Fanfics Brasil - Primeiro Ciclo - Capítulo XXIII - Pausa nas Frustrações Sete Demônios

Fanfic: Sete Demônios | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass


Capítulo: Primeiro Ciclo - Capítulo XXIII - Pausa nas Frustrações

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Despertando do mais profundo sono, Ellie voltou à si minutos mais tarde, descobrindo-se em sua cama, em seu quarto. Estava em casa. Reconheceu o teto assim que abriu os olhos, sentindo uma leve ardência lhe atacar a visão, dando a impressão de que dormira por muito, muito tempo. Tentou falar, mas a garganta queimava como se tivesse acabado de bebericar álcool, de modo que em sua inútil tentativa, tudo o que conseguira emitir fora um breve sussurro.


Sentiu a presença de alguém a observando atentamente. Virando o rosto lentamente para o lado, ela deparou-se com um rosto familiar. Um rosto que pertencera a outro tempo. Outra vida. O reencontro com a pessoa em questão causou-lhe uma imediata emoção, trazendo lágrimas aos seus olhos entreabertos.


– Dora... – ela disse.


A velha governanta parecia estar ali há horas, velando seu sono, atenta à sua respiração. Inclinou-se para frente, pousando a mão sobre a testa da garota e presenteou-a com um sorriso amarelo.


– Minha querida, finalmente está acordada. – tomou-lhe uma das mãos ternamente.


Ellie também sorria. Começou a fazer menção de se levantar, afastando os cobertores, mas uma terceira voz a deteve.


– Fique. – James Braxton surgiu no quarto, aproximando-se da cama. Fez um sinal discreto para que Dora se retirasse daquele cômodo, deixando-os a sós.A idosa assentiu e afastou-se em passos hesitantes.


James sentou-se à beira da cama e soltou a respiração, como se estivesse transtornado. E, de fato, estava. Ellie sentou-se com cuidado, puxando um dos lençóis para si. Fitou-o com confusão em seus olhos. A pergunta soou fraca e baixa quando disse:


– O que houve?


Braxton não respondeu no mesmo instante. Pensou um pouco. As ideias transitavam desordenadamente por sua cabeça, causando um tumulto tão grande que ele sentiu-se impossibilitado de dar a notícia a ela de imediato.


Depois do desmaio de Ellie, ele a levara de volta para casa, carregando-a até seus aposentos. Chamou um médico de confiança, que, depois de examiná-la, chegou a uma célere conclusão.


James absorveu a notícia da paternidade com imensa apatia. Talvez porque, intimamente, desejasse ocultar as emoções que lhe afloravam a cada dia seguinte.


E agora estava ali, designado a informar à esposa que teriam um filho enquanto todo o mundo estava sedento por sua alma, caçando-a como se ela fosse o último cervo restante antes de uma longa temporada de inverno. O momento menos oportuno para tal acontecimento.


Em outras circunstâncias, talvez, James teria recebido tal notícia com certo entusiasmo ou até mesmo alegria. Mas não diante da situação em que estavam. Não agora.


Respirou fundo mais uma vez e olhou-a com nervosismo. Os olhos castanho-claros fitavam-no na expectativa de respostas positivas. Ela parecia preocupada. Quase que ternamente, James tomou uma das mãos dela entre as suas e disse-lhe:


– Algo terá de mudar.


Ellie arqueou as sobrancelhas. O coração falhou por um segundo e ela teve medo da resposta que viria seguida da óbvia pergunta que faria. Perguntar, porém, não fora necessário. Braxton complementou sua afirmação anterior rapidamente:


– Está grávida, querida.


O aspecto no rosto da jovem oscilava da surpresa para o desentendimento. Foram necessários alguns minutos para que a percepção penetrasse em seu consciente. Nestes minutos, ela manteve-se em silêncio. Quando a realidade a invadiu ferozmente, atingindo seu espírito cansado, Ellie começou a tremer da cabeça aos pés. A frase repetia-se em sua cabeça, como um disco arranhado. Ela olhou para o nada.


