus lábios quando ele a invadiu ferozmente, como um animal.


Diferente da outra vez, ele entrava e saía de dentro dela em movimentos frenéticos e rápidos, puxando-a para si com as duas mãos pousadas sobre os quadris dela.


– Tão apertada... – murmurou ele, inteiramente tomado pelo efeito que o prazeroso ato de estar dentro dela causava nele. – Gosto assim.


Ela podia ouvir os sons que soavam todas as vezes que as pernas dele colidiam-se contra as suas, cada vez mais rápidos. Mais altos. Ellie viu-se obrigada a morder o lábio inferior violentamente, tencionando deter os gemidos que provavelmente sairiam. Não queria – em hipótese alguma – permitir que ele percebesse que, mesmo sem querer, ela correspondia às coisas que ele estava fazendo.


Todavia, para James estava claramente óbvio que ele despertava nela sensações que ninguém jamais pudera lhe proporcionar antes. Sabendo que havia sido o primeiro e o único – até então – a possui-la, ele não hesitou em deixar crescer o seu ego. E aquilo, efetivamente, o excitava ainda mais.


Deixou seu corpo cair sobre o dela, comprimindo os lábios dela contra os seus em um beijo cheio de ansiedade. Foi quando ela concluiu que já não conseguia mais conter os gemidos que fugiam de sua boca desenfreadamente cada vez que ele retirava-se dela, tornando a invadi-la, acelerando suas investidas.


– Isso, pequena... – James tinha os lábios colados ao rosto corado de Ellie, atento à voz suavemente baixa com a qual ela emitia sons abafados. – Eu quero ouvir você gemer.


Ela penitenciou-se mentalmente por não poder controlar a si mesma diante de tais circunstâncias. Seus gemidos tornaram-se mais altos conforme James se movia dentro dela, segurando-a agora pela cintura. Contemplou o rosto dela, os olhos fechados e os lábios entreabertos por onde sons compostos apenas por gemidos de prazer escapavam incontrolavelmente e, aquela imagem fora o ultimato pelo qual ele tanto esperava.


Puxou-a contra seu corpo bruscamente, saciando-se dentro do corpo frágil dela. Inesperadamente, percebeu que ela também se saciava, vendo a umidade que antes fluía dela, escorrer por suas coxas, maculando o lençol cor-de-creme colocado sobre a cama. Depois disto, com o corpo molhado de suor, ele retirou-se dela e se deixou cair ao seu lado. Ellie sentiu-se brevemente aliviada, mas sua respiração ainda era ofegante.


O que eu fiz, santo Deus? Pensou consigo mesma.


Sentia-se indecente. Suja. Talvez sua consciência estivesse falando mais baixo se ela não tivesse sentido tanto prazer naquele ato. Todas as partes de seu corpo tremiam. Não conseguia sentir suas mãos ou pernas. Esperou até que sua respiração se normalizasse.


James Braxton havia lhe dito para render-se a ele e ela o obedecera como se não se importasse em receber suas ordens. Mas ela se importava. Incomodava-se profundamente com o modo com o qual ele a tratava. Ter cedido seu corpo de tal maneira, deleitando-se do prazer que ele havia lhe proporcionado havia sido uma decisão errada a se tomar. Uma falta gravíssima.


Ellie estava ciente de que acabara de se entregar a um homem que não amava e que não a amava. Não houvera qualquer afeto durante o ato em si.


Tentou afastar os pensamentos a respeito do que acontecera ali, fechando seus olhos mais uma vez, buscando cair no mais profundo sono.


Rapidamente, Ellie adormeceu com a mente vazia e o corpo exausto. James virou-se para admirar a jovem esposa e sorriu, satisfeito. Puxou o lençol para ela, cobrindo-a. E, então, passou um dos braços sobre ela, apertando-a contra si, sentindo o calor de seu corpo contra o dele.


Com o rosto afundado nos fartos cabelos dourados dela, ele também adormecera.


Ellie despertou pela manhã, quando sentiu certa agitação ao seu lado, na cama. Abriu os olhos, assustada, e virou-se para o outro lado. A inevitável luz do sol invadia o quarto através das grandes janelas em estilo vitoriano, causando uma pequena ardência nos olhos de Ellie.


