Fanfic: Sete Demônios | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass
Alena Braxton acabara de completar quinze anos. Possuía sedosos e brilhantes cabelos negros que emolduravam seu rosto em leves ondas. Estas se ajustavam em perfeita afinidade com seus olhos azuis-escuros.
Mudara-se com o irmão mais velho para a América logo após a morte dos pais em um terrível acidente. Pelo menos fora isto o que os investigadores declararam depois de anos em busca da verdade.
Um acidente.
Mas Alena sabia que aquilo não ocorrera por mera coincidência ou obra do destino. Havia sido algo planejado. A bomba que causara a explosão do veículo em que estavam não havia aparecido lá como mágica. Alguém a tinha colocado no carro.Alguém assassinara seus pais.
O fato de James aparentemente ter ignorado a tragédia durante todos aqueles anos a deixava indignada. Esperava que ele fosse tomar a coerente atitude de tentar descobrir a verdade. Ou, ao menos, tentar descobrir o nome daquele que executara tal atrocidade sem qualquer hesitação.
Mas se engara.
Ele parecia ocupado demais em tomar posse da fortuna, bens e títulos do pai. Alena nunca o ouvira tocar no assunto. Era como se aquilo nunca tivesse acontecido. E como se seus pais jamais tivessem feito parte de suas vidas.
Com o passar do tempo, ela chegou à breve conclusão de que o irmão se conformara muito rapidamente com a morte dos pais. Do pai, em particular. Por mais que quisesse entender o motivo, Alena sabia que James jamais lhe contaria as desavenças que tivera com o pai antes mesmo do nascimento dela.
Tudo de que se lembrava era das manhãs em que o pai levava seu irmão para os fundos de sua propriedade em Abingdon sem qualquer razão aparente. Ainda muito pequena, Alena pedira para acompanhá-los, mas o pai lhe proibiu dizendo que aqueles não eram assuntos para mulheres.
Ela nunca mais se atreveu a se oferecer para ir com eles.
A morte dos pais deixou na vida de Alena um espaço negro e vazio que nem mesmo o tempo poderia preencher. Desde então, ela parara de demonstrar suas emoções. A saudade, a dor e a solidão haviam sido trancafiadas no fundo de sua mente, como se ela tentasse à muito custo bloquear aquelas lembranças, decidida a seguir com sua vida.
Sua vida, entretanto, resumia-se em festas durante toda a semana. Consequentemente, dormia com um garoto diferente a cada dia da semana.
Estava em seu décimo colégio em três anos. Seu desempenho escolar era a perfeita imagem do fracasso. Mas ela não se importava. E não parecia ter motivos para se importar. Depois de sofrer uma overdose um ano atrás, prometera a si mesma e ao irmão que tentaria seu melhor para mudar o rumo de sua vida.
Cinco dias mais tarde, cansou-se de tentar e tornou a cair em tentação. Censurava-se com frequência por ser tão fraca, mas raramente deixava esta emoção transparecer. Ninguém a ajudaria, de qualquer maneira.
Ninguém se importava.
Até que Alena decidiu que não aceitaria a ajuda de ninguém, mesmo que algum dia viessem a lhe oferecer apoio ou uma mão que a puxasse para fora daquele poço obscuro que sua vida havia se tornado.
Seu relacionamento com James – sua única família desde então – era ainda pior do que se podia imaginar. Toda vez que a encontrava em situações como na vez em que sofrera a overdose depois de passar a noite em uma boate da cidade, ele a ameaçava dizendo que a mandaria para um colégio interno em Manchester.
Alena, por sua vez, gritava histericamente o culpando por ela ter chegado àquele ponto. Aquilo supostamente devia magoá-lo, mas não. Sua expressão sempre se mantinha inabalável, fazendo Alena deduzir que o irmão não era capaz de expressar qualquer tipo de afeto. Fosse por ela ou por qualquer outra pessoa.
Quando acordara naquela manhã, após ter recebido um ombro amigo da esposa do irmão, Alena não soube dizer quem havia dado o primeiro passo. Ellie havia tomado a atitude de lhe estender a mão que ela tanto precisara antes.
E ela havia aceitado.
Aquilo a deixara um tanto perplexa, mas considerando o estado em que estava na noite anterior, não havia encontrado qualquer outra saída. Levantou-se de sua cama e preparou-se para descer, certa de que James lhe encheria a cabeça com sermões como de costume.
