Fanfics Brasil - Segundo Ciclo - Capítulo XII - Purificação da Alma Sete Demônios

Fanfic: Sete Demônios | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass


Capítulo: Segundo Ciclo - Capítulo XII - Purificação da Alma

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Padre Abdon chegara cedo no dia seguinte. Quando pegara um trem para Washington, ele não havia medido esforços para tomar tal decisão. Assim que soube da morte de seu aprendiz, Adam Mallory, o padre fora ao encontro de Christian Madden, decidido a descobrir o que estava acontecendo e por que.


Madden o recebera em frente à Igreja de São João em Lafayette Square, Washington. O exorcista dera-lhe um forte abraço ao reencontrar a única figura paterna presente em sua vida até então. O velho padre deu-lhe um tapinha nas costas, olhando-o nos olhos através das grossas lentes de seus óculos.


– Sinto sua perda, filho.


– Agradeço por ter vindo. – Christian disse-lhe. – Queira entrar, padre. Temos muito que conversar.


Padre Abdon assentiu com a cabeça e foram ambos para dentro da igreja. Seguiram para um dos bancos de madeira no interior do local. Sentaram-se lado a lado e fizeram o sinal da cruz perante a imagem de Jesus Cristo. O padre fora o primeiro a quebrar o silêncio:


– Em que acredita? – inquiriu.


Madden suspirou baixo.


– Possessão. – respondeu. – Algo o levou a cometer suicídio. Adam não se mataria. Eu o conhecia muito bem.


Eles mantinham seus olhos na imagem à frente, sem olhar um para o outro. Ambas as mentes funcionavam lentamente, processando aquelas drásticas informações.


– Adam não vigiou bem seu coração. De fato, sou da mesma opinião que a sua.


– Dahlia falou-me a respeito de tribulações... Disse que tem algo a ver com o que manifestou-se em Adam antes de sua morte.


Padre Abdon pareceu subitamente perturbado, respirando pesadamente ao lado do rapaz.


– A Igreja acredita que o Primeiro Selo já tenha sido rompido, Christian.


O exorcista virou-se para ele, surpreso.


– Por que diz isso? – indagou.


– O Opositor, filho. – o padre finalmente virou o rosto para fitá-lo, lançando para ele um olhar terrivelmente sério. – Eles acreditam que, durante todo esse tempo, tratava-se de uma só pessoa. Estávamos à espera de alguém que já estava aqui, debaixo de nossos olhos.


Christian não precisou pensar muito para adivinhar.


– Eleonora Braxton.


Seus lábios tornaram secos e o nervosismo o dominou.


– A Mulher de Vermelho é a Opositora, Christian. Não dará à luz ao Anticristo, pois ela própria é a rival do Cordeiro. – esclareceu o padre. – Contudo, ela trará ao mundo a besta escarlate a quem todos temerão e respeitarão.


Madden analisou cada nova informação que lhe era enviada à mente.


– A profecia diz que o diabo tem dois aliados. Um deles será adorado como se fosse um deus. – recordou-se do que estudara durante toda a sua vida. – Se a Opositora montar o dragão vermelho, as pessoas acreditarão que ela tem poder, que é divina e que a besta que leva consigo é algo para se admirar. As pessoas a adorarão. Ela é um dos aliados do diabo.


Padre Abdon balançou a cabeça com uma orla de cabelos brancos positivamente. Madden bufou, incrédulo. Passou uma das mãos pelos cabelos escuros penteados para trás e respirou fundo.


– Se o Primeiro Selo foi rompido, então as tribulações realmente já estão acontecendo.


– Evidentemente, filho.


Christian lembrou-se de um fato paralelo ocorrido recentemente.


– Adam e eu encontramos uma garotinha vendendo bilhetes no meio da rua. Ela disse a Adam que ele morreria. – explicou. – E isto aconteceu.


O padre fitou-o com mais intensidade.


– Uma previsão? – supôs o velho.


– Vinda de uma pequena profetisa, segundo me pareceu, padre. – Christian completou. – Possuía uma pressão espiritual gigantesca. Algo diferente de qualquer coisa que eu tenha sentido antes.


