Fanfics Brasil - Primeiro Ciclo - Capítulo XIV - Brincando de Deus Sete Demônios

Fanfic: Sete Demônios | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass


Capítulo: Primeiro Ciclo - Capítulo XIV - Brincando de Deus

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Esperando as raras oportunidades que tinha para ficar sozinha em sua nova casa, Ellie viu quando o marido saíra rumo a uma das empresas na manhã do dia seguinte. Não havia conseguido dormir depois do reencontro com o irmão mais velho. Desejava entender o motivo principal pelo qual ele a tratava daquela forma. De qualquer maneira, Ellie prometera a si mesma que conseguiria o que Declan havia lhe pedido. Ou, ao menos, parte disto.


Entrou em contato com Michael Graber e o advogado compareceu à mansão meia hora mais tarde, com uma expressão demasiadamente ansiosa no rosto. Como na última vez em que haviam conversado a sós, Ellie pediu para que ele se acomodasse em um dos sofás da sala-de estar, sentando-se à frente dele com um olhar bastante determinado estampando seus olhos castanho-claros.


– Confesso que fiquei surpreso com sua ligação. – admitiu o advogado.


– Serei muito clara, Sr. Graber. – Ellie levou ambas as mãos até os joelhos, mantendo sua postura enquanto se ajeitava no sofá com muita graça e delicadeza. – Sei que os bens que antes pertenciam ao meu pai agora pertencem também a mim.


– Obviamente. – Michael assentiu com a cabeça. – Seu pai entregou toda a sua fortuna ao seu marido. Portanto, sim, você tem direito ao que pertence a ele.


– Quero transferir alguns destes bens para meu irmão e madrasta. – ela soara completamente convencida de que tinha poder suficiente para executar tal ato. Michael Graber lamentou por ela e por sua infinita ingenuidade, algo que mais tarde poderia prejudicá-la.


– Não sei se esta seria uma boa ideia.


– Eles também têm direito a algo. São minha família.


Graber abaixou a cabeça para não permitir que ela visse o quão desconsertado ele estava. A afirmação da garota era extremamente ridícula. Ainda chamava de família aqueles que não se importavam com ela em hipótese alguma.


– Seu pai obviamente gostaria que eles ficassem com uma pequena parcela de toda a sua fortuna. O suficiente para se viver. Nada mais do que isto.


– Gostaria de dividir tudo pela metade entre mim e meu irmão. Ele certamente ajudará Katherina com seus gastos.


– Eleonora, está sendo equivocada. – Graber começou a gesticular, impaciente. – A metade de todo aquele dinheiro é mais do que ele necess...


– Não deixarei meu irmão na miséria! – elevando sua voz, Ellie demonstrou-se subitamente farta de apenas ouvir e nunca poder ter voz ativa em todas as conversas nas quais estava envolvida. Michael Graber arregalou os olhos, surpreso.


– Entrarei com este processo o mais rápido possível. – prometeu ele. – Mas lhe asseguro que James não aprovará essa sua decisão.


– Lidarei com isto mais tarde. – ela respondeu. – Trate de conseguir o que lhe pedi, por favor.


Graber acenou positivamente com a cabeça, colocando-se em pé. Ellie também se levantou, precipitando-se em se despedir do sujeito.


– Está arriscando-se demais. – disse o advogado em tom baixo assim que a jovem aproximara-se dele com a mão já estendida.


– Afirma isto com convicção. A que está se referindo, afinal? – ela quis saber, afastando sua mão.


– Não deveria confiar assim naqueles a quem tanto considera.


– Declan e Katherina são minha família. Não os abandonarei.


– E, no entanto, – Graber falava com amargura. – Eles a abandonaram.


Ellie engoliu a seco a alegação que acabara de ouvir. De fato, aquilo lhe ocorrera por diversas vezes. Desde o dia em que se mudara para aquela mansão, nem Declan tampouco sua madrasta objetaram em deixar que ela partisse. Não se importavam. Ou, pelo menos, não pareciam se importar. Mas Ellie tinha o coração demasiadamente bondoso, o que a impedia de dar o troco. Bater-lhe-iam na face e ela provavelmente lhes ofereceria a outra. Era tão simples quanto soava.


