Fanfics Brasil - Primeiro Ciclo - Capítulo V - Paradoxo Sete Demônios

Fanfic: Sete Demônios | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass


Capítulo: Primeiro Ciclo - Capítulo V - Paradoxo

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Definitivamente Ellie não apreciava os momentos nos quais tinha de se arrumar para, em seguida, passar horas forçando um sorriso na intenção de agradar as pessoas ao seu redor. Havia sido assim desde seu jantar de noivado.


E, mais uma vez, lá estava ela, penteando seus macios e brilhantes cabelos dourados em frente à uma penteadeira em seu quarto. James havia convidado Maurice Donovan e sua esposa para um jantar em sua casa. Declan obviamente também compareceria. Ele não perderia a oportunidade de ver a irmã em desespero e aflição. Era seu maior entretenimento desde que voltara do colégio interno.


Ellie vestiu um belo vestido cor-de-rosa que lhe caía perfeitamente bem. Escolheu sapatos cinza aveludados e prendeu seu cabelo para cima. A maquiagem era suave – como sempre –, e rapidamente ela tratou de estampar seu rosto com seu melhor sorriso.


Marina logo bateu à sua porta, anunciando que o jantar seria posto à mesa em poucos minutos. Ellie assentiu e desceu até a sala de estar. James precipitou-se para ela assim que ela desceu as escadas.


– Chegarão a qualquer momento. – ele afirmou. Parecia ligeiramente ansioso.


– Por que os convidou? – Ellie arriscou perguntar. A curiosidade era inevitável.


– Preciso falar com seu pai.


Ela deu de ombros. Não saberia como tratar seu pai. Não o tinha visto depois de seu casamento. Não queria vê-lo. Sentia-se profundamente magoada pelo que ele fizera, pelo modo como agira, pelo que dissera. Aquele não era mais seu pai. Costumava ter do pai a imagem de um homem honesto, honrado, sincero. O que Maurice Donovan se tornara depois da morte de Serena não chegava nem mesmo a ser a sombra do que ele costumava ser antes. Ellie se sentia envergonhada. Mas não apenas isto. Também se sentia humilhada e seu orgulho havia sido ferido tão gravemente que ela temia não conseguir reverter aquela situação tão cedo.


Ou, talvez, nunca.


A campainha soou e uma das empregadas caminhou até a porta, abrindo-a para o casal Donovan. Maurice adentrou a sala conduzindo a extravagante esposa com uma mão nas costas dela. Ele tinha um sorriso falsamente alegre nos lábios e ansiedade nos olhos.


– Boa noite, Sr. Braxton. – estendeu-lhe a mão assim que se aproximou dele. – Foi realmente formidável ter recebido seu convite.


– Boa noite. – James apertou a mão dele com firmeza. Dirigiu-se para Katherina que lhe também lhe estendeu a mão. – Sra. Donovan, espero que aprecie o jantar.


Katherina abriu um sorriso gigantesco com os lábios pintados de vermelho.


– Obrigada. – disse.


Maurice olhou para a filha. A expressão dela era indiferente. Obviamente não estava alegre, mas também não deixava transparecer nenhum outro tipo de emoção.


– Boa noite, querida. – ele se aproximou dela e fez menção de abraçá-la. Ellie não lhe respondeu, tampouco deu a impressão de que retribuiria seu abraço. Recuou um passo, entristecido pelo modo como ela estava o tratando. Todavia, não podia exigir dela um comportamento melhor depois do que ele fizera. Katherina abriu um sorriso – desta vez, sarcástico – e aproximou-se da enteada.


– Ellie, já estava com saudades. – e abraçou-a, depositando um beijo em cada bochecha dela. – Está ótima, querida.


– Também é bom vê-la novamente. – Ellie se esforçou para sorrir.


Declan entrou na sala minutos depois do pai e da madrasta. Rapidamente se dirigiu para a irmã mais nova, presenteando-a com sua expressão mais irônica.


– Olá, irmãzinha. – disse-lhe em tom de deboche. Ellie ergueu os olhos para fitá-lo. No fundo de seu interior desejava que ele lhe oferecesse o mínimo de apoio possível na terrível situação na qual ela se encontrava, mas nem isso ele conseguia fazer. Jamais o fizera. Não o faria agora.