– Há muitos profetas de Deus espalhados aos quatro cantos do mundo. – o padre comentou calmamente. Tornou a observar a imagem de Jesus Cristo, virando seu rosto. – Estes lutarão em favor da verdadeira justiça, Christian. A justiça divina. Tal como você.


O exorcista colocou ambas as mãos nos bolsos do sobretudo negro, muito calado.


Rompeu o silêncio com uma afirmação:


– Adam disse-me algo antes de pular daquele prédio. – o padre olhou-o novamente, esperando que ele prosseguisse. – “O tempo está acabando. A verdade virá à tona.” Acredita que tenha alguma ligação com o rompimento do Primeiro Selo?


– Seja o que for que tenha se manifestado no garoto, filho, quis deixar-lhe um aviso. – o velho arriscou dizer. – Claramente tratava-se do rompimento deste selo. As tribulações aumentarão. Precisa estar preparado.


– Tenho estado preparado toda a minha vida. – garantiu Madden.


– De qualquer maneira, Christian, precisa blindar sua mente, corpo e espírito com sua fé. – padre Abdon não deixou de olhá-lo nos olhos, muito severo em seu timbre de voz. – Mantenha sua fé, fique com ela, continue com ela. E continue batalhando pelo caminho que você julga ser o correto.


As palavras foram absorvidas pelo exorcista, trancadas em sua mente e coração. Estava certo de que mais tarde elas lhe serviriam como um escudo contra as armadilhas do inimigo.


– Madden! – ouviu alguém o chamando. Uma voz doce e amarga ao mesmo tempo, um som que ecoou na igreja quase vazia.


Colocando-se em pé, juntamente com o padre, Christian Madden deparou-se com Marina Baresi. A jovem bruxa, trajando um vestido de algodão preto que deixava evidente sua palidez e olhos brilhantes em um rosto contornado por cabelos negros lustrosos caídos sobre seus ombros, encontrava-se parada no meio do corredor dos bancos de madeira. Sua expressão era assustadoramente séria e preocupada. Christian estreitou os olhos ao vê-la ali.


– O que faz aqui? – perguntou-lhe.


– Alena. A irmã de Braxton. – ela respondeu. – Preciso que venha vê-la. Está muito mal.


– Mas o que há com ela?


– Encontrei-a desmaiada no banheiro, a porta estava trancada. Havia sangue e... – Marina estremecia ao lembrar-se da cena com a qual se deparara horas antes, pela manhã. – Acredito que ela tenha tentado suicídio ou...


– Lamento. – Madden disse, indiferente. – Não sou psiquiatra.


– Precisa me ouvir!


– Não. – ele balançou a cabeça em um gesto negativo. – Disse-lhe para parar de me procurar.


– Deixe-a falar, filho. – o padre pediu. – O que houve com a garota, minha jovem?


Marina Baresi descobriu-se gelada, nervosa, tomada pelo pânico. Tentou manter seu autocontrole ao dizer:


– Havia um pentagrama no chão, desenhado com sangue. Também havia um corte em sua mão. – suspirou. Um suspiro estremecido pelo receio. – Se não tentou suicídio, então evidentemente Alena evocou uma entidade poderosa. Um demônio. Algo que agora tomou posse de seu corpo e a está matando.


– Fez um sacrifício com sangue. – concluiu o exorcista, rapidamente.


– Creio eu que sim. – Marina concordou. – Por favor, é o único que pode ajudar-me.


Madden fez menção de protestar. Padre Abdon colocou-se diante dele, pousando uma mão sobre seu ombro.


– Vá, filho. Precisam de você.


– Padre, Alena Braxton é a irmã de...


– Não importa, Christian. – o mais velho interveio, muito sério. – Esta é sua missão na Terra, lembra-se? Salvar pessoas, deportar demônios e entidades, lutar em nome Dele. – os olhos do padre pousaram-se na imagem de Jesus pregado à cruz mais uma vez. – Lembre-se de quem você é. – tornou a olhar para ele, os olhos cheios de orgulho e emoção. – Agora vá. Não espere mais, filho. Vá!


Christian passou pelo padre, determinado. Aproximou-se da bruxa, olhando-a com desdém. Soou sério ao declarar:


– Vamos.