Enquanto penteava os cabelos em frente à um espelho preso à parede de seu quarto, ela despertou completamente ao ouvir batidas contra sua porta. Hesitante, anunciou:
– Entre.
Assim que a porta se abriu, Alena avistou um rosto conhecido adentrar seus aposentos. Ellie exibia um sorriso gentil, mas havia preocupação em seus olhos. Parou diante da mais nova e manteve sua expressão.
– Vim ver como estava.
Alena pensou antes de se manifestar em resposta. O tom de voz de Ellie lhe causou uma sensação que não sentia desde a morte dos pais. Um tom preocupado como o que sua mãe usaria se ainda estivesse em vida. Levantou os olhos para ela e respondeu:
– Estou bem, creio eu.
– Seria ótimo se descesse para o café-da-manhã. – Ellie sorriu e se aproximou, muito ansiosa. – Mas antes, eu gostaria de lhe fazer algumas perguntas.
A garota sentiu-se instintivamente incomodada. Temia que ela fosse perguntar a respeito da noite passada. As lembranças do que ocorrera antes de voltar para casa naquela noite lhe assombravam a mente de modo que ela sentia uma histérica onda de desespero a dominar aos poucos. Ellie notou aquela perceptível mudança de expressão no rosto dela.
– Pode confiar em mim. – assegurou com fé.
Alena abaixou os olhos, pensativa. Suas mãos estavam trêmulas e ela tentava evitar que as imagens e sons pertencentes àquelas lembranças lhe aflorassem à mente. Ellie tomou-lhe ambas as mãos e sentou-se com ela à beira da cama calmamente.
– O que lhe fizeram? – insistiu a mais velha.
A jovem tornou a olhar para ela, dessa vez muito nervosa. As sobrancelhas se arqueavam em uma expressão melancólica e era visível sua angústia. Contudo, ela decidiu-se antes que aquilo a sufocasse, impedindo-a de falar.
– Fui a uma festa com algumas amigas ontem à noite. – ela começou a explicar. Tremia-lhe o lábio e suas mãos suavam sem cessar. – Mas acabei me separando delas no meio de toda aquela movimentação. – respirou fundo, determinada a manter-se calma. – Eu conheci alguns caras... – sua voz morreu antes que pudesse terminar sua explicação. Soluços interromperam suas palavras e, mais uma vez, lágrimas escorriam de seus olhos.
– O que aconteceu? – Ellie indagou. Sua preocupação agora se tornara quase tão grande quanto o desespero da interlocutora.
– Eles me pagaram bebidas, me levaram para cima... – ela passou as mãos pelo rosto, tentando conter as pesadas lágrimas que banhavam suas bochechas. – Eu não... Eu não queria, mas... Eles me deram... Me... – as palavras custavam a sair. Ellie teve a sensação de que sabia do que ela estava falando. Sem esperar que ela completasse a explicação, tomou sua mão mais uma vez e fê-la esticar o braço. Um borrão roxo estampava uma região próxima ao seu antebraço. Ellie fitou-a nos olhos, atônita.
– Eles lhe injetaram drogas. – deduziu. Alena assentiu com a cabeça, destroçada pelas lágrimas. – O que houve depois?
– E-eu... Eu não me lembro... Eu perdi os sentidos e... Quando despertei eu... Eu vi... – os olhos dela estavam muito abertos e todo o sangue esvaiu de seu rosto ao lembrar-se com clareza daquele acontecimento.
– Diga. – pediu Ellie pacientemente.
– Eles mataram-nas. – Alena disse antes de afundar-se em mais uma onda de agonia.
Ellie franziu o cenho, sem entender. Julgou não ter ouvido claramente.
– O que disse?
– Quando acordei, eu... Eu as vi... Estavam mortas... – ela falava e observava o nada, seu olhar estava perdido assim como seu espírito oprimido por sua experiência mais recente. – Havia... Havia sangue... Muito sangue... Marcas nos corpos... – passou a mão por sua nuca, indicando com os dedos. – Bem aqui. – Ellie prendeu a respiração, surpresa pela narração feita pela menina. – Eu não... A culpa foi minha... – cobriu o rosto com as mãos e desatou em chorar.
Com os lábios entreabertos em plena perplexidade, Ellie não soube o que dizer. Levou em consideração o fato de que Alena estivera sob o efeito de drogas na noite anterior, levando-a a crer que quaisquer acontecimentos narrados por ela podiam ter sido nada mais que frutos de sua imaginação. Mas algo fez com que Ellie acreditasse nela.