Ellie ainda tinha um sorriso forçado no rosto. Declan a olhava intensamente nos olhos, divertindo-se com a situação dela. Com o misto de desespero e agonia que tomavam conta dela.


James não deixou de notar o nervosismo e a angústia que lutavam para permanecer no corpo da jovem, deixando-a aturdida. Interveio entre Ellie e Declan, anunciando:


– Creio que o jantar esteja pronto.


Ellie agradeceu mentalmente por ele ter interrompido as possíveis provocações que o irmão lhe dirigiria em seguida. Uma empregada surgiu na sala, declarando que o jantar, de fato, estava pronto. Todos se dirigiram para a magnífica sala de jantar, tomando seus lugares na mesa. James Braxton fez um sinal para que uma das empregadas se aproximasse e perguntou:


– Onde está Alena?


– Não quer descer, senhor. – ela respondeu.


– Faça-a vir até aqui.


A empregada assentiu e se retirou dali de prontidão.


A mesa estava sendo servida. Maurice Donovan não economizou elogios. Não parava de falar um segundo, tentando desesperadamente agradar seu anfitrião. Ellie já não sabia dizer se sentia vergonha ou pena do pai.


Katherina, entretanto, não hesitava em fazer comentários a respeito da decoração da casa.


Ellie via o marido conversar com eles, mas ele não sorria. Nem sequer fingia sorrir. Não se importava em agradá-los ou não. Era como se gostar dele fosse a obrigação dos convidados. Uma regra. E, aparentemente, todos seguiam aquela regra.


Todos menos Ellie.


Apesar dos avisos feitos por Michael Graber, Ellie não tinha mais a opção de evitar que James se tornasse seu inimigo. Ele era seu inimigo. Ellie não se sentia nada a vontade com a presença dele por perto. Ele lhe causava repulsa, mas também lhe causava medo, receio. Ela havia afirmado que não o temia de forma alguma, mas estava mentindo. James Braxton a assustava. Não queria passar o resto de sua vida presa à ele.


Deu algumas garfadas na vitela posta em seu prato e bebeu vinho. O ambiente estava carregado. Ela não tinha estômago suficiente para encarar sua família. Era engraçado chamá-los de sua família depois que lhe viraram as costas de forma tão cruel.


Maurice Donovan observava a filha que, lentamente, levava o garfo à boca, calada. Era óbvio para qualquer um que Ellie estava perturbada. E pior, estava infeliz.


– Como tem passado, filha? – ele soltou a pergunta no ar, rezando a Deus para que ela lhe desse uma resposta positiva, por mais difícil que aquela possibilidade fosse.


Ellie ergueu o rosto. Seus olhos estavam opacos, tristes.


– Estou bem. – respondeu rispidamente, voltando para seu prato. Maurice desmanchou o sorriso em seu rosto.


Depois do jantar, Braxton pediu para que ele o acompanhasse até seu escritório. Entraram em uma sala próxima à sala de estar e deram a entender que ficariam lá por um longo tempo.


Quando viu Marina passar pela sala com uma bandeja repleta de aperitivos, Ellie não deixou que aquela oportunidade passasse em branco. Chamou-a discretamente e lhe disse:


– Estou com dor de cabeça. Subirei ao meu quarto. Gostaria que ficasse aqui com minha madrasta e meu irmão.


Era a mais velha das desculpas, mas ela não suportaria ficar ali com os dois, ouvindo suas provocações, indiretas e risos irônicos. Marina olhou hesitante para Declan e Katherina, depois respondeu:


– Está bem, Lady Braxton. Também tratarei de levar-lhe uma aspirina.


– Muito obrigada. – ela disse, aliviada. Retirou-se da sala antes mesmo de se sentar em um dos sofás, subindo as escadas com muita pressa. Deparou-se com o imenso corredor que passara a atravessar todos os dias.


