Fanfics Brasil - Primeiro Ciclo - Capítulo XXVII - Traição Sete Demônios

Fanfic: Sete Demônios | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass


Capítulo: Primeiro Ciclo - Capítulo XXVII - Traição

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– Veja bem, Eleonora está passando por uma situação muito delicada.


Michael Graber, como bom advogado, estava utilizando todo o seu dom de persuasão. Naquela tarde, Declan e Katherina Donovan haviam lhe convidado para um café em um estabelecimento em uma área bem conceituada da cidade. Logo, ele sabia que a conversa seria sobre negócios. Preparou-se mentalmente para a quantidade gigantesca de bobagens que certamente escutaria durante aquele café


– Tenho direito ao dinheiro, Sr. Graber. – Declan falava em um ridículo tom autoritário que em nada condizia com ele. – Ao menos, metade dele pertence-me.


– Está certo. – Michael assentiu. – Mas peço-lhe para que...


– O senhor não está em posição para me pedir coisa alguma. – interrompeu-o. – É ridículo que Kat e eu não tenhamos sequer visto a cor daquele dinheiro ainda.


– Como eu disse, a sua irmã está ocupada demais para tratar disto agora. Não sei se está a par dos acontecimentos recentes, mas Eleonora está esperando um filho.


– Agora essa! – Katherina exclamou, soltando uma gargalhada em seguida. – O velho truque para amarrar um milionário.


Graber olhou-a com repulsa e amargura, se perguntando o que um homem íntegro e bom como Maurice Donovan havia visto em uma mulher como aquela. Em seu vestido demasiadamente justo e cabelos vermelhos caindo sobre os ombros conciliando-se perfeitamente com seus lábios pintados da mesma cor, tudo muito extravagante e impudico.


– Esse problema será resolvido muito em breve. – declarou o advogado, esforçando-se para parecer mais sério. – No entanto, peço para que sejam pacientes.


– Está pedindo muito, Sr. Graber. – Declan tornou a falar.


– Houve uma razão pela qual seu pai confiou seus bens a James Braxton, Declan.


– James Braxton é um pilantra. – afirmou, desdenhoso. – Arrancarei dele tudo o que ele tirou de minha família.


Lentamente, com muita calma, Michael Graber tomou um gole de seu café e colocou a xícara de porcelana sobre a mesa, erguendo os olhos para o rapaz antes de lhe dar uma resposta.


– Conheço James há muitos anos. – olhou-o nos olhos, um gesto um tanto intimidador. – Eu o vi fazer coisas das quais você teria medo, garoto. Acredite. Tê-lo como inimigo seria como assinar sua própria sentença.


Declan Donovan abriu a boca para dizer algo, mas foi detido pelo próprio riso. Katherina o acompanhou, tentando se conter bebericando de seu café já frio.


– Tomarei posse do que é meu por direito. Não importa o que eu tenha de fazer para que isto aconteça. – disse o mais novo.


Michael abanou a cabeça. Convencê-los a esquecer-se de Ellie e dar um pouco de paz à garota seria inútil. Claramente eles se divertiam à custa dela.


Sem prolongar aquela discussão desnecessária, Graber sequer terminou seu café. Pôs-se de pé, fazendo um breve aceno com a cabeça, e então se retirou dali, nada hesitante.


–--


Lilith sugeriu que Ellie a acompanhasse em um passeio naquela mesma tarde. Encontravam-se sentadas no banco traseiro de uma limousine conduzida por um motorista uniformizado cuja presença era quase imperceptível, pois ele mal falava. Sentada ao lado de Lilith, Ellie olhou-a com ceticismo, desejosa de saber quais eram os poderes daquela mulher. Estava certa de que ela era presunçosa e que seu ego mal cabia em si, mas ouvira de outros que ela era temível. Também estava certa de que Vincent não a teria convocado caso ela não fosse útil.


A bruxa fitou-a com seus olhos semicerrados, e, como se tivesse o dom de ler seus desejos, pôs-se a falar:


– Lilith foi o primeiro demônio criado por Lúcifer. Uma mulher muitíssimo poderosa. – viu os olhos de Ellie congelarem nela, demonstrando pleno interesse e curiosidade. – Foi por isso que adotei esse nome. – ela prosseguiu. – Quando eu morrer, Ellie, não serei julgada por meus atos. Tampouco terei minha alma destruída pelas almas impuras que perecem no Inferno. Eu me assentarei ao lado de Lúcifer, tal como Lilith.