James Braxton estava de pé, próximo à cama, vestindo-se pacientemente. Ele virou o rosto na direção dela assim que percebeu que ela havia despertado.


– Vai atrasar-se. – advertiu ele. Ellie abriu totalmente os seus olhos. A voz dele trouxe à mente dela claras lembranças da noite anterior e Ellie sentiu-se corar ao lembrar-se que havia encontrado pelo menos tanta satisfação quanto ele. – Apresse-se. O café está pronto.


– Não sinto fome. – ela respondeu com a voz suave.


– Se não comer irá sentir-se indisposta pelo resto do dia.


Ellie deu de ombros e James emitiu um sorriso direcionado a ela.


– Temos de nos encontrar com Vincent. Vamos. – terminou de abotoar os últimos botões de sua camisa branca e ajeitou o restante de suas roupas. – Não precisa comer se não quiser. O problema é todo seu. Mas quero que se sente ao meu lado à mesa.


Ela franziu os lábios, contrariando a vontade dele. James notou a expressão dela e acrescentou:


– É sua obrigação estar ao meu lado quando exijo sua presença. Agora, levante-se. Estarei esperando na sala de jantar. Você tem cinco minutos para vestir-se. – James retirou-se do quarto em passos rápidos, deixando Ellie incomodada com sua atitude habitual. Sentou-se na cama, não dando muita importância à sua nudez por debaixo do lençol cor-de-creme. Um suspiro escapou dela. Ellie afastou o lençol e pôs-se de pé, caminhando na direção do banheiro.


James Braxton dirigiu-se à sala de estar, deparando-se com uma farta mesa delicadamente posta ali para seu café-da-manhã. Sentou-se à mesa, instalando-se em uma das cadeiras com elegância.


– Bom dia, senhor. – Marina emitiu um sorriso gentil e colocou-se perante ele com as mãos cruzadas à sua frente.


– Bom dia. Alena já se levantou? – ele indagou.


– Não, senhor. Bati à porta dela algumas vezes, mas ela mandou-me sair dali e não perturbá-la novamente.


Ele suspirou pesadamente.


– Quero que use a chave de emergência e abra aquela porta. Abra as janelas, afaste as cortinas e diga a ela que eu exijo que ela desça imediatamente.


Marina assentiu com a cabeça e afastou-se, obedecendo às ordens dadas.


Ellie encontrou-se com ela nas escadas e dirigiu-lhe um bom dia, seguindo para a sala de jantar. Sentou-se ao lado de James e manteve sua postura à mesa.


– Está certa de que não vai comer? – James observou a garota manter-se imóvel, sem sequer tocar em um dos pratos colocados sobre a mesa.


– Meu estômago parece estar dando voltas... – ela comentou.


– Porque você precisa comer. – respondeu. – Sei que não come direito há dias. Seu pai deixou-me a par disto.


Ellie abaixou a cabeça. Ele não devia ter citado seu pai. Rapidamente ela sentiu-se embargada pelo remorso e emoção. James sentiu uma súbita e desconhecida onda de agonia ao vê-la reagir daquele jeito, mas não se manifestou. Aquilo ia contra seus princípios.


Ellie pegou dois biscoitos de leite e deu algumas mordidas, sentindo seu estômago queimar.


Alena surgiu na sala de estar com a cara emburrada e os braços cruzados em frente ao peito.


– Sente-se. – James deu ordem à irmã mais nova. Ela colocou-se em outra cadeira, sentando-se em frente à Ellie.


– Estou com sono. – disse ela, sentindo-se contrariada. Era como se tivesse falado consigo mesma, não esperava que ninguém lhe respondesse. Mas James retrucou a afirmação da garota com sarcasmo.


– Decerto você não pôde dormir ontem à noite. Talvez porque esteve toda a noite fora, sabe-se Deus onde e com quem.


– Isto não lhe diz respeito. – resmungou Alena entre os dentes, tomando posse de um pedaço de pão caseiro.


