Fanfics Brasil - Segundo Ciclo - Capítulo X - Acordos Sete Demônios

Fanfic: Sete Demônios | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass


Capítulo: Segundo Ciclo - Capítulo X - Acordos

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– Sua presença não é tão bem-vinda quanto imagina, Sr. Hunter. – constatou Bartholomew.


Estavam em reunião. Reunião esta que fora um pedido do próprio Aaric Hunter. Bartholomew e seus seguidores não aparentavam satisfação em vê-lo, tampouco demonstravam entusiasmo durante a reunião. Assentados à uma bela mesa branca, em uma sala elegantemente decorada cujas paredes eram pintadas da mesma cor, o homem que liderava o clã dos Ceifeiros do Equilíbrio decidiu tomar voz.


– Vim por uma boa causa, Bartholomew. – Aaric manteve-se sério, sua postura não se alterava em momento algum, tal como seu semblante frio e arrogante. – Vim falar-lhes sobre um inimigo em comum.


– Eleonora Braxton. – o líder da Ordem da Trindade completou. – O que quer dizer-nos, Sr. Hunter?


Com muita calma, em um gesto elegante e despreocupado, Hunter colocou as mãos entrelaçadas uma na outra sobre a mesa, inclinando-se para frente. Fitou Bartholomew nos olhos, muito pensativo.


– Quero contribuir na eliminação desta impostora.


– Impostora? – observou o mais velho.


– A Mulher de Vermelho não será aquela que dominará terras e povos depois do Apocalipse. Seria injusto, temos de concordar.


– De fato, seria uma grande época de tribulações para todos nós, servos do Senhor. – Bartholomew meneou a cabeça, assentindo. – Mas se esta for a vontade Dele, não há nada que possamos fazer a não ser esperar para que nossa hora chegue.


A fisionomia de Aaric Hunter oscilou, finalmente. Ele tentou conter sua indignação.


Malditos fanáticos. Mas o que eu estava pensando?


E então foi invadido pela imensa vontade de levantar-se e sair dali. Contudo, ele se conteve. Suspirou de modo discreto e imperceptível.


– O reinado daquela mulher trará desgraça a todos nós.


– Não devemos temer. – interveio o velho líder. – Interrompi os ataques contra ela. “Aquele que vive pela espada, pela espada morrerá”.


Incomodada com a discussão fria, Dahlia – que também estava presente – desviou seu olhar de descontentamento.


– Sabe o que acontecerá se ninguém a impedir.


– Efetivamente. – consentiu Bartholomew. – Mas a Tribulação já chegou, Sr. Hunter. Já está acontecendo. Tudo me faz crer que o Primeiro Selo já foi rompido.


– Desculpe-me. – Hunter interrompeu-o. – Mas acredito que ainda não chegamos a tal ponto. Muito embora o tempo esteja se encurtando.


– Não há nada a se fazer.


– Ainda há algo que talvez o senhor possa fazer. – afirmou Aaric Hunter. – Eu vim até aqui para oferecer-lhes auxílio nesta luta. Proponho uma união entre nós, os Ceifeiros do Equilíbrio e vocês, homens da Ordem.


Bartholomew fungou sem expressar qualquer reação imediata. Ergueu os olhos para o homem rude à sua frente. Aaric prosseguiu:


– Juntos, poderemos destruí-la, poderemos impedir as tribulações que virão com ela, salvaremos vidas. Nós...


– Não haverá nenhum “nós”, Sr. Hunter. – Bartholomew interveio. – Estou recusando, sinto muito, mas perde seu tempo.


Hunter sentiu a raiva se alastrar por seu corpo. Soltando mais um suspiro, declarou:


– Está bem. Mas esteja ciente da guerra que se aproxima.


– Como eu disse antes, Sr. Hunter, – respondeu o homem. – Não há nada que eu deva temer.


Sem dizer qualquer palavra a mais, Aaric Hunter colocou-se de pé, levantando-se da mesa. Dirigiu um olhar furioso ao velho, retirando-se da sala em passos pesadamente firmes. O ambiente encontrava-se carregado, a tensão era sufocante e quase visível aos olhos humanos.


Dahlia também se levantou, seguindo o homem até o final do corredor do lado de fora da sala de reuniões. Tocou-o no braço e ele virou-se para fitá-la.


– Sr. Hunter. – disse. – Sou Dahlia Mason.


– Sei disso.


– Gostaria de dizer-lhe que sou de sua opinião. Quero oferecer-lhe meu apoio.