– Vincent tinha razão quando disse aquilo a você. – a voz do homem tornou a soar, tirando Ellie de seus pensamentos mais profundos. – Somos sua família agora.


– E-eu realmente n...


– É ingênua demais para fazer parte disto tudo, eu sei. – ele a interrompeu. – Gostaria de poder ajudá-la a encontrar outro meio de escapar de seu destino, mas, infelizmente, não posso sequer salvar a mim mesmo.


A última frase dita por Michael Graber deixou Ellie perplexa. Era mais do que uma mera afirmação, soara mais como uma revelação. Algo que ele não ousaria dizer a qualquer outra pessoa, muito menos a um de seus irmãos na Fraternidade. Considerando o que o advogada acabara de dizer, Ellie imaginou que, talvez, ele também não quisesse estar envolvido naquele meio. Talvez estivesse arrependido de ter entrado para a Fraternidade. Talvez não quisesse mais levar a vida de tal forma. Talvez ele não quisesse ser mais um assassino. Assim como a própria Ellie não queria se tornar uma. Inesperadamente, um sentimento próximo da confiança a invadiu e ela sentiu-se à vontade diante do indivíduo. A ansiosa e desesperada busca por uma saída tornou a dominá-la, sufocando-a.


– Preciso que me ajude. – o apelo dela soara como um sussurro. Ainda estava hesitante.


– Farei o que estiver ao meu alcance para amenizar o peso de seu fardo, pois até que cresça na Fraternidade, seus dias não serão fáceis. – Michael respondeu. – Mas não se precipite.


– Eu não quero fazer parte daquilo.


– Não há nada que eu possa fazer a respeito. Sinto muito.


Ellie começou a sentir as pontadas do pânico alfinetarem suas veias como agulhas que não hesitavam em perfurá-la, muitas delas ao mesmo tempo. Era agonizante e desesperador.


– Por favor... – as pálpebras começaram a se encher de umidade. – Eu não sou uma assas...


– Sei que é difícil. – Michael Graber usou o tom mais brando que podia, na esperança de acalmá-la. – Mas tudo será como deve ser. Está jogando do lado certo.


– Por que diz isso?


– A organização morrerá e matará por você, uma vez que se torne parte dela. Não estará mais sozinha. – disse-lhe. – Aceite seu destino, Eleonora. Aceite a ajuda que lhe estão oferecendo. Não precisa mais sentir-se só.


Imaginar a si mesma dentro de uma Fraternidade de assassinos seria loucura há semanas atrás. Agora, porém, era algo que Ellie conseguia fazer com extrema facilidade. Por inúmeras vezes cogitara a ideia de aceitar o que lhe estavam oferecendo e começar a seguir os passos para aquela nova vida. Parecia o mais esperto a se fazer, mais não o mais fácil. Renunciar a imaculada e quase normal vida que vivera até então era sua maior dificuldade.


Sabia que teria de matar para conseguir sua entrada na Fraternidade. Matar era o problema de maior proporção. Não conseguia imaginar como se sentiria com o poder de tirar a vida de alguém em mãos. Era quase como brincar de ser Deus. Uma grande heresia que, certamente, impediria sua alma de passar pelos Portões dos Céus quando sua hora chegasse.


A conclusão que tirara disto tudo era objetiva e muito clara: uma vez que entrasse para a Fraternidade, Ellie teria condenado a si mesma para o inferno.


Contudo, os membros da Fraternidade – aparentemente – eram as únicas pessoas a acolherem desde a morte do pai. De um súbito, ela lembrara-se do que James Braxton havia lhe dito na mesma noite em que recebera a notícia da morte do pai. As palavras agora ecoavam em sua mente com nitidez.


...Nada lhe acontecerá enquanto eu viver.


A voz de Vincent Hurst soava logo em seguida, fundindo-se com a anterior:


...Seremos sua família se aceitar minha proposta.


