Fanfics Brasil - Segundo Ciclo - Capítulo IX - O Escolhido Sete Demônios

Fanfic: Sete Demônios | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass


Capítulo: Segundo Ciclo - Capítulo IX - O Escolhido

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– Eles têm negado a verdade por todos estes anos. – um homem de distinta elegância, cabelos tingidos de preto e um bigode espesso acima de lábios finos em um rosto rígido tomava voz. – E a verdade é esta, Declan. Nada mais do que esta.


Declan Donovan pigarreou, assentado à uma clássica mesa de madeira. O ambiente era uma grande sala de estar na qual encontravam-se outros homens vestidos com formalidade, incluindo aquele que o levara até aquele local. O líder deles apresentara-se como Aldous Thibaut, dizendo ser o summus da Segunda Divisão.


Inicialmente, Declan não compreendera coisa alguma. Após duas horas ouvindo a narração do homem, ele sentiu sua cabeça rodar, as informações absurdamente ilusórias sendo congestionadas em seu cérebro. Nenhuma das coisas que o homem lhe dissera fazia sentido. Ele contara-lhe que o pai era um assassino de elite, que morrera em um ato de vingança executado por um traidor infiltrado na Fraternidade.


A Fraternidade – segundo o sujeito – resumia-se em sete organizações separadas por seus feitos que tinham ligação com os sete pecados capitais e seus respectivos demônios. Aos olhos de Declan, e pelo que pudera entender, tudo aquilo não passava de uma seita de fanáticos malucos que precisavam urgentemente de ajuda médica.


Quando o homem dissera-lhe que ele tinha um importante papel no objetivo deles, porém, Declan volveu com seus pensamentos negativos, demonstrando interesse no que ouvia.


Thibaut era, de fato, o líder da Segunda Divisão da Fraternidade. Contara ao rapaz sobre a profecia final e suas consequências. Sobre os propósitos da Fraternidade, e sobre as inúmeras teorias a respeito da criatura que reinaria sobre a Terra logo após o Apocalipse. O fim dos tempos seria uma exterminação de todo ser impuro que não seria digno de habitar o Novo Mundo. Mundo este que seria governado por apenas uma pessoa.


Aldous Thibaut e seus homens afirmavam com veemência que esta pessoa era ele, Declan Donovan. O que fora escolhido pelo demônio da luxúria. Aquele que regeria sobre a Terra e ditaria suas leis.


– Com os últimos acontecimentos, cada divisão tomou para si uma teoria diferente. Creio que duas ou três ainda acreditem que sua irmã seja a escolhida para governar o Novo Mundo. – o homem riu-se com sarcasmo. – Obviamente estão se deixando levar por sua fértil imaginação.


Com muita calma, Declan inclinou-se para frente, colocando ambas as mãos sobre a mesa.


– O que faz com que acredite que eu seja a pessoa que procura?


– Nasceu no dia sete do sétimo mês. – respondeu. – O número mais poderoso que há.


– O ano não bate com o dia e mês. – observou Declan, cético. – Mil novecentos e noventa e um. Qual o significado?


– O número um representa liderança. É um número solitário, pois não precisa de nenhum outro. É o primeiro lugar. – o summus da Segunda Divisão esclareceu, pacientemente. – Nove significa realização e potencial. Mil novecentos e noventa e um.


Declan soltou um risinho baixo, desacreditando.


– Olha só, isso tudo é loucura, está bem? Devo ir.


– Se partir, estará virando-se contra seu destino. E isto é algo que não se faz, meu filho.


O mais novo fitou-o com os olhos verdes estreitos, o sinal de sua plena desconfiança.


– Ellie é uma criança. Facilmente manipulada, por sinal. – disse. – Se envolveram-na nesta fantasia sobre uma mulher que voa em um dragão vermelho em direção ao arco-íris ou qualquer outra merda do gênero, isso não é problema meu. Não sou como ela. Não vou acreditar em meia palavra que me diga.


– Não haverá uma mulher que monta uma besta escarlate se você estiver em seu posto para impedi-la de tomar o que é seu.


– Estão todos bêbados. – resmungou Declan.


Thibaut respirou fundo, pensativo. Com paciência, olhou o jovem nos olhos, uma expressão séria e convincente em seu rosto frio.


– Houve uma mulher nesta Fraternidade há mais de cinquenta anos. Chamava-se Elizabeth Knightingale. – pôs-se a explicar. – Há sete teorias sobre como e por que ela veio até uma de nossas divisões. Tudo o que sabemos é que estava sedenta de vingança. A muito custo, convenceu os homens da Fraternidade a deixarem-na fazer parte da organização. Ela treinou, esforçou-se e se tornou uma lenda em nosso meio.