Aaric Hunter abafou um riso debochado.


– Seria o mesmo que trair seu líder e seus homens.


– Eles e eu já não parecemos seguir os mesmos caminhos. – a ruiva deu de ombros, dizendo.


O homem de distinta elegância fitou-a com mais intensidade, decidido a desvendar o que se passava naquela mente.


– Estaria mesmo disposta a ajudar-me?


– Quero impedir o reinado daquela... Mulher, senhor. – afirmou ela. – Não aceitarei que ela governe sobre todos nós, mesmo que não seja para sempre. Seria covardia recuar e aceitar tais tribulações.


Hunter emitiu um sorrisinho malicioso pelo canto dos lábios finos, arqueando uma das sobrancelhas.


– Eleonora Braxton é uma impostora. Os sete anos de reinado jamais pertenceram a ela ou a qualquer outro além de... – suas palavras morreram e ele moderou sua exaltação. – É apenas uma tremenda enganação, entende?


– Estou certa de que sim. – os olhos verdes-esmeraldas de Dahlia brilharam enquanto ela assentia com a cabeça. – Tenha como uma aliada, Sr. Hunter.


– O que me oferece especificamente? – indagou.


– Eu lhe darei informações a respeito do que se passa aqui, na Ordem. Também quero que conte comigo caso planeje algum ataque àquela garota.


Aaric inclinou a cabeça para um dos lados, pensativo.


– Uma espiã. – disse. – É isso o que estaria se tornando.


Mas Dahlia não parecia se importar. Especialmente quando o respondeu, dizendo:


– Farei o que for preciso para impedir aquela maldita de tomar o que não é dela.


Foi quando Aaric Hunter, tomado pela percepção, constatou que podia confiar nela. Ele tinha este dom. Conseguia decodificar o pensamento de qualquer um através de suas palavras e da emoção que as envolvia. Dahlia estava sendo sincera. Estava mesmo disposta a contribuir para a destruição da Impostora.


O líder do clã dos Ceifeiros do Equilíbrio sorriu para ela mais uma vez.


– Eu a convocarei assim que for necessária. Mostre-me que realmente é capaz de ajudar-me e terá minha completa confiança. – ele a viu se empolgar com sua decisão. Os olhos dele, no entanto, caíram rapidamente sobre o braço dela no qual havia uma asquerosa cicatriz que seguia-se até o início de seu antebraço. – Seja mais cautelosa na próxima vez. Não aceitarei acontecimentos como este em meu meio.


– Foi um... Acidente. – esclareceu.


– Falhas são extremamente proibidas se estiver do meu lado. – declarou ele. Passou por ela, fazendo menção de se afastar. Antes de ir, no entanto, sussurrou-lhe ao ouvido: – Falhas são... Um terrível sinal de fraqueza. E eu não quero fracos lutando ao meu lado.


Em seguida, ele afastou-se dela, por fim. Seus passos eram rápidos. Tão rápidos que quando Dahlia recuperou-se do arrepio que sua voz causara nela e virara-se para trás, ele já não se encontrava ali.


Havia ido embora.


–--


Ellie Braxton estava frustrada, confusa e desesperada. Andava de um lado para o outro, acreditando que o chão abaixo de seus pés fosse se abrir a qualquer momento, pronto para engoli-la. Vincent Hurst, sentado à sua frente por detrás de sua mesa de madeira, demonstrava-se calmo e paciente como de costume.


– Estes sonhos. – ela disse, parando diante dele. – Eles devem significar algo.


– Talvez. – Vincent respondeu com naturalidade. – Mas talvez também não devêssemos levá-los em consideração. Sonhos são apenas sonhos, Ellie.


– Eu costumava acreditar nisso, Vincent. Mas também acredito em milhões de outras coisas das quais eu desconfiava antes. Antes mesmo de entrar para esta divisão.


Hurst inclinou-se para frente, ajeitando-se em sua cadeira.


– Está impressionada por conta da história que contei quando veio até mim me questionando a respeito da Dama da Morte.


– Sei como ela morreu, Vincent. Foi queimada viva ao lado do amante.


Os olhos de Vincent Hurst se abriram ainda mais, em surpresa.


– Foi o que viu em seu sonho?


– Era como se eu estivesse lá. Foi tão... Não sei... Real. – pareceu extremamente atormentada pelo que vira em seu subconsciente. – Mas a questão é: que ligação tenho eu com tudo isto?


– Nenhuma. – Hurst disse, simplesmente. – Foi um sonho, Ellie. E nada mais do que isso.