– Sente-se melhor agora? – Ellie perguntou a ela. Alena levantou os olhos, surpresa pelas inesperadas palavras que soaram. – Quero dizer, depois do mal estar que sentiu naquele dia.


Alena lançou para a esposa do irmão um olhar enfurecido. Ellie não entendeu por que.


– Do que está falando? – James inquiriu com as sobrancelhas arqueadas.


– Nada. – Alena interveio apressadamente. – Ela deve ter visto mal. Julgou que eu não estivesse sentindo-me bem.


– É isso mesmo? – ele virou-se para Ellie e ela deixou sua mais sincera resposta escapar.


– Encontrei-a vomitando no quarto. Eu só... Senti-me obrigada a oferecer ajuda. Pensei que pudesse ser algo grave.


Alena abriu a boca, pronta para proferir palavras que demonstrariam o quão furiosa estava, mas nenhum som saiu. Ellie franziu a testa, confusa com a reação da menina.


James Braxton abanou a cabeça, respirando profundamente como se estivesse tentando impedir que uma bomba dentro dele explodisse.


– Eu não acredito, Alena. – disse ele com imensa seriedade.


– Não é nada do que está pensando. – ela encolheu os ombros, distribuindo manteiga com uma faca que deslizava pela fatia de pão em sua mão. – Comi algo que me fez mal. Isso é tudo.


– É por isso que não tem passado a noite em casa. Eu definitivamente não consigo acreditar que está metida nisso de novo.


– Eu não saí de casa! – ela tentava desesperadamente convencê-lo da verdade.


Ainda que ela realmente tivesse dormido em casa naquela noite, as mentiras contadas anteriormente haviam sido suficientes para acabar com a confiança que o irmão tivera nela.


– Talvez esteja sofrendo de insônia. – Ellie fez um breve comentário, deixando transparecer sua preocupação.


– Talvez seus gritos de cadela no cio tenham me impedido de dormir ontem à noite. – replicou Alena, deixando seu veneno escorrer através de suas palavras. Entretanto, aquilo soara mais como uma provocação infantil, como as que crianças fazem umas às outras na pré-escola.


– Basta! – James Braxton bateu com os punhos na mesa, causando um som espalhafatosamente alto,colocando-se em pé bruscamente. Ellie assustou-se e Alena arregalou os olhos vendo James se aproximar dela. Sem hesitar, ela também se levantou, colocando-se frente a frente com ele.


Um olhar desafiador estampava seus olhos, fazendo-os brilhar em fúria.


– Eleonora é minha esposa e você deve respeitá-la como tal.


– Não seja hipócrita. – disse ela fitando-o diretamente nos olhos. – Está usando-a para manter essa pose de homem honesto. Esse casamento é ridículo.Você está agindo de modo ridículo!


Ele instintivamente ergueu uma de suas mãos para ela, fazendo menção de dar-lhe uma bofetada para que as palavras tolas ditas por ela cessassem e para que ela jamais tornasse a dirigir-lhe a palavra de tal forma.


– James! – Ellie exclamou, impedindo-o de concluir seu ato. Um silêncio surgiu. Ela estremeceu ao ouvir o som da própria voz chamando-o pelo nome pela primeira vez. Ele virou-se para ela com a mão suspensa no ar.


– Vamos! Vá em frente! – Alena o desafiou, indignada com a atitude que ele havia tomado. Ellie balançou a cabeça para ele em um gesto de desaprovação e James bufou, abaixando sua mão.


– Suba para seu quarto. – ordenou ele à irmã. – Agora.


Alena direcionou a ele um último olhar que fora resultado de um misto de espanto e ódio, virando-se e retirando-se da sala de estar, deixando um ambiente completamente carregado para trás.


Tentando controlar sua respiração pesada devido à sua raiva, James Braxton sentou-se novamente em seu lugar na mesa. Deslizando ambas as mãos pelos cabelos, ele soltou um murmúrio de lamentação.


– O que farei com ela?


– Desculpe. – Ellie falou com a voz baixa. – Eu não devia ter...


– Não se preocupe. – interrompeu ele. – Esse é um péssimo sinal.


– A que se refere?


