Fanfic: Sete Demônios | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass
– Por que não disse-me antes?
Sentada no sofá do quarto de hotel daquele que outrora atentara contra sua vida, Ellie Braxton soava acusadora após ter ouvido as explicações de Marina.
A garota sentada na beira da cama à sua frente manteve-se calada, pensativa, enquanto o exorcista as assistia em silêncio, de pé, como um espectador entediado.
– Não compreenderia... – murmurou a bruxa com sua voz penosa.
– Não? – Ellie sentiu vontade de rir. – Sabe as coisas que tenho presenciado e ouvido desde o dia em que me casei? Eu não as teria compreendido antes, de fato, mas depois de tudo o que vivi... E você sabia... Você sabe o que eu vivi, não sabe? Por que diabos manteve-se calada?
– Uma bruxa assassinou a criança que carregava no ventre. – recordou-se Marina. – Certamente ordenaria que me matassem se soubesse que sou uma também.
– Maldito Inferno! – a mais nova levantou-se, bufando. – Você esteve lá esse tempo todo, a par dos acontecimentos... Devia ter me contado!
– Talvez eu tenha me equivocado, acreditando que me mandaria ao Inferno como fez com Lilith. Mas... Não pensei com razão. Estou certa de que será uma boa líder. É muito boa. – a voz envolta em séria gentileza fez com que Ellie a fitasse novamente. – E quero que saiba que estarei aqui para apoiá-la em suas decisões e oferecer meu auxílio.
Ellie levantou os olhos para ela, muito atenta.
– Tenho perdido muitos daqueles que uma vez estiveram ao meu lado, independente de quais eram suas intenções. – constatou melancolicamente. – Minha mãe, meu pai, Lilith, a criança que nunca veio ao mundo, Katherina, James... – sentiu os olhos começarem a arder, mas conteve-se, respirando fundo. – Talvez seja um castigo vindo dos Céus. Talvez eu tenha sido amaldiçoada antes mesmo de ter conhecido Lilith. Talvez... Talvez eu seja o pivô disso tudo, entende o que quero dizer? Estar ao meu lado pode ser a última coisa que fará na vida.
As emoções e pensamentos da jovem bruxa não vacilaram. Ela manteve-se firme quando respondeu:
– Pois então será a primeira vez que faço algo certo. – estendeu-lhe uma das mãos. – Amigas?
Ellie fitou-lhe com atenção e cautela, analisando minuciosamente a expressão no rosto dela. E então, rapidamente, apertou-lhe a mão com gratidão.
– Amigas. – declarou.
Marina sorriu em satisfação. Ellie virou-se para Christian Madden, olhando-o com severidade.
– Sou grata pelo que fez hoje.
– Dispenso sua gratidão. – ele resmungou, indiferente. – Mas apreciaria muito se pudesse se retirar.
– Há mais algo que gostarei de lhe perguntar. – Ellie não esperou que ele respondesse. – Se está certo de que não o encontrou no Inferno, onde julga que ele esteja?
– Braxton possuía todos os requisitos para cair direto no colo do diabo. – assegurou Madden. – Não faço ideia do motivo pelo qual não foi sentenciado ao submundo. Está fora de meu conhecimento.
Ellie consentiu.
– Seria muito bem aceito em minha organização, Sr. Madden. Eu posso lhe garantir.
– Persuasiva e tentadora como um demônio, mas estou a recusar, Sra. Braxton. – ele enfiou as mãos nos bolsos do sobretudo, dando de ombros. – Agradeceria se não tornasse a me procurar.
Ellie ergueu o rosto, desafiadora. Uma expressão irônica estampava sua face lívida.
– Eu o pouparei da imolação que separará o trigo do joio, meu bom homem. – soou sensata e segura de suas palavras. – Certamente viverá para assistir o dia em que tomarei para mim todas estas terras e povos.
– Sete anos de reinado sobre a Terra. – ele disse. – E o infinito no Inferno, sendo diariamente torturada pelos pecados que cometeu. Espero que tenha aceitado e se preparado para isto.
Ellie esboçou um sorriso e um risinho baixo e sarcástico.
– Ainda virá até mim, exorcista. – afirmou. – Algum dia estaremos do mesmo lado.
Christian não respondeu, desviando o olhar. Marina abanou a cabeça, calada.
Ellie emitiu um sinal para que ela a seguisse e retiraram-se dali, ouvindo o exorcista fechar a porta por dentro.
Sorrindo em ironia, a garota foi embora do hotel acompanhada da bruxa a qual aliara-se oficialmente.