Fechou os olhos, tentando comprimir a dor de cabeça causada pelas vozes que se negavam a cessar em sua cabeça.


– Não há outra saída, Eleonora. – Michael Graber falou e ela abriu os olhos para ele, encarando-o. – Eu bem queria que você pudesse ser poupada disto, mas... Não há outra saída. – ele repetiu.


Claramente ele censurava-se por tentar convencê-la da verdade. Ellie não entendia por que.


– Se eu cair de cabeça nessa organização, – ela finalmente voltara a falar. – Então eu terei me condenado.


– Estaria condenada de qualquer forma. – o sujeito parado perante ela alegou com fé. – Acredito na profecia, Ellie. – tomou a liberdade de chamá-la pelo apelido de infância sem que antes pudesse conter sua ansiedade em esclarecer as dúvidas da garota. – Você é a Mulher de Vermelho.


– Não. – protestou calmamente.


– Haverá um dia em que muitos a admirarão e a adorarão como se adora uma deusa. – ele articulava suas palavras com facilidade, deixando mais do que óbvio que ele realmente acreditava no que estava dizendo. – Deve ter ouvido a respeito da noite de seu nascimento, creio eu.


– Eu...


– Ocorreu algo inesperado. Neve e chuva. E não era uma noite de inverno. Estávamos em Junho. – explicou ele. – A neve representa intangibilidade. As águas que despencaram dos céus naquela chuva representam nações, raças, povos e línguas. – Ellie olhava com perplexidade o homem que lhe dava explicações mais claras comparadas às que ouvira anteriormente. – Logo, aquilo facilitou muito para que os membros da seita lhe encontrassem. Em outras palavras, aquele fenômeno da natureza havia sido um sinal dos anjos que queriam dizer algo como “uma garota pura tomará para si todas as nações e governará sobre a Terra”. – uma breve pausa. – Mas até alcançar seu objetivo, a garota não será mais pura e íntegra.


– Seita? – inquiriu.


– Aqueles que a perseguem desde que nasceu. – Michael respondeu com naturalidade. – Você é aquela que trará consigo o fim dos tempos.


– Ouça, isso realmente soa absurdamente insano.


– Sei disso.


– Se eu sou aquela que iniciará o Apocalipse, então por que vocês querem-me ao seu lado? – de modo inesperado, em sua mente, Ellie começara a encaixar algumas das milhares peças espalhadas.


– Nós lutamos para construir um novo mundo. – Graber disse em tom de altivez. – Se a tivermos ao nosso lado, conquistaremos este objetivo mais rápido do que planejamos.


– Eu estou confusa. – Ellie fez menção de tornar a sentar-se, mas Michael Graber a segurou pelos ombros.


– Se a Mulher de Vermelho unir-se à Fraternidade, então todos nós governaremos sobre a Terra. Um mundo completamente novo, onde a injustiça não existirá.


A garota fitou-o nos olhos, tentando inutilmente encontrar algum sinal de que ele não falava sério.


– A Mulher de Vermelho é a mãe da blasfêmia e de todas as impurezas que reinam sobre a Terra. – ela disse, lembrando-se do que aprendera em suas aulas de catequese. – Vocês querem um mundo puro. Se eu realmente sou esta mulher, não terei o direito de fazer parte dele.


– Há sempre outro ponto de vista. – ele falou. – As coisas farão mais sentido se aceitar continuar com seus treinamentos.


Ela afastou-se das mãos dele, sentindo-se incomodada e aniquilada pelo peso da quantidade incalculável de informações que eram enviadas para seu cérebro naquele momento.


A porta principal fora aberta, o ranger que soou no ar fez com que Ellie instintivamente virasse na direção do som, deparando-se com James Braxton que em nada parecia surpresa com a presença de Michael Graber na sala-de-estar.


– Olá, Michael. – aproximou-se do conhecido em passos leves, apertando-lhe a mão com firmeza. – Aconteceu algo?


– Não. – ele disse rapidamente. Afastou a mão de Braxton e tentou permanecer sério.