James virou-se para fitá-la. Seus olhos – geralmente frios e apáticos – agora irradiavam decepção e angústia.


Ela percebera que todo seu corpo estava tenso e que ele apertava com força um guardanapo, tentando conter sua impaciência.


– Alena sofreu uma overdose há um ano e meio. – Ellie esboçou uma expressão inquisitiva ao ouvir aquilo. – Temo que ela esteja naquele mesmo caminho mais uma vez.


– Eu sinto muito. – lamentou-se ela.


Ele respirou fundo novamente e anunciou:


– Temos de ir.


Eles saíram da mansão em um carro diferente do que usaram um dia antes. Ellie segurava-se com força ao assento do veículo enquanto James guiava em alta velocidade para o outro lado da cidade.


O carro fora estacionado logo em frente ao antigo prédio onde Vincent Hurst provavelmente estaria esperando por eles. Ellie assistiu o marido sair do carro, dando a volta para abrir a porta para ela. Ela desceu, aterrissando seus pés com cuidado no chão, levantando-se com seu vestido azul-escuro. James fechou a porta do veículo e a conduziu para dentro do local.


Assim que adentraram o grande corredor principal do prédio, Vincent surgiu distante, caminhando na direção deles. De longe Ellie podia ver o sorriso que ele levava nos lábios.


– É ótimo vê-la novamente, Ellie! – exclamou, esbanjando simpatia.


Os lábios de Ellie se alinharam em um sorriso de canto que saiu completamente errado. Não havia satisfação ou alegria nos sorrisos que ela vinha forçando há dias. – Acompanhem-me por aqui.


Vincent Hurst os guiou para os fundos do velho prédio. As paredes seguiam-se num mesmo aspecto. Tudo era muito antigo, as paredes estavam manchadas e as luzes eram fracas, piscando em flashes que causavam incômodo aos olhos de Ellie.


Pararam do outro lado do imenso corredor com paredes unanimemente sujas. Ellie se deparou com rostos conhecidos. No entanto, um dos rostos ali presentes não lhe parecia familiar.


Um sujeito um tanto baixo e corpulento, com cabelos naturalmente avermelhados e uma expressão forçadamente intimidadora nos olhos encontrava-se de pé entre Michael Graber e Joshua Wilder.


Uma cicatriz que se estendia desde seu queixo até seu pescoço causou em Ellie uma sensação de repulsa. Ela teve de desviar os olhos dele.


– Joshua lhe auxiliará com armas de fogo. – Hurst colocou suas explicações às claras. – Este é Bryan Carter. – indicou com a cabeça o homem que levava uma cicatriz no pescoço. – Vai ajudá-la com outras armas. Objetos cortantes que também serão úteis.


Ellie apenas assentiu.


– Olá, Lady Braxton. – Bryan Carter falou em tom de ironia. Uma ironia que soou cruel. Ellie logo chegou à conclusão de que deixara uma má impressão, não muito diferente da impressão que ele causara nela.


– Olá. – ela respondeu timidamente, mantendo-se educadamente séria. Joshua Wilder avançou para ela, levando algo consigo. Ellie ergueu os olhos para ele e Joshua depositou nas mãos dela um revólver acinzentado.


– Essa arma em suas mãos pertenceu ao seu pai. – disse ele.


Ellie fechou os dedos ao redor da arma, sentido suas mãos tremerem. Wilder viu as mãos trêmulas dela tomarem posse do objeto.


– Está tudo bem. – ele tocou-lhe nas mãos e direcionou os dedos dela para forma correta com a qual deveria segurar o revólver. – Somos seus amigos.


Amigos, ele dissera. E, no entanto, Ellie não conseguia confiar neles. Julgou que, talvez, fosse levar tempo pra conseguir acreditar nas supostas boas intenções daqueles sujeitos. Joshua afastou-se dela e Vincent Hurst tomou a voz novamente:


– Tragam o primeiro alvo.


Ellie assistiu Wilder e Carter se afastarem do galpão e ficou curiosa. Vincent sorria para ela enquanto também esperava que os dois voltassem com o que ele havia pedido.