Quando retornara a casa, Ellie dirigira-se diretamente para seu quarto, exausta. Sequer trocara qualquer palavra com Marina durante o percurso, conduzindo seu automóvel enquanto ela sentava-se no banco do passageiro.
Fatigada, livrou-se do vestido e dos sapatos, deixando-se cair sobre a cama macia e confortável. Ali mesmo deixou-se cair no sono, sentindo o cansaço dominar cada centímetro de seu corpo. Os pensamentos aleatórios tornaram-se psicodélicos em seu subconsciente, era como se ainda estivesse acordada. Com os olhos fechados, deitada em sua cama, ouviu um chiado roufenho que soava aterrador. Abriu os olhos, dando-se conta de que o som partia de seus próprios lábios. Não havia ar. Não conseguia respirar. Sentiu uma dúzia de mãos invisíveis e gélidas pressionando-a contra a cama, forçando-a a se manter quieta e imóvel. Tentou gritar, esperneando em direção do nada, mas era inútil. O desespero a sufocava quase tanto quanto a pressão que faziam-lhe ao redor do pescoço, cobrindo sua boca como um manto da morte. Houve um sussurro, distante e familiar. Depois, os sussurros tornaram-se uma porção de vozes, uma seguida da outra. Mesmo em meio a um concerto musical, Ellie as teria reconhecido. O primeiro sussurro assemelhava-se à voz de sua mãe:
Eu a amo muito, Ellie...
Sentiu uma mão lhe afagar os cabelos e ouviu a segunda voz, a de sua fiel governanta:
Sua mãe... Sofreu um acidente... Está morta...
Houve uma terceira voz, severa e vacilante:
Eu apostei você... Terá de se casar com ele...
A quarta voz trouxe-lhe a mesma sensação de familiaridade e terror. James Braxton sussurrava-lhe, possessivo, enquanto uma camada de ar gelado a envolvia como um cobertor obsceno, acariciando seu corpo, beijando-lhe os lábios:
Você é minha...
A voz branda e profética de Vincent Hurst sucedeu a anterior:
Seu pai era um de nós... E nós somos uma fraternidade de assassinos...
Pôde ouvir mais uma voz, cruel e acusadora. Não tratava-se de um sussurro desta vez. Reconheceu ser a voz de seu irmão, Declan:
Não ficará com meu dinheiro, sua vadiazinha de merda!
E uma das mãos deu-lhe uma forte bofetada.
Ocorreu um breve silêncio que logo foi quebrado pela voz que irrompeu no ar. Era Lilith quem tomara voz agora, amaldiçoando-a repetidas vezes:
Sete vezes eu a amaldiçoo... Sete vezes...
A última voz a lhe invadir a mente soara séria e fria. Era Christian Madden.
Sete anos de reinado sobre a Terra... E o infinito no Inferno...
As mãos afastaram-se dela e as vozes se calaram, por fim.
Quando o peso que antes a impedia de se mover desapareceu por completo, Ellie abriu os olhos. Arfava violentamente, sentindo seus pulmões queimando como se alguém tivesse lhe oferecido uma dose de ácido para beber. A súbita onda de horror deu forças para que Ellie pudesse se arrastar até os pés de sua cama, ofegante. Ouviu outro sussurro e uma brisa extremamente fria fustigar-lhe o rosto. Desesperada, lutou para correr até a porta do quarto, fugindo da massa gélida que a perseguia.
Seus dedos encontraram a maçaneta e abriram a porta. Ela correu para fora, ofegante, enchendo de oxigênio os pulmões famintos.
O choque térmico atacou-a em cheio.
O corredor estava quente, silencioso e tranquilo. Ellie permaneceu ali, no entanto, trêmula, com os dentes batendo incontrolavelmente. Virou-se para olhar para dentro de seu quarto. Tudo parecia normal e em paz. Ela constatou finalmente que tivera um pesadelo. Um terrível pesadelo. Hesitou por um momento antes de tornar a adentrar seu aposento, mas decidiu caminhar lentamente até sua cama.
O quarto agora lhe parecia acolhedor e confortável, nada havia a temer. Deitou-se na cama onde tornou a cair no profundo sono.
Ouviu-se um som. Não trava-se de um sussurro. Não mais. Algo vinha do andar debaixo. Relutante entre permanecer em sua cama acolhedora ou descer para verificar o que estava havendo, Ellie optou pela segunda alternativa. Levantou-se, sonolenta, e enrolou-se em um dos lençóis, caminhando para fora do quarto. Seguiu pelo corredor em silêncio, até alcançar as escadas. Desceu-as com muita calma, chegando até a sala principal. Sons baixos soaram do cômodo seguinte: a sala de jantar.
