Fanfics Brasil - Primeiro Ciclo - Capítulo XVII - Água Negra Sete Demônios

Fanfic: Sete Demônios | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass


Capítulo: Primeiro Ciclo - Capítulo XVII - Água Negra

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Curiosa a respeito de seu terceiro alvo, Ellie demonstrou-se completamente ansiosa e bem-disposta pela manhã do dia seguinte. Mesmo não conseguindo dormir durante a noite anterior – devido ao que presenciara no banheiro –, ela não deixou que aquilo interferisse em seu foco principal.


Ainda queria vingar a morte do pai. Ainda queria seguir com seu treinamento.


James a levou diretamente para o prédio da organização, onde habitualmente Vincent estava à espera deles. Recebeu-os com entusiasmo, conduzindo-os até sua sala. Sentou-se por detrás da mesa de madeira e depositou uma pasta sobre a mesa. Ellie, parada em pé à sua frente, observou a pasta, à espera de instruções.


– Seu próximo alvo chama-se Jack Bennett. – explicou Vincent Hurst. – É um caso totalmente diferente.


– Por quê? – Ellie perguntou, inclinando a cabeça para um dos lados.


– Porque Bennett é um policial muito bem treinado. Está há anos na corporação.


– E qual é o motivo para eliminá-lo?


– Abuso de autoridade. – respondeu o superior. – Além das incontáveis vezes em que este sujeito não cumpriu com sua obrigação, aceitando suborno.


– Um policial corrupto. – deduziu Ellie. – Está bem.


Ela tomou posse da pasta sobre a mesa e colocou-a debaixo do braço.


– Será um nível mais avançado para você, Ellie. E com isto quero dizer que você será levada agora mesmo até seu alvo.


Os olhos dela se arregalaram subitamente, esboçando a mais surpresa das reações.


– Mas como terei tempo para estudar o alv...


– Pode ler as informações a respeito dele durante o percurso. – ele completou. – Sei que será capaz de completar esta missão, mesmo em circunstâncias diferentes.


Ellie virou-se para James que se encontrava parado ao seu lado e ele acrescentou rapidamente:


– Precisa se preparar para todo tipo de contratempo. Nunca se sabe quando é necessário acelerar o estudo de seu alvo. Há sempre uma emergência.


Ela desviou o olhar, pensativa. Vincent Hurst emitiu uma expressão um tanto preocupada e indagou:


– O que está lhe perturbando?


Ellie imediatamente ergueu os olhos, fitando-o. Fez menção de responder, mas temia até mesmo se lembrar do que ocorrera na noite anterior. O que está lhe perturbando? Ele perguntara. E era exatamente aquilo que Ellie queria saber. O queexatamente havia surgido em seu banheiro naquela noite. Pensou em como Hurst parecia sábio e sempre empenhado em tirar suas dúvidas. Isso fez com que ela finalmente se manifestasse.


– Eu vi algo. – sua afirmação não soara clara o suficiente. – Digo... Eu não sei. Eu ouvi vozes, acho que...


– Quando isto lhe ocorreu?


– Ontem. – respondeu ligeiramente. – A água do chuveiro... Ela... Não sei explicar, mas...


– Ocorreram algumas manifestações ao redor dela. – James Braxton veio em seu socorro. – Água negra, Vincent.


– Nascida da Água Negra.


– Exatamente.


Ellie viu os dois se entreolharem, trocando informações que ela não conseguia acompanhar. Perdida em meio àquelas afirmações, ela logo se colocou de volta na conversa.


– Do que estão falando? – perguntou, impacientemente.


Vincent Hurst respirou fundo, recostando-se à sua cadeira. Batia com os dedos sobre sua mesa em um gesto de nervosismo e ansiedade.


– Sete dias após seu nascimento, quando seu pai ainda estava em treinamento aqui na Fraternidade, – ele começara a explicar com sua branda paciência. – Ele a incluiu em um ritual.


Ellie franziu o cenho, mais confusa do que antes. Passara a detestar as vezes em que lhe eram ditas informações de seu passado. Era como se a vida que tivera antes do pai morrer fosse apenas uma mera ilusão. A realidade era outra. Algo que ela não queria aceitar ou acreditar.