Ao passar por uma das portas entreabertas do corredor, Ellie ouviu algo. Soava como uma lamentação, um choro. Alguém estava chorando. Mas não era só isso. Havia sons de ânsias de vômito. Ela aproximou-se da porta, empurrando-a com cautela e hesitação. Os sons tornaram-se mais altos. Vinham do banheiro daquela suíte.


As paredes do quarto eram pintadas de branco e os móveis tinham uma textura clara. Um pouco diferente dos demais quartos que Ellie havia visto desde que chegara àquela casa. Avançou seus passos, entrando no quarto.


Seguiu até a porta do banheiro, onde encontrou alguém.


Ajoelhada em frente ao sanitário, Alena Braxton não parecia estar na melhor de suas noites. O cabelo estava preso para trás em total desalinho, e seu rosto estava manchado. Ellie recuou, surpresa com a cena.


– Está tudo bem? – ela indagou. A garota levantou os olhos para ela, assustada. Levantou-se rapidamente, avançando para ela.


– Que diabos está fazendo aqui? – perguntou. – Saia do meu quarto!


– Eu não...


– Saia! – Alena começou a empurrá-la para fora. – Deixe-me em paz!


– Tudo bem. – Ellie concordou, afastando-se dela. Olhou-a com ar de preocupação e pavor. – Não queria incomodar. Está se sentindo mal?


Alena bufou, furiosa.


– Não é da sua maldita conta! Agora, saia daqui! Vamos!


Antes que a histérica garota tornasse a empurrá-la, Ellie virou-se de costas e saiu do quarto, ouvindo a porta bater logo atrás dela. Seguiu para seu quarto, confusa. A dor de cabeça que antes ela usara como desculpa para não permanecer na sala com Katherina e Declan agora era real. Sua cabeça latejava.


Ao entrar em seu quarto, deixou-se cair na cama com mil pensamentos ocupando sua mente. Olhou ao redor e percebeu que se ficasse naquele quarto por mais um segundo sequer, teria um ataque. Deixaria que suas emoções – há dias guardadas – explodissem. Para evitar isto, Ellie tornou a colocar-se de pé.


Caminhou até a porta e abriu-a, deparando-se com Marina mais uma vez. A empregada segurava um copo com água em uma mão e uma pequena bandeja com um comprimido branco sobre ela na outra.


– D-desculpe. – ela balbuciou.


– Não se preocupe. – Ellie sorriu. Pegou o comprimido e o copo d’água. Marina a viu colocar o comprimido na boca e beber um pouco da água, devolvendo o copo. – Obrigada. Como as coisas estão se saindo lá embaixo?


– Para ser sincera, senhora, – Marina começou a explicar. – Não encontrei mais ninguém na sala de estar quando retornei da cozinha para lhe trazer o comprimido.


Ellie franziu a testa. Decidiu-se rapidamente. Seguiu até as escadas, descendo-as apressadamente. Realmente não havia ninguém na sala de estar. Ela entrou em outro corredor. Ao passar pela primeira porta à direita, não deixou de ouvir vozes. Vozes familiares.


– Preciso que me prometa que fará o que lhe pedi. – a primeira voz era de seu pai.


– O senhor bem sabe que cumprirei com minha promessa. Não há com o que tenha de se preocupar. – James Braxton disse com muita calma. – Ainda não temos certeza se aquilo realmente irá acontecer.


– Mesmo assim. – interveio Maurice. – Quero que Ellie esteja em segurança caso isto aconteça. Não temo por Declan ou Katherina. Eles certamente saberão se cuidar. Mas Ellie... – ele fez uma pausa para soltar um suspiro de angústia. – Ellie é ingênua, jamais saberia como se defender.


– As coisas teriam sido mais fáceis se tivesse a deixado a par disto muito antes.


– Sei disso, James. Eu realmente sei. Mas não era o correto a se fazer... Ela tinha de ser mantida fora disto. Ela ainda tem de ser mantida fora disto.


– Não se martirize mais. – James tentou controlar a ansiedade do homem. – Nada acontecerá a sua filha desde que ela jogue do lado certo.


– Não permita que a coloquem nisto, por favor.


– Confie em mim.