Primeiramente, depois de finalmente processar a recente informação, Ellie não soube distinguir que tipo de emoção embalara a voz de James quando ele lhe dera a notícia. Não soube dizer se ele a chamara de querida com ironia ou ternura. Decifrar os pensamentos dele era como resolver uma gigantesca equação algébrica. Ela acabaria desistindo antes mesmo de tentar.


Em seguida, após compreender toda a notícia que lhe fora enviada ao cérebro de forma tão inesperada, ela sentiu as primeiras pontadas de pânico. Levantou os olhos, terrivelmente assustada.


– D-desculpe... – em seu nervosismo, ela gaguejava. – E-eu não... Não queria...


– Não seja tola. – ele a interrompeu com a voz firme e repreensiva. – Não deve se desculpar por isso.


– Eu realmente não... Não ent... – suas palavras se desvaneceram no ar. Tremiam-lhe os lábios, temendo a reação dele.


– Está tudo bem. Acalme-se. – apertou a mão dela entre as dele, suavemente. – Pedi à sua antiga governanta que se instalasse nesta casa. Sei que a presença dela será útil agora.


Ela pensou em agradecê-lo, mas as palavras custavam a sair, trancafiadas no meio do caminho, presas em sua garganta seca. Ele afastou-se dela, colocando-se em pé. Pigarreou, recompondo-se e fitou-a novamente.


– Tenho de falar com Vincent. Como eu disse, algo terá de mudar. – advertiu. – Certamente, o outro lado já está a par de tudo isso. Devemos nos preparar.


Ele não disse mais nada a respeito daquilo. Não queria que ela se exaltasse. As ordens dadas pelo médico haviam sido claras o bastante. Virou-se e saiu do quarto em silêncio. Ellie agarrou-se aos lençóis, tentando controlar sua inquietação interior. Dora fez com que ela permanecesse deitada durante o resto do dia.


Mais tarde, avistou outra figura adentrar seu quarto. Vestindo-se como se estivesse pronta para uma festa, com os cabelos soltos sobre os ombros, Alena aproximou-se dela sem qualquer expressão em seu rosto.


– Olá. – ela disse, indiferente.


– Alena. – Ellie permitiu-se sorrir. Sentou-se na cama. – Vejo que já está se sentindo melhor.


– Creio que sim.


– Bem, o que quer?


Alena olhou para os próprios pés, uma expressão pensativa em seus olhos azuis. Evitou olhar para a mais velha quando disse:


– Quero agradecer pelo que tem feito por mim.


Ellie abriu outro sorriso.


– Não há necessidade disto. Se eu lhe ofereço apoio é porque creio que já esteja na hora de evitarmos desentendimentos. – afirmou com fé.


– Eu... Eu não sou uma pessoa de muitos amigos...


Aquilo soara como uma confissão, algo que ela provavelmente não havia dito a mais ninguém. Ellie estudou-a atentamente, esperando que ela prosseguisse.


– Eu tenho vivido de forma errada... James tinha razão...


– Talvez tenha se envolvido com as pessoas erradas.


– Eles... Todos eles me colocaram coisas na cabeça, sabe? – ergueu o rosto e fitou-a enquanto falava. – Uma amiga disse-me que conhecia um cara que poderia me arrumar um emprego em uma agência de modelos. Envolvia muito dinheiro.


– E então eles lhe disseram para parar de comer. – Ellie completou. Sua suposição estava absolutamente correta. Ela confirmou isto ao notar a mudança de expressão no rosto da menina parada em pé à sua frente. Lembrou-se da vez em que a encontrara levando uma grande quantidade de alimentos para seu quarto. Agora estava claro como água. – Sua vida não deve ser movida à base da opinião alheia.


Ela era a pessoa menos indicada para dizer isso, mas sentiu-se na obrigação de censurar a garota por suas atitudes incorretas. Por um momento, sentiu-se afundada em hipocrisia, mas logo aceitou o fato de que estava apenas tentando ajudar. Como antes. Como sempre.