– Perguntaram a ele qual dos sete demônios iria acompanhar sua filha. E, depois de pensar muito, Maurice decidiu que o demônio da avareza seria seu seguidor.


– Mamon. – disse Braxton, suplementando a explicação do mais velho.


– Assim, Maurice disse que nada jamais faltaria à sua garotinha. Ela se tornaria ambiciosa e determinada. São, ironicamente, qualidades que acompanham o pecado da avareza. – continuou Vincent. – Cada divisão da Fraternidade representa um dos sete demônios. E você vai para a divisão que condiz com o demônio que lhe segue. Contudo, as circunstâncias fizeram com que você viesse para cá. – abriu os braços, indicando seus arredores. – A Sétima Divisão. E nosso pecado é a soberba.


– Tecnicamente, você deveria estar na Terceira Divisão da Fraternidade. – James explicou.


– Devido ao que acontecera ao seu pai, acolhemo-la aqui, querida. – Vincent Hurst abriu um sorriso amigável. – Seu caso é muito especial na Fraternidade. Vocêé especial, Ellie.


Ellie respirou profundamente, deixando as informações serem processadas lentamente por seu cérebro. Mas a voz de Hurst tornou a invadir o ambiente:


– Depois de escolher o demônio que seguiria a filha, Maurice aceitou o ritual. Conforme o demônio escolhido, banharam-na em petróleo. Água negra. O símbolo da fortuna.


Ela abriu a boca para dizer algo, mas Hurst ainda não havia terminado de explicar.


– Seguindo a tradição do ritual de entrega, você seria acompanhada por Mamon durante toda a sua vida, mas isto não ocorreu. Pelo menos não ainda. Você não tem um demônio definido dentro de si. Talvez ainda esteja em desenvolvimento, ou... Talvez você seja mais especial do que imaginamos.


– Estão me dizendo que, se meu pai tivesse permitido, eu seria enviada diretamente para outra organização? Mas ele nunca quis que eu estivesse a par de tudo isso. Porém, por causa do que houve com ele, vocês me acolheram e não a outra divisão.


– Entendeu perfeitamente bem. – Hurst balançou a cabeça. – Seu espírito foi envolto em água negra quando ainda era um bebê. É assim que a chamaram na noite do ritual. Nascida da Água Negra.


– Aquilo que eu vi...


– Era uma manifestação de Mamon. – Vincent completou.


Ellie recuou com suas palavras. A lembrança da substância pegajosa e escura banhando seu corpo lhe causou um terrível arrepio.


– As manifestações físicas ocorrem depois que o protegido completa dezoito anos. É por isso que você não viu ou ouviu nada daquilo antes.


– Mas disse-me que não há um dem... Não há nada definido dentro de mim ainda. O que isto quer dizer?


– Ainda não podemos dizer qual demônio é o guardião de sua alma. Nenhum deles se manifestou em você. – esclareceu ele. – Quero dizer, em atos. Você não é uma garota ambiciosa, Ellie. Logo, avareza não é seu pecado. – olhou para baixo e depois tornou a fitá-la. – Mas ainda temos tempo.


Ellie permaneceu silenciosa, tentando encaixar todas as peças daquele absurdo quebra-cabeça que insistia em invadir sua mente.


– Leve-a até seu alvo. – o superior informou James.


Este assentiu com a cabeça e começou a se retirar. Ellie, ainda atônita, virou-se com a pasta em mãos e o seguiu para fora da sala, e, em seguida, para fora do prédio em si.


Enquanto adentrava o automóvel que James estacionara em frente à entrada, Ellie imaginou antigos membros da Fraternidade executando estranhos rituais com seus filhos.


Pelo que entendera, os sete demônios eram quase como guardiões das almas de todos aqueles que entravam para as sete organizações. Era irônico, mas era como se eles fossem os anjos da guarda dos membros da Fraternidade.


A mente de Ellie assemelhava-se agora à uma bomba-relógio chegando ao ponto de explodir. Ela não conseguia mais conter sua frustração. No entanto, sabia que era impossível voltar à sua antiga vida. Tudo havia mudado e, consequentemente, ela também tinha de mudar.