Dois minutos mais tarde, Joshua Wilder e Bryan Carter retornaram ao local, empurrando uma maca hospitalar enferrujada. Sobre ela havia algo coberto com um lençol branco de aparência repugnante.


Com o rosto crispado, Ellie observou-os colocando a maca à sua frente. Vincent Hurst aproximou-se do que estava coberto por debaixo do lençol e avisou:


– Ellie, este será seu primeiro teste. – levou uma mão até o lençol, puxando-o em um só movimento, revelando o que se encontrava sobre a maca.


Absorta com o que vira ali, Ellie recuou um passo, comprimindo a boca com uma mão para evitar um grito que ameaçara escapar.


Seus olhos estavam fixos no animal morto que outrora estivera debaixo do lençol.


– Mas... Que diabos...? – balbuciou afastando a mão da boca.


Bryan Carter tomou a carcaça nos braços enquanto Joshua o ajudava a pendurar o cadáver do animal que mais parecia um cachorro em um gancho preso ao teto do galpão.


Ellie encarou a criatura sem vida suspensa por um fio de aço como um peixe que acabara de morder a isca e sentiu a bílis subir quente por sua garganta, enojada com a cena.


– Este é seu alvo. Precisa saber como colocar uma bala em carne pura. Como se fosse o corpo de alguém. – Hurst explicou. – Está preparada?


Não! Pensou ela. Mas sua resposta fora outra.


– N-Não sei se consigo...


– Isto é realmente necessário? – interferiu-se Michael Graber ao notar o nervosismo que Ellie não conseguia deixar de transparecer juntamente com as gotas de suor que escorriam por seu rosto.


– Silêncio. – Vincent Hurst ordenou. – Não será difícil, Ellie. Seu pai tinha excelente pontaria e autocontrole. Está em seu sangue.


Ellie ergueu o revólver que segurava nas mãos, passando os dedos ao redor dela com firmeza. Ainda assim, suas mãos tremiam de modo que ela não conseguia manter sua mira fixa. Ela sentiu uma súbita onda de adrenalina ampliando-se dentro de seu corpo, forçando-a a seguir nada mais e nada menos do que seu próprio instinto.


Ela fechou os olhos. Sua audição tornou-se inexplicavelmente aguçada. Ouvia o som das gotas de suor que desabavam de seu rosto, caindo ao chão. Seu coração parecia estar ao ponto de explodir.


Hesitante, porém também extremamente nervosa, sentindo a pressão desabar sobre seus ombros, Ellie deitou um dedo sobre o gatilho, sentindo o impacto da bala retirando-se da arma bruscamente. Ouviu-se um estouro. Não muito alto, nem muito baixo. Apenas um estouro.


Abriu os olhos, atordoada.


Seus olhos encontraram algo diferente no cadáver pendurado à sua frente. Havia agora um pequeno buraco entre seus olhos esbugalhados.


– Parabéns. – Vincent disse com admiração. – É um belo começo.


Ellie sentia suas pernas fracas, pareciam derreter como gelo ao sol. Suas mãos estavam banhadas em suor, assim como seu rosto pálido. Sua boca estava seca e ela não conseguia piscar, ainda surpresa com o que acabara de fazer.


Uma tentadora e inesperada ideia lhe veio à mente e ela não pôde deixar de cogitá-la. Ainda tinha a arma nas mãos. E eles estavam ao seu redor, desarmados. Era sua chance. Se tivesse sorte, conseguiria acertar todos eles em pouco tempo, alegando legítima defesa uma vez que a polícia encontrasse os corpos. Assim, ao menos, acabaria com todo aquele tormento. Com o casamento forçado, as insanas coisas que ouvira a respeito de assassinos, fraternidades e vingança. Seria livre.


Aquela ideia rapidamente abandonou sua mente quando ela olhou ao redor e encontrou todos os olhares direcionados a ela.


Vincent Hurst a fitava com admiração. Joshua e Michael faziam o mesmo.


Bryan Carter a observava com desdém, mas não conseguia esconder que também estava surpreso pelo disparo que ela havia feito com o revólver.