As vozes começaram a se tornar mais nítidas. Estavam se aproximando da porta. Estavam saindo do escritório. Ellie deixou de escutar o restante da conversa, correndo da volta à sala de estar com o coração disparado. Continuou a correr, até alcançar a porta principal. Abriu-a, colocando-se para fora. Deparou-se com o jardim da casa, iluminado por luzes postas por todos os cantos da fachada da casa, deixando o ambiente agradável e elegante.


Ellie estava ofegante, sua respiração era pesada. Não conseguira compreender do que estavam falando, mas era obvio que o assunto principal dizia respeito a ela. O modo com o qual eles estavam conversando no escritório era completamente diferente do que usavam na presença de outras pessoas. Ellie sentiu-se dominada pela suspeita e curiosidade. Algo ali estava errado. Na verdade, tudo estava.


Tentou coordenar suas ideias na esperança de encontrar uma resposta para o que ouvira no corredor. Aquilo realmente estava se tornando algo confuso demais para ela. Tão confuso que ela deixara de pensar no motivo pelo qual Katherina e Declan não estavam mais na sala. Já não importava mais. Ainda assim, o que Ellie menos podia esperar estava ocorrendo bem ali, em sua própria casa.


Assim que ela havia subido para seu quarto alegando estar sofrendo fortes dores de cabeça, Marina correu para a cozinha em busca de uma aspirina. Declan e Katherina haviam ficado a sós na sala de estar. Bastou um olhar dele para que ela se aproximasse.


Ficaram em pé e ela o guiou para um corredor que os levara a um dos quartos. Provavelmente pertencia a um dos empregados, mas não se importavam.


Mal entraram no quarto e Katherina avançou, esmagando seus lábios contra os dele. Declan não objetou, pousando ambas as mãos sobre o corpo dela. Subiu com suas mãos, passando-as por debaixo das alças do vestido roxo que ela vestia, deixando-o cair lentamente aos pés dela. Ainda estavam se beijando quando as mãos dele entraram por baixo do sutiã dela, mas tiveram de quebrar o ato.


Ouviam-se passos.


Alguém estava se aproximando.


– Merda... – murmurou Declan. Katherina riu baixo e se recompôs, colocando seu vestido como se nada tivesse acontecido.


– Haverá outras oportunidades. – depositou-lhe um beijo na ponta dos lábios, provocando-o. – Isso não vai terminar assim.


Ela saiu do quarto primeiro, passando pelo corredor com ar indiferente. Declan retirou-se dali logo em seguida, decidido a não levantar suspeitas.


Maurice Donovan e James Braxton surgiram na sala de estar no exato segundo em que Katherina apareceu no mesmo lugar.


– Querido, creio que esteja tarde. Talvez devêssemos ir para casa. – sugeriu ela aproximando-se de Maurice.


– Claro. – assentiu ele. – Eu gostaria de me despedir de Ellie. Onde ela está?


James olhou ao redor, concluindo que Ellie havia deixado a sala há muito tempo.


– Talvez esteja no quarto.


– Com licença, senhor. – Marina veio até eles diretamente da sala de jantar. – Lady Braxton está lá fora, no jardim.


– Eu irei até ela. – Maurice Donovan fez um gesto como se estivesse pedindo licença e afastou-se, saindo pela porta principal. Declan apareceu na sala depois, desejando que ninguém notasse que ele e Katherina estiveram juntos.


– Preciso tomar alguma coisa. – declarou.


James Braxton se recusou a lhe responder. Declan abriu um sorriso irônico e seguiu para a sala de estar, sem dizer mais nada ou pedir permissão. Katherina também sorria. Um sorriso exuberante em seus lábios vermelhos.


– Eleonora realmente ganhou na loteria. – ela fez um comentário breve e maldoso. Suas palavras contaminaram o ar, deixando-o carregado. James se preparou para o que ela viria a dizer depois daquele comentário. – Quem diria... A pequena Ellie, rica deste jeito, casada com um homem elegante e... Atraente.


James lançou para um riso repleto de ironia, para se igualar ao nível de provocação em que ela estava.


– Por favor, Sra. Donovan. – disse-lhe. – Não subestime minha inteligência. Não gosto de conversas nas quais os interesses estão subliminares. Seja direta.