Marina sorriu, aliviada. Murmurou um “obrigada” que não pôde ser ouvido em seu tom de voz baixo, embargado pela gratidão. Virou-se e começou a sair da igreja. Madden vinha logo atrás dela.


Caminhando rumo à mansão Braxton em passos apressados, o exorcista finalmente quis saber:


– Como me encontrou?


Marina não respondeu-lhe de imediato, mantendo-se calada por longos segundos.


– Informei-me na Catedral Nacional. Disseram-me que estaria nesta igreja à espera de um amigo.


Madden consentiu com a cabeça, intrigado, e ambos continuaram seu rumo.


–--


– O plano funcionará. – decretou Ellie Braxton após uma reunião não tão bem-sucedida com seu superior, Vincent Hurst. – Não há como falhar.


– Ellie... – Hurst disse o nome dela em um suspiro descontente. – Pode ouvir o que está me dizendo? Quer levar nosso pequeno grupo até um bando de traficantes.


– Prometemos a Ryder que lhe daríamos proteção e justiça. – lembrou-se ela.


– Ryder sequer é um verdadeiro membro desta divisão. Não concluiu o ritual de entrega. – declarou o homem por detrás de sua mesa de madeira, sentado em postura elegante e intacta.


– Prometi a ele e aos seus companheiros que teriam minha ajuda. Sou uma mulher de palavra, Vincent.


– Sei disso, minha querida. É claro que sei. Mas não pode expor a todos nós de tal forma.


Michael Graber, que também estava presente, adiantou-se para ambos.


– Seria melhor deixar com que Ryder lide com essa gente. É a gente dele. Assim como o problema é dele, não nosso.


– Vocês definitivamente não entendem! – trovejou a garota, impaciente. – Essagente de quem fala salvou minha vida. E a de dois de seus homens. Devo-lhes um favor. E este é meu favor. Eliminaremos o homem que os ameaça.


– O homem que os ameaça é um traficante, Ellie. – disse Vincent Hurst com convicção. – E Dominic Ryder também é. Tem sido totalmente fora de nossos padrões permitir a entrada dele e a de seus amigos neste local.


– Dominic Ryder pode ser o que quiser, mas salvou-me a vida e tem minha confiança. – ela disse com seriedade, olhando seu superior nos olhos, um gesto desafiador.


– Se tenciona formar um exército de assassinos, deve separar o trigo do joio. – as palavras de Vincent soaram proféticas e sábias, mas Ellie ignorou-as, tomada por seu orgulho. – Essa gente não é bem-vinda aqui, Ellie.


– São parte desta divisão agora. Uma ordem minha, Vincent. Sabe quem sou eu?


– Uma garotinha mimada. – Bryan Carter – outrora encostado ao batente da porta – adentrou a sala, interrompendo-os. – Está vendo, Vincent? Esta é a cobra que está criando. Virando-se contra seu próprio superior. Traiçoeira como a serpente.


Ellie virou-se para fitar o homem da cicatriz horrenda que se estendia por todo o seu pescoço, lívida e notável.


– Como ousa? – disse entre os dentes, os punhos cerrados no aviso de sua raiva e indignação.


– Ora, cale-se. – resmungou Carter. Adiantou-se para Vincent Hurst com um olhar insípido, frio. – Lembra-se do que Grigori Veskler lhe disse? Todas as divisões estão se virando contra nós por conta desta... Menina.


– Muitos dos que subestimaram Ellie hoje lutam para mantê-la viva. E isto inclui você, Bryan. – Hurst respondeu, muito calmo.


– Poupe-me! – exclamou, irritado. – Sabe que diabos está acontecendo em nosso próprio meio? Todas as divisões estão comentando. Eles se virarão contra nós, Vincent. E farão isto se não expulsarmos essa garota daqui!


– Ellie permanecerá na divisão. – o superior disse, simplesmente. – E não quero tornar a repetir que deve respeitá-la, já que futuramente ela será a chefe desta divisão.


Ellie esboçou um sorriso triunfante, sem precisar manifestar-se com palavras.


– Ela nos levará direto ao buraco. – Carter cuspiu suas palavras venenosas. – São todas assim. Todas elas trazem problemas, e nada mais do que isto.


Após isto, ele virou-se, saindo da sala em passos firmes, furioso. Ellie pigarreou e deu um passo à frente, colocando-se novamente diante de Vincent Hurst.