Alena passou os dedos pelas bordas dos olhos, evitando permitir que lágrimas deslizassem por seu rosto. Emitiu um riso leve e amargurado.


– Fez com que eu me lembrasse de minha mãe. É o que ela diria, tenho certeza.


É o que qualquer mãe diria. Pensou Ellie. E então se lembrou de sua própria.


– Havia tanta positividade nela, não conseguia ver maldade em nada, ninguém. – Alena manteve nos lábios um sorriso sem alegria. – Qualquer que fosse a situação, ela sempre dizia que tudo terminaria bem. Mas claramente ela se enganara. – o sorriso desapareceu. – Isto não terminará bem, Ellie. Eu não vou terminar bem. Sei disso. – aproximou-se de Ellie e desabou em lágrimas. Diante daquela cena mais uma vez, Ellie permitiu que Alena rompesse em prantos, apoiando o rosto em seu ombro. Afagou seus cabelos escuros e, então, deixou escapar um riso angustiado.


– Minha mãe costumava dizer o mesmo. – assim, ao lembrar-se de tal fato, deixou que lágrimas também escorressem de seus olhos. – Ela dizia: “Você será a garota mais feliz do mundo. Quando você se casar, Ellie, será com um rei. E ele trará o mundo aos seus pés.” – emitiu outro riso abafado pela amargura da realidade. – Você vê? É o que qualquer mãe diria para aquietar o coração de sua garotinha. Sei que a realidade é dura, mas você acaba se acostumando.


Alena se afastou dela, enxugando os olhos.


– Obrigada. – disse timidamente.


– Pelo que? – Ellie franziu a testa.


– Por estar aqui.


A resposta de Alena trouxe Ellie até as palavras que ouvira de Joshua Wilder depois da celebração de sua entrada oficial para a Fraternidade.


Sua chegada àquela casa trouxe mudanças.


E agora ela mesma conseguia vê-las com seus próprios olhos. Alena recorrera a ela por necessidade, mas a aceitara de um modo tão inesperado que Ellie surpreendeu-se e sentiu a alegria tomar conta do restante de suas emoções por instantes. Sentia-se em família quando Vincent e os outros membros da organização estavam ao seu redor. Agora, consequentemente, devido às circunstâncias, sentia-se em família quando se encontrava em casa. O aceitamento de sua presença em ambos os locais confortara seu coração atormentado. A solidão já não estava presente como antes. E, aos poucos, o medo de estar sozinha abandonava sua mente.


A dependência emocional que aplicara àquelas pessoas, no entanto, não era nada se comparada ao quão dependente de James ela havia se tornado. À contragosto, acabara admitindo para si mesma que precisava tê-lo por perto.Precisava dele. O vazio que a morte de seu pai deixara em sua vida estava sendo lentamente preenchido pela proteção e acolhimento que James Braxton lhe oferecia. Ao se dar conta de que estar esperando um filho dele era o mesmo que estar ligada à ele para toda a vida, Ellie também concluiu que suas emoções passaram a estar vinculadas às dele.


Depois de longos minutos mantendo uma agradável conversa com Alena, Ellie concluiu que a menina sentia-se mais calma. Ela deixou o quarto com uma expressão diferente da qual tinha no rosto quando aparecera no local mais cedo. Ellie deitou-se na cama, soltando um suspiro. Olhou para o criado-mudo onde se encontrava um pequeno relógio cujo som era o único presente no ambiente. Era noite. Dora havia passado pelo quarto cinco vezes seguidas, certificando-se de que ela estava bem.


James surgiu na porta do quarto no mesmo instante em que Ellie decidiu parar de assistir o ponteiro do relógio ao seu lado se movimentar. Ele avançou para a cama, sentando-se à beira do outro lado dela, bufando.


Ellie concluiu que a conversa com Vincent Hurst não havia sido muito agradável. Na realidade, notara que muitas das vezes, a reação de James depois de conversar a sós com Vincent era sempre a mesma. Desaprovação. Mas ela nunca se atreveu a questionar a situação entre eles. Decidiu que evitaria discussões com James o quanto pudesse.