– Emocionante. – Declan ironizou, desinteressado.


– Ela sentiu o verdadeiro gosto de ser Deus. Tirar a vida de todo aquele que não lhe agradasse. Contudo, o poder subiu-lhe à cabeça e ela tomou para si a divisão da qual fazia parte, assassinando seu próprio líder. – prosseguiu o sujeito. – Elizabeth era uma mulher cruel, fria. Com o passar do tempo, seus atos foram tornando-se cada vez mais bárbaros e desumanos. Ela perdeu o controle sobre si mesma. Tomou para si as sete divisões. Chamavam-na Dama da Morte e nada nem ninguém conseguia pará-la.


– Mas que lástima, não é mesmo?


– Elizabeth Knightingale não amava ninguém além de si mesma. E do homem que tomara como amante. – afirmou. – Lucius Walford. Antigo líder desta divisão.


– Acabou de alegar que a tal mulher tomou para si todas as divisões. – contradisse Declan Donovan.


– Obviamente ele entregou a ela seu cargo. Estava cego. Tal como todos os homens com quem ela se deitara até o dia de sua morte. – Thibaut lamentou-se. – Walford, entretanto, fora um homem poderoso e respeitável. O Escolhido de Asmodeus, como era conhecido. Tinha propósitos magnificamente justos para o Novo Mundo. Acreditávamos que ele seria aquele que regeria sobre a Terra, mas Lucius foi morto junto à Elizabeth. Foi uma escolha dele, lamentavelmente.


Declan emitiu uma expressão de confusão que iluminou seu rosto firme e bem delineado quando a percepção de sua súbita conclusão invadiu sua mente.


– Asmodeus é o demônio da luxúria... – balbuciou, ligando as informações que eram processadas por seu cérebro. – Disse-me que fui escolhido por este demônio.


Aldous Thibaut consentiu em um breve aceno com a cabeça, dizendo:


– Dia sete do sétimo mês. Mil novecentos e trinta e um. Há três fases na passagem do espírito pela Terra. Nascimento, morte e reencarnação. O número três está presente no ano de nascimento de Walford. Três vezes três resume-se ao número nove. O segundo nove presente no ano em que você nasceu, Declan.


O primogênito de Maurice Donovan meneou a cabeça em um sinal negativo, contendo um riso de indignação.


– Escuta, já basta, certo? Não vou ficar aqui ouvindo toda essa besteira. – ele fez menção de se levantar da mesa.


Um dos homens dos que encontravam-se de pé ao redor deles aproximou-se, pousando uma mão pesada sobre o ombro esquerdo do rapaz, forçando-o a se manter sentado.


– Por todos esses anos os inimigos da Resistência vêm tentando eliminar o alvo errado. Você é aquele que governará sobre a Terra, filho. É a encarnação do Escolhido de Asmodeus. Seu corpo foi escolhido como recipiente para o espírito de nosso grande líder, o que fará justiça e ditará leis que deverão ser seguidas por todo ser vivente após o Apocalipse. – Declan fixou seus olhos nos do homem. O indivíduo falava com imensa convicção, muito persuasivo. A voz soou ainda mais certa quando prosseguiu, dando sua sentença final: – Você foi escolhido, Declan. E nós estamos aqui para ajudá-lo e servi-lo.


–--


Aaric Hunter assumira o posto de seu pai há pouco tempo. Ser o líder do clã dos Ceifeiros do Equilíbrio exigia muito de si. Pai de uma notável garotinha, casado há mais de quinze anos, desde que assumira tal posto, Aaric passava a maior parte de seu tempo enfiado no que eles chamavam de Templo, um local designado para suas reuniões em grupo.


O clã fora fundado no século XI por um ismaelita. A sede fora construída no Irã e possuíra mais de sessenta seguidores. Com o passar dos anos, porém, o grupo foi diminuindo. Muitos de seus membros cometeram suicídio em uma demonstração contraditória de fé, afirmando que a partida de seus espíritos ajudaria na reforma do Equilíbrio.


O Equilíbrio retratava o balanço entre almas puras e almas corrompidas pelos prazeres da carne. Há anos vinham tentando manter o Equilíbrio neutro até a vinda do dia final, da nova era.