– Disse que adotou esse nome... – observou a garota.


Lilith emitiu um riso breve.


– O meu nome é Annora, a filha primogênita de Cora Grant, a tão famosa bruxa que trouxe herdeiras às extintas bruxas de Salem, mas isso não é título para mim. Não quero ser lembrada como minha mãe. – fez uma pausa e pensou um pouco. – Eu acredito em destino. Sou uma descendente de Lilith. – tornou a olhar para Ellie. – Soube disso desde o momento em que ouvi a respeito dela pela primeira vez. Somos iguais.


– Lilith foi uma mulher perversa. – alegou Ellie. Lembrava-se muito bem do que ouvira de Vincent Hurst na Fraternidade e de suas mais recentes leituras sobre demonologia. – Seduziu muitos homens, forçando-os a cometer adultério. Não me admiro que se identifique com ela.


Soltando mais uma risada, Lilith não conseguiu esconder o efeito que tal afirmação causara nela.


– Ora, Ellie. – disse, mantendo o sorriso malicioso nos lábios. – Já tem inimigos demais, não acha? Não coloque-me em sua lista negra. Seria uma pena.


– Para você, evidentemente. – respondeu a jovem. Ela também sorria. Um sorriso sarcástico e indiferente.


– Mas quanta audácia, pequena Ellie. Não me parece tão adorável quanto dizem.


– Conheço uma mulher que certamente destruiria Lilith em questão de segundos. – assegurou com convicção. – Chamava-se Elizabeth Knightingale. – Ellie viu a bruxa estremecer, ainda que se esforçasse para não deixar sua reação transparecer. – Fez tremer todo o Inferno com seus feitos. Até mesmo o diabo caíra aos seus pés. Eles chamavam-na Dama da Morte. Era cruel, impiedosa, truculenta.


Lilith abriu um sorriso em seu desconforto.


– Ouvi a esse respeito há alguns anos. Também ouvi dizer que nenhum membro da Fraternidade tem permissão para tocar no assunto.


– Eu não sou apenas alguém que faz parte da Fraternidade, Lilith. – interveio Ellie. – Eles não têm voz de comando em minha vida. Sou dona de mim mesma e falo sobre o que tiver vontade.


A bruxa arqueou uma sobrancelha, surpresa.


– É melhor tomar cuidado com o tom que usa.


– E por quê? Isso a incomoda?


– Teria de esforçar-se mais caso tencionasse me incomodar.


– Longe de mim, querida. – Ellie sorriu novamente. – Mas sendo você agora uma hóspede em minha casa, lhe advirto que seria melhor se pensasse duas vezes antes de tomar ações em minha presença.


Dessa vez, Lilith não riu. Analisou o rosto da jovem por longos segundos, segura de que ela ainda incomodava-se com sua presença. Contudo, Ellie tornara a lhe dirigir a palavra:


– Não leve isto para o lado pessoal. Sua presença não me incomoda, nem mesmo me intimida. Mas é realmente difícil depositar confiança em alguém quando todo o mundo deseja vê-la morta.


– Não há motivos para se explicar. – mais uma vez, Lilith esboçou um sorriso mesquinho. – Compreendo os motivos que eles têm para desejar vê-la morta, no entanto. Certamente tem conhecimento do poder que carrega consigo.


Ellie lembrou-se da noite em que atacara o exorcista e da manifestação que ocorrera dentro dela. Perguntou-se de quantas outras coisas era capaz. Por um instante, temeu a resposta e decidiu ignorar sua própria curiosidade.


Seus pensamentos, porém, foram imediatamente afastados quando algo colidiu contra o seu lado da janela do carro. O automóvel parou bruscamente.


– Mas o que há? – ela perguntou, assustando-se.


Virou-se e, através do vidro da janela ao seu lado, avistou um rosto desconhecido. No entanto, ela sabia do que se tratava. O rosto do homem do lado de fora se aproximou. Ele esmurrava a janela violentamente.


– Acelere. – ordenou ao motorista. Ele obedeceu, pisando no pedal, mas este parecia não funcionar. Girou a chave na ignição, mas o motor vacilava.