– Levarei Michael e Joshua nesta missão. – decidiu-se.


Ao seu lado, Michael Graber respirou fundo.


Vincent emitiu um suspiro baixo, vencido por ela.


– Está bem. – falou. – Sabe bem o que deve fazer. Mas, peço-lhe, mantenha-se viva. Temo por sua segurança.


O tom de voz paternal trouxe emoção ao espírito debilitado da jovem, fazendo com que seus olhos castanho-claros ficassem levemente marejados. Apenas duas pessoas no mundo desejavam sua segurança de tal maneira. Seu pai e James Braxton. E ambos haviam morrido por ela.


– Prometa-me que voltará bem e que se livrará de todos eles por uma causa justa. – insistiu seu superior. – Nada de sangue inocente lavando o solo, Ellie.


Lembrando-se da causa da morte daqueles que amava, Ellie impôs firmeza em sua voz:


– Matarei todos eles por justiça. – levantou o queixo em um gesto de superioridade, os olhos tornaram-se sombrios e seu semblante intimidador. – E não haverá misericórdia.


Vincent Hurst concordou em um gesto com a cabeça. Ellie sorriu e retirou-se de sua sala, acompanhada de Michael Graber. Encontrou o restante dos homens da Sétima Divisão à sua espera no galpão principal.


– Joshua e Michael virão comigo. Vocês três. – apontou para Dominic Ryder e seus dois amigos. – Mostrem-nos o caminho até aquele que os ameaça.


Em um automóvel alaranjado – o mesmo com o qual vieram até Ellie durante o último ataque – Ryder e seus companheiros guiaram a garota e seus dois irmãos da Fraternidade até um bairro afastado da cidade. O lugar assemelhava-se à Anacostia, onde Ellie estivera antes, mas pior. Muito pior. O cheiro que exalava do local era insuportável, tal como os olhares mal-encarados que eram atraídos pelo veículo importado conduzido por Ellie. Pararam ambos os automóveis em frente a uma construção de dois andares com paredes pichadas e janelas escuras. Havia uma única porta de metal acinzentada. Quando colocou-se para fora do carro com seus companheiros, Ellie seguiu Ryder e os seus até a tal porta.


– Afinal, qual é sua história com esse cara? – ela dirigiu-se à Dominic Ryder, curiosa.


– Precisava de muita grana. Disseram-me que era coisa garantida. – respondeu, desdenhoso.


– A única coisa garantida neste mundo é a morte. – dizendo isto, Ellie apertou o botão do interfone ao lado da porta de metal.


– Ainda não abrimos. – disse a voz do outro lado.


– Queremos falar com Al. – Dominic informou.


– Por que querem vê-lo? – indagou o desconhecido.


– É Ryder. A respeito da encomenda que estou devendo.


A porta de metal foi automaticamente aberta, emitindo um súbito som à frente deles.


– Sabem o que fazer. – Ellie disse aos seus companheiros e aos de Ryder. Em seguida, foi com ele para dentro do prédio. A porta foi fechada por dentro quando eles passaram por ela.


Seguiram uma linha reta em degraus até o segundo andar, onde um homem alto com cabelos e olhos escuros e fisionomia intimidadora esperava por eles com os braços cruzados em frente ao peito.


– Sigam-me. – fez um sinal com a mão.


O homem guiou-os até uma sala no segundo andar.


– Al, estas pessoas querem falar com você a respeito de uma dívida.


Ao adentrar o local, Ellie deparou-se com um sujeito roliço, de cabeça chata na qual havia uma orla de cabelos castanhos, nariz quebrado e olhos estreitos. Em seu pescoço pendia uma corrente de ouro e suas roupas fediam a tabaco. Ela constatou que tratava-se do alvo.


– Ora, ora... – ele sorriu com seus dentes amarelados e podres ao vê-los à sua frente, de pé. – Mas vejam só quem apareceu. E trouxe companhia.


– Olá, Al. Como vai? – Ryder perguntou. Seu nervosismo era mais do que evidente.


– Vamos poupar enrolações. – Big Al enfiou um charuto na boca. – Já tem minha mercadoria?


– Não, eu... Não. – respondeu com simplicidade.