– Mas, eu n...


– Nós não falamos sobre Elizabeth Knightingale. É uma regra, e, desta vez, eu não a quebrarei mesmo que me peça. Sinto muito.


Bufando, Ellie avançou para ele, olhando-o nos olhos.


– Sei que há algo por trás do que vi. Algo que talvez você não possa explicar. Mas descobrirei sozinha.


– Não se meta no passado, Ellie. Principalmente no passado daquela mulher. Você não vai gostar das coisas que descobrirá se der início a isto.


Com um olhar destemido em seu rosto lívido, Ellie não volveu em sua decisão.


– Nada pode me intimidar, Vincent. Nada. Nem mesmo a Dama da Morte e seu passado sangrento.


Após dizer isto, ela virou-se e se retirou da sala do superior da Sétima Divisão, deixando-o atônito para trás.


Passando pelo galpão principal, deparou-se com Dominic Ryder acendendo um cigarro, encostado à parede enquanto seus companheiros trocavam palavras com Joshua Wilder e Bryan Carter. Ele levantou os olhos quando ela se aproximou e tomou o cigarro entre os dedos, afastando-o dos lábios.


– Dia difícil? – perguntou, irônico.


– Preciso clarear as ideias. Queira acompanhar-me. – ela sugeriu com simplicidade. Não parecia um pedido, no entanto. Soara mais como uma ordem.


Dominic Ryder sorriu antes de respondê-la, novamente indignado com a autoridade dada à garota de aparência frágil e doce. Seu ego não condizia com sua fisionomia. Absolutamente, não.


– Não creio que gostaria de sair em minha companhia.


Ellie fitou-o por completo, analisando suas roupas largas e cabelos em total desalinho. Porém, ela não se importava. Não muito.


– Pois não espere que eu torne a repetir o que acabo de dizer. – ela respondeu.


Ele conteve o próprio riso, dizendo:


– Como queira, senhora.


Seguiram para fora do prédio da organização. Ryder viu Ellie adentrar um veículo negro importado e sentiu-se incomodado, parando diante dela. Ellie abriu a porta do lado do passageiro, mas ele hesitou.


– Não tenho todo o tempo do mundo. – ela resmungou.


Dominic Ryder pigarreou, atirando seu cigarro para longe.


– Seria antiético, não acha?


– E seria antissocial de sua parte se recusasse um convite meu. A decisão é sua.


Relutante, Dominic sentou-se no assentou ao lado dela, fechando a porta. Ellie colocou a chave na ignição e arrancou com o automóvel sem hesitar. Passaram pelos portões da propriedade, afastando-se com rapidez.


Quando o carro parou diante de um restaurante em um bairro nobre da cidade, Ryder soube que seu incômodo apenas aumentaria.


– Olha só, eu apenas a acompanharei até aqui. Daqui adiante, sigo meu caminho. Nos vemos amanhã. – abriu a porta ao seu lado.


– Mas que diabos há de errado com você?


– Este não é lugar para mim.


– É um restaurante.


– Por isso. – respondeu. – Até mais, Sra. Braxton.


– Nada disso. – ela o interrompeu. – Se o local lhe incomoda, podemos ir a outro.


– Não estou habituado a frequentar lugares como este. É melhor deixar como está.


– Preciso conversar, julgo que seja sensato o suficiente para não me negar este favor.


Ele suspirou, vencido.


– Desde que seja um restaurante menos... Requintado.


– De acordo. – Ellie girou a chave na ignição novamente.


– E desde que eu possa sugerir...


– Seria aceitável. – ela disse, conduzindo o veículo.


Ficou surpresa quando ele lhe passou as coordenadas até um McDonald’s em uma área de classe média. Ellie não se opôs. Achou que seria uma situação justa, neutra. Adentraram o local e assentaram-se a uma mesa em silêncio.


Quando ela fez menção de falar, porém, Dominic Ryder fora mais rápido:


– Sou todo ouvidos. Mas não abuse, eu peço.


Sentindo-se deslocada com a postura deselegante com a qual ele se sentava, colocando os cotovelos sobre a mesa, e com a forma que utilizava para dirigir-se a ela, Ellie hesitou. Depois, pensativa, deixou as palavras fluírem naturalmente.


– Sobre o ritual que você se negou a executar... Por quê? – soou curiosa, mais do que gostaria.


Com muita paciência, Ryder recostou-se à cadeira.


– Há grande possibilidade de que eu vá para o Inferno quando bater as botas. Não custa nada agarrar-se a algo antes que isto aconteça. Me traz... Esperança, eu acho.