Ele estava ao seu lado na cama, trocando as roupas quando ela arriscou uma pergunta já esperada:


– Está tudo bem?


Hesitante, ele demorou a responder. Levou tempo suficiente para fazer com que Ellie pensasse que havia sido ignorada como de costume.


– Vai ficar. – ele respondeu, por fim. Virou-se para ela depois de preparar-se para dormir. – Como se sente?


Ela lançou para ele um olhar cansado, seu aspecto ainda era fraco, como acabasse de ser atacada por um resfriado ou algo do gênero.


– Estou bem. – respondeu. Mas em sua mente, queria dizer-lhe o quão assustada e confusa estava. – Como ficaremos agora?


A pergunta escapou dela antes mesmo que pudesse contê-la. Penitenciou-se mentalmente por isso no mesmo instante em que fizera a pergunta.


– Como... Ficaremos? – ele disse. Parecia não ter compreendido.


– Digo, eu ainda posso ajudar a encontrar o assassino de meu pai?


– Precisa cuidar de si mesma. Agora mais do que nunca. – ele soltou um pequeno suspiro e deitou-se ao seu lado, indiferente. – Vincent estará cuidando dessa investigação paralela. Não se preocupe.


Ela sentiu uma breve sensação de incerteza. Não sabia ao certo se devia se acalmar ou preocupar-se ainda mais. O rosto dela irradiava vulnerabilidade e o corpo fraco complementava sua incapacidade de controlar as emoções que circulavam por sua mente.


James não trocou mais nenhuma palavra com ela, e então apagou o abajur ao seu lado, cobrindo-se com os lençóis. Virou-se para o lado oposto ao de Ellie, encarando a parede. Ela manteve-se em silêncio, certa de que não conseguiria dormir. Permaneceu assim pelas seguintes duas horas, calada no escuro. Sentiu seu lado da cama se agitar.


Dormindo profundamente, James virou-se para Ellie, os olhos fechados no abandono do sono. Ela assistiu-o dormir por longos minutos, tempo demais. Chegava a ser cômica a mudança de sua opinião em relação a ele. Quando o vira pela primeira vez, imaginara que outras possíveis formas de prejudicá-la teria aquele sujeito em mãos.


Com o passar dos dias, embora não o conhecesse por completo, sentia-se conformada em ter de viver ao seu lado. O mundo a tinha empurrado para os braços dele bruscamente, como se aquele fosse o único caminho a ser percorrido. Uma sala sem portas ou janelas. Mesmo que inicialmente desejasse imensamente escapar de seu destino, não havia saída.


Contemplando o rosto do homem cuja presença fazia com que ela se sentisse segura e em perigo ao mesmo tempo, Ellie experimentou uma estranha comoção a invadir.


Uma vez ou outra, Ellie ouvira Vincent Hurst dizer que demônios nasciam de sentimentos negativos. Dor, medo, amargura, ódio, tristeza e solidão. Os relatos narrados por Braxton a respeito de sua infância e adolescência encaixavam-se perfeitamente em todas aquelas categorias.


Antes, Ellie não sabia dizer o que a impedia de querer saber quem ou o que ele verdadeiramente era. Agora tinha sua resposta.


Era um anjo rebelde com propósitos justos, cujo maior desejo era o de livrar o mundo de todo aquele que o corrompia com suas blasfêmias e imundícies.


Ellie observou-o novamente, subitamente orgulhosa. Estudou-o por momentos, analisando cuidadosamente cada linha de sua face, lembrando-se da expressão severa que ele trazia em um par de frios olhos azuis-escuros que, habitualmente, era suavizada pelo sorriso irônico que carregava nos lábios cheios. Era um animal belo e excitante.