– Então o que faz aqui?


– Eu...


– Tinha até hoje para entregar minha encomenda. É bom que esteja com ela.


– Sr. González. – Ellie Braxton adiantou-se, se colocando perante o homem. – Eu acredito que Dominic possa pagar a dívida dentro de um prazo maior.


– E quem é você? A advogada dele? – indignou-se o mexicano.


– Sou amiga dele.


– Amiga dele?! Está brincando comigo?


– Pareço estar? – ela disse, demasiadamente séria. Fincou os pés no chão, destemida.


Percebendo o clima tenso que pesava sobre eles como nuvens carregadas, Dominic Ryder pôs-se a rezar mentalmente. Big Al encarou-o, furioso.


– Deixe-me ver se eu entendi. Você trouxe essa... Vadiazinha... Até aqui para me intimidar pelo que você me deve? Você acha mesmo que isso está certo?


Ryder fez menção de respondê-lo, mas o homem fora mais rápido, prosseguindo:


– Você faz alguma ideia de quem eu sou?


– Senhor. – Ellie tornou a intervir. – Ele não é um homem de dívidas. Fez negócios com o senhor porque precisava do dinheiro. Não conseguiu cumprir com sua parte, lamentavelmente, mas todos nós cometemos erros. E eu tenho certeza de que ele entregará sua mercadoria assim que for possível.


– Ah, claro. E eu tenho que continuar com o prejuízo, não é?


– Isso seria imensamente apreciado. – ela sorriu, sarcástica.


– Escuta, seu imbecil. – Big Al afastou-se de sua mesa, avançando para Ryder. Apontou-lhe um dedo no rosto, enfurecido como um búfalo. – Se não me der a maldita mercadoria, eu matarei você e todos que você conhece. Eu v...


Em um gesto ágil e quase imperceptível, Ellie arrancou um revólver do cinto que mantinha sua saia no lugar, disparando contra a perna direita de Big Al. O gordo caiu ao chão, urrando de dor. Em seguida, muito rápida, ela atirou nos homens que faziam a segurança do chefe, acertando-os todos na cabeça.


– Pegue. – ela estendeu a arma para Dominic Ryder, que assistia à cena, admirado. – Atire nele.


– Não! – Big Al suplicou, agonizando no chão. – Olha só, vou considerar a dívida paga. Você não me deve mais mercadoria alguma. Vamos esquecer isto, está bem?


– Vamos, atire nele! – Ellie ainda esticava a arma para o rapaz. – O que está esperando?


– Não escute o que ela diz!


– Está tudo bem. – Ryder manteve-se calmo. – Vamos deixá-lo aí.


– O quê?! – a garota pareceu incrédula. – Precisa matá-lo ou ele o matará. Vamos, não temos todo o tempo do mundo.


Olhando através da janela, Dominic viu que os companheiros de Ellie e os seus haviam rendido outros dos homens de Al do lado de fora.


Bufando, furiosa, Ellie mirou o rosto de Big Al. Sem hesitar, puxou o gatilho, despedaçando-lhe a cabeça.


– O que deu em você? – perguntou à Ryder.


Mas ele não respondeu, surpreso com a frieza da garota de fisionomia tranquila e inocente.


– Não aceito ordens de garotas, desculpe. – ele finalmente se manifestou, passando por ela. Ellie viu-o retirar um revólver da calça e começar a descer as escadas com cautela. Seguiu-o, muito atenta. Quando passaram pela porta de metal, colocando-se para fora do prédio, puseram-se a disparar contra mais alguns dos traficantes mal-encarados.


Um deles mantinha Joshua Wilder na mira, que não percebera tal ato, ocupado demais atirando em outros dos adversários. Vendo um dos traficantes ameaçando atirar no assassino, Zeke Trent – um dos amigos de Ryder – avançou para ele, tentando tirar-lhe a arma das mãos. Lutaram freneticamente, até que ouviu-se um disparo. Joshua Wilder viu o traficante cair morto ao chão, um ferimento causado pela bala em seu peito de onde sangue escorria como uma pequena fonte.


Wilder adiantou-se para aquele que ajudara-lhe de forma tão surpreendente. Deu-lhe um tapa no ombro, agradecendo-o. Em seguida, estendeu um de seus revólveres para ele. E ambos seguiram, disparando.