– Não está funcionando. – constatou ele.


– Inferno... – ela murmurou.


Sem dizer nada, Lilith abriu a porta ao seu lado e colocou-se para fora. Caminhou na direção do homem que batia na janela do outro lado do veículo.


– Quem ousa nos atacar? – disse ela em voz muito alta. Estava parada diante do desconhecido.


– Sou um servo do Senhor. – anunciou. – Afaste-se, apóstola do demônio.


– Poupe-me de sua hipocrisia.


– A Ordem colocará as mãos nessa garota e na semente amaldiçoada que ela leva no ventre. Não desistiremos de restaurar o equilíbrio.


– Eu disse para me poupar de tanta bobagem! – Lilith elevou seu tom de voz. De seus lábios, ventos sopraram o corpo do homem para longe. Ele caiu sobre o chão, atônito.


– Maldita seja, bruxa! – trovejou o indivíduo. Neste momento, Ellie também abrira a porta de seu lado, retirando-se do veículo. Colocou-se de pé, ao lado de Lilith.


– Está sentenciando a si mesmo à morte, senhor. – ela advertiu.


– Nada tenho a temer, filha de Babilônia. – ele pôs-se em pé, aproximando-se delas em passos lentos. – O Senhor está comigo.


Lilith olhou para os lados e, em seguida, seus olhos tornaram a cair sobre o rosto perturbado do homem. Ela sorriu de canto.


– Pois eu não vejo mais ninguém aqui.


O sujeito arregalou os olhos, sentindo um arrepio lhe percorrer a espinha. Com apenas um lance de olhar, Lilith tornou a projetar o corpo dele para longe, chocando-o contra o carro de lataria branca no qual ele viera, o mesmo que usara para fazer a limousine parar. Vendo a cena, Ellie olhou para os lados. Estranhamente, não havia mais ninguém por perto. De dentro da limousine, o motorista parecia um espectador hipnotizado, sem reações. Olhou novamente para o homem que esforçava-se em se colocar de pé. Tornou a aproximar-se de ambas, agora com um pequeno frasco em mãos. Destampou-o, jogando o líquido incolor sobre Ellie. Ela sentiu o rosto queimar e urrou de dor, caindo de joelhos no asfalto.


– Seu filho da mãe...


Lilith avançou para ele, cobrindo o rosto dele com uma só mão. Cravou as unhas na pele do homem, sentindo-as perfurar carne firme. Ele agonizava em sua dor física e espiritual. Seguindo seu instinto, enfiou uma mão no bolso e dele retirou uma flecha prateada e ergueu-a, fazendo menção de fincá-la nas costas da bruxa enquanto ela ainda lhe enfiava as unhas no rosto. O sangue escorria até seu queixo, pingando no chão gloriosamente, manchando-o de escarlate.


Ellie conteve a ardência em sua face, levantando-se instintivamente. Vendo os movimentos do homem pronto para enfiar a flecha nas costas de Lilith, ela reagiu antes que pudesse conter seus pensamentos ou ações.


– Vos ardebit, damnant! – o latim aflorou sua mente como se ela não tivesse controle algum sobre si mesma. A reação que aquilo causara, porém, lhe surpreendera ainda mais.


O homem largou a flecha. Ela desabou no chão causando um harmonioso tintilar. Subitamente, seu corpo encontrava-se em chamas que subiam de seus pés até seus cabelos brancos em desalinho. Lilith finalmente afastou-se dele, assistindo-o queimar como um punhado de lenha seca. Ellie dirigiu-se à ele lentamente, uma expressão apática em seu rosto.


– Prostre-se diante de mim, hipócrita.


Com infinita dificuldade, esforçando-se para não se encolher no chão, o homem ergueu seu rosto desfigurado. O corpo ainda ardia, aceso como uma lareira.


– Senhor... Esteja... Comigo...


– Sua fé é a maior aleivosia que já vi na vida. – comentou com a voz firme. Ela mantinha-se rígida, não havia qualquer sinal de piedade ou remorso em seus olhos enquanto olhava para ele. – Sua fé traz morte.


Lilith manteve-se calada, assistindo à cena com atenção e cautela.


– Blasfemadora... Queimará no In... Inferno...