– Eu não esperava encontrá-lo aqui.


– Eu pedi para que o Sr. Graber comparecesse. – Ellie interveio com sua plena sinceridade. – Falávamos a respeito dos bens que quero transferir para meu irmão.


O olhar de James imediatamente caiu sobre Michael Graber e ele já conseguia prever o que viria a seguir. Pensou desesperadamente em uma forma de evitar conflitos.


– E o que decidiram?


– Falaremos sobre isto em outra oportunidade. – o advogado começou a se esquivar. – Tenho de falar com Vincent. Espero vê-los mais tarde.


James Braxton encolheu os ombros sem responder e Graber afastou-se, seguindo para a porta que faria com que ele saísse da casa. Ellie manteve-se calada, lembrando-se da conversa que ocorrera ali, segundos atrás. Respirou profunda e pesadamente, esvaziando seus pulmões cheios. Passou por James com pressa, mas este a deteve, segurando-a pelo braço com certa brutalidade. Apropinquou seu rosto do dela, falando-lhe com severidade:


– Não quero que tenha segredos comigo.


Ellie virou o rosto lentamente, evitando fitá-lo nos olhos, pois estava segura de que a expressão dele naquele instante não lhe causaria alívio algum. Pelo contrário.


Fala a respeito da conversa que havia tido com Michael Graber estava fora de questão. Era mais do que óbvio que Braxton se zangaria com o pedido feito por ela. Todavia, a própria Ellie receava que James já estivesse a par do que ela desejava fazer a respeito da herança de seu pai. E, certamente, ele não a apoiaria na decisão de dividir seus bens com seu irmão.


Quando sentiu a mão de James afrouxar ao redor de seu braço, Ellie pôs-se a se afastar dele, subindo as escadas até seus aposentos.


Adentrando sua suíte, Ellie encontrou Marina ajeitando os lençóis de sua cama. Caminhou na direção da jovem, com uma expressão curiosa.


– Não tenho te visto ultimamente.


– D-desculpe. – Marina pareceu inesperadamente nervosa. – Estive ajudando na cozinha, senhora.


– Não se desculpe, eu não estou lhe repreendendo. – Ellie disse gentilmente.


– Devo voltar à cozinha. Com licença. – a garota começou a se afastar, mas Ellie fora mais rápida.


– Espere. – deteve-a. – O que há de errado?


– Nada, senhora. Perdoe-me. – Marina não a olhava nos olhos, algo que Ellie considerou uma tentativa de esconder-se dela.


– Está tudo bem. – alegou a mais jovem. – Somos amigas. Pode confiar em mim.


Marina levantou o rosto, um tanto surpresa. Ellie prosseguiu:


– Se algo lhe ocorrer, quero que me diga. Por favor.


A empregada assentiu em um lento gesto com a cabeça. Virou-se e se retirou do quarto sem dizer nada. Ellie suspirou, sentando-se à beira de sua cama. Colocou sua mente para funcionar, imaginando como seria o dia seguinte, na inútil expectativa de que as coisas melhorariam.


Evidentemente aquilo não aconteceu.


O dia que se prosseguiu começara de modo pouco agradável. Pela manhã, James a levara diretamente para o prédio da organização. Ele não lhe dirigira qualquer palavra durante o percurso. Ellie sentia um misto de curiosidade e receio. Era confuso. Ela não sabia exatamente o que esperava por ela naquela manhã. Arrependeu-se de imediato por ter ansiado pela resposta quando se encontrara com Vincent Hurst na antiga propriedade onde a Sétima Divisão da Fraternidade se localizava.


Assim que James parou o veículo em frente ao prédio, Joshua Wilder saiu pela porta principal, parando perante o automóvel. Seu rosto demonstrava ansiedade. Assim que desceu do carro, Ellie ergueu os olhos para ele e indagou:


– O que houve?


– Vincent gostaria de falar com você. O assunto é sério.


O semblante da garota fechou-se em um sinal de surpresa. James colocou-se ao lado dela, conduzindo-a para dentro do prédio. Guiou-a até a sala de Vincent Hurst, onde o próprio já se encontrava à espera dela.