O que a deixara ainda mais desorientada e confusa fora a reação de James quando, mais tarde, ela explicara a ele o que ouvira de Alena. Estavam ambos no escritório da mansão. Ele ouvira cada palavra com atenção, sem esboçar reações. Quando Ellie terminara de falar, ele levantara-se num salto, bufando.
– Malditos sejam... – murmurou virando-se para a janela do escritório.
– A quem se refere? – inocentemente, Ellie perguntou.
Ele voltou-se para ela. Seu rosto queimava em raiva e ansiedade. Ela julgou jamais tê-lo visto reagir de tal forma diante de alguma situação.
– Não está claro o suficiente? – era uma pergunta retórica. Ellie hesitou. Ele bateu com as mãos na mesa e inclinou-se para frente, fitando-a diretamente nos olhos. – Vampiros.
Ellie não soube dizer se aquilo era uma brincadeira ou apenas loucura, mas diante das últimas semanas que vivera, era praticamente impossível desacreditar nos eventos seguintes. Manteve-se sentada em frente à mesa, um olhar perplexo em seus olhos castanho-claros. James fez o contorno ao redor da mesa e começou a procurar por algo em meio às prateleiras e gavetas localizadas naquele cômodo.
– Há alguns anos houve uma trégua entre filhos de demônios e vampiros. – disse enquanto buscava por algo urgentemente necessário. – Mas aparentemente a trégua chegou ao fim.
– Espere. – Ellie abanou a cabeça, completamente perdida. – Filhos de demônios e vampiros?
– Todos os membros da Fraternidade têm suas almas guardadas pelos sete demônios. Por isto são chamados de filhos de demônios. Não andou fazendo seu dever de casa? – ironizou ele, sem interromper sua busca.
– Isso é ridículo. – declarou ela.
– Também acho. Mesmo. – ele abriu uma gaveta de uma das estantes e dela retirou uma pequena maleta prateada. Aproximou-se da mesa e depositou o objeto sobre a mesma. – Mas a vida nem sempre é um conto de fadas. Lamentável, não?
– Então, devo supor que os miseráveis que atacaram Alena eram... – ela inclinou a cabeça para o lado. – Vampiros?
– Bingo. – e ele abriu um sorriso. – Pois é. Nem todas as criaturas do submundo estão do mesmo lado. – James começou a destrancar a maleta lentamente. – Como eu disse, a trégua chegou ao fim. Eles mandaram um sinal de que querem guerra. Mas que estúpidos... – ele soltou um suspiro propositalmente dramático e abriu a maleta. Nela encontrava-se um conjunto de munição um tanto diferente. Mais de dez estacas colocadas lado a lado.
– O que pensa que vai fazer?
– Enviar saudações a alguns de meus velhos amigos, evidentemente. – James recolheu mais da metade das estacas presas à maleta e enfiou-as no bolso interno do casaco preto. – Quero que fique.
– E-eu n...
– Alena precisa de cuidados, por favor. – subitamente seu tom de voz tornara-se afetuoso. – Uma recaída a levaria à morte. Sei que pode vigiá-la.
Ellie soltou um profundo suspiro.
– Preciso saber o que está havendo.
– Já sabe o suficiente. – asseverou ele. – “Há mais coisas entre o Céu e a Terra do que sonha a nossa vã filosofia.” Nunca ouviu essa frase antes?
Ela nunca imaginou que uma citação de Shakespeare fosse fazer tanto sentido em sua vida. No entanto, esta lhe caía como uma luva. Respirou fundo novamente e resolveu-se:
– Está bem. Não farei mais perguntas.
James exibiu um sorriso em resposta e afastou-se dali, levando consigo um plano em mente e o imenso desejo de dar um fim ao novo problema que surgira.
Ellie permaneceu sentada à mesa do escritório. Sua cabeça dava voltas, tal como seu estômago. Havia muita informação percorrendo sua mente. Ela não conseguia mais manter seu autocontrole. Juntando o pouco de calma que ainda lhe restava, retirou-se do escritório e subiu para vigiar Alena, conforme Braxton lhe pedira.
–--
Havia uma antiga construção quase como a que a Sétima Divisão da Fraternidade usava como sede do outro lado da cidade. Era de porte menor, porém o aspecto era o mesmo. Este prédio, porém, não abrigava assassinos em potencial.