Em passos lentos e exaustos, Ellie adentrou o local para deparar-se com o que faltava para tirar-lhe todo o autocontrole que levara um bom tempo para conquistar.
Seus olhos castanho-claros que antes estavam semicerrados devido ao sono agora abriam-se em espanto. De sua boca nenhum som fora articulado. Sentiu seu coração falhar uma ou duas batidas.
Estendida no chão, isenta de qualquer sinal de vida, com as roupas manchadas com seu próprio sangue, Dora – sua governanta – parecia mergulhada em sono eterno. Ao seu lado, de pé, Alena Braxton mantinha uma expressão apática enquanto segurava uma faca provavelmente retirada dos talheres da cozinha. O objeto possuía o mesmo tom escarlate que agora cobria todo o corpo deitado sobre o chão da sala de jantar.
Alena não passava de um vulto, um fantasma. Não havia emoção em seus olhos e sua boca permanecia fechada, enquanto Ellie recuava um passo, levando uma das mãos até os lábios para conter um grito.
A voz soou como um murmúrio, uma mera lamentação quando a mais velha indagou, trêmula:
– O q... O que você... O que fez?
– Todos eles me deixaram. Todos me abandonaram. Papai, mamãe, James... – respondeu a garota. Os olhos frios e a voz insípida envolviam todo o ambiente em pleno horror. Subitamente, ergueu o rosto para a interlocutora. – Aconteceu o mesmo com você, não foi? Perdeu todos eles... – tornou a abaixar a cabeça, fitando a faca em sua mão esquerda. – Todos nós morreremos também, Ellie. Todos. Um dia ou outro, iremos desaparecer como eles. Eu só quis... Acelerar as coisas...
Olhando para o cadáver, horrorizada, Ellie não soube como manifestar-se.
– Por quê?! – destroçada pelos soluços, ela não se dava conta das lágrimas que despencavam de seus olhos.
– Porque seria menos doloroso. Para que esperar? – Alena soou indignada com a pergunta. – Eu estava indo ao seu quarto agora mesmo para tamb...
– Cale-se! Cale a boca! – trovejou a mais velha, afundada em desespero e angústia. – A culpa... A culpa é minha... Eu devia tê-la... Mandado para uma clínica...
– Teria se livrado de mim, não é mesmo? Ninguém nunca me quis por perto. Sempre fui um peso na vida de todos eles. E vejo que na sua também. – empunhou a faca com mais força, apertando seu cabo de madeira. – Mentiu para mim. Disse que me ajudaria, mas... Você o deixou ir!
Ouvindo-a gritar, Ellie arregalou os olhos, incrédula.
– O que está dizendo?
– Matou meu irmão! Tirou de mim tudo o que me restava! Você destruiu tudo! É isso o que você faz! – Alena começou a esbravejar sem conseguir se conter. – Você destrói tudo o que se aproxima de você! Eu a odeio!
Marina surgiu atrás de Ellie, emitindo um grito horrorizado ao deparar-se com a cena.
– Oh, não! – exclamou. – Alena... O que est... O que houve aqui?
– Espero que queime no Inferno! – a garota com a faca na mão cuspiu as palavras diante de Ellie.
– Basta! – tomando voz, Ellie recompôs sua postura. Aproximou-se de Alena e sequer hesitou em arrancar-lhe a faca da mão em um gesto rápido e brusco. Jogou o objeto para trás, distante, encarando a menina fixamente nos olhos. – Farei com que saia impune pelo que fez desta vez, pois sei que não era o que verdadeiramente queria que acontecesse. – assegurou, séria. Seus olhos faiscavam na chama da raiva. – Mas torne a acusar-me de tal forma e não responderei por meus atos novamente, menina insolente.
Em resposta, Alena Braxton cuspiu-lhe na face. Consequentemente, Ellie esbofeteou-a, fazendo a garota recuar, assustada.
– Para seu quarto. Imediatamente! – ordenou.
Alena cobriu a face marcada pela bofetada com uma das mãos e correu para fora da sala de jantar, subindo as escadas com pressa.
Marina avançou para o corpo da idosa, agachando-se ao lado dela. O sangue agora espalhava-se por todo o carpete, maculando-o com o cheiro da morte.