Antes que pudesse pensar ou averiguar seus atos seguintes, constatou que se sentia enormemente atraída por ele. Aproximou-se de James e comprimiu-se contra ele. Subitamente ficou petrificada quando ele a envolveu nos braços, puxando‑a delicadamente para perto de si. Ela fechou os olhos, sentindo o calor do corpo dele contra o seu, um sentimento afável e reconfortante lhe invadiu completamente.


– Você ficará bem, pequena. – sussurrou enquanto acariciava os cabelos dela com uma das mãos. Com a outra mão, tocou-lhe o ventre com suavidade. – Vocês dois. Eu prometo.


As palavras ditas por ele fizeram-lhe derreter a alma e, inesperadamente, o coração batia-lhe com tal violência que lhe era difícil respirar. Não se sentia assim há anos, desde a morte da mãe e desde os acontecimentos seguintes.


As poucas pessoas que haviam lhe tratado com tanta ternura e preocupação estavam mortas. E então ela se perguntou se aquele era um castigo imposto por Deus devido ao destino inevitavelmente cruel que viera junto a ela desde a noite de seu nascimento.


Com lágrimas nos olhos, ela aninhou-se contra James e fez uma prece silenciosa antes de adormecer:


Por favor, não o leve para longe de mim. É tudo o que tenho.


–--


Estava frio e escuro. Os insetos noturnos faziam sua parte, conduzindo uma sinfonia de sons estridentes e repetitivos. Por detrás do tronco de uma árvore alta em frente à uma propriedade de grande porte, Christian Madden observava a casa onde logicamente encontrava-se seu alvo.


O desespero o levara até aquele lugar. Após conseguir mais informações com Bartholomew, ele caminhara rumo à mansão onde Eleonora Braxton passara a viver depois de seu casamento.


Atento à cada luz que se apagava e acendia na casa, Christian sentiu algo se aproximar dele.


Virou-se para trás bruscamente, deparando-se com uma figura familiar, mas algo nela aparentava um aspecto diferente. Marina – a garota com quem trocara poucas palavras em circunstâncias quase ilusórias –, levou a mão ao coração, soltando um gemido de espanto.


Desta vez, tinha os cabelos negros soltos em leves ondas que escorriam por seus ombros. Os olhos castanhos brilhavam ansiosamente. Usava um vestido preto com mangas compridas e sapatos da mesma cor, muito simples, tal como o restante de suas roupas. Levava uma lanterna na mão direita, que quase deixou cair com o susto que tomara ao encontrá-lo ali.


– Quem... O q... – ergueu o rosto e reconheceu-o. O desconhecido que lhe salvara a vida dias antes. – O que está fazendo aqui?


Madden demonstrou-se duvidoso e hesitou em respondê-la.


– Lhe faço a mesma pergunta.


Ela respirou fundo, os batimentos cardíacos pareciam ter se normalizado. Afastou uma mecha de cabelo do rosto, colocando-a atrás da orelha e ajeitou a lanterna em sua mão.


– Trabalho nesta casa. – indicou os altos portões da residência à frente.


Houve um silêncio. Christian não reagiu de forma alguma, mas – em seu interior – não conseguia acreditar na forma como as coisas estavam se encaminhando. Não acreditava em coincidências. Tudo possuía um fundo de verdade, Deus tinha um plano para cada ser vivente na Terra.


O plano separado para ele, porém, parecia um caso especial. Olhou para a morena como se ela tivesse acabado de lhe fazer uma importante revelação.


– Agora compreendo... – disse para si mesmo. Marina tentou encontrar qualquer sinal de coerência naquilo tudo.


– Ainda não me disse o que faz aqui.


– Um demônio tentou matá-la outro dia, quando nos encontramos. Recorda-se?


– E-eu... Sim. – respondeu, finalmente.


– Não me pareceu surpresa com aquilo. – observou o exorcista. – Você sabe o que se passa naquela casa, não sabe? Sabe no que está metida.


Marina abaixou a cabeça, oprimindo seus pensamentos. Não havia qualquer motivo para dar continuidade àquela conversa. Não conhecia o indivíduo que lhe falava, mas de alguma forma, por alguma razão, ele lhe inspirava confiança. Tornou a erguer os olhos para ele.


