Fanfics Brasil - Segundo Ciclo - Capítulo XV - Teorias Sete Demônios

Fanfic: Sete Demônios | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass


Capítulo: Segundo Ciclo - Capítulo XV - Teorias

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Ventava muito. A brisa que agora havia se tornado uma forte ventania fustigava seu rosto, fazendo esvoaçar suas vestes negras e seus cabelos da mesma cor. Estava exausto. Os últimos dias tinham exigido muito de seu esforço espiritual e psicológico. A mente estava carregada, como se o mundo ao seu redor estivesse prestes a acabar. Era irônico, pois a situação era, de fato, esta. O mundo estava acabando, bem ali, diante de seus olhos, e nada ele podia fazer. Sentia-se inútil, muito embora pessoas tivessem lhe dito antes – por diversas vezes – que ele tinha um grande propósito a ser seguido, algo grande pelo qual lutar. Que ele havia sido escolhido. O Escolhido.


Christian Madden não sentia-se orgulhoso de seu destino, tampouco de como era conhecido em seu meio. Por inúmeras vezes desejara ter uma vida normal, perguntando a si mesmo se, em outras circunstâncias, teria tomado um rumo diferente, se teria se casado, tido filhos, um emprego comum... Mas não. Obviamente não. Não havia outro rumo. Aquele era o único caminho a ser seguido. Não havia desvios, atalhos ou estrada de volta. E se houvesse, era tarde demais para recuar.


Com a mente conturbada, Madden puxou um maço de cigarros do bolso do sobretudo, colocando um entre os lábios. Com a outra mão, tomou posse de um isqueiro, tirando-o do outro bolso e acendeu-o, aproximando-o do cigarro. Em passos rápidos e nada hesitantes, inalou toda a fumaça, procurando aliviar seus pensamentos. Era inútil. Julgava-se ridículo por acreditar que conseguiria encontrar refúgio em seu novo vício. Padre Abdon o teria criticado, certamente.


Chegou à catedral exatamente no momento em que pensara em seu velho amigo. Livrou-se do cigarro com pressa e adentrou a construção em silêncio, deparando-se com uma igreja escura repleta de bancos de madeira que seguiam linha reta. No meio desta fila, um caminho indicado por um tapete cor-de-vinho, cujo final era destacado pela imagem de Jesus Cristo pendurada à frente, na parede.


Christian caminhou por entre os bancos, seguindo este mesmo caminho até que algo fê-lo brecar seus passos. Parou no meio do caminho, percebendo a presença de alguém, ali, em um dos bancos. Com as costas viradas para ele, a figura feminina possuía cabelos escuros ondulados e vestia-se com roupas modernas demais. Apenas quando ela se levantou, fitando-o de imediato, Christian Madden reconheceu ser Alena Braxton. Tinha o rosto emagrecido pela falta de alimentação há dias, uma expressão apática em seus olhos e todo o seu ser assemelhava-se a um fantasma. Entretanto, havia firmeza em seu timbre de voz quando anunciou:


– Precisava vê-lo.


Madden emitiu uma imediata expressão de perplexidade, franzindo seu cenho.


– O que quer? – inquiriu, muito sério.


– É sobre meu irmão. – ela disse, rapidamente. – James Braxton.


O nome causou-lhe um arrepio. Há tempos não tocava no assunto. Assunto este que causara-lhe algumas boas dores de cabeça. Procurando disfarçar seu incômodo, o exorcista deu alguns passos adiante e parou em frente a ela, analisando sua expressão insípida.


– Não tenho nada a tratar com sua pessoa. Muito menos quando o assunto é seu irmão.


– Está enganado. – Alena afirmou. – Sei o que houve com James. Sei o que ele escondia.


– À que se refere? – ele colocou as mãos nos bolsos de suas vestes, despreocupado.


A garota olhou ao redor antes de respondê-lo.


– Precisamos falar em particular.


Christian Madden sentiu-se ainda mais incomodado. Suspirou, dizendo-lhe:


– Devia estar em casa, repousando.