Abriu a pasta, tomando os papéis nas mãos.


Passou os olhos por eles enquanto James a conduzia até o local onde – provavelmente – encontraria seu alvo. Deparou-se com a foto daquele cuja vida ela tiraria minutos mais tarde. Jack Bennett possuía cabelos castanhos e olhos a condizer. Uma fisionomia comum e um tanto confiável.


Os relatórios que ela lera a seguir, porém, em nada se harmonizavam com a aparência física do sujeito. Com provas claras de que Bennett era um policial corrupto, Ellie se perguntou como a justiça podia falhar tanto, permitindo que pessoas como ele e as duas outras que ela havia assassinado ficassem impune.


Ela cogitou a célere ideia de concordar com a justiça imposta pela Fraternidade. Ao menos, teoricamente, o propósito por trás de tudo aquilo parecia correto e justo. Tomou nota de onde, quando e com quem o alvo estaria, preparando-se para executar sua terceira missão.


Levando em conta a sua última, Ellie decidiu esvaziar sua mente como fizera antes, pois temia que seu emocional afetasse seu psicológico durante o ato.


O carro parou no momento exato em que ela terminava de ler a última linha do último dos papéis colocados dentro da pasta amarela. Guardou os papéis e fechou a pasta, posicionando-a debaixo de seu assento.


Olhou ao redor através das janelas do veículo. Estavam em um bairro de classe média da cidade, um lugar que Ellie não soube dizer se conhecia ou não.


As ruas estavam vazias e ela constatou que, então, não haveria testemunhas. Abriu o porta-luvas e dele retirou seu revólver. Com a arma empunhada, ela saiu pelo lado do passageiro, colocando-se de pé. James Braxton também se retirou do automóvel, dirigindo-se à ela de prontidão.


– Ele está naquele prédio. Apartamento 306. – indicou um prédio de porte médio a alguns metros de distância.


– Sei disso. – afirmou ela. Colocou a arma presa à cintura e começou a caminhar na direção do edifício.


– Qual é o plano para entrar sem ser vista? – Braxton perguntou, caminhando ao lado dela.


– Bem, eu... Eu suponho que este edifício seja menos vigiado que o anterior, considerando o bairro em que estamos.


– Fez um ótimo ponto, mas ainda precisa de um plano para que não a vejam.


Ellie prosseguiu em passos lentos, procurando por um plano no fundo de sua mente conturbada. De repente, algo clareou em sua cabeça como uma lâmpada. Aquela talvez fosse a ideia mais absurda que já tivera, mas em teoria soava muito boa. Virou-se para James e disse:


– Vamos dar a volta e subir pelo lado externo, pelos fundos do prédio.


Ele olhou-a, surpreso. Exibiu uma expressão de perplexidade e respondeu:


– Não tenho certeza de que funcionará. Não temos o equipamento necess...


– Posso fazer isso. – ela o interrompeu. – Estou certa disso.


James acenou com a cabeça, descontente. Todavia, interferir com suas objeções não ajudaria muito e ver Ellie criar suas próprias teorias para cumprir a missão com sucesso era algo impagável.


Caminharam até os fundos do prédio, dando a volta. Ellie parou diante do edifício, olhando para cima. Tinha dez andares e as paredes externas pintadas de branco. Aproximou-se da parede, colocando um pé sobre uma das pequenas muretas que estavam presas àquela mesma parede. Vendo-a subir aos poucos, de forma desajeitada, James Braxton balançou a cabeça negativamente.


– Está louca se pensa que vai chegar até o quinto andar dessa maneira.