– Quem é você? – indagou como na primeira vez.


– Não haja como se já não soubesse.


Ela vacilou em seus pensamentos. Por um instante, não conseguiu entender aquela afirmação. Mas, no outro instante, compreendera imediatamente. Uma manifestação invisível aos olhos humanos emanava dele e ela o sentia como se recebesse uma leve descarga elétrica por todo o seu corpo.


– Você é o escolhido para sacrificá-la em holocausto. – constatou ela. Ele emitiu um curto aceno positivo com a cabeça, inclinando-a levemente para um lado. Marina fez menção de afastar-se dele o mais rápido possível, desviando seu olhar e caminhando em direção à casa. Ele a impediu, puxando-a de volta pelo braço.


– O que esconde? – Madden inquiriu em tom intimidador.


– Solte-me. – ela disse entre os dentes, como se aquela fosse uma das raras vezes em que mostrava as garras ao seu adversário. – Caçador de demônios. É à isso que cheira.


– Não necessariamente, mas possivelmente. – afastou a mão que a aprisionava pelo braço. – Você não é um deles... Por que está neste meio?


– Isto não lhe diz respeito.


– Está aqui para proteger a garota, suponho.


– Esta é minha casa. – ela declarou severamente. O rosto erguido em um gesto desafiador. – É meu dever proteger todo aquele que habita nela.


– Diga-me quem é. – com isto ele queria dizer o que, e não quem.


Christian Madden colocou uma das mãos no interior de seu sobretudo, pronto para tirar dele algo que certamente lhe seria útil no momento.


Os olhos de Marina seguiram seus movimentos. Ela recuou um passo. Estreitou os olhos, fitando-o com uma intensidade tão grande que ele sentiu-se ameaçado por algo que não soube distinguir.


– Não haja como se já não soubesse. – ela proferiu as mesmas palavras ditas por ele, ironizando-o e, então, afastou-se com a lanterna na mão. Ele viu-a passar pelos portões, adentrando a mansão e, em seguida, desparecendo no interior da casa.


Retirou a mão do sobretudo, de onde pretendia arrancar uma cruz dourada. Algo que faria com que qualquer entidade que estivesse em posse do corpo da jovem empregada se manifestasse. Mas claramente seria um ato executado em vão.


Ela não era um demônio, tampouco estava possuída por um. Todavia, algo nela não se encaixava nos padrões da normalidade em que a sociedade ao redor deles vivia. Christian percebera isto no mesmo instante em que pousara os olhos nela pela primeira vez.


Em algo ele não estava errado. Ela não era um deles. Ainda assim, estava ao lado deles. Ela estava escondendo alguma coisa.


Ele sentia que a mente estava tempestuosa como se tivesse passado horas trancado em um escritório. A situação atual era ainda mais estressante e exaustiva.


Christian Madden retirou-se dali antes que o dia chegasse.


–--


– Ellie! – Dora surgiu na suíte principal da residência, irrompendo em ansiedade.


Ellie levantou-se de um salto, sentando na cama. Os olhos subitamente abertos, assustados. Esfregou-os e viu a governanta parada diante dela. A luz do sol se filtrava através das janelas, iluminando todo o quarto.


– O que está havendo?


– Venha. – a idosa ajudou-a a se levantar e vestir-se com um robe de seda em tom pálido, conduzindo-a para fora do quarto.


Desceram as duas até a sala de estar, seguindo para o jardim da propriedade. Lá, Ellie deparou-se com James que aparentemente acabava de chegar. Dirigiu-se para ela ansiosamente, exibindo um sorriso entusiasmado.


– Há algo que quero lhe mostrar. – pegou uma das mãos delas e a guiou para um dos lados do jardim.


Diante dos olhos dela brilhava uma esplêndida motocicleta, a lataria vermelha reluzindo, arrancando de Ellie um suspiro de admiração.


– É linda! – exclamou, maravilhada.