Um grupo de sujeitos vestidos inteiramente de preto, armados com seu próprio instinto, jazia ali, naquele local. As janelas estavam unanimemente cobertas por tecidos compridos que evitavam a luz do sol, impedindo-a de invadir o ambiente umbroso envolvido em parcial escuridão. A música alta se mesclava com os sons de gritos embriagados vindos de mais da metade do grupo.
O que tomava o posto de líder do bando ao redor sentava-se em uma cadeira alta de madeira forrada com tecido vermelho-escuro. Possuía cabelos pretos escorridos e intensos olhos da mesma cor. Sua pele era branca como cera.
Com uma expressão despreocupada e desdenhosa, ele observava seus seguidores como quem observa animais em um zoológico. Era um belo entretenimento.
A festa parou, no entanto, no momento em que um ensurdecedor som irrompeu no ar.
Todos os olhares foram imediatamente atraídos pelo som, avistando uma silhueta montada em uma motocicleta atravessando a principal janela à frente da antiga construção. Cacos de vidro pulverizaram o ar e todos foram obrigados a se abrigar atrás de cadeiras e outros móveis, sentindo-se ameaçados pelos raios do sol da tarde.
O sujeito que acabara de invadir o prédio estacionou logo à frente do líder do grupo, parando próximo aos pés do anfitrião. Este se levantou depressa, tomando voz.
– Braxton. – disse rangendo os dentes. O indivíduo desceu da Harley com muita naturalidade, colocando-se em frente àquele que lhe falava.
– Olá, Nathaniel. – emitiu um sorriso sarcástico. – Também senti saudades.
– Como ousa invadir meu...
– Nada disso. – James o interrompeu. – Dessa vez, quem fala sou eu. E acho bom que mantenha a boca fechada.
Nathaniel – o líder do grupo – arregalou os olhos, indignado com a ousadia do invasor.
– Atacar minha irmãzinha? Péssima ideia, meu caro. – Braxton começou a espreitar o sujeito com seus passos minuciosamente calculados. Os outros ali presentes rosnavam para ele como animais selvagens. James rolou os olhos e esticou a mão na direção de um deles. Uma força completamente invisível projetou o corpo da vítima para trás, fazendo-a chocar contra a parede e, em seguida, despencar ao chão. – Falta de educação é algo realmente inaceitável.
– Não tem o direito de invadir meu território e atacar meus irmãos desta maneira. – queixou-se Nathaniel rispidamente. Braxton tornou a olhar para ele.
– Foi você quem pediu por isso. Não eu.
– Entendeu tudo errado. – balançou a cabeça negativamente. – A intenção por trás do que fizemos a sua irmã não era dar início a mais uma guerra estúpida.
– Oh, não? Então, devo supor que a sua intenção era me convidar para o chá das cinco na companhia de um bando de velhas fofoqueiras. Muito gentil de sua parte, mas tenho mais o que fazer.
– Ora, cale-se. – Nathaniel interveio, impaciente. – Foi um modo que encontrei de atraí-lo para cá. Temos assuntos a tratar, Braxton. Você sabe do que estou falando.
Aquela havia sido uma afirmação. James franziu a testa sem responder.
– Estou a par do que está enfrentando no momento. – falou. – Estão atrás daquela garota, não é? Querem impedir o Apocalipse. Acham que serão os heróis e que ganharão um lugar no Céu uma vez que eliminem a garota.
– Como sabe? – James estreitou os olhos. O assunto estava começando a lhe interessar.
– Todos sabem. É por isso que o chamei até aqui. Tenho uma proposta para lhe fazer.
Braxton discretamente levou uma das mãos para o interior de seu casaco e manteve-se sério.
– Seja rápido.
– Eu lhe ofereço apoio e toda a ajuda necessária para mantê-la viva. Todos nós podemos governar no Novo Mundo, meu amigo. Somos todos da mesma família, lembra-se? – Nathaniel tinha agora um sorriso perverso e persuasivo nos lábios. – Será uma nova era, na qual seremos todos beneficiados.
– Prossiga.
– Nós a manteremos conosco até o momento certo. Você sabe que muito em breve eles atacarão. Precisa estar preparado para este dia.
– Você quer que eu a entregue a vocês?
– Será um acordo. Lutaremos todos do mesmo lado. Não será uma batalha fácil se estiver sozinho.
– Eu não estou. – James Braxton também sorria, mas seus olhos ainda irradiavam seriedade.