Sem virar-se para olhar para a cena, ainda de costas para a empregada, Ellie disse-lhe:
– Telefone a Michael Graber e peça-o para que faça a devida limpeza no lugar.
Ela estava certa de que o advogado informaria os homens da Fraternidade para que livrassem-se do corpo e eliminassem qualquer evidência do crime.
– Sim, senhora. – assentiu a bruxa, angustiada pelas lágrimas que banhavam-lhe o rosto.
– Diga-lhe que Dora merece um local digno. Nada de rios ou buracos cavados no meio do nada. Será cremada para que sua alma descanse em paz.
– Sim, senhora. – Marina tornou a dizer.
Afastando-se da cena do crime em silêncio, Ellie seguiu para o escritório. Sentou-se à mesa e inclinou-se para frente, com o rosto entre as mãos. Ali, ela desabou em lágrimas e soluços, sentindo a já conhecida dor da perda apertando-lhe o coração.
Passara a noite em claro, assentada à mesa do escritório.
Naquela manhã, encontrara a sala de jantar limpa. Não havia qualquer sinal do que ocorrera ali a noite anterior. Joshua Wilder e Bryan Carter estavam lá, terminando de recolher o que fazia parte do conjunto de evidências do crime cometido pela jovem irmã de James Braxton.
– Devia tê-la internado em uma clínica para malucos. – afirmou Carter, aproximando-se de Ellie. Sua cicatriz brilhava em tom mais claro que o restante de sua pele, causando em Ellie uma habitual sensação de repulsa.
– Sei o que estou fazendo, Sr. Carter.
– Estou vendo. – disse, irônico.
– Tudo pronto. – Joshua interveio com uma sacola preta em mãos. – Aliás, Vincent quer vê-la. Disse para comparecer ao prédio agora mesmo.
– Certo... – Ellie assentiu, pensativa. – Poderia levar-me até lá? Sinto-me indisposta, não conseguiria conduzir veículo algum.
Hesitante, Joshua Wilder suspirou antes de respondê-la:
– Venha.
– Peço que esperem um segundo, por favor.
Ela adiantou-se em subir as escadas, tornando a descê-las dois minutos mais tarde, vestindo roupas diferentes. O cabelo estava penteado, solto sobre os ombros. A expressão, no entanto, era indiferente.
Guiaram-na em um veículo negro rumo à antiga construção, sede da Sétima Divisão da Fraternidade. Durante o trajeto, porém, Joshua Wilder – que conduzia o automóvel – viu-se obrigado a frear bruscamente quando outro veículo cercou sua pista, parando à sua frente, na horizontal.
O veículo tinha a lataria pintada de azul-escuro, quase preto. De dentro dele, três homens saíram empunhando o que mais assemelhava-se à espadas compridas e afiadas. Suas vestes tinham a mesma cor de seu veículo, conjuntos de calças e camisetas azuis-escuros. Seus rostos estavam parcialmente cobertos por echarpes da mesma cor, igualando-se à um grupo de árabes.
– Oh, merda... – murmurou Joshua, batendo as mãos contra o volante.
– Mas que diabos é isso? – Bryan Carter indignou-se.
– Quem são? – sentada no banco de trás, Ellie parecia quase tão surpresa quanto seus companheiros.
– É o que descobriremos. – Wilder abriu a porta do lado do motorista, colocando-se para fora do veículo. Olhou para os três desconhecidos, inquirindo: – Quem coloca-se em meu caminho?
Aquele que colocava-se de pé entre os outros dois respondeu-lhe com a voz grave e ameaçadora:
– É você quem se colocam em nosso caminho, promiscua criatura.
Joshua Wilder abafou um riso, abanando a cabeça.
– Vou avisar-lhes uma única vez. – alegou, irônico. – A festa à fantasia fica do outro lado da rua.
– Como ousa? – outro deles se manifestou, apertando o objeto cortante com força em sua mão. – Nós somos os Ceifeiros do Equilíbrio. – apresentou-se, finalmente. – E asseguro-lhe que terá uma partida rápida e indolor se nos entregar o que buscamos sem qualquer objeção.
– E o que buscam, senhores? – o assassino indagou, sem sentir-se intimidado.
– Aquela que atentou contra o equilíbrio das almas. Filha do frio que congelará todo o sangue e das águas que arrastarão corpos ao Inferno.
– Oh, lamento muito. – Joshua Wilder debochou deles. – Ela não está.
O terceiro homem avançou para ele, tencionando cortar-lhe a cabeça. Em um movimento rápido demais, Joshua abaixou-se, se livrando do golpe.