Ignorando-o, Ellie prosseguiu com seus movimentos, segurando-se com força às muretas acima, escalando com suas pernas. Evitando olhar para baixo, ela encontrou-se no quinto andar do edifício. Animou-se por completo ao deparar-se com uma janela aberta. Atravessou-a, sentando-se na janela e passando as pernas para o lado de dentro. Em seguida, quando já se encontrava dentro do lado dentro, olhou para baixo pela janela, sentindo um gélido arrepio ao perceber que havia corrido o risco de ter caído daquela altura que provavelmente lhe causaria graves ferimentos ou até mesmo a morte. Olhando ao redor, Ellie descobriu-se em uma sala de estar. O apartamento era decorado de forma simples, nada de especial. Ouviu passos e um barulho vindo da maçaneta da porta. Rapidamente ela jogou-se para trás de um sofá cor-de-creme, já pousando a mão sobre a arma que levava escondida em suas roupas.


A porta foi aberta e os passos se aproximaram cada vez mais. Ellie espiou por cima do sofá. Viu um homem caminhando na direção da janela, fechando-a. Reconheceu sua fisionomia de imediato.


Jack Bennett.


Aquele provavelmente havia sido o maior golpe de sorte de toda a sua vida. Enquanto Bennett ainda preocupava-se em fechar a janela, Ellie apressou-se em se levantar, com a arma em mãos, apontando-a para a cabeça do alvo. Ele congelou. Certamente já havia percebido a presença dela. Sem se mover, Jack Bennett disse em voz baixa:


– Eu sabia que viria.


Ellie arqueou as sobrancelhas e apertou a arma com força entre as duas mãos, ainda mantendo Bennett na mira.


– Como sabia?


– Há muito tempo querem me pegar. – respondeu rispidamente. – Mas nunca foi fácil.


– Você sabe que tem que morrer. É um imoral.


– E você? – virou-se lentamente para ela. Sua expressão facial era tranquila. – Quantos já matou? É realmente uma pena. Uma garota tão jovem se afundando naquele bando de criminosos.


– Juntar-me a eles foi necessário. – ela disse. E então percebeu que não havia motivo algum para dar satisfações de seus atos àquele desconhecido.


– O mesmo aconteceu comigo. Foi necessário que eu aceitasse me calar diante de algumas situações. O dinheiro sempre fala mais alto. – o tom de voz usado por ele esbanjava cinismo.


– Você é um cretino. – declarou Ellie. Sentiu a arma tremer em suas mãos.


– E você é uma criminosa. – aproximou-se dela com precaução. – Como seu pai era.


Ellie sentiu a bílis subir quente por sua garganta, como ácido. Repentinamente todo o sangue se esvaiu de seu rosto e depois retornou, fervendo como água em fogo aceso.


– Cale a boca, seu desgraçado. – disse entre pausas. A raiva lentamente foi tomando espaço em seu corpo e mente.


– Se não tivessem assassinado seu pai, – ele estava parado diante dela e não se sentia ameaçado por sua arma. – Eu certamente o teria feito.


Antes que pudesse filtrar seus pensamentos, Ellie acertou o cano de seu revólver contra a face de Bennett, vendo-o jogar a cabeça para trás.


– Maldito! – esbravejou, fora de si. – Você sabe quem matou meu pai, não sabe? Diga!


Com uma mão, ele cobria o rosto que agora adquirira um ferimento como resultado da pancada com o revólver. Jack Bennett tornou a fitá-la.


– Não sou o responsável pela morte dele.


– Diga-me quem foi o desgraçado! Vamos!


– Faça o que tem de fazer, garota. Não vou dizer nada. Até porque... – emitiu uma ligeira pausa seguida de um sorriso irônico. – Não ganho nada com isso.


– Te vejo no inferno. – Ellie encostou a ponta do cano do revólver entre os olhos dele, pousando o dedo sobre o gatilho. A bala penetrou carne firme com violência e o sangue dele pulverizou o rosto de Ellie que ainda tentava conter sua fúria.


Desta vez, diferente das anteriores, ela não se sentia culpada ou arrependida. Sentia-se liberta. Tomada pelo sentimento de que cumprira justiça, Ellie respirava pesadamente. Ainda tinha a arma em mãos e seus olhos estavam fixos no corpo que desabara no chão, aos seus pés.


Ouviu a porta se abrir e instintivamente virou-se para trás. Soltando um assobia de admiração, James Braxton pousou os olhos sobre o cadáver de Jack Bennett.