– Não fazendo nada? – disse ela. – Eu estou farta de ser um peso morto. Quero tomar parte naquilo que sei.


Ele soltou mais um suspiro, fitando-a nos olhos. A menina parecia segura de sua decisão. Madden decidiu não prolongar a possível discussão entre eles.


– Siga-me. – ordenou.


Passou por ela, adentrando o escritório da catedral cuja entrada resumia-se em uma porta de madeira no lado esquerdo do final do corredor de bancos. Alena sentiu-se intimidade pela proximidade do exorcista, tal como sentira-se um dia antes, antes de ele exorcizá-la. Seguiu-o até o pequeno escritório no qual havia uma bela mesa amadeirada, prateleiras repletas de livros antigos e pintura em tom amarronzado. O cheiro de mofo era inevitável, mas Alena Braxton não se importava. Estava ali por uma razão. Uma única razão.


Ele emitiu um breve sinal para que ela se sentasse. Alena obedeceu, acomodando-se à sua frente. Ajeitou os cabelos e pigarreou, muito tensa.


– Pois diga. – Christian pediu em tom brando.


– Preciso de algumas explicações. – a garota esclareceu. – Eu tenho... Tenho visto e ouvido coisas há algum tempo. Coisas que agora fazem todo o sentido quando penso no passado.


– Não compreendo.


– Desde que Ellie chegou à minha casa, parece que... Forças malignas a acompanharam. Eu realmente não sei... Acreditava estar ficando louca, mas agora tudo faz sentido. – Alena parecia desesperada em sua explicação nada coerente. – Minha família esconde algo, disso eu tenho certeza. Meu pai e meu irmão... Eles escondiam algo, eu me lembro.


– Que ligação tenho eu com tudo isto? – Madden indagou com desdém.


Alena fitou-o diretamente nos olhos, desta vez extremamente séria e decidida.


– Há algum tempo, depois que meu irmão casou-se, tive a lamentável oportunidade de presenciar um massacre. – declarou. A tal lembrança trouxe lágrimas aos seus olhos azuis muito opacos. – Apareceram alguns... Caras...


– Veja só, isto não me interessa em nada. – o exorcista a interrompeu.


Ignorando-o, a menina prosseguiu:


– Mataram minhas amigas. Havia marcas em seus pescoços. – viu os olhos dele se arregalarem repentinamente. – Hoje sei do que se tratava.


– Vampiros. – supôs o caçador de demônios com a voz baixa e vacilante.


Alena fez que sim com a cabeça em um gesto lento, mas nada hesitante.


– Há algo de errado com todos ao meu redor, senhor. – disse. – Como se... Eu estivesse no meio de um campo de batalha e... Corpos estivessem caindo bem diante de meus olhos.


As lágrimas que mais cedo ameaçavam cair de seus olhos agora despencavam sem qualquer hesitação, banhando-lhe o rosto pálido e magro. Tomado pelo incômodo, Christian Madden inclinou-se para frente, suspirando.


– Ainda não entendo por que veio até mim.


Ela ergueu os olhos marejados para ele, trêmula.


– Quero que ensine-me como me defender. – ela respondeu. A decisão havia sido clara e objetiva. – Que diga-me tudo o que preciso saber. Eu quero esclarecimentos e nada mais do que a mais pura verdade. Estou cansada de ser deixada de lado e poupada disto tudo como uma criança. Sei que a morte de meu irmão não foi um acidente, assim como não foi um acidente a explosão que ocorreu no veículo de meus pais.


Christian desviou seu olhar do dela. Havia algo na essência da jovem garota que causava-lhe uma estranha e – até então – nunca experimentada antes sensação de familiaridade. A presença dela em si lhe trazia mais do que um mero incômodo. Era como se a conhecesse muito antes de tê-la exorcizado a pedido de Marina Baresi.


Atormentado pelo fato de ela estar ali, pedindo-lhe o impossível, o exorcista tornou a fitá-la nos olhos.


– Não posso ajudá-la. Lamento.


– Salvou-me a vida. – ela levantou sua voz. – Ajude-me a mantê-la.