Aaric Hunter acreditava cegamente que era o escolhido para governar sobre aqueles que sobreviveriam à imolação que livraria a Terra de todas as suas corrupções. Desde pequeno ouvira o pai narrar histórias a respeito do tão esperado dia, de como a pureza seria restaurada com a chegada desta nova era. Os olhos do pequeno Aaric brilhavam em admiração toda vez que ouvia o pai falar, pois sua voz era como a de um profeta. Em sua crença, o Novo Mundo seria o verdadeiro Paraíso, um reino enviado dos céus para o escolhido de


Havia algo em seu interior que trazia à sua mente a possível ideia de que ele seria aquele que tomaria povos e terras depois do Apocalipse.


Com o nascimento da garota que agora desejava imensamente eliminar o mais breve possível, seus planos tiveram de ser adiados.


Chamavam-na de Impostora, aquela que tomaria para si aquilo que pertencia apenas ao líder dos Ceifeiros do Equilíbrio, um homem justo e rígido, que conhecia as leis do espírito e que certamente juntaria a palavra ao gesto, governando sobre a Terra.


Hunter conhecia muito bem a profecia – do ponto de vista de sua crença –. Dois seres seriam enviados a Terra. Um deles se passaria por bondoso e justo, e as pessoas o adorariam como se ele fosse um deus. Um impostor.


O segundo seria um farsante que afirmaria tencionar trazer à humanidade a paz mundial, juntando nações e povos. Mas não. Era um aliado do primeiro enviado. E unidos a eles estava o próprio diabo. Uma trindade de farsas e imundícies que almejava reinar sobre a Terra.


Aaric Hunter precisava detê-los antes que eles conseguissem alcançar seu objetivo.


Já tinha ciência de quem era o primeiro aliado de Lúcifer, de quem tratava-se o impostor.


Eleonora Braxton.


Faltava-lhe encontrar o segundo enviado.


E então...


E então ele os eliminaria e seguiria com sua preparação para tomar para si o posto de governante sobre a Terra.


O tempo estava curto, mas a ambição de Aaric Hunter estava longe de terminar.


–--


Amber Holden trouxera em seu automóvel todo o equipamento básico para dar início ao pedido de Willow. A menina estava no galpão com Noah e Seth. Seu novo paciente ainda dormia profundamente, afundado em seu subconsciente sem emitir qualquer sinal.


Quando os materiais trazidos pela médica já encontravam-se próximos ao sujeito desacordado, ela virou-se para Willow:


– Tudo pronto.


Willow Hope esboçou um sorriso leve.


– Ficarei aqui para ajudar.


– Willow...


– Por favor, Amber.


Holden suspirou, aproximando-se do corpo vulnerável do indivíduo desacordado. Depositou bolsas plásticas vazias ao lado dele, das quais saíam pequenos tubos que fundiam-se em um só, no qual havia uma agulha na ponta. Arrancou do bolso uma porção de algodão e uma vasilha com álcool. Molhou um pouco de algodão no líquido e tomou o braço esquerdo do paciente, passando o algodão molhado por toda a extensão interior de seu antebraço. Em seguida, agarrou o tubo, injetando-lhe a agulha na veia. Sequer viu-o reagir ao contato. Parecia um cadáver.


Depois, ela dirigiu-se ao outro lado da cama improvisada, fazendo o mesmo procedimento com o braço direito dele. Injetou-lhe uma agulha interligada a bolsas plásticas, desta vez, cheias de um líquido espesso em tom escarlate. Ao lado de um pequeno aparelho que media a pressão arterial, temperatura e pulsação do paciente, Amber apertou o botão vermelho e redondo do aparelho ao lado. Este passou a emitir um ruído baixo, porém perturbador. Além dele, não havia mais nada além do silêncio.


Willow viu as bolsas – antes vazias – se encherem lentamente com o sangue do sujeito. As bolsas cheias estavam seguindo o mesmo ritmo, porém esvaziando-se para dentro dele.


Tudo parecia ocorrer normalmente. Willow Hope pôs-se a fazer suas preces mentalmente, pedindo a Deus para que a transfusão fosse concluída com sucesso. Amber Holden dissera-lhe que o processo levaria em torno de duas horas. Willow era paciente, mas a ansiedade a dominara de modo que ela não conseguia caber em si.


A médica aproximou-se dela, colocando-se à sua frente com um sorriso fraco nos lábios cheios.


– Estamos substituindo seu sangue. Acredito que o que disse-me é verdade, Willow. É por isto que aceitei fazer parte disto.