– Não compreendo.


– Você sabe. Tirar a vida do próximo é como assinar sua própria sentença ao Inferno. Tenho meu lugar reservado, embora não deseje isso. – referia-se as coisas as quais se submetera durante toda a sua vida em meio à violência e necessidades. – É que... Eu realmente não faço isso porque gosto ou porque me traz boas sensações. É como uma lei. Ou você mata, ou você morre. E eu não quero morrer, não tão cedo. Conhece a lei do mais forte, creio eu.


– Sim, claro. – ela concordou. – Mas o que tem isto a ver com... Com o que disse durante o ritual?


– Eu não venderia minha alma nem por todo o dinheiro e poder deste mundo. Simples. Já lhe disse. Tenho meu lugar no Inferno. Apenas quero lutar para mudar isto enquanto eu puder. Não me leve a mal. – inclinou-se sobre a mesa, os olhos verdes fitavam-na com infinita seriedade. – Eu acredito em Deus.


– Que ironia. – Ellie disse, séria. – É um assassino.


– Não por opção. Mas há algo que você pode escolher, mesmo que a fome e a violência tentem corrompê-la: o lado para qual seguirá. Eu já escolhi o meu. E é uma pena que nossos caminhos sejam diferentes, muito embora tenhamos os mesmos propósitos.


– Fala como um pastor. Chega a me parecer hipocrisia.


– Falo como um sobrevivente, Sra. Braxton. – retrucou ele. – Um homem que se enfia no meio de disparos e corpos caindo diante dele, e, ainda assim, consegue sair de lá com vida é um sobrevivente. Se este não é um ato de Deus, eu lhe pergunto: o que é?


– Me diz que Deus o mantém vivo durante tiroteios, mas eu lhe digo que é pura sorte.


– Sorte não existe. É um flash no rosto e então, boom, desaparece. – Dominic gesticulava enquanto explicava sua teoria religiosa, o que parecia uma grande ironia aos olhos de Ellie.


– Deus virou-me Seu rosto quando eu precisei Dele. – sibilou ela em desaprovação. – Quando venderam-me a um completo estranho para que fizesse o que bem entendesse comigo em troca de uma dívida de jogo, quando assassinaram meu pai e ficaram impune, quando... – emitiu um longo e pesado suspiro. – Eu apenas desisti de tentar implorar a Ele por misericórdia. Eu e Deus, nós não nos damos bem.


– A justiça de Deus tarda, mas dizem que não falha.


Ela riu-se amargamente.


– Em que se baseia quando afirma tal coisa?


– O homem que me acolheu como filho. – ele disse. – Ele era uma pessoa muito religiosa. Disse-me que era para eu ter morrido quando ainda era um bebê, quando minha própria mãe, uma prostituta, me abandonou no meio da rua porque eu era um fardo em sua vida.


Diante da confissão do sujeito, Ellie sentiu-se na obrigação de rever sua atitude, mas não o fez. O orgulho a estava dominando de modo que já não tinha mais controle algum sobre ele.


Incomodada com o assunto em questão, ela pôs-se a falar sobre algo paralelo:


– Disse que procura proteção aos seus. Quem os está ameaçando tanto ao ponto de você recorrer à Fraternidade?


Os pedidos haviam chegado e uma garota vestindo o uniforme do estabelecimento trouxe-lhes duas bandejas, depositando-as sobre a mesa. Retirou-se dali da mesma forma que surgira: silenciosa.


Ellie viu Dominic Ryder adiantar-se em arrancar uma mordida de seu pedido, nada hesitante. Em seguida, ele passou as costas da mão para limpar a boca em um gesto totalmente deselegante e ergueu os olhos para respondê-la:


– Chama-se Alberto González. Big Al. – viu a expressão dela se alterar em incerteza. – Tínhamos um acordo. Ele comprava da nossa mercadoria. Fez uma encomenda extremamente excessiva mês passado. Mas nosso “cozinheiro” partiu dessa para a melhor. – ele pareceu se lamentar. – Pedi a ele que nos desse tempo até que pudéssemos encontrar um novo.


– E então? – Ellie indagou.


– O filho da mãe negou-se a esperar e disse-nos que se não entregássemos sua encomenda até o fim do mês, todo o bairro sofrerá as consequências. Somos muitos, mas... Ele tem poder, muito poder em mãos. – Ryder abaixou os olhos, devolvendo seu lanche na bandeja. – Sabe, todas aquelas pessoas em Anacostia... Elas não devem pagar por algo que não fizeram. Mas ele quer atingir-nos de qualquer maneira. É injusto, entende?