– Prostre-se e me esforçarei para oferecer o mínimo de misericórdia que sua alma merece.


– N-nunca... – sussurrou. – Você... Não... Não é ninguém... Diante do...


– Serei eu aquela que governará sobre a Terra. – declarou em interrupção. – E lamento dizer que você não fará parte dela.


Ao dizer isto, aproximou-se ainda mais dele. O corpo ainda encontrava-se em chamas. Com um simples sopro de seus lábios, fez com que elas cessassem. O homem encontrava-se em carne viva por completo, emitindo murmúrios e lamentações. Ellie aproximou os lábios do rosto desfigurado, sussurrando-lhe à orelha:


– Foi você quem selou seu próprio destino.


Ele gritou. Um animalesco som que rompeu no ar, vindo de seus pulmões. A vida esvaiu-se dele no momento em que algo pareceu explodir dentro dele, fazendo-o cair ao chão completamente vazio.


Ellie deu um passo adiante, pisando-lhe na cabeça. O som de seu salto alto perfurando o rosto monstruoso causou-lhe um estranho prazer. Admirou o que restou do sujeito, uma carcaça ensanguentada e chamuscada deitada no asfalto.


Afastou-se dele e, ao virar-se para trás, se deparou com Lilith. Parecia estar se divertindo. Aos seus arredores, as ruas pareciam tão vazias quanto o corpo daquele que acabara de assassinar.


– Confesso que estou impressionada.


– Provou estar do lado certo. – concluiu Ellie. – Não a tenho como uma inimiga, Lilith. E agradeço por ter me oferecido sua ajuda nisto.


– Não há de que. – sorriu a bruxa. – Devemos ir. Você causou uma comoção e tanto para um só dia.


Elas adentraram a limousine. O motorista girou a chave no contato. Desta vez, o motor funcionara normalmente. Ellie estranhou o fato do motorista não ter se manifestado depois do que presenciara, mas logo concluiu que todos em sua casa agiam daquela forma. Talvez porque tivessem medo, ou, talvez, porque também fossem daquele meio. De qualquer maneira, ela decidiu não se importar muito. Enquanto o veículo as conduzia adiante, Lilith explicou que as orações do homem provavelmente impediram que o automóvel funcionasse. Ellie não respondeu. Todavia, Lilith prosseguiu falando. Algo dito por ela pareceu chamar a súbita atenção de Ellie.


– Gostaria de levá-la a um dos locais que usamos como templo nesta cidade.


A garota pareceu interessada.


– Mostre-me.


Lilith sorriu em resposta e deu ordens para que o motorista tomasse outro rumo.


Seguiram até uma construção que assemelhava-se à um santuário. As paredes eram cinza e havia uma grande porta de madeira à frente. Ellie desceu do veículo uma vez que o motorista estacionara em frente ao local. Lilith a conduziu para dentro, abrindo a porta de madeira após inserir uma chave na fechadura.


O interior do local condizia com seu lado externo: paredes unanimemente acinzentadas, móveis de madeira espalhados pelos cantos e janelas de vidro pintadas de vermelho. A luz do sol da tarde mal passava por elas. O aspecto era taciturno, antigo, e estava escuro. Fez com que Ellie se lembrasse do prédio da Fraternidade.


– Costumava ser uma igreja abandonada. – explicou Lilith, empolgada. – Fizemos deste local o nosso templo.


– Fascinante. – disse Ellie, irônica.


– Ainda não chegamos à melhor parte, querida. – Lilith a fitava com intensidade.


– De que parte está falando?


– Desta. – respondeu.


Assim que articulou tais palavras, a porta de madeira foi ao chão, causando um som aterrador. Ellie – instintivamente – virou-se na direção da porta. Com lanternas em mãos, Christian Madden e Dahlia surgiram na entrada do templo. Por detrás deles, homens vestidos formal e completamente de branco espalhavam-se para os lados como insetos.


– Sejam muito bem-vindos, meus caros. – Lilith disse, sorrindo maliciosamente.


Os olhos de Christian seguiram o som, pousando sobre o rosto da bruxa. Ele subitamente pareceu transtornado. Reconhecia aquela figura, apesar dos anos que haviam se passado.


Com a boca entreaberta e os olhos muito abertos, disse numa balbuciação:


– Annora...