– Abençoada seja, minha boa amiga. – disse a menina. E deu-lhe um abraço, envolvendo a cintura da mulher com seus braços curtos.


Amber retribuiu-lhe o gesto, abraçando-a com ternura. Noah e Seth trocaram sorrisos de emoção, certos de que aquilo terminaria bem. Mantiveram-se assim por um longo período de tempo, esperançosos e ansiosos.


O silêncio – agora conciliador – caiu por terra no momento em que o corpo – outrora imóvel e inconsciente – começara a se agitar sobre a cama improvisada. Willow quebrou o abraço entre ela e a médica, avançando com seus olhos para Braxton.


– O que está acontecendo? – perguntou em tom desesperado.


Amber Holden adiantou-se para ele, verificando o aparelho que informava o estado de seu corpo.


– A pressão está caindo! – exclamou, angustiada.


Noah e Seth emitiram um coro de “Santo Deus”, suplicando aos Céus por misericórdia. Willow aproximou-se do paciente, vendo-o convulsionar violentamente na cama, os olhos abertos virados para cima, a boca espumando.


– Está reagindo ao que habita seu corpo... Rebelou-se contra seus próprios demônios. – ela concluiu com uma naturalidade espantosa. Era como se falasse consigo mesma.


– Willow, temos de interromper a transfusão imediatamente.


– Não! – ela protestou.


– Ele morrerá se seguirmos com isto.


– Morrerá se desistirmos dele. – advertiu a garota. Tornou a assisti-lo se contorcer sobre a cama. Levou uma de suas mãos sobre a cabeça dele e cerrou os olhos, proferindo clamores ao Deus que acreditava ser justo e misericordioso. – Tenha piedade desta alma, eu lhe peço. Não o abandone agora, por favor.


– A pressão despencou. Willow, temos que parar com isto!


Mas a pequena não lhe dava ouvidos, seguindo com suas orações e palavras proféticas.


O som emitido pelo aparelho ao lado era ensurdecedor, seguindo em um beepsem pausas, estridente e insuportável.


Os movimentos cessaram e ele tornou a cerrar os olhos, desacordado uma vez mais.


Willow encarou-o em silêncio, afastado a mão de sua cabeça. O aparelho parou de apitar. O silêncio quase inquebrável ressurgiu no ambiente.


Um sorriso brotou nos lábios da menina. Ela inclinou a cabeça aos céus.


– Obrigada. – sussurrou. Lágrimas de alegria encheram seus olhos agora muito brilhantes.


Subitamente, James Braxton abriu os olhos.


Mas estes estavam completamente negros como trevas, as mesmas que relutavam para permanecer em seu corpo fatigado.


Willow recuou um passo ao vê-lo daquela forma. Um riso perverso escapou dos lábios dele, os dentes escancarados em um sorriso amarelo e diabólico.


– Deixe-o, garotinha insolente. – disse a voz grave e autoritária, trazendo ao ambiente um clima pesado e aterrador. Os demais permaneceram em silêncio, perplexos com a cena.


Willow levantou o queixo, sem deixar de encarar a entidade. Não a temia.


– Não. – decretou. – Esta alma e este corpo serão purificados.


Ele riu novamente, debochando dela.


– Está metendo-se em assuntos de família, pequena profetisa. É um filho meu que tenciona trazer à luz. Uma alma que sempre esteve destinada a assentar-se ao meu lado no Inferno.


– No entanto, não é o que ocorreu. – ela ousou dizer. Sequer havia se afastado dele, tomada pela coragem divina que aflorava seu coração. – Não consegue levá-lo ao Inferno porque ele rebelou-se contra você, maligno. Há ainda algo que o está forçando a se manter entre os vivos.


– Cale-se, atrevida! – esbravejou o demônio com suas presas à mostra.


– Não estava em seus planos, não é mesmo? Não pode levá-lo consigo porque ele colocou-se contra você, ainda que involuntariamente. Está amando. É isto que o salvou do fogo eterno.


– Não me atingirá, criança. Desista e pouparei sua alma do castigo que merece.


– Desista você! – Willow elevou sua voz. Seus olhos passaram pelas bolsas de sangue. As que antes encontravam-se vazias pareciam estar quase completamente cheias. Em um rápido movimento com os olhos, Willow Hope consultou o relógio preso na parede à frente. Fez um cálculo breve. Faltava-lhe apenas mais cinco minutos. A transfusão ainda poderia ser cumprida.


– Esta alma é minha. – declarou a voz.