Madden engoliu a seco. Aquela era sua missão, afinal, não era? Passara toda a sua vida salvando pessoas, exorcizando demônios e mandando-os de volta para o buraco de onde haviam escapado. Negar um pedido daqueles seria o mesmo que virar-se contra seu destino, seu propósito. Aceitá-lo, porém, era como um tiro no escuro. Não sabia que direção aquilo podia tomar, à que rumo tal decisão o levaria. Seu destino ainda parecia incerto, mas a garota parecia-lhe sincera, desesperada por ajuda. Levando em conta a situação da adolescente, Christian penitenciou-se mentalmente antes de dar-lhe uma resposta clara.


– Seu irmão era um homem condenado. – disse-lhe. – Cruel e repleto de trevas. Não aos seus olhos, suponho eu, mas fora de sua casa era um mercenário.


Ele esperou que ela se manifestasse em objeção, mas não. Alena manteve-se calada, esperando que ele seguisse com sua explicação. Foi o que ele fez:


– Há uma guerra se aproximando. Guerra esta que decidirá o destino de cada um de nós. Disse-me ter visto coisas que outras pessoas desacreditariam. Acredito que isto dispense boa parte da explicação.


– A guerra à qual se refere... – ela interveio, curiosa. – O fim dos tempos?


– O Apocalipse. – completou Madden, indiferente.


Alena respirava pesadamente. Sua mente dava voltas, girando em círculos. Nenhuma conclusão que tirasse daquilo a levaria a lugar algum, disto ela estava certa. Tal como estava certa do motivo pelo qual viera até aquele homem. O medo.


Novamente ela havia recomeçado a chorar, a voz embargada pelos soluços, as mãos trêmulas com as quais cobria o rosto agora.


– Não... Não quero terminar como meus pais ou... Ou como meu irmão... – esforçou-se em dizer, tomada pelas lágrimas. – Preciso... Proteger-me de... Do que quer que esteja assombrando minha família...


Christian Madden tornou a suspirar, rendendo-se aos prantos desenfreados da garota à sua frente. Imaginou o quão solitária sentia-se naquela situação, recordando-se de como ele próprio sentira-se quando a mãe fora arrastada ao Inferno, como havia sido difícil aceitar a realidade fantasiosa e contraditória que envolvia o sobrenatural. Viu-se na menina sentada adiante, sentindo-se, por sua vez, comovido. Contudo, não se demonstrou tocado pela emoção. Foi firme quando declarou:


– Se procura unir-se ao lado do Senhor, veio ao lugar certo. É bem-vinda nesta casa. – olhou-a com seriedade. – De muito bom grado a auxiliarei no caminho que escolheu, pois é esta a minha missão.


Os olhos de Alena Braxton brilharam em pura ansiedade e surpresa e ela subitamente freou os soluços que enroscavam-se em sua garganta.


– Está acatando meu pedido?


– É bem-vinda na casa do Senhor. – falou Madden. – E tem meu apoio.


Alena sentiu-se tentada a sorrir, mas não o fez. A apatia ainda a impedia de expressar-se com veemência. Todavia, estar certa de que o homem à sua frente lhe ajudaria a partir de então trouxe-lhe mansidão ao seu coração.


Sabia que poderia confiar nele. Algo lhe dizia isso, em seu interior. E Alena Braxton estava desejosa de saber o que a fazia crer com tanta certeza que o exorcista era confiável.


–--


Declan Donovan passou as mãos pelos cabelos macios, respirando fundo. Estava sentado àquela mesa há muito tempo, à espera do encerramento das explicações daqueles que prometeram auxiliá-lo e servi-lo. Aldous Thibaut – summusda Segunda Divisão – dissera-lhe detalhadamente tudo o que ele supostamente necessitava saber. As feições do rapaz alteravam-se conforme o líder da organização dava-lhe as informações em voz alta. Havia outros homens ali, sentados à mesa. Todos muito sérios e calados como guardas treinados.


Ao fim da explicação, Declan sentia sua cabeça latejar e suas orelhas queimarem. Nada daquilo lhe interessava. Há dias fora trazido até aquele local, sendo praticamente forçado a ouvir os absurdos que aquele homem dizia.