– Olá, Christian.


– Foi você quem...


– Exatamente. – ela o interrompeu. Deu passos adiante, aproximando-se do exorcista. – Eu passei toda a tarde lhe enviando visões. Visões nas quais lhe dei as coordenadas. Vejo que confiou em mim.


– Era você... – olhou-a, incrédulo. – C-como soube?


– Que você estava atrás da garota? Muito fácil. Estou sempre a par do que me interessa.


– Que diabos é isto? – inquiriu Ellie.


– Cale-se! – ordenou Lilith. Esticou a mão para ela e fê-la ser jogada para trás, batendo as costas contra a parede e caindo ao chão. – Aqui está ela, Christian. Sei qual é sua missão. Cumpra-a.


– Por que está fazendo isso? Por que a está entregando dessa forma? Eu... Eu não entendo...


– Porque ela é uma intrusa! – esbravejou. – Entrou em meu caminho, tomando meu lugar como se fosse um direito dela. Eu governarei sobre o Inferno, é meu destino, não dela.


– Bem dizem que bruxas são criaturas traiçoeiras. – Dahlia comentou, amargurada. Virou-se para seu parceiro. – Vamos. Pegue-a.


– Há algo errado. – Christian não tirou os olhos de Lilith, hesitante. O choque ainda estava sendo lentamente processado por seu cérebro sobrecarregado. – Não confio em você, Annora.


– Não é o que me parece, pois veio até mim como eu previa. – ela disse. – Destrua a maldita garota. É para isso que veio, não?


Ellie – com muito esforço – colocou-se de pé e seguiu cambaleando até eles. Levantou o rosto, sentindo-se subitamente fraca. Assim, percebeu que o local em si a enfraquecia, pois nada parecia se manifestar dentro dela dessa vez. Sentiu-se incapaz.


– Não adianta tentar, menina. – Lilith advertiu, vendo-a em tal estado. – Este local está sob meu comando. Há um feitiço que impede qualquer outro tipo de manifestação de qualquer entidade aqui.


– Traidora! – ela gritou, cuspindo suas palavras.


– Meteu-se em meu caminho. A culpa é inteiramente sua. – a bruxa parecia altamente perturbada. A expressão enfurecia em seu rosto era insana enquanto falava. – Estou farta de ter de livrar-me de todas que se colocam em meu caminho. Minhas irmãs, mamãe e agora... Agora você. – trincou os dentes. – Não foi fácil ter de entregá-las, assim como não foi fácil ter de trair minha natureza, provocando aquela caça. Mas funcionou. Eles as mataram e eu tomei posse do posto de líder.


– Traiu sua própria família... – Ellie a olhava em um misto de aversão e desprezo. – É uma vagabunda egoísta.


– Controle suas palavras, garota tola!


– Basta! – Dahlia as interrompeu. – Vamos levá-la. Ande logo com isso, Christian.


– Espere. – ele fez um sinal com a mão. – Não confio nesta mulher.


– Quanto ressentimento. – Lilith voltou a olhar para ele. – Ainda está de coração partido, meu pobre querido. Prometo recompensá-lo se fizer sua parte.


– Não recebo ordens suas. – ele respondeu, rispidamente.


– Ora, não seja covarde! – indignou-se ela. – Mate essa desgraçada antes que eu...


– Cale essa boca imunda! – a voz de Ellie a interrompeu, fazendo-a se virar para a jovem mais uma vez.


– Está em território desconhecido, mocinha. – afirmou, sarcástica. – E aqui você está completamente sozinha.


– Está enganada. – Ellie emitiu um sorriso no canto dos lábios. – É você quem está sozinha, Lilith.


Sons sobressaíram por detrás do prédio, assim como as figuras que surgiram subitamente, atravessando as janelas, adentrando o local com armas em mãos. Sem hesitar, os poucos – porém suficientes – membros da Sétima Divisão deitaram seus dedos sobre o gatilho de suas armas, disparando contra os homens vestidos de branco que corriam de um lado para o outro, desesperados. Caíam ao chão sem cessar, como um show de horrores diante dos olhos de seus espectadores restantes. Dahlia e Christian Madden mantinham-se agachados atrás de um móvel. Surpresa, Lilith assistiam àquilo com indignação. Alguém puxou-lhe bruscamente pelo braço, forçando-a a se virar para trás.