Quando todos os adversários encontravam-se ao chão, derrotados, destruídos, Ellie concluiu que havia acabado. Eles tinham vencido. Seu plano funcionara.


Sorrindo para si mesma, ela sentiu que alguém tocava-lhe no ombro. Virou-se, se deparando com o rosto admirado de Dominic Ryder.


– Mandou muito bem, garota! – exclamou ele, estendendo seu punho cerrado para ela.


Já ciente de tal cumprimento, ela retribuiu batendo seu punho fechado contra o dele. Sorriu em resposta e seguiu até seus companheiros, que comemoravam gritando e atirando para o alto. Foi quando ela concluiu que eles haviam, de fato, vencido.


–--


[MÚSICA DE FUNDO]


A noite caíra rapidamente sobre a cidade, envolvendo-a em escuridão. As ruas estavam parcialmente iluminadas por postes. Pareciam estranhamente desertas naquela noite. Uma chuvinha fina e leve banhava o asfalto. O cenário era calmo, e, ao mesmo tempo, desconfiador.


Amber Holden trouxera ao galpão de Noah e Seth um padre da Catedral Nacional de Washington. O homem de idade avançada, cabelos brancos e olhos cansados explicara-lhe que precisariam da permissão da Igreja para executar o exorcismo em James Braxton. Contudo, ele abriria uma exceção. Esta decisão tomada pelo padre fora o resultado da persistência da médica. Disse-lhe que tratava-se de um caso de vida ou morte.


E não estava mentindo.


Padre Gare adentrara o galpão velho, deparando-se com os dois curandeiros e com Willow Hope, a pequena profetisa. Ninguém desejou ficar do lado de fora. Nem mesmo Amber. Decidiram que todos ficariam ali, fazendo suas orações enquanto o padre executava o resto.


O padre aproximou-se do corpo inconsciente coberto por um manto acinzentado. Fez o sinal da cruz sobre ele, dando início às suas preces. Encerrando o Pai-Nosso, o padre virou-se para os demais:


– Nada de perguntas. Não deem ouvidos ao que eles disserem. – viu a expressão confusa no rosto deles. – Refiro-me às sete entidades presas neste corpo. Podem seguir com suas orações, qualquer uma, isto ajudará na libertação dele.


– Precisará de ajuda, padre? – Noah indagou, antes de mais nada.


– Sim. – afirmou. – Segurem-no.


Seth e Noah colocaram-se dos dois lados da cama, segurando Braxton e seu corpo vulnerável pelos braços com muita força, mantendo-o imóvel.


O padre retirou uma cruz prateada do bolso e beijou-o em um sinal de amor e respeito. Pôs-se a dar início ao ritual de purificação:


– Senhor, tenha piedade de nós. – emitiu o sinal da cruz sobre o corpo de James Braxton mais uma vez.


Em seguida, retirou um pequeno frasco com água benta do outro bolso, destampando-o. Jogou um punhado daquela água sobre o rosto do sujeito, vendo-o estremecer.


James inclinou-se para frente, sentando-se na cama em gestos lentos, anacrônicos. Em seguida, abriu os olhos completamente negros, erguendo-os para o padre.


– Envie ajuda a este homem do lugar sagrado, Senhor. – prosseguiu o velho exorcista. – E lhe dê proteção celestial. Que o Senhor esteja convosco. E com seu espírito...


James libertou-se das mãos de Noah, dando-lhe uma forte bofetada. O curandeiro caiu ao chão, ferido.


– Meu Deus! – Amber exclamou, horrorizada.


– Noli me tangere! – trovejou a entidade entre dentes amarelados.


Willow correu para Noah, ajudando-o a se levantar. Uma linha de sangue deslizava de sua testa, fina e vermelha.


– Pai nosso, que estais no Céu,santificado seja o Vosso Nome. Venha a nós o Vosso Reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu... – padre Gare prosseguiu, havia uma Bíblia aberta em suas mãos agora. – O pão nosso de cada dia nos dai hoje. E perdoa-nos as nossas dívidas como também nós perdoamos aos nossos devedores. E não vos submetas à tentação...