– Estou certo de que todos os nossos adversários estão se preparando para o dia final. – disse o superior da divisão.


– Bem, disse-me que há outras seis divisões com o mesmo propósito. – comentou Declan, descrente de toda a situação.


– Não mais. – Aldous Thibaut declarou. – A Fraternidade está se despedaçando a cada dia.


– Oh, lamentável. – o primogênito Donovan abriu um sorriso irônico.


– Também temos de nos preparar, meu filho.


– Tudo o que quero é cair fora disso tudo, está bem?


– Impossível. – o líder da Segunda Divisão protestou calmamente. – É seu destino. Não pode simplesmente nos dar as costas e ir embora.


Declan ajeitou-se em sua cadeira, sentindo-se desconfortável e pressionado.


– Lavaram a cabecinha inocente de minha irmã, metendo-lhe ideias absurdas, mas não vai funcionar comigo.


Thibaut fez um sinal com as mãos, algo como estalar os dedos, e um de seus homens colocou-se de pé, afastando-se dali. Regressou até eles em questão de segundos, trazendo consigo um livro cujas páginas estavam amareladas. A capa era de couro, muito escura. O sujeito entregou-o a seu superior. Aldous Thibaut depositou o livro sobre a mesa e empurrou-o na direção de Declan.


– Que diabo é isto? – inquiriu o mais novo.


– Esta é a história de nossa divisão. A história da Segunda Divisão. Seus líderes, membros, propósitos e feitos. Precisa tomar ciência de cada detalhe aí escrito.


Declan Donovan encarou o livro à sua frente com ceticismo e indiferença. Levantou os olhos verdes para seu interlocutor:


– E por quê?


– Porque será o summus desta divisão depois de mim. – respondeu o homem. – E não apenas isto. Bem sabe que seu futuro está reservado para os sete anos de reinado sobre a Terra.


A ideia não desagradava Declan. Não completamente. Apenas o fato de que tudo o que saía dos lábios daquele sujeito parecia um conto de fadas sendo narrado com seriedade e certeza. Uma estúpida certeza.


Aldous tornou a tomar voz, sempre muito severo em seu timbre:


– Há uma pequena suspeita que poderá mudar alguns de nossos rumos para seus anos de glória, no entanto.


– O que seria? – Declan perguntou, olhando-o apaticamente.


– Elizabeth Knightingale. – respondeu. O nome tinha peso em todos eles. Declan percebeu isso pela reação notável dos homens sentados à mesa, suas expressões haviam oscilado, de repente. – Estivemos estudando alguns... Fatos. E fatos não mentem.


– Seja claro, por favor. Não suporto esses rodeios. – resmungou o jovem.


Em uma expressão séria em seu rosto completamente rígido, Thibaut inclinou-se para frente, entrelaçando seus próprios dedos.


– Nós acreditamos que Knightingale esteja outra vez entre nós.


– Como?


– A passagem de seu espírito pode ter sido feita há alguns anos. – ele sequer piscava enquanto seus lábios moviam-se e sua boca proferia palavras demasiadamente proféticas para a situação em que se encontravam. – Reencarnação. Ela encontrou um corpo.


– Mas que poético. – Declan zombou, um sorrisinho malicioso surgiu no canto de seus lábios.


– Acreditamos que o corpo habitado por ela – prosseguiu. – Seja o de sua irmã, Declan.


Imediatamente, Declan franziu as sobrancelhas, adiantando-se em se posicionar para frente, olhando-o, surpreso.


– Ellie? – riu-se, incrédulo. – Não acha que estão envolvendo-a demais nesse conto ilusório?


– No dia de sua morte, quando foi sentenciada, segundo a teoria desta divisão, Knightingale jurou retornar dos mortos sete vezes pior do que antes. – esclareceu o mais velho. – Seria plausível, não? A Mulher de Vermelho é a criatura mais poderosa da profecia.


– Há algo que não se encaixa aqui. – analisou Donovan, apontando uma dúvida. – Elizabeth e Lucius eram amantes.