– O que diabos pensa que está fazendo? – parado diante dela com os olhos fixos nos seus, James Braxton parecia tencionar lhe arrancar o braço. Ela sentiu-se incapaz de responder. Braxton olhou ao redor. Os corpos outrora em pé agora encontravam-se deitados no chão, em seu sono infinito. Os tiros haviam cessado. O silêncio prevalecia, pesado.


Ele fez um gesto com a mão para que seus companheiros tirassem Ellie do local. Lilith a viu sendo conduzida por Joshua Wilder e Michael Graber para fora do prédio.


Olhou para James, tomada pela raiva.


– Você criou laços com ela. – Lilith constatou. – Sabe quando ela precisa de você mesmo que não lhe diga nada. Sabe onde encontrá-la. Por que...?


– Não sou eu e nem ela. – ele respondeu.


Lilith franziu o cenho.


– A criança que ela carrega.


– Mais útil que um GPS. – ele ironizou. – Agora, por favor, poupe minha audição de sua voz. – começou a arrastá-la para fora, puxando-a pelo braço.


– Pare, Braxton. – uma voz soou. James seguiu a direção do som, encontrando-se com o rosto de Christian Madden. Ao lado dele, Dahlia também matinha uma postura séria.


– Oh, não. Será que não podemos deixar isto para outro dia?


– Não seja estúpido! – disse Dahlia. – Está metido em fogo cruzado por nada.


– Não tenho nada a perder. – James afirmou. – Assim como não tenho nada a tratar com você.


Ignorando-os, Braxton seguiu com Lilith para fora daquele prédio. Christian não o deteve, sequer fez menção de executar o ato. Dahlia compreendeu o motivo.


– Na próxima vez em que me procurar, esteja certo de que não seguiu ordens de uma bruxa.


O exorcista não levou em consideração o comentário dela, pensando no que acabara de presenciar.


–--


Lilith tentou se mover, mas nem sequer podia sentir suas mãos. Estas encontravam-se amarradas para trás, enquanto seu corpo estava preso à um tipo de pedestal feito de madeira. Encontrava-se do lado de fora do prédio da Fraternidade. À sua frente, todos os membros da Sétima Divisão assistiam-na com olhares entusiasmados e curiosos. Seus ouvidos reconheceram a voz que soou no ar inesperadamente, assim como a figura que parou diante de seus olhos.


– Annora Grant traiu sua família, seu clã e sua natureza. Deu início à uma caça que causou a morte da própria mãe. Caça na qual suas irmãs também foram mortas. – alegou Ellie, virando-se para seus companheiros. Parecia uma boa apresentadora ou então uma advogada de acusação, pronta para que o júri chegasse ao veredicto. – Esta noite, – apontou para a bruxa. – Essa mulher executou um atentado contra mim, entregando-me nas mãos de meus inimigos. – Lilith pôde ouvir um coro de ofensas vindo em sua direção. – Mas esta não foi a única razão pela qual decidimos tomar essa decisão.


A bruxa encontrou os olhares de suas duas irmãs restantes. Pareciam extremamente indignadas. Ellie prosseguiu:


– Todos nós sabemos o que um traidor merece. – ergueu o rosto, a voz também estava elevada. – A morte!


– Está se afundando em seus próprios pecados... – disse Lilith. Ellie virou-se imediatamente para ela.


– Mas vejam só quem me diz isso. – havia um sorriso sádico em seu rosto lívido.


– Já chega. – Vincent Hurst interveio, aproximando-se de Ellie. – Queimem-na.


– Não! – gritou a acusada naquele julgamento infernal. – Estarão cometendo um grave erro se fizerem tal coisa.


– Cale-se se não quiser que eu lhe corte a língua antes de queimá-la. – Ellie a ameaçou. Lilith recuou com os olhos, mas uma gargalhada explodiu de seus lábios secos.


– Olhe só para você! – disse. – Julga-se no direito de repreender-me por meus atos. Acredita ser superior a mim, acha que é a Rainha do Inferno, não é mesmo?


– Neste momento, Lilith, eu sou. – respondeu ela. – E como não ouviu minha primeira advertência, terei de encerrar a cerimônia mais cedo.