– Sabe o que quero dizer.
– Para ser sincero, não. Não sei que maldito motivo o fez meter esta ideia na cabeça. Entregar a chave da profecia em suas mãos? – a voz dele era o som da própria ironia. – Nem se eu estivesse completamente louco.
Os olhos de Nathaniel pousaram sobre a mão que James mantinha dentro do casaco. Ele soube o que viria a seguir. Mostrou-lhe suas presas afiadas, rosnando ferozmente. Seus olhos oscilavam do negro para o vermelho, como se ele ameaçasse atacar antes de James. Mas algo o fez se confundir. Braxton retirou a mão do casaco, não tirando coisa alguma de dentro dele. Como se desistisse de seu ataque. Abriu os braços para os lados e sorriu novamente.
– Ora, mas o que é isso? Não vou confrontar você.
– Se for prudente, aceitará a proposta que acabo de lhe oferecer. – alegou o segundo.
James Braxton riu, passando a mão pelo queixo. Ria como se tivesse acabado de ouvir uma boa piada. E depois voltou a olhar para Nathaniel com indiferença.
– Sabe, Nate... – emitiu mais um sorriso. – Você definitivamente daria umpéssimo homem de negócios.
Em uma fração de segundos, Braxton levou ambas as mãos para dentro do casaco. Dele, ele retirou duas pistolas que reluziam a luz do sol como espelhos.
Os olhos do líder do grupo se abriram por completo em uma expressão surpresa. Seus seguidores apressaram-se em atacar aquele que o ameaçava com armas. Havia algo de diferente nestas, porém.
As estacas outrora retiradas de uma maleta prateada, agora se encontravam encaixadas perfeitamente à ponta das duas pistolas.
Dois dos homens de Nathaniel avançaram com suas presas expostas, rosnando selvagemente. James colocou-os na mira, sem sequer necessitar olhar para eles.
Apertou ambos os gatilhos ao mesmo tempo. As estacas voaram pelo ar, atravessando o coração daqueles que se aproximavam. Os dois caíram no chão, agonizando.
Em seguida, Braxton devolveu as armas para dentro do casaco e apoderou-se de duas estacas. Uma em cada mão. Defendendo-se de todos aqueles que avançavam para ele, James corria para todos os lados daquele galpão, fazendo o brusco movimento de enfiar as estacas em todos eles, sem qualquer intervalo de tempo. Eles caíam ao chão como bonecos, isentos de vida.
Ao ver seus irmãos caírem mortos aos seus pés, Nathaniel soube que era hora de reagir. Executando movimentos instintivos, ele defendeu-se das investidas daquele que agora lhe atacava com duas estacas banhadas em sangue.
Com muita facilidade, o vampiro se deslocava para todos os cantos da grande sala, desvencilhando-se dos ataques de seu adversário. Ele ria como se estivesse se divertindo. E, de fato, estava.
– Você é um imbecil, Braxton. – disse sem cessar seus movimentos de defesa. – Não viverá para ver a profecia se realizar. É fraco demais para sobreviver à guerra que se aproxima.
– Suas palavras fedem à incerteza. – James fez menção de cravar a estaca nele, mas o indivíduo se desviou com habilidade. – Deve ser porque você sabe que se meteu com quem não devia.
– Não será você aquele que governará sobre o Novo Mundo, filho de Lúcifer. – resmungou entre os dentes.
– E nem você, sanguessuga. – James respondeu, ironicamente.
Tornou a levar uma das mãos para dentro do casaco e tomou posse de um minúsculo controle remoto. Apertando o único botão existente no objeto, ele deu um passo à direita. Sua motocicleta – estacionada por detrás dele – começou a dar partida, acelerando em altíssima velocidade na direção de Nathaniel que mal teve tempo de reagir ao que ocorreria a seguir. Uma vez que a motocicleta chocou-se contra ele, seu corpo levantou voo, girando no alto como uma folha flutuando no ar. Assim que começou a despencar para o chão, James estendeu uma das estacas para frente.
O corpo de Nathaniel caiu sobre ela, sendo atravessado pelo objeto exatamente na região de seu coração.
A vida esvaiu-se dele imediatamente e, quando fez menção de dizer algo, era tarde demais. O sangue borbulhava em sua garganta e suas tentativas de reagir cessaram.
Braxton deixou o corpo e a estaca presa a ele cair. Limpou as mãos nas calças e pigarreou, olhando ao redor. Não restara nenhum outro adversário. O alarme havia sido falso, afinal.