– Claramente. – ela balançou a cabeça, mas toda aquela conversa não lhe fazia sentido algum. – Bem, quero que saiba que eu o ajudarei a defender as pessoas pelas quais tem apreço. – afirmou Ellie com convicção. – Tal como você defendeu a mim e aos meus companheiros naquele último ataque.


Duvidoso, Dominic tornou a fitá-la, estudando calmamente sua expressão fixamente séria. Ela não parecia estar blefando. Por fim, ele inquiriu:


– Temos um acordo?


– Tem minha confiança, então, sim. – e ela sorriu. Um sorriso sem qualquer emoção.


Ryder manteve-se sério e tornou a perguntar-lhe algo:


– Por que me ajudou?


Ellie Braxton encolheu os ombros, indiferente em relação à pergunta.


– Preciso de pessoas que lutem ao meu lado quando a guerra rebentar.


– Disse guerra. – observou ele.


Ela deixou escapar um riso baixo e fraco.


– “E, quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra e as vencerá e matará”. – citou ela orgulhosamente. Umedeceu seus lábios róseos antes de prosseguir, deixando o indivíduo à sua frente subitamente nervoso. – A guerra do Apocalipse.


Dominic Ryder não desacreditava no que ela acabara de afirmar, mas não soube dizer se era pelo fato de ela saber usufruir muito bem de seu dom de persuasão ou apenas porque – de alguma forma – ela lhe inspirava confiança.


De qualquer modo, havia conseguido o que buscava. Tinha proteção para as pessoas que precisavam. E estava seguro de que justiça seria feita.


–--


Quando adentrou uma catedral próxima ao centro da cidade, Christian Madden fez o sinal da cruz perante a imagem pregada à parede diante de uma imensa fileira de bancos de madeira. Começou a caminhar entre eles, avançando para o altar em silêncio.


Ajoelhou-se diante da imagem de Jesus Cristo e abaixou o rosto, fazendo suas preces em tom muito baixo.


– Pai amado, dai–me forças para continuar esta árdua batalha. Ajude-me a manter minha lucidez...


Uma presença colocou-se ao seu lado esquerdo. Pelo canto dos olhos, Madden tentou ver de quem se tratava, pois uma sensação de familiaridade invadiu-o naquele exato instante. Não precisou esforçar-se para reconhecê-la.


Ajoelhada ao seu lado, com um véu negro que cobria parcialmente seu rosto, cabisbaixa, Marina Baresi proferia suas orações em tom quase inaudível:


– Se estiverdes comigo, dai-me força e coragem...


Atormentado pelo som de sua voz e por sua presença, o exorcista colocou-se de pé e afastou-se dali. Ao reconhecê-lo, a bruxa o alcançou às portas da catedral.


– Do que está fugindo? – ela indagou. E ele parou, mantendo-se de costas para ela.


– É uma blasfemadora se vem a um local como este, sendo você uma praticante de magia.


– Somos todos filhos de Deus, não? – inquiriu.


Soltando um suspiro, Christian virou-se para ela. Sentiu-se incomodado pela beleza única da jovem bruxa, relutando para não fitá-la nos olhos.


– Pelo que e por quem está pedindo?


Marina levou longos e silenciosos segundos para responder sua pergunta.


– Por mim, por todos ao meu redor... – respondeu, simplesmente. – Por você.


A sentença final causou nele um inesperado espanto. Arqueando as sobrancelhas, surpreso.


– Com que finalidade?


– Nenhuma. Mas conheço seu coração. Sei que é bom, exorcista. E não desejo que morra durante esta guerra entre todos aqueles que tentarão tomar posse dos sete anos de reinado sobre a Terra.


Desviando seu olhar do dela, ele não permitiu que aquilo lhe comovesse de modo algum.


– Dispenso sua misericórdia, mas aprecio sua preocupação.


Virou-se novamente, fazendo menção de ir embora.


– Não deixe que eles o corrompam, exorcista.


Mas ele não voltou, seguindo com seus passos até desaparecer ao virar uma esquina próxima.


Regressou ao seu quarto de hotel, fatigado pela longa caminhada. Ao adentrar o local, livrou-se do sobretudo, jogando-o sobre a cama, e procurou com os olhos pelo amigo.


– Adam, está aí?


Não houve resposta.