– Cuidado. Pode estar carregada. – Wilder sorriu, sarcástico.
Os outros dois também avançaram, atacando em ligeiros e ágeis movimentos com suas espadas afiadas. Bryan Carter saltou para fora do carro, empunhando um revólver. Sem hesitar, acertou um deles na cabeça. Joshua fez o mesmo com um segundo. O homem restante gritou algo que eles não puderam distinguir, mas que causou algum tipo de efeito.
Vindo em velocidade extrema, mais veículos iguais aos dos adversários aproximaram-se deles, todos com fuzis em mãos, colocando-se para fora das janelas de seus automóveis azuis-escuros.
Ellie soube que era hora de agir. Desceu do carro, colocando-se entre Carter e Wilder.
– São muitos. – concluiu, tirando o revólver que pertencera a seu pai do que a prendia discretamente à cintura. – Não conseguiremos eliminar todos eles.
– Essa seria uma boa hora para pedir ajuda a quem quer que seja aquele que tomou sua alma. – afirmou Bryan Carter, atento à movimentação dos carros que se aproximavam.
Ellie desejava imensamente poder agir como agira na noite em que Christian Madden abordara ela e James no meio da noite. Desejava que o espírito que manifestara-se nela naquela noite tornasse a atuar naquele exato momento. Mas não sabia como fazer isto acontecer. Não conseguia concentrar-se ou encontrar solução para o que estava por vir.
Quando Carter e Joshua puseram-se a atirar, mirando nos inúmeros veículos que chegavam cada vez mais perto, Ellie juntou-se a eles, atirando em tudo o que via pela frente. Os adversários reagiam, atirando de volta. Ellie teve de abaixar-se atrás do carro no qual viera, levantando-se vez ou outra para atirar naqueles que os atacavam.
Os tiros pulverizavam o veículo, Ellie sentiu-se desesperada em meio a toda aquela adrenalina. O som dos disparos fazia seu coração saltar, fazendo-a perder parte de seu autocontrole.
De repente, Ellie avistou um automóvel de aspecto antigo e lataria cor-de-laranja aproximar-se de toda a confusão. De dentro dele, três atiradores disparavam à distância na direção daqueles que atacavam a ela e seus companheiros. Não conhecia reconhecê-los.
Quando agachou-se por detrás do carro para recarregar seu revólver, porém, Ellie deparou-se com um dos inimigos que aproximara-se dela passando ao lado do carro que ela usava como proteção.
Estavam cara a cara.
Ela recuou, agachando-se mais uma vez.
Perdendo o equilibro, ela desabou para trás, caindo no chão. O homem vestindo roupas estranhas que cobriam até mesmo seu rosto aproximou-se dela, espreitando-a como um predador. Havia um fuzil em sua mão, apontado diretamente para ela. Ellie tentou se arrastar para trás, os olhos fixos nos do desconhecido que tinha todas as chances para executá-la ali, sem dificuldades.
Procurou por sua própria arma, mas se deu conta de que a perdera quando caíra ao chão. Viu-a debaixo do carro, distante demais para ser alcançada. O atirador avançava, deixando-a encurralada.
– Diga adeus, criatura maligna. – o homem disse, pronto para deitar o dedo sobre o gatilho, colocando-a em mira perfeita.
Ellie cerrou os olhos, esperando pelo disparo que não veio. Pelo menos não da parte de seu adversário. Ouviu o som de um tiro. Abriu os olhos, surpresa por não ter sido ela a pessoa atingida. Viu o homem à sua frente desabar sobre ela, morto. Empurrou-o para o lado, vendo seu sangue manchar suas mãos. Com os olhos muito abertos, viu uma silhueta aproximar-se, estendendo-lhe uma mão. Reconheceu ser Dominic Ryder. Ele ajudou-a a levantar-se e Ellie percebeu que ele levava uma arma na outra mão.
– O que faz aqui? – inquiriu, atônita.
– “Disposto a matar pela Fraternidade e por você, dona da verdade”, se lembra? – ele virou-se em outra direção, acertando outro adversário com uma bala entre os olhos do homem que desabou para trás.
Cinco outros homens avançaram na direção deles. Em uma linha reta e sem intervalos, Ryder disparou cinco vezes, despedaçando-lhes o rosto. Passou o pé por debaixo do automóvel à sua frente, chutando a arma que ali se encontrava na direção de Ellie.