– Sente-se. – ordenou. Ellie ajeitou-se em uma das cadeiras. James Braxton ficou parado à porta enquanto Hurst sentava-se à frente da jovem. – Estamos perdendo tempo, Ellie.


O homem parecia altamente preocupado. Ellie tinha a certeza de que algo havia acontecido. Algo de que ela ainda não estava a par.


– O que quer dizer?


– Eles sabem onde você está e com quem. – declarou ele. – Irão atrás de você até que consigam o que querem.


– Eles n...


– Precisa decidir se vai ou não fazer parte dessa fraternidade. – Vincent asseverou. – E com isto eu quero dizer definitivamente parte dessa fraternidade.


Ellie cerrou os olhos e uma reprodução de imagens e sons rodou em sua cabeça, os últimos dias vividos por ela, as coisas que descobrir e tudo o que presenciara. A morte do pai havia sido – decididamente – o evento de maior impacto até então. A Fraternidade a estava oferecendo apoio para descobrir quem havia assassinado seu pai. Além disto, eles lhe ofereciam proteção. Retornando aos pensamentos que tivera durante sua conversa com Michael Graber naquele mesmo dia, Ellie tomou a decisão que vinha tentando evitar há tantos dias. Já não podia mais fugir. Não podia mais negar seu destino. Abriu os olhos e eles brilharam em meio à sua decisão recém-tomada. Fitou Vincent Hurst com seriedade e anunciou:


– Quero entrar para a Fraternidade. – acrescentou ainda mais severidade ao seu tom de voz. – Definitivamente.


– Ótimo. – Vincent abriu um sorriso, satisfeito. – Joshua te espera para seu treinamento com armas de fogo. Depois, Carter estará à sua espera para ajudá-la com facas e outros objetos cortantes. Michael será seu conselheiro e uma vez que esteja verdadeiramente pronta para sua primeira missão, James a acompanhará. – explicou. – Está pronta?


– Sim, senhor.


Ellie montou um cronograma em sua cabeça, decidida a dar o máximo de si em seus treinamentos. Ela deu a si mesma o prazo de sete dias para conquistar seu primeiro objetivo. Objetivo que era finalizar a primeira parte do treino. Assim, eventualmente, ela teria a chance de finalmente executar sua primeira missão. Tinha sete dias para preparar-se tanto fisicamente quanto mentalmente.


Conforme prometera para si própria, Ellie evoluíra no decorrer dos dias. Uma das melhores demonstrações de seu preparo foi o quarto dia de treinamento com facas naquela semana. Bryan Carter esperava por ela em um dos galpões. Ellie adentrara o local com ar de superioridade, nada intimidada por seu treinador.


– Olá, garotinha. – Carter deu início às suas provocações. Ellie, por sua vez, não reagiu como de costume.


Colocando-se em frente à ele, mantendo sua determinada distância, ela disse com a voz estranhamente soturna:


– Poupe-me de suas piadas. Vamos começar logo com isso antes que eu perfure cada centímetro de seu corpo com todas as facas que tem em seu estoque.


Bryan emitiu um riso estrondosamente exagerado. Caminhou na direção dela, entregando-lhe uma faca. Afastou-se e fez um sinal para que ela se preparasse. Quando fez menção de atacá-la com duas facas em mãos, Carter foi surpreendido pelo modo como Ellie desvencilhara-se dele, defendendo-se com uma única faca. Faca que, consequentemente, ela usou para cortar a mão de seu adversário. Bryan Carter sentiu a faca passar por sua pele, abrindo um corte na palma de sua mão. Lembrou-se da vez em que a tinha atacado, causando nela exatamente o mesmo ferimento.


– Merda... – murmurou tentando conter o sangue que se esvaía através do corte.


– Jamais torne a me subestimar. – assegurou ela. Era a primeira vez que usava aquele tom de voz e, contudo, sentia-se profundamente orgulhosa de si mesma. Ajoelhado no chão, preocupado com o ferimento profundo em sua mão, Bryan Carter não reagiu e Ellie chegou à conclusão de que era uma adversária párea para ele, afinal.