– É sua. – completou James. Ela virou o rosto para ele, encarando-o com perplexidade. Ele esboçou um sorriso lento e tranquilo, e prosseguiu: – Eu espero que seja de seu agrado. É sua cor predileta.


Aquilo a pegara de surpresa. Ela jamais mencionara aquilo a ele, e, como de costume, teve a sensação de que ele podia ler seus pensamentos como um livro aberto.


Ela reparou na expressão de orgulho que estampava o rosto dele e sorriu em resposta. Caminhou até a motocicleta, contemplando-a de perto. Dora veio até eles, muito hesitante.


– Sr. Braxton, não acha que isto seria perig...


– Não. – ele não a deixou completar a pergunta. – Ela gostou do presente. É tudo o que importa.


– Mas seria imprudente deixá-la conduzir uma motocicleta no estado em que está. – advertiu a mulher em tom preocupado.


– Não há com o que se preocupar. – contestou James Braxton seriamente, impondo um fim nas objeções da governanta. – Minha garota terá o mundo aos seus pés.


Ellie virou-se instintivamente na direção dele ao ouvi-lo dizer aquilo. Um enorme e espontâneo sorriso iluminou seu rosto pálido, algo que não acontecera em muito tempo.


Ela antes julgara aquela aproximação entre James e ela uma pausa nas frustrações, uma trégua. Depois daquela manhã, entretanto, ela teve a certeza de que não se tratava mais de um simples afeto recíproco.


Joshua Wilder não se enganara, afinal.


E nem mesmo sua mãe.


Ela estivera certa o tempo todo.



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 51



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  • shadowxcat Postado em 19/07/2016 - 16:24:44

    ESSA FANFIC ESTÁ SENDO REPOSTADA AQUI: http://fanfics.com.br/fanfic/54463/sete-demonios-romance-terror-horror-teen-amor -suspense-thriller-aventura-acao-vampiros-bruxas-demonios

  • raysantos Postado em 12/08/2015 - 20:10:35

    Sua fic e muito top e bem escrita tudo d bom tomara que logo logo a Ellie e James possam ficar juntos sem a essa fulana que eu nao aprendi a dizer muito menos escreve o nome no meio nada contra a crianca mais fazer oq ne continua

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 23:19:37

    Olá, to lendo pelo spirit anime =)

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 22:54:24

    Por favor!!! Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa mais!!! Okk, já sabes q amo de paixão esta web!!! To sentindo muita falta dela....please, preciso de mais caps!!!! Não me deixe na curiosidade por muito tempoooooo *_*

  • vverg Postado em 10/01/2015 - 01:47:30

    Desculpe meu sumisso!! Mas assim q der, comento qdo ler todos os caps =)

  • vverg Postado em 19/08/2014 - 23:57:43

    Poxa não judia tanto de sua leitora caramba!!! Minha fic perfeição, posta mais, preciso de mais.... Estou ficando agoniada sem suas atualizações Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa maissssssssssssssssssssssssssss nesta fic perfeitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa amo sua fic, ok vc já sabe disso, mas não custa falar né hahahahahahahaha

  • vverg Postado em 12/08/2014 - 12:10:07

    Meu Deus! Que nojo deste Declan!!!! Cara##@%@#$#! Putz!!! Como ela se deixa dominar desta forma, caramba!!! Posta mais mais mais mais mais mais. Poxa vc me deixou curiosa agora, tadinha da Elie, ela é muito fraca e se deixa dominar por este imundo.... Estou pasma, posta mais na minha fic perfeição mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais =)

  • vverg Postado em 09/08/2014 - 17:08:49

    Quero maisssssssssssssss!!! Preciso mais desta fic perfeita!!! Posta sim??? Necessito ler.... =)

  • vverg Postado em 06/08/2014 - 10:33:43

    Dahlia tah ferradinha kkkkk. Posta mais! Necessito de mais rsrsrs *_*

  • vverg Postado em 02/08/2014 - 09:55:32

    Minha fic mais q perfeitaaaaa posta mais quero mais caps


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