– Que belo estrago você fez por aqui. – comentou com sarcasmo.


Ela se aproximou dele em passos ligeiros com o rosto fechado, quase rangendo os dentes.


– Ele sabia sobre meu pai. Como diabos ele sabia sobre meu pai? – empurrando-o com as mãos, ela exigia uma resposta o mais rápido possível. – Como ele sabia?


James abaixou os olhos para contemplar a figura parada à sua frente com ar intimidador.


– Terei grande prazer em lhe explicar. Mas não agora.


Ela fez menção de responder, mas ele fora mais rápido, acrescentando:


– Os seguranças já perceberam que há algo errado ocorrendo dentro do prédio.


– Como passou por eles? – indagou, confusa.


Sem respondê-la, Braxton tomou-a pelo braço, forçando-a a seguir com ele para fora do apartamento, correndo pelo corredor. Aquela era uma cena que se assemelhava muito à sua missão anterior e Ellie temia que o final de tudo aquilo fosse ainda pior do que antes. Entraram em um elevador. Ela viu seguranças correndo na direção deles, mas as portas se fecharam, dando alívio à situação.


– Quero que me escute. – James fitou-a fixamente nos olhos. – Quando chegarmos ao térreo, eu quero que corra para fora. Pegue o carro e siga até onde Vincent está. Eu a encontrarei em quinze minutos.


– O que vai fazer? – ela perguntou. Tudo estava acontecendo rápido demais para que ela conseguisse entender.


– Faça o que eu acabei de dizer.


– Mas... E-eu... – as portas se abriram e James a empurrou para fora bruscamente. Se deparando com a recepção do edifício, Ellie olhou ao redor e então se colocou a correr o mais rápido que conseguia, sentindo suas pernas tremendo. Ela não era a única a correr. Todo o saguão do edifício ficou vazio quando as pessoas correram às pressas para fora. Uma imensa confusão.


–--


O elevador ao lado se abriu. James ainda estava parado em frente ao outro. Do segundo elevador, dois homens uniformizados se colocaram diante dele, apontando suas armas. Os dois tinham alturas e rostos diferentes, mas aos olhos de James era como se ambos fossem gêmeos. Não fazia muita diferença.


– Não se mova! – ordenou um deles.


Com muita naturalidade, Braxton olhou para os dois com indiferença e declarou:


– Deve haver algum engano.


– Para a parede! Vamos! – o outro falou em tom autoritário. – Ande logo!


– Você sabia que abuso de autoridade é algo que eu não consigo tolerar? – comentou ele, deixando claro que estava debochando deles. Mantinha ambas as mãos para trás e um sorriso sarcástico no rosto.


– Eu disse para encostar-se à parede. – um dos seguranças já estava começado a perder sua paciência. Isso era totalmente perceptível. Braxton soltou uma gargalhada amarga.


– Vamos! – gritou o outro homem.


James soltou as duas armas que levava em mãos, exibindo o melhor de seus sorrisos como se nada daquilo realmente lhe importasse. E, de fato, não lhe importava.


Quando o mais baixo dos dois fez menção de se aproximar, retirando as algemas do bolso de suas calças, James parou de sorrir.


Olhou fixamente nos olhos do segurança e os passos do homem cessaram. Ficou parado perante ele, como se algo lhe segurasse as pernas. Algo nos sombrios olhos azuis do interlocutor fez com que ele sentisse uma terrível pontada na alma.


– Não ouse se aproximar. – James Braxton disse em um tom de voz diferente do que usara segundos antes.


Sua expressão tornara-se repentinamente séria e havia frieza em seus olhos enquanto fitava os do sujeito parado à sua frente. Sentindo seu corpo queimar de dentro para fora como se tivesse acabado de beber uma garrafa de gasolina, o segurança balbuciou:


– Q-quem é você?


Braxton emitiu um sorriso pelo canto dos lábios, sem deixar de olhar nos olhos do homem e respondeu com sua voz inebriante:


– Ego sum, qui habitat intra.


O segurança ficou petrificado. Seu sangue congelou em suas veias e seus batimentos cardíacos descontinuaram por um instante. Sua mente estava vazia, tal como seu corpo. Sentiu sua alma se esvair dele, dando lugar à algo que ele desconhecia até então.