Ao sétimo dia, ela fora chamada até a sala de Vincent Hurst. Desta vez muito preparada para qualquer que fosse aquilo que lhe ocorreria uma vez que adentrasse aquela sala, Ellie encontrou o marido sentado em frente à Vincent e ambos pareciam ansiosos para falar com ela. Hurst fora o primeiro a quebrar o silêncio ambiente.


– Você evoluiu muito nestes últimos dias. Estamos orgulhosos de você.


– O que querem? – indagou. Sem que pudesse conter-se, Ellie notou que falara com frieza. Algo nela estava mudando. Ela estava mudando. Podia sentir isso com o passar dos dias, das horas e até mesmo dos minutos.


– Está pronta para sua primeira missão, Ellie. – a declaração de Vincent Hurst fez com que os olhos de Ellie se abrissem por completo. Mentalmente ela celebrou a conquista de seu primeiro objetivo.


– E o que será? – perguntou ela, mantendo sua compostura.


– Courtney Richfield. A mulher que afogou o próprio filho na banheira.


Ela assentiu com a cabeça enquanto Hurst estendia para ela uma pasta com informações a respeito do alvo que anteriormente ela negara-se a eliminar.


– Irei com você. – informou James Braxton. – Seguirá o mesmo plano. Atire pela primeira janela. Não tem como errar.


– Certo.


Saindo do prédio da organização, James a levou com seu automóvel até o bairro onde eles estiveram antes. Ellie, desta vez, pensava e sentia-se de modo totalmente diferente. Sem que ele precisasse lhe dar ordens ou instruções, ela apertou um botão no painel à sua frente. Botão que fez com que o teto-solar se abrisse sobre a cabeça de ambos. Ellie colocou-se de pé, com parte do corpo para fora, atravessando o teto-solar. James mantinha-se atento ao volante.


– Lembre-se. – disse ele sem olhar para a garota.


– Primeira janela. – ela disse para si mesma.


Viu-se chegando cada vez mais perto da última casa daquela mesma rua. A casa onde Courtney Richfield estaria degustando seu simples e típico cereal matinal, em frente à primeira janela que apontava para a rua. Retirando o revólver que outrora pertencera a seu pai, Ellie fixou sua visão na primeira janela da casa localizada na esquina da qual o automóvel se aproximava. Esticou os braços com a arma em mãos, apertando-a fortemente. O dedo no gatilho. A mente oscilando do nervosismo para a frieza. Podia sentir seu sangue congelando em suas veias. Era hora de agir com a razão e não com a emoção.


James pisou no acelerador, aproximando-se ainda mais do local onde o alvo estaria. E então, como na primeira vez, tudo ocorrera em slowmotion. Ellie olhou através da primeira janela da casa. Logo seus olhos encontraram seu alvo. Courtney Richfield levava uma colher cheia de leite e cereal até sua boca, mas seus olhos se arregalaram quando viu a garota com a arma apontada em sua direção. Deixou a colher cair sobre a vasilha na mesa. A boca estava escancarada, esperando pelo provável.


Ellie não deixou que aquele momento durasse por muito tempo, pois ainda temia desistir da decisão que tomara. Deitou o dedo sobre o gatilho e sentiu o impacto da bala que saíra do cano do revólver, voando pelos ares, atravessando o vidro da janela, seguindo para o meio da testa de Courtney Richfield.


O corpo caiu para trás, lentamente. Um verdadeiro ballet da morte. Quando o tempo retornou à sua velocidade normal, Ellie encheu seus pulmões e respirou profundamente.


Tinha acabado de tirar uma vida. Cometera homicídio. Acabara se assinar sua sentença para o inferno. Por outro lado, porém, acabara de abrir as portas para a grande chance de vingar a morte de seu pai. Agora era tarde demais para negar. Era um deles. Era parte da Fraternidade. Era uma assassina.