Christian encontrou a janela da varanda escancarada. Com um olhar incerto, avançou para fechá-la, mas surpreendeu-se com o que encontrou ali.


De pé à beira da sacada daquele andar, Adam Mallory mantinha os braços abertos para o nada e um olhar distante. Madden adiantou-se para ele, mas a voz vacilante do rapaz o fez recuar:


– Afaste-se. – disse.


– Adam, por Deus, o que pensa que está fazendo? – perguntou o mais velho.


– Eles me chamam, Madden. A todo o momento, a todo instante. Não aguento mais. – ele chorava, frustrado. – Não... Não consigo mais... Ouvir a mim mesmo...


– Venha, vamos entrar e resolver isso. Pode me dizer o que está havendo. Sabe que posso ajudá-lo. – Christian tentava manter a calma e a voz tranquila e branda.


– Já não... Não posso... Suportar... – Adam soluçava como uma criança desolada, de pé na mureta da sacada. – Essa... Essa dor... Ela não vai parar... Não vai...


Christian Madden viu-o dar um passo adiante e entrou em pleno desespero.


– Adam, não faça isso! Estará condenando-se ao Inferno.


– Eu... Eu já estou condenado! – exclamou, o rosto banhado em lágrimas, um olhar insano em seus olhos claros. A brisa agora tornara-se um forte vento, fustigando sua face molhada. – Todos nós estamos!


– Por favor... – suplicou Madden.


Virando seu rosto para trás, na direção dele, Adam Mallory declarou:


– O tempo está acabando. A verdade virá à tona.


E então, ele desapareceu, deixando-se cair da sacada. Christian Madden soltou um grito desesperador, correndo para a mureta. Tentou alcançá-lo, mas era tarde demais.


Inclinando-se sobre o pequeno muro à beira da sacada, Madden avistou o corpo que espalhara-se em pedaços no chão da calçada logo abaixo, pintando o chão de escarlata. Ouviam-se gritos horrorizados e pessoas correndo como formigas, avançando de um lado para o outro.


A comoção fora enorme.


Mas não tanto quanto a angústia que agora tomara conta do exorcista.



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 51



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  • shadowxcat Postado em 19/07/2016 - 16:24:44

    ESSA FANFIC ESTÁ SENDO REPOSTADA AQUI: http://fanfics.com.br/fanfic/54463/sete-demonios-romance-terror-horror-teen-amor -suspense-thriller-aventura-acao-vampiros-bruxas-demonios

  • raysantos Postado em 12/08/2015 - 20:10:35

    Sua fic e muito top e bem escrita tudo d bom tomara que logo logo a Ellie e James possam ficar juntos sem a essa fulana que eu nao aprendi a dizer muito menos escreve o nome no meio nada contra a crianca mais fazer oq ne continua

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 23:19:37

    Olá, to lendo pelo spirit anime =)

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 22:54:24

    Por favor!!! Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa mais!!! Okk, já sabes q amo de paixão esta web!!! To sentindo muita falta dela....please, preciso de mais caps!!!! Não me deixe na curiosidade por muito tempoooooo *_*

  • vverg Postado em 10/01/2015 - 01:47:30

    Desculpe meu sumisso!! Mas assim q der, comento qdo ler todos os caps =)

  • vverg Postado em 19/08/2014 - 23:57:43

    Poxa não judia tanto de sua leitora caramba!!! Minha fic perfeição, posta mais, preciso de mais.... Estou ficando agoniada sem suas atualizações Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa maissssssssssssssssssssssssssss nesta fic perfeitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa amo sua fic, ok vc já sabe disso, mas não custa falar né hahahahahahahaha

  • vverg Postado em 12/08/2014 - 12:10:07

    Meu Deus! Que nojo deste Declan!!!! Cara##@%@#$#! Putz!!! Como ela se deixa dominar desta forma, caramba!!! Posta mais mais mais mais mais mais. Poxa vc me deixou curiosa agora, tadinha da Elie, ela é muito fraca e se deixa dominar por este imundo.... Estou pasma, posta mais na minha fic perfeição mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais =)

  • vverg Postado em 09/08/2014 - 17:08:49

    Quero maisssssssssssssss!!! Preciso mais desta fic perfeita!!! Posta sim??? Necessito ler.... =)

  • vverg Postado em 06/08/2014 - 10:33:43

    Dahlia tah ferradinha kkkkk. Posta mais! Necessito de mais rsrsrs *_*

  • vverg Postado em 02/08/2014 - 09:55:32

    Minha fic mais q perfeitaaaaa posta mais quero mais caps


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