James Braxton, entretanto, olhava para ela com um olhar que ela não soube como interpretar. Ele tinha um sorriso no rosto e ela podia jurar que seus olhos brilhavam. Era quase como se estivesse orgulhoso. Orgulhoso dela.


E Ellie, então, percebeu que se virar contra eles naquele momento seria uma péssima ideia. Estavam todos do mesmo lado, como Vincent Hurst antes afirmara.


Ellie começou a se sentir parte do grupo, reconhecendo que eles também estavam começando a acolhê-la com os braços abertos.


Já não estava mais sozinha.


–--


Basílica de São Pedro, Estado do Vaticano.


– Reverendo. – com sua indumentária vermelho-carmesim, um cardeal aproximou-se de um dos seus que – silenciosamente – fazia suas preces, prostrado diante de uma imagem de Jesus Cristo presa à parede. O homem colocou-se em pé, virando-se assim que fora chamado pelo cardeal.


– O que houve? – inquiriu educadamente.


– Ela uniu-se a eles. – declarou com seriedade. Os olhos do reverendo se arregalaram e ele tentou inutilmente esconder sua preocupação.


– Está acontecendo. – disse o homem de idade avançada e grande sabedoria. – A filha de Babilônia juntou-se ao diabo. – olhou para o outro homem parado à sua frente. – Avise os outros.


O cardeal afastou-se, caminhando por entre os bancos de madeira da basílica, retirando-se o mais rápido que podia. O reverendo colocou-se ajoelhado sobre o chão novamente, articulando palavras proféticas em tom calculadamente baixo.


– “Laços te armei, e também foste presa, ó, Babilônia, e tu não o soubeste. Foste achada, e também apanhada, porque contra o Senhor te entremeteste”.



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 51



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  • shadowxcat Postado em 19/07/2016 - 16:24:44

    ESSA FANFIC ESTÁ SENDO REPOSTADA AQUI: http://fanfics.com.br/fanfic/54463/sete-demonios-romance-terror-horror-teen-amor -suspense-thriller-aventura-acao-vampiros-bruxas-demonios

  • raysantos Postado em 12/08/2015 - 20:10:35

    Sua fic e muito top e bem escrita tudo d bom tomara que logo logo a Ellie e James possam ficar juntos sem a essa fulana que eu nao aprendi a dizer muito menos escreve o nome no meio nada contra a crianca mais fazer oq ne continua

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 23:19:37

    Olá, to lendo pelo spirit anime =)

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 22:54:24

    Por favor!!! Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa mais!!! Okk, já sabes q amo de paixão esta web!!! To sentindo muita falta dela....please, preciso de mais caps!!!! Não me deixe na curiosidade por muito tempoooooo *_*

  • vverg Postado em 10/01/2015 - 01:47:30

    Desculpe meu sumisso!! Mas assim q der, comento qdo ler todos os caps =)

  • vverg Postado em 19/08/2014 - 23:57:43

    Poxa não judia tanto de sua leitora caramba!!! Minha fic perfeição, posta mais, preciso de mais.... Estou ficando agoniada sem suas atualizações Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa maissssssssssssssssssssssssssss nesta fic perfeitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa amo sua fic, ok vc já sabe disso, mas não custa falar né hahahahahahahaha

  • vverg Postado em 12/08/2014 - 12:10:07

    Meu Deus! Que nojo deste Declan!!!! Cara##@%@#$#! Putz!!! Como ela se deixa dominar desta forma, caramba!!! Posta mais mais mais mais mais mais. Poxa vc me deixou curiosa agora, tadinha da Elie, ela é muito fraca e se deixa dominar por este imundo.... Estou pasma, posta mais na minha fic perfeição mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais =)

  • vverg Postado em 09/08/2014 - 17:08:49

    Quero maisssssssssssssss!!! Preciso mais desta fic perfeita!!! Posta sim??? Necessito ler.... =)

  • vverg Postado em 06/08/2014 - 10:33:43

    Dahlia tah ferradinha kkkkk. Posta mais! Necessito de mais rsrsrs *_*

  • vverg Postado em 02/08/2014 - 09:55:32

    Minha fic mais q perfeitaaaaa posta mais quero mais caps


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