– Pois esta – ela impôs firmeza em seu tom. – Será a prova viva de que não tem poder algum sobre a Terra, Lúcifer. – cerrando os olhos novamente, a garota pôs-se a orar mais uma vez.


Mais alto.


Sua voz passou a encobrir os rosnados e grunhidos emitidos pela entidade. Ele se debatia na cama. Noah e Seth aproximaram-se dele, imobilizando seus braços e mãos.


Amber Holden não tirava os olhos da cena, até que o aparelho tornou a apitar.


– O coração está enfraquecendo novamente! – anunciou. A agonia tomava conta de todo o seu corpo naquele instante.


O demônio que agora tinha controle sobre o corpo do indivíduo não deixou de manifestar-se, se libertando das mãos que o aprisionavam. Soltou um grito animalesco e seu rosto contorceu-se em uma expressão aterrorizante. A figura elevou-se, levitando no ar como na última vez em que manifestara-se naquele corpo.


O som do aparelho não cessou, ensurdecendo todos que ali se encontravam.


– Ele não resistirá! – a médica gritou, horrorizada.


Ventos que vinham de lugar algum sopravam para dentro do galpão, derrubando tudo que havia ali. Todo o ambiente encontrava-se nebuloso, tempestuoso. Willow, no entanto, não encerrou suas orações, apenas elevando o tom de sua voz. Seus cabelos escuros voavam para todas as direções, e o vento forte chicoteava seu pequeno rosto.


Quando ela articulou a palavra final, pondo fim em sua oração, o vento parou.


O ambiente se descarregou. O corpo que levitava caiu sobre a cama, desacordado.


Noah e Seth se entreolhavam. Amber Holden cobriu a boca com uma das mãos.


Willow nada conseguia ouvir.


Nada além do beep profundo e desenfreado do aparelho informando que os batimentos cardíacos do paciente haviam cessado.


–--


A fumaça inalada por suas vias respiratórias trancava sua passagem de ar, sufocando-a. Tentou encontrar uma saída, sem sucesso. Cambaleava pelo caminho com seu corpo vacilante. Tossia bruscamente, em busca de oxigênio para seus pulmões que agora pareciam em chamas, tal como todos os cantos para os quais olhava. Era tudo o que havia ao seu redor. Fogo.


Queria gritar por ajuda, implorar e suplicar, mas seu orgulho mal cabia em seu ser, impedindo-a de colocar-se tão abaixo daqueles que a tinham posto em tal situação. Ela podia ouvir suas vozes do lado de fora, gargalhando e insultando-a com suas palavras infames.


– Implore por misericórdia e, talvez, nós abriremos a porta, Elizabeth! – advertiu um deles, do outro lado da porta acinzentada. Parecia ter sido feita com chumbo. Era impossível atravessá-la ou sequer tocá-la. Sua maçaneta fervia. Ela constatara isto ao tentar girá-la, queimando sua mão, deixando-a em carne viva. Agora, todo o seu corpo estava começando a sucumbir ao calor excessivo.


– Nunca! – ela gritou de volta, e tornou a tossir.


Não havia saída. Não havia mais para onde correr.


Uma silhueta surgiu em meio a fumaça, aproximando-se dela. Tomou-lhe a mão ferida entre as suas.


– É o fim, Lizzie. – erguendo os olhos, reconheceu o rosto daquele que lhe falava.


A razão pela qual queria sair viva daquela situação, pois desejava um futuro ao lado dele. E apenas dele. O único por quem viveria e também morreria.


Dissera-lhe isto inúmeras vezes, mas nunca acreditou que suas palavras fossem alcançar a realidade de forma tão cruel.


Mas quem era ela para julgar sua situação cruel ou injusta? Havia feito o mesmo a tantos...


Talvez devesse encolher-se nos braços da morte, entregar-se. Ela o teria feito de início, se não fosse tão orgulhosa. Agora este orgulho estava lhe custando a própria vida. E a vida do único que verdadeiramente conseguira amar em toda a sua vida.


Com os olhos marejados e a garganta seca, tornado quase impossível que ela falasse, agarrou-se ao amante jogando os braços ao redor dele.


– Tenho medo da morte, Lucius. – sentiu que ele apertava-a com força contra seu corpo, aninhando-a em seus braços.


– A morte chega a todos, minha querida.


Ela sentiu-se ainda mais sufocada, não soube dizer se era pela fumaça espessa que penetrava suas narinas ou se pela angústia dolorosa que apertava-lhe o coração.


– Não quero estar sem você.