Ela tomou posse de seu revólver novamente, agachando-se para pegá-la. Colocou-se de pé, respirando fundo. Joshua Wilder e Bryan Carter atiravam sem cessar, tentando conter as dezenas de homens encapuzados que os atacavam. Ellie viu outros dois desconhecidos atirando na direção dos adversários, fazendo com que o número deles diminuísse rapidamente. Eram os que aparentemente estavam no veículo de Ryder com o próprio.
Quando todo o asfalto da rua que agora parecia deserta encontrava-se coberto por corpos ensanguentados, Ellie constatou que todos os adversários haviam sido eliminados. Seu coração ainda batia com violência, deixando-a sufocada.
Não tinha ciência de quem eram aqueles que surgiram de forma tão súbita, determinados a eliminá-la. Não tratavam-se de homens da Ordem. Não dessa vez. Ela cogitou a possibilidade óbvia de que conquistara mais inimigos do que imaginava.
Ofegante, ela virou-se para Dominic Ryder que mantinha-se de pé ao seu lado, muito sério, observando o que ocorrera ali.
– Obrigada. – ela disse, quase contra a sua vontade.
O silêncio prevalecia. Joshua Wilder contemplou os cadáveres que cobriam todo o chão abaixo de seus pés, exausto. Bryan Carter nada pôde dizer, dominado pelo cansaço daquele feito. Havia sido o mais inesperado ataque até então.
Ryder encarou a garota sem responder, esboçando um sorriso de canto que pareceu irônico aos olhos dela.
Ellie não soube como ou por que ele estava ali, mas nunca sentira-se tão grata por ver alguém antes.
Prévia do próximo capítulo
Os raios de sol penetravam suavemente seu quarto pelas brechas entre as cortinas fechadas, e na penumbra do ambiente, ela despertou a tempo. Sempre acordava bem cedo. Resmungando por debaixo das cobertas, espiou para consultar o radio-relógio posto sobre o criado-mudo ao lado de sua cama. Sete e meia. Levantou-se, relutante, quase sucumbindo ao seu próprio sono ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 51
Para comentar, você deve estar logado no site.
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shadowxcat Postado em 19/07/2016 - 16:24:44
ESSA FANFIC ESTÁ SENDO REPOSTADA AQUI: http://fanfics.com.br/fanfic/54463/sete-demonios-romance-terror-horror-teen-amor -suspense-thriller-aventura-acao-vampiros-bruxas-demonios
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raysantos Postado em 12/08/2015 - 20:10:35
Sua fic e muito top e bem escrita tudo d bom tomara que logo logo a Ellie e James possam ficar juntos sem a essa fulana que eu nao aprendi a dizer muito menos escreve o nome no meio nada contra a crianca mais fazer oq ne continua
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vverg Postado em 08/02/2015 - 23:19:37
Olá, to lendo pelo spirit anime =)
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vverg Postado em 08/02/2015 - 22:54:24
Por favor!!! Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa mais!!! Okk, já sabes q amo de paixão esta web!!! To sentindo muita falta dela....please, preciso de mais caps!!!! Não me deixe na curiosidade por muito tempoooooo *_*
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vverg Postado em 10/01/2015 - 01:47:30
Desculpe meu sumisso!! Mas assim q der, comento qdo ler todos os caps =)
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vverg Postado em 19/08/2014 - 23:57:43
Poxa não judia tanto de sua leitora caramba!!! Minha fic perfeição, posta mais, preciso de mais.... Estou ficando agoniada sem suas atualizações Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa maissssssssssssssssssssssssssss nesta fic perfeitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa amo sua fic, ok vc já sabe disso, mas não custa falar né hahahahahahahaha
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vverg Postado em 12/08/2014 - 12:10:07
Meu Deus! Que nojo deste Declan!!!! Cara##@%@#$#! Putz!!! Como ela se deixa dominar desta forma, caramba!!! Posta mais mais mais mais mais mais. Poxa vc me deixou curiosa agora, tadinha da Elie, ela é muito fraca e se deixa dominar por este imundo.... Estou pasma, posta mais na minha fic perfeição mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais =)
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vverg Postado em 09/08/2014 - 17:08:49
Quero maisssssssssssssss!!! Preciso mais desta fic perfeita!!! Posta sim??? Necessito ler.... =)
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vverg Postado em 06/08/2014 - 10:33:43
Dahlia tah ferradinha kkkkk. Posta mais! Necessito de mais rsrsrs *_*
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vverg Postado em 02/08/2014 - 09:55:32
Minha fic mais q perfeitaaaaa posta mais quero mais caps