Lilith viu Bryan Carter banhar o pedestal com algo que ela só pôde identificar pelo cheiro. Gasolina. Ele logo se afastou. Ela começou a sentir as primeiras pontadas de pânico. Em seguida, viu Ellie tomar um isqueiro na mão. Em seu nervosismo, tornou a contra-atacá-la com palavras.


– Você não é ninguém. É como uma coelhinha assustada no meio da selva. Precisa de um bando de imbecis para protegê-la.


– Disse-lhe para se calar. – retrucou Ellie. – É você quem não é nada mais do que uma traidora.


– Eu sou Annora Grant, minha querida, a encarnação de Lilith, e esta noite me sentarei ao lado de Lúcifer. Está me fazendo um favor. – ela disse, sua voz rude esbanjava veneno. – Você não é nada. Não poderá governar sobre a Terra, pois teme o Inferno.


– Não, minha querida. – objetou. – É o Inferno que teme o meu domínio. – aproximou-se dela, jogando o isqueiro aos pés amarrados.


Lilith sentiu seu corpo se acender rapidamente. Tentou comprimir o grito que ameaçou escapar dela, mas sua tentativa fora em vão.


– Eu a amaldiçoo, Eleonora! – praguejou. – Sete vezes eu a amaldiçoo!


Foram suas últimas palavras.


O corpo foi inteiramente consumido pelo fogo em questão de segundos e um espectro negro como a noite escapou do que restara de sua matéria, desaparecendo no ar como fumaça. Com imensa apatia, os membros da Fraternidade não se manifestaram diante da cena.


Ellie, no entanto, sentiu o orgulho de seu último feito tomar posse de seu corpo e espírito. Havia sido o maior passo dado até então. E ela passou a acreditar que poderia agir de tal forma durante o resto de seus dias.


–--


* Vos ardebit, damnant! - Queime, maldito!



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 51



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  • shadowxcat Postado em 19/07/2016 - 16:24:44

    ESSA FANFIC ESTÁ SENDO REPOSTADA AQUI: http://fanfics.com.br/fanfic/54463/sete-demonios-romance-terror-horror-teen-amor -suspense-thriller-aventura-acao-vampiros-bruxas-demonios

  • raysantos Postado em 12/08/2015 - 20:10:35

    Sua fic e muito top e bem escrita tudo d bom tomara que logo logo a Ellie e James possam ficar juntos sem a essa fulana que eu nao aprendi a dizer muito menos escreve o nome no meio nada contra a crianca mais fazer oq ne continua

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 23:19:37

    Olá, to lendo pelo spirit anime =)

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 22:54:24

    Por favor!!! Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa mais!!! Okk, já sabes q amo de paixão esta web!!! To sentindo muita falta dela....please, preciso de mais caps!!!! Não me deixe na curiosidade por muito tempoooooo *_*

  • vverg Postado em 10/01/2015 - 01:47:30

    Desculpe meu sumisso!! Mas assim q der, comento qdo ler todos os caps =)

  • vverg Postado em 19/08/2014 - 23:57:43

    Poxa não judia tanto de sua leitora caramba!!! Minha fic perfeição, posta mais, preciso de mais.... Estou ficando agoniada sem suas atualizações Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa maissssssssssssssssssssssssssss nesta fic perfeitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa amo sua fic, ok vc já sabe disso, mas não custa falar né hahahahahahahaha

  • vverg Postado em 12/08/2014 - 12:10:07

    Meu Deus! Que nojo deste Declan!!!! Cara##@%@#$#! Putz!!! Como ela se deixa dominar desta forma, caramba!!! Posta mais mais mais mais mais mais. Poxa vc me deixou curiosa agora, tadinha da Elie, ela é muito fraca e se deixa dominar por este imundo.... Estou pasma, posta mais na minha fic perfeição mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais =)

  • vverg Postado em 09/08/2014 - 17:08:49

    Quero maisssssssssssssss!!! Preciso mais desta fic perfeita!!! Posta sim??? Necessito ler.... =)

  • vverg Postado em 06/08/2014 - 10:33:43

    Dahlia tah ferradinha kkkkk. Posta mais! Necessito de mais rsrsrs *_*

  • vverg Postado em 02/08/2014 - 09:55:32

    Minha fic mais q perfeitaaaaa posta mais quero mais caps


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