O clã de Nathaniel não visava guerra. Queriam um pedaço do bolo. Tencionavam tomar benefício à custa da Fraternidade. Algo que James julgara repulsivo e nada considerável. Soltando um riso abafado, ele subiu sobre a motocicleta e arrancou, retirando-se do ambiente maculado com sangue e morte.
–--
Ellie lutava para manter Alena mais calma. A garota tornara a se mergulhar na mais plena angústia e ansiedade. Há muito tempo mantivera-se limpa, mas a necessidade de tomar outra dose de drogas voltara a assolar sua mente.
A abstinência estava começando a enlouquecê-la, deixando-a histérica. Ela gritava e chorava, mas suas palavras eram incompreendidas. À muito custo, Ellie conseguira acalmá-la, dando à ela um forte calmante que fez com que ela adormecesse. Ellie, porém, não hesitou em se manter sentada ao lado da cama da jovem, atenta a cada movimento dela.
Quando ouviu um ronco de motor soar embaixo, próximo ao jardim, Ellie sentiu que podia finalmente aquietar seu nervosismo. Nervosismo que ela não sabia como interpretar. Minutos mais tarde, alguém bateu à porta.
Ellie levantou-se e caminhou até ela. Ao abri-la, deparou-se com o terrível aspecto que James apresentava. Diferente do qual ele possuía quando saíra de casa horas antes. Ele fez um sinal para que ela o seguisse.
Lançando um último olhar para Alena que ainda dormia profundamente, Ellie fechou a porta por fora e deixou-se ser guiada até o escritório pela segunda vez naquele dia.
– O que você fez? – ela arriscou perguntar. Não havia sido uma pergunta acusadora. Muito pelo contrário. Ela soara mais preocupada do que curiosa.
– Era você quem eles queriam. – James deixou-se cair sobre sua confortável cadeira por detrás da mesa, exausto. – Há coisas demais lá fora. Há muito mais do que anjos e demônios espalhados por este mundo. Existem outros que também tencionam levá-la para o lado deles. E não estou falando apenas do que ocorreu hoje. Chegará o dia em que todos lutarão para tê-la em favor deles.
– Do que está falando?
Ellie parecia não conseguir acompanhar a explicação dele.
– Vincent não parece ter sido claro o bastante para fazê-la entender de uma vez por todas. – James Braxton respirou fundo. – Você é a profecia. É você quem trará o Novo Mundo à tona. O mundo que eu e todos na Fraternidade desejamos manter limpo. Mas há outros... Outras pessoas... E as intenções deles não são tão boas quanto as nossas. – ele viu o rosto de Ellie mudar de expressão várias vezes. – Sei que tomou a decisão de ser parte da Fraternidade e eu posso lhe assegurar que fez a coisa certa, mas... Haverá outros que lhe farão propostas. Você tem nas mãos o poder que todo ser existente na Terra sonha em possuir.
– Chega. – Ellie praticamente suplicou. Seu cérebro explodiria a qualquer momento.
– Não, sua garotinha tola. – aquilo era para ser mais uma provocação, mas ele falava sério desta vez. – Está na hora de amadurecer suas ideias. Vai me ouvir, goste ou não. Já chega de evitar a verdade.
Ela levantou o olhar, aturdida.
– Você escolheu um lado, não se lembra? Somos sua família agora. Eu sou sua família. – enfatizou com severidade. – Mas algum dia eu não estarei mais aqui para fazê-la se lembrar disso. E muitos tentarão fazê-la mudar de lado.
– Aonde quer chegar com isso?
– Eu quero que me prometa que jamais se esquecerá de que lado está. – olhou-a fixamente nos olhos.
Todas as afirmações que ela ouvira desde que voltara a entrar naquele cômodo eram ainda mais absurdas do que as revelações que surgiram em sua vida semanas atrás, após a morte de seu pai.
Se não tivesse presenciado as cenas que vira durante seu treinamento na Fraternidade, Ellie teria achado graça no que acabara de ouvir. Mas aquela não era uma piada e, se fosse, não seria das melhores.
Contudo, Ellie não soube dizer a si mesma se realmente chegaria a ser pelo menos metade de tudo o que as pessoas ao seu redor esperavam que ela se tornasse. Ainda assim, ela conseguira compreender o que Braxton lhe dissera por último. Se algum dia ela alcançasse tal ponto, se chegasse a se tornar tudo aquilo que lhe diziam, consequentemente as pessoas lhe cercariam em busca de uma parte de seu poder.