– Não estará, querida. – ele disse com a voz branda e suave. – Estaremos juntos. Tornaremos a nos encontrar. Na morte e mesmo depois dela.


– Prometa-me!


– Eu lhe prometo.


E um breve alívio libertou seu coração da agonia que a estava matando por dentro. Sem quebrar o contato, ele conduziu-a para a cama do aposento.


Os móveis já estavam sendo consumidos pelas chamas, assim como cada centímetro daquele quarto. O calor era insuportável. Assemelhava-se ao verdadeiro Inferno.


O casal assentou-se à beira da cama, deitando seus corpos lado a lado. Deram-se as mãos, entrelaçado seus dedos, olhando um ao outro nos olhos com a mais profunda intensidade, desejado salvar a imagem de seus rostos como uma última lembrança.


Ela sentiu as chamas subirem por suas pernas, fazendo derreter sua pele, alcançando seus ossos em dolorosa rapidez. Quando o fogo encontrava-se próximo ao seu rosto, a última parte de seu corpo que ainda parecia intacta, ela sentiu-se obrigada a fechar os olhos, mas não o fez.


As chamas devoraram-lhe o corpo com ferocidade. Quando alcançaram seus olhos abertos, ela nada mais pôde ver, engolida pelas trevas. Em tal ponto, também já não sentia mais nada, isenta de vida.


O espírito esvaiu-se dela tão rápido quanto o fogo consumira seu corpo.


Restara-lhe apenas a completa escuridão, envolvendo-a, puxando-a para si, para um poço sem fim.


Ellie despertou de seu subconsciente saltando em sua cama. Sentou-se, descobrindo-se banhada em suor. Ela ardia em febre.


Havia tido um pesadelo.


O pior até então.


Não conseguia compreender do que se tratava e qual era sua relação com o que presenciara em seu sonho, mas julgou que Vincent Hurst tinha conhecimento daquilo.


Precisava descobrir o que escondia-se por detrás daquele pesadelo, qual era seu significado. Já estava farte deles. Aquele, no entanto, havia sido o ultimato. O mais próximo da realidade.


E também o mais assustador.



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 51



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  • shadowxcat Postado em 19/07/2016 - 16:24:44

    ESSA FANFIC ESTÁ SENDO REPOSTADA AQUI: http://fanfics.com.br/fanfic/54463/sete-demonios-romance-terror-horror-teen-amor -suspense-thriller-aventura-acao-vampiros-bruxas-demonios

  • raysantos Postado em 12/08/2015 - 20:10:35

    Sua fic e muito top e bem escrita tudo d bom tomara que logo logo a Ellie e James possam ficar juntos sem a essa fulana que eu nao aprendi a dizer muito menos escreve o nome no meio nada contra a crianca mais fazer oq ne continua

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 23:19:37

    Olá, to lendo pelo spirit anime =)

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 22:54:24

    Por favor!!! Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa mais!!! Okk, já sabes q amo de paixão esta web!!! To sentindo muita falta dela....please, preciso de mais caps!!!! Não me deixe na curiosidade por muito tempoooooo *_*

  • vverg Postado em 10/01/2015 - 01:47:30

    Desculpe meu sumisso!! Mas assim q der, comento qdo ler todos os caps =)

  • vverg Postado em 19/08/2014 - 23:57:43

    Poxa não judia tanto de sua leitora caramba!!! Minha fic perfeição, posta mais, preciso de mais.... Estou ficando agoniada sem suas atualizações Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa maissssssssssssssssssssssssssss nesta fic perfeitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa amo sua fic, ok vc já sabe disso, mas não custa falar né hahahahahahahaha

  • vverg Postado em 12/08/2014 - 12:10:07

    Meu Deus! Que nojo deste Declan!!!! Cara##@%@#$#! Putz!!! Como ela se deixa dominar desta forma, caramba!!! Posta mais mais mais mais mais mais. Poxa vc me deixou curiosa agora, tadinha da Elie, ela é muito fraca e se deixa dominar por este imundo.... Estou pasma, posta mais na minha fic perfeição mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais =)

  • vverg Postado em 09/08/2014 - 17:08:49

    Quero maisssssssssssssss!!! Preciso mais desta fic perfeita!!! Posta sim??? Necessito ler.... =)

  • vverg Postado em 06/08/2014 - 10:33:43

    Dahlia tah ferradinha kkkkk. Posta mais! Necessito de mais rsrsrs *_*

  • vverg Postado em 02/08/2014 - 09:55:32

    Minha fic mais q perfeitaaaaa posta mais quero mais caps


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