– Livra-nos do mal! – completou a voz grave daquele que tomava posse do corpo do indivíduo. Em seguida, soltou uma gargalhada alta, ensurdecedora.


– Diga seu nome, maligno. – ordenou o padre, olhando-o nos olhos profundos.


As luzes ao redor se apagaram. Um trovão soou perto, como uma bomba que caía não muito longe dali. Willow descobriu-se suando frio. Amber tomou-lhe uma das mãos, decidida a acalmar a menina. A escuridão tomava conta do ambiente, agora apenas iluminado pelas luzes lá fora. As gotas de chuva engrossaram-se, se transformando em uma tempestade fora de época.


Olhando o padre fixamente, o corpo de Braxton mantinha-se sentado na cama improvisada.


– Ego sum qui intus habitat. – sussurrou a voz com a língua entre os dentes, como uma cobra venenosa.


– In nomine Christi. – decretou padre Gare. – Designare te!


– Sete, sete, sete! Sete, sete, sete! – cantarolou outra voz vinda de dentro daquele corpo ferido de onde emanava o cheiro da morte. – Sete é o número da profecia. Sete, sete, sete!


– O corpo está queimando, padre! – informou Seth, ainda tentando mantê-lo imóvel na cama. – Está muito quente!


– Segurem-no! Rápido!


Noah e Seth esforçaram-se para segurar Braxton, prendendo seus braços. Ele soltou um grito animalesco que fez tremer todo o solo daquele local. Um raio quase entrou pela janela, clareando o galpão por um segundo. O trovão que seguiu-se depois dele foi estrondosamente assustador.


– Regna terrae, cantate deo, psallite dominio… Tribuite virtutem deo... – o padre seguiu com o ritual, a Bíblia aberta em suas mãos trêmulas.– Exorcizamus te, omnis immundus spiritus, omnis satanica potestas, omnis incuriso infernalis adversarii, omnis legio, omnis congredatio et secta diabólica.


A janela de vidro ao lado deles explodiu, fazendo voar os cacos de sua matéria. O vento invadiu o galpão, forte como um tornado, fazendo girar tudo o que havia ali. Intrépido, padre Gare tomou o crucifixo na mão novamente, aproximou-se do corpo agitado e deitou o objeto ali, em seu peito, próximo ao seu coração. Viu-o se debater como um animal feroz, fazendo tremer toda a cama. O vento forte fustigava tudo e todos. O clima era nebuloso. Pesado.


Os dois curandeiros tentaram manter Braxton imóvel, mas ele continuava a se debater violentamente na cama, gritado, grunhindo, rosnando.


– Diga seu nome! Agora! – o padre ordenou.


– Septem, septem et septem! – a voz tornou a cantar. Depois, tentou arranhá-lo com suas garras, mas Noah e Seth mantiveram seus braços presos para trás.


– Em nome de Jesus Cristo, eu ordeno – padre Gare colocou-se muito próximo ao rosto dele. – Que diga seus nomes, maldito!


A entidade emitiu um rugido, inclinando a cabeça para trás.


Em seguida, cuspiu suas palavras diante do padre:


– Nós somos os sete que neste corpo habitam! – esbravejou. – Anee hoo sheshokhen betokh Cain. – ele soou aterrorizante, mas não tanto quando a segunda voz. – Ego sum unus quisnam habito intus Nero. – a terceira voz soou mais alta, mais ameaçadora: – Eh no ente so paro thene Judas. – a quarta apresentou-se em tom autoritário: – Eet ik nik Hitler. – a quinta voz veio em seguida: – Ah nah Herodes.– ainda houve uma sexta voz, grave, rouca, ruidosa. – Я Иван, Грозный. – a sétima voz fora a última, a expressão naquele rosto alterou-se, trazendo um sorriso malicioso aos seus lábios partidos quando declarou: – Lúcifer. – alargou o sorriso perverso, umedecendo seus lábios com a língua. – O diabo.


Soltando mais um rugido, sua voz fez tremer todo o galpão. As luzes piscavam incontrolavelmente. Willow gritou, assustada, agarrando-se à Amber Holden. O chão estava molhado pela chuva que vinha pela janela quebrada.