Era algo próximo ao que ela vira por diversas vezes na sociedade em que vivia. As pessoas aproximavam-se de seu pai quando ele estava no auge de seu sucesso como um excelente empresário, muito conhecido em seu meio. Aproximavam-se dele por interesse. Queria parte do que ele possuía. Dinheiro, status, sucesso.
Ellie entendia perfeitamente o que aquilo significava. E, certamente, estaria preparada para todas as falsas bajulações futuras que surgiriam em seu caminho. Mal sabia ela que aquela comparação boba não significava nada comparada ao que realmente aconteceria no futuro.
De qualquer forma, ela encontrou as palavras certas para se dizer naquele momento. Limpou a garganta e tomou ar, abandonando seus pensamentos complexos dos quais ela não conseguira tirar uma conclusão oficialmente plausível para a situação que agora enfrentava.
– Eu estou do lado certo. Estou do mesmo lado que meu pai estava. Do lado da Fraternidade. – afirmou ela. – Do seu lado, James. E eu prometo que não me esquecerei disso.
Ele sorriu de canto, satisfeito com a resposta que ouvira.
Mesmo assim, tinha enorme expectativa de que ela manteria aquela promessa até que o grande dia chegasse. O dia pelo qual todos esperavam.
Olhou para ela com uma expressão um tanto indecifrável e usou seu tom de voz mais contundente, sempre mantendo um sorriso afrontoso no canto dos lábios:
– Essa é a minha garota.
Prévia do próximo capítulo
– É o suficiente por hoje. – Ofegante, Bryan Carter deslizou as costas da mão pela testa suada e manchada de sangue. Abaixou a faca que levava em outra mão, fatigado. À sua frente, Ellie mantinha um sorriso triunfante nos lábios, sua faca ainda presa com força à sua mão. Ela observou o homem corpulento e de ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 51
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shadowxcat Postado em 19/07/2016 - 16:24:44
ESSA FANFIC ESTÁ SENDO REPOSTADA AQUI: http://fanfics.com.br/fanfic/54463/sete-demonios-romance-terror-horror-teen-amor -suspense-thriller-aventura-acao-vampiros-bruxas-demonios
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raysantos Postado em 12/08/2015 - 20:10:35
Sua fic e muito top e bem escrita tudo d bom tomara que logo logo a Ellie e James possam ficar juntos sem a essa fulana que eu nao aprendi a dizer muito menos escreve o nome no meio nada contra a crianca mais fazer oq ne continua
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vverg Postado em 08/02/2015 - 23:19:37
Olá, to lendo pelo spirit anime =)
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vverg Postado em 08/02/2015 - 22:54:24
Por favor!!! Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa mais!!! Okk, já sabes q amo de paixão esta web!!! To sentindo muita falta dela....please, preciso de mais caps!!!! Não me deixe na curiosidade por muito tempoooooo *_*
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vverg Postado em 10/01/2015 - 01:47:30
Desculpe meu sumisso!! Mas assim q der, comento qdo ler todos os caps =)
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vverg Postado em 19/08/2014 - 23:57:43
Poxa não judia tanto de sua leitora caramba!!! Minha fic perfeição, posta mais, preciso de mais.... Estou ficando agoniada sem suas atualizações Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa maissssssssssssssssssssssssssss nesta fic perfeitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa amo sua fic, ok vc já sabe disso, mas não custa falar né hahahahahahahaha
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vverg Postado em 12/08/2014 - 12:10:07
Meu Deus! Que nojo deste Declan!!!! Cara##@%@#$#! Putz!!! Como ela se deixa dominar desta forma, caramba!!! Posta mais mais mais mais mais mais. Poxa vc me deixou curiosa agora, tadinha da Elie, ela é muito fraca e se deixa dominar por este imundo.... Estou pasma, posta mais na minha fic perfeição mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais =)
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vverg Postado em 09/08/2014 - 17:08:49
Quero maisssssssssssssss!!! Preciso mais desta fic perfeita!!! Posta sim??? Necessito ler.... =)
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vverg Postado em 06/08/2014 - 10:33:43
Dahlia tah ferradinha kkkkk. Posta mais! Necessito de mais rsrsrs *_*
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vverg Postado em 02/08/2014 - 09:55:32
Minha fic mais q perfeitaaaaa posta mais quero mais caps