– O que seria uma grande ironia do destino se sua irmãzinha realmente for a Dama da Morte, não? – Aldous observou.


Tomado pela incerteza, Declan não respondeu. A ideia toda era absurdamente impossível de ser engolida ou processada por seu cérebro. Desejava imensamente poder voltar no tempo quando tudo parecia mais fácil. Ou, ao menos, quando as coisas pareciam fazer sentido.


Pensou em Katherina e em como teriam sido felizes juntos se tivessem conseguido o dinheiro que também pertencia a eles. Culpava Ellie imensamente pela morte da amante. Também por sua infelicidade e todos os péssimos eventos que ocorreram em sua vida desde então.


Cogitou a ideia de seguir adiante com aqueles que juraram dar-lhe toda a ajuda necessária, certo de que seria a única forma de vingar-se de Ellie. Sua doce irmãzinha. Ele certamente a faria pagar, independente de como e quando. Era uma promessa. E Declan não estava disposto a quebrá-la em hipótese alguma.


–--


Ellie insistiu para que Dominic Ryder a acompanhasse até sua residência. Ele atendeu ao seu pedido sem hesitar por conta do último acontecimento. A garota parecia perturbada, e isto, de certa forma, acordou a preocupação dele.


Passaram pelos portões no veículo dela, adentrando a propriedade. Ryder sentiu-se imediatamente incomodado, mas esforçou-se em permanecer neutro. Desceram do automóvel e ele seguiu Ellie para dentro da casa, passando por um par de rottweilers que encontrava-se um em cada lado da porta principal. Os cães sequer moveram-se quando Ellie Braxton passou por eles. Talvez pelo fato de estar seguindo a proprietária de tudo aos arredores, eles considerasse o visitante alguém de confiança. Dominic preferiu não pensar muito a respeito. Entraram na sala principal onde ele se deparou com a perfeita e elegante decoração do local.


– Pedirei que nos tragam algo para beber. Sinta-se em sua casa. – dizendo tal afirmação, Ellie afastou-se dele adentrando outro cômodo em passos firmes e graciosos.


Contudo, para Ryder, era impossível sentir-se em casa. Era mais do que lógico que não pertencia àquele lugar. A extravagância aos quatro cantos de onde estava o deixava inquieto, constrangido.


Ellie não incomodou-se em procurar por um de seus empregados e decidiu trazer ela mesma dois copos para a sala-de-estar. Quando regressou, entretanto, encontrou o local vazio. Dominic Ryder já não se encontrava mais ali.


Estranhando a situação, Ellie depositou ambos os copos sobre a mesa de centro e seguiu para as escadas, subindo rumo ao segundo andar. Encontrava-se agora no corredor, vendo a porta de seu quarto aberta. As demais encontravam-se fechadas. Hesitante, seu rosto emitia uma expressão cautelosamente desconfiada. Ela caminhou lentamente até a porta aberta.


Adentrou sua suíte, deparando-se com uma silhueta alta e esguia de costas para ela.


O coração parou subitamente, vacilando em uma batida. Seus olhos se abriram por completo e ela prendeu a respiração. A sensação de familiaridade a dominou de um súbito, sufocando-a. Havia lágrimas em seus olhos antes que pudesse se dar conta.


Com o coração transbordando de felicidade e espanto, Ellie viu-o virar-se em sua direção. James Braxton estava ali, vivo, fitando-a com um olhar surpreso. Ele permaneceu imóvel, mesmo quando ela veio em sua direção, sem reagir de imediato.


– Oh, não... – ela murmurou, perplexa, maravilhada. E seus olhares se encontraram. Estavam muito próximos, mas ela ainda não podia crer. – Devo estar sonhando...


Sua cabeça começara a latejar violentamente, mas ela sabia que tinha de permanecer ali, em pé. Sabia que não podia ser real.


Mas era!


Ela viu-o diante dela, abrindo um sorriso sem emoção. Abraçou-o em um impulso atormentador, deixando-se cair em soluços que afloraram seu ser. Ela sentiu-o corresponder, envolvendo-a em seus braços. E então todo o terror dos últimos dias desaparecera como num passe de mágica. Sabia que o que acontecera era um pesadelo e que um dia chegaria ao fim. Bem, finalmente havia chegado.