O segundo segurança, parado logo atrás com a arma ainda em mãos, viu seu amigo tirar Braxton da mira de seu revólver, apontando-o diretamente para a própria cabeça. Fez menção de dizer algo para detê-lo, mas antes que pudesse articular qualquer palavra, o homem deitara o dedo sobre o gatilho.


O corpo caiu ao chão bruscamente. O buraco feito pela bala estampava seu rosto banhado em sangue.


Tremendo violentamente, ele adiantou-se em socorrer o companheiro, mas sentiu o carregado olhar de James pousar sobre sua cabeça. Levantou os olhos lentamente, encontrando-se com os olhos dele. Foi exatamente isto que fez com que ele reagisse da mesma forma que o colega.


Sentiu algo lhe atingir o interior como uma tempestade de afiadas facas lhe rasgando a alma. Em seguida, não conseguia mais se mover. Os olhos ainda estavam fixos nos daquele que se encontrava parado em sua frente. Seus pensamentos escaparam de sua mente e sentiu que toda a sua essência rapidamente abandonava seu corpo. Irracionalmente, apertou sua arma com força, apontando-a para si mesmo, encostando-a contra sua cabeça. Não hesitou por um segundo sequer, apertando o gatilho. Seu corpo caiu sobre o do outro segurança.


O saguão ainda estava vazio. Nem sinal da polícia.


Contudo, era óbvio que estavam a caminho. James Braxton olhou para os dois corpos com desdém e então, recolheu suas armas do chão e começou a se afastar, passando por eles, pisando sobre seu sangue como se pisasse sobre poças d’água depois de uma breve passagem de chuva. Retirou-se do prédio sem ser visto e seguiu rumo ao prédio da organização.


O que ocorrera ali, para ele, era como apenas mais um dia de trabalho. Para qualquer outra pessoa, um estranho massacre sem explicações.


–--


Depois de pegar um táxi, parou diante do local onde Vincent Hurst e Ellie estariam certamente esperando por ele. Estava certo.


Ellie guiara com o automóvel até aquele lugar com a mente sobrecarregada. Quando chegara até a organização, precipitou-se em falar pessoalmente com Vincent. Revoltada com a nova situação que enfrentara, ela não hesitara em exigir a verdade. Estavam ambos frente a frente e ela dissera-lhe:


– Bennett sabia sobre meu pai.


– Obviamente. – respondera Hurst, sentando-se à sua mesa. – Seu pai esteve caçando Bennett por meses. Infelizmente ele foi assassinado antes de cumprir este objetivo.


– Se ele sabia sobre meu pai... Então por que ele não denunciou a Fraternidade? Por que ele não abriu a boca?


– Não está claro o suficiente para você, Ellie? Tínhamos Bennett nas mãos. Nós sabíamos de todos os crimes que ele havia cometido. E ele sabia sobre nós. Uma guerra fria. Ninguém diria nada.


Ellie bufou, deixando-se cair sobre a cadeira em frente a ele. Passou as mãos pelos cabelos dourados, respirando fundo.


– Eu não sei se vou suportar tudo isso.


– Aquiete seu coração, criança. – quando Vincent Hurst falava era como ouvir palavras proféticas de um sacerdote. Sabia exatamente o que dizer e quando dizer. Seu tom de voz paternal trazia um pouco de alívio à perturbada mente da garota. Lembrou-se do pai. Ele costumava agir de tal forma. – James disse-lhe para seguir sozinha até aqui?


– Sim. – ela respondeu.


– Bem, talvez tenha sido melhor assim. No entanto, enviá-la de volta sozinha não foi algo muito correto a se fazer.


– Está demorando. – cabisbaixa, Ellie tentava conter seu nervosismo. Queria muito saber que fim tinha levado todo aquele caos no edifício.


– Não há com o que se preocupar. – alegou Hurst. – James é o orgulho de nossa divisão. E você deve saber exatamente por que.


Ellie abanou a cabeça em um gesto contraditório. Não estava concordando nem discordando.