Desceu novamente para dentro do automóvel ainda em movimento, ajeitando-se no banco do passageiro. Seu coração batia com tanta força que ela sentia seu corpo tenso. As mãos suavam como nunca. Ela sentiu uma súbita ânsia de vômito. O estômago dava voltas, causando-lhe aversão. Colocou a arma debaixo do banco, livrando-se daquilo com muita pressa.


– Mas veja só. – James Braxton ainda estava ao volante e falava com uma ponta de ironia. – A pequena Ellie acaba de dar um passo para o lado que tanto queria evitar.


Ellie respirava ofegantemente, assustada e atônita. Sequer dava atenção ao que ele dizia. Mas James não permitiu que aquele momento tão importante passasse em branco.


– Estou orgulhoso. – ele confessou, abrindo um sorriso que Ellie não soube como interpretar. – E sei que também está.


Ela permaneceu quieta, sem responder. No fundo, ainda que não admitisse em voz alta, ela sentia-se orgulhosa de seu último feito. Era algo que ela jamais havia experimentado antes.


Era realmente como ela havia pensado antes. Ela possuía o controle remoto em mãos e tinha o poder de pular para os créditos finais da vida de outra pessoa. E fora exatamente aquilo o que ela fizera. Por um momento, Ellie concluiu que seguiria com aquele controle remoto para sempre, agindo como bem entendesse, envolvendo a vida de outras pessoas. Mesmo que aquelas pessoas merecessem, de fato, a morte. Ela tinha o poder da justiça. Tinha o poder...


Estava começando a brincar de ser Deus.


E, por mais que quisesse, não conseguia dizer que aquilo lhe desagradava.



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 51



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  • shadowxcat Postado em 19/07/2016 - 16:24:44

    ESSA FANFIC ESTÁ SENDO REPOSTADA AQUI: http://fanfics.com.br/fanfic/54463/sete-demonios-romance-terror-horror-teen-amor -suspense-thriller-aventura-acao-vampiros-bruxas-demonios

  • raysantos Postado em 12/08/2015 - 20:10:35

    Sua fic e muito top e bem escrita tudo d bom tomara que logo logo a Ellie e James possam ficar juntos sem a essa fulana que eu nao aprendi a dizer muito menos escreve o nome no meio nada contra a crianca mais fazer oq ne continua

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 23:19:37

    Olá, to lendo pelo spirit anime =)

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 22:54:24

    Por favor!!! Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa mais!!! Okk, já sabes q amo de paixão esta web!!! To sentindo muita falta dela....please, preciso de mais caps!!!! Não me deixe na curiosidade por muito tempoooooo *_*

  • vverg Postado em 10/01/2015 - 01:47:30

    Desculpe meu sumisso!! Mas assim q der, comento qdo ler todos os caps =)

  • vverg Postado em 19/08/2014 - 23:57:43

    Poxa não judia tanto de sua leitora caramba!!! Minha fic perfeição, posta mais, preciso de mais.... Estou ficando agoniada sem suas atualizações Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa maissssssssssssssssssssssssssss nesta fic perfeitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa amo sua fic, ok vc já sabe disso, mas não custa falar né hahahahahahahaha

  • vverg Postado em 12/08/2014 - 12:10:07

    Meu Deus! Que nojo deste Declan!!!! Cara##@%@#$#! Putz!!! Como ela se deixa dominar desta forma, caramba!!! Posta mais mais mais mais mais mais. Poxa vc me deixou curiosa agora, tadinha da Elie, ela é muito fraca e se deixa dominar por este imundo.... Estou pasma, posta mais na minha fic perfeição mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais =)

  • vverg Postado em 09/08/2014 - 17:08:49

    Quero maisssssssssssssss!!! Preciso mais desta fic perfeita!!! Posta sim??? Necessito ler.... =)

  • vverg Postado em 06/08/2014 - 10:33:43

    Dahlia tah ferradinha kkkkk. Posta mais! Necessito de mais rsrsrs *_*

  • vverg Postado em 02/08/2014 - 09:55:32

    Minha fic mais q perfeitaaaaa posta mais quero mais caps


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