Ela não ousou afastar-se dele, deixando esvair dela toda a angústia que vinha guardando dentro de si até então. A voz não passava de um soluço patético de emoção quando sussurrou sem quebrar o contato entre eles:


– Disse que voltaria... Voltou para mim...


Entretanto, não houve resposta. Pelo menos não da forma que ela esperava. Ellie ouviu uma gargalhada irromper no ar, súbita e alta demais, fazendo arder seus ouvidos. Seus soluços e lágrimas cessaram quando ela percebeu que o riso partira de James. Afastou-se para contemplá-lo, confusa.


Nada conseguia dizer, vendo a imagem dele se distorcer entre mil outras feições, se desfazendo como lama debaixo de chuva. Seu rosto se transformara em outro, uma face já conhecida. Toda a sua figura tornara-se outra. Alguém completamente diferente.


Em um piscar de olhos, não era mais James quem estava ali, diante dela.


Era Dominic Ryder.


Ele ainda ria descontroladamente, como se tivesse acabado de ouvir uma boa e velha piada. Ellie, todavia, permanecia estática, calada, imóvel. Os olhos castanho-claros mantiveram-se arregalados, vidrados nele, irradiando incontáveis emoções.


Um misto de raiva e surpresa a invadiu como um raio, atravessando todo o seu corpo.


Manteve-se inteiramente firme em uma expressão única e rígida quando inquiriu:


– O que, em nome do Inferno, é você?



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 51



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  • shadowxcat Postado em 19/07/2016 - 16:24:44

    ESSA FANFIC ESTÁ SENDO REPOSTADA AQUI: http://fanfics.com.br/fanfic/54463/sete-demonios-romance-terror-horror-teen-amor -suspense-thriller-aventura-acao-vampiros-bruxas-demonios

  • raysantos Postado em 12/08/2015 - 20:10:35

    Sua fic e muito top e bem escrita tudo d bom tomara que logo logo a Ellie e James possam ficar juntos sem a essa fulana que eu nao aprendi a dizer muito menos escreve o nome no meio nada contra a crianca mais fazer oq ne continua

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 23:19:37

    Olá, to lendo pelo spirit anime =)

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 22:54:24

    Por favor!!! Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa mais!!! Okk, já sabes q amo de paixão esta web!!! To sentindo muita falta dela....please, preciso de mais caps!!!! Não me deixe na curiosidade por muito tempoooooo *_*

  • vverg Postado em 10/01/2015 - 01:47:30

    Desculpe meu sumisso!! Mas assim q der, comento qdo ler todos os caps =)

  • vverg Postado em 19/08/2014 - 23:57:43

    Poxa não judia tanto de sua leitora caramba!!! Minha fic perfeição, posta mais, preciso de mais.... Estou ficando agoniada sem suas atualizações Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa maissssssssssssssssssssssssssss nesta fic perfeitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa amo sua fic, ok vc já sabe disso, mas não custa falar né hahahahahahahaha

  • vverg Postado em 12/08/2014 - 12:10:07

    Meu Deus! Que nojo deste Declan!!!! Cara##@%@#$#! Putz!!! Como ela se deixa dominar desta forma, caramba!!! Posta mais mais mais mais mais mais. Poxa vc me deixou curiosa agora, tadinha da Elie, ela é muito fraca e se deixa dominar por este imundo.... Estou pasma, posta mais na minha fic perfeição mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais =)

  • vverg Postado em 09/08/2014 - 17:08:49

    Quero maisssssssssssssss!!! Preciso mais desta fic perfeita!!! Posta sim??? Necessito ler.... =)

  • vverg Postado em 06/08/2014 - 10:33:43

    Dahlia tah ferradinha kkkkk. Posta mais! Necessito de mais rsrsrs *_*

  • vverg Postado em 02/08/2014 - 09:55:32

    Minha fic mais q perfeitaaaaa posta mais quero mais caps


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