– O pai o treinou para ser um matador. – Vincent Hurst voltou a falar. – E foi exatamente isto o que ele se tornou. O melhor desta organização.


Sem responder, Ellie tentou controlar a ansiedade que já a sufocava como cordas ao redor de seu pescoço. Quando ouviu o som da porta do escritório improvisado se abrir, virou-se e se deparou com James. Mantendo uma expressão séria no rosto, ele aproximara-se de ambos.


– Ela cumpriu a missão, Vincent. – ele disse. – Estourou a cabeça do maldito filho da mãe.


– Muito bem. – o mais velho respondeu, admirado. – Sabe o que isto significa?


Ellie fez que não com a cabeça.


– Que está pronta para finalmente fazer parte da Fraternidade.


Ela sentiu um sopro de vento lhe acertar o estômago como um punho cerrado. Não esperava por tal alegação. Assassinara três pessoas até então. Talvez tivesse sido o suficiente para provar que era capaz de ser como eles. Um inexplicável misto de altivez e angústia tomou conta dela.


Levantara os olhos para o homem sentado à sua frente assim que ouvira o que ele tinha dito. Entretanto, não soube expressar as emoções que envolviam seu espírito naquele momento. A única coisa que conseguira distinguir de tantas que vinham à sua mente era o quanto desejava vingar-se do assassino de seu pai.


E os primeiros passos já haviam sido dados. Determinada a continuar naquele mesmo caminho, segura de que não havia mais volta, Ellie decidiu que se empenharia ainda mais para alcançar o que tanto almejava.


–--


Ego sum, qui habitat intra - Eu sou aquele que habita dentro.



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 51



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  • shadowxcat Postado em 19/07/2016 - 16:24:44

    ESSA FANFIC ESTÁ SENDO REPOSTADA AQUI: http://fanfics.com.br/fanfic/54463/sete-demonios-romance-terror-horror-teen-amor -suspense-thriller-aventura-acao-vampiros-bruxas-demonios

  • raysantos Postado em 12/08/2015 - 20:10:35

    Sua fic e muito top e bem escrita tudo d bom tomara que logo logo a Ellie e James possam ficar juntos sem a essa fulana que eu nao aprendi a dizer muito menos escreve o nome no meio nada contra a crianca mais fazer oq ne continua

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 23:19:37

    Olá, to lendo pelo spirit anime =)

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 22:54:24

    Por favor!!! Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa mais!!! Okk, já sabes q amo de paixão esta web!!! To sentindo muita falta dela....please, preciso de mais caps!!!! Não me deixe na curiosidade por muito tempoooooo *_*

  • vverg Postado em 10/01/2015 - 01:47:30

    Desculpe meu sumisso!! Mas assim q der, comento qdo ler todos os caps =)

  • vverg Postado em 19/08/2014 - 23:57:43

    Poxa não judia tanto de sua leitora caramba!!! Minha fic perfeição, posta mais, preciso de mais.... Estou ficando agoniada sem suas atualizações Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa maissssssssssssssssssssssssssss nesta fic perfeitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa amo sua fic, ok vc já sabe disso, mas não custa falar né hahahahahahahaha

  • vverg Postado em 12/08/2014 - 12:10:07

    Meu Deus! Que nojo deste Declan!!!! Cara##@%@#$#! Putz!!! Como ela se deixa dominar desta forma, caramba!!! Posta mais mais mais mais mais mais. Poxa vc me deixou curiosa agora, tadinha da Elie, ela é muito fraca e se deixa dominar por este imundo.... Estou pasma, posta mais na minha fic perfeição mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais =)

  • vverg Postado em 09/08/2014 - 17:08:49

    Quero maisssssssssssssss!!! Preciso mais desta fic perfeita!!! Posta sim??? Necessito ler.... =)

  • vverg Postado em 06/08/2014 - 10:33:43

    Dahlia tah ferradinha kkkkk. Posta mais! Necessito de mais rsrsrs *_*

  • vverg Postado em 02/08/2014 - 09:55:32

    Minha fic mais q perfeitaaaaa posta mais quero mais caps


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