Reunindo forças e coragem, padre Gare arremessou outro punhado de água benta no rosto do demônio. Isto o cegou por instantes. Aproveitando-se do momento único, o padre tornou a ler o que trazia em mãos.


– Benedictus deus, gloria patri. – molhou-lhe o rosto novamente. – Et aspergatur locus aqua benedicta. – fez o sinal da cruz em frente ao corpo do homem.– Amen...


As sete entidades gritaram, urrando, agonizando como porcos em um matadouro. Debateram-se na cama, lutando para se livrar das mãos que os mantinham fixos. O grito horrendo seguiu-se por longos e ensurdecedores segundos, fazendo cair todos os móveis daquele galpão.


O terrível rugido cessou quando os olhos do possuído rolaram para trás e ele despencou sobre o colchão, desacordado. O silêncio reinou.


Olhando ao redor, Willow Hope assustou-se em ver sua casa em pleno caos.


A tempestade parou. O vento cessou. James Braxton jazia sobre a cama, desacordado mais uma vez. Seth e Noah soltaram-no, afastando-se dele. Amber Holden observou-o com horror. O padre ali presente arfava, mentalmente exausto.


Todos se mantiveram calados, em expectativa pequena. Willow aproximou-se do corpo inconsciente, fitando-o com esperança.


Não houve qualquer sinal da volta de sua consciência.


Suspirando, a menina virou-se de costas, afastando-se dele.


Foi quando ouviu o som ruidoso de uma respiração entrecortada. Virou-se para trás.


James Braxton abriu os olhos fundos, delineados pelas olheiras e feridas. Entreabriu a boca para manifestar-se. Willow tornou a se aproximar dele, inclinando-se sobre seu rosto para contemplá-lo. Havia uma expressão confusa no rosto do sujeito.


A voz soou distante – há muito tempo perdida – quando inquiriu:


– Onde estou?



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 51



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  • shadowxcat Postado em 19/07/2016 - 16:24:44

    ESSA FANFIC ESTÁ SENDO REPOSTADA AQUI: http://fanfics.com.br/fanfic/54463/sete-demonios-romance-terror-horror-teen-amor -suspense-thriller-aventura-acao-vampiros-bruxas-demonios

  • raysantos Postado em 12/08/2015 - 20:10:35

    Sua fic e muito top e bem escrita tudo d bom tomara que logo logo a Ellie e James possam ficar juntos sem a essa fulana que eu nao aprendi a dizer muito menos escreve o nome no meio nada contra a crianca mais fazer oq ne continua

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 23:19:37

    Olá, to lendo pelo spirit anime =)

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 22:54:24

    Por favor!!! Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa mais!!! Okk, já sabes q amo de paixão esta web!!! To sentindo muita falta dela....please, preciso de mais caps!!!! Não me deixe na curiosidade por muito tempoooooo *_*

  • vverg Postado em 10/01/2015 - 01:47:30

    Desculpe meu sumisso!! Mas assim q der, comento qdo ler todos os caps =)

  • vverg Postado em 19/08/2014 - 23:57:43

    Poxa não judia tanto de sua leitora caramba!!! Minha fic perfeição, posta mais, preciso de mais.... Estou ficando agoniada sem suas atualizações Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa maissssssssssssssssssssssssssss nesta fic perfeitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa amo sua fic, ok vc já sabe disso, mas não custa falar né hahahahahahahaha

  • vverg Postado em 12/08/2014 - 12:10:07

    Meu Deus! Que nojo deste Declan!!!! Cara##@%@#$#! Putz!!! Como ela se deixa dominar desta forma, caramba!!! Posta mais mais mais mais mais mais. Poxa vc me deixou curiosa agora, tadinha da Elie, ela é muito fraca e se deixa dominar por este imundo.... Estou pasma, posta mais na minha fic perfeição mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais =)

  • vverg Postado em 09/08/2014 - 17:08:49

    Quero maisssssssssssssss!!! Preciso mais desta fic perfeita!!! Posta sim??? Necessito ler.... =)

  • vverg Postado em 06/08/2014 - 10:33:43

    Dahlia tah ferradinha kkkkk. Posta mais! Necessito de mais rsrsrs *_*

  • vverg Postado em 02/08/2014 - 09:55:32

    Minha fic mais q perfeitaaaaa posta mais quero mais caps


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