Colocou-se na frente dele, ainda sorrindo. Olhou-o nos olhos e disse:


– Aquela garotinha não é mulher o bastante para você.


– Suponho, então, que você seja.


– Bem, nunca saberá se não tentar, não é mesmo?


– Desculpe. – James tornou a sorrir. – Eu lamento ter de dispensar seus serviços. – viu Katherina arregalar os olhos, surpresa. – Mas independente de qualquer interesse que envolva meu casamento com Eleonora, minha principal obrigação neste papel é manter-me fiel a ela. – prosseguiu com suas palavras que cortavam o ego de Katherina como navalhas afiadas. – E eu sempre cumpro com minhas obrigações, Sra. Donovan.


Primeiro, Katherina não soube como reagir. Sentia-se ofendida, humilhada. Jamais fora tratada de tal forma. Em seguida, se aliviou quando viu que Declan voltava da cozinha.


– Temos de ir. – ela disse, séria.


– Sei disso. – ele respondeu.


Katherina rolou os olhos e retirou-se pela porta principal, sem olhar para trás. Declan arqueou uma sobrancelha, confuso. Dirigiu-se para o anfitrião, dizendo:


– Foi um jantar agradável.


– Certamente. – James Braxton respondeu.


Declan não disse mais nada. Virou-se e começou a se afastar, aproximando-se da porta pela qual Katherina havia passado segundos atrás.


A voz de Braxton soou por detrás dele assim que ele fez menção de atravessar a porta que o levaria para fora da casa.


– “Se um homem cometer adultério com a mulher de outro homem, com a mulher do seu próximo, tanto o adúltero quanto a adúltera terão que ser executados”.


Sem entender, Declan parou, petrificado na porta principal da casa. As palavras foram metidas em sua mente como agulhas, perfurando sua consciência com brutalidade. A voz soara gélida. Temível. Intimidadora. Perguntou-se se Braxton havia visto ou ouvido algo enquanto ele estivera com Katherina no quarto de um dos empregados. Todavia, ele não se deixou levar pelas palavras do sujeito. Ele provavelmente estava jogando com sua mente, desejando arrancar dele alguma confissão a respeito de seu caso com a madrasta. Mas aquilo não faria sentido.


Soltou um riso apático e seguiu caminhando para fora daquela casa. Maurice Donovan estava lá, seguindo pelo jardim em passos hesitantes até alcançar uma silhueta feminina na escuridão. Um ponto que as luminárias postas pelo chão não conseguiam atingir.


– Ellie... – ele a chamou e viu-a se virar.


– O que faz aqui?


– Querida, precisamos conversar.


Virou-se de costas para ele novamente.


– Na última vez em que disse isto, acabou me vendendo para um completo estranho.


– Ellie, eu não a...


– Sim, você me vendeu. – ela o interrompeu bruscamente. – Foi isto o que você fez, papai. Será que não vê? Esse casamento acabou com todos os meus planos para o futuro, com todos os meus sonhos! – Ellie tentava conter as lágrimas que ameaçavam brotar de seus olhos.


– Há um propósito por trás de tudo isso, minha filha. – ele tentou explicar. De repente, Ellie virou-se para ele, tomada por perplexidade.


– O que está dizendo?


– Fiz isto para o seu bem.


– Para o meu bem?! – se a situação não fosse realmente ruim, Ellie teria rido. – Tem certeza?


– Por favor, Ellie...


– Por favor digo eu, papai! Você não faz ideia de como estou magoada.


– Sinto muito. – Maurice abaixou a cabeça, tristemente. – Só vim lhe avisar de uma coisa.


Ela esperou que ele continuasse.


– Tudo o que fiz, desde o dia em que você nasceu até os dias de hoje... Foi para lhe proteger.


Ellie olhou para ele com os olhos frios, infelizes.


– Pois saiba que entregar sua filha nas mãos de um desconhecido para que ele faça o que bem entender com ela não é exatamente uma boa ideia de proteção. – respondeu ela com a voz envolta em mágoa.


– Um dia entenderá. – asseverou ele. Ellie não respondeu. Maurice lançou para ela um olhar de melancolia. Ansiava por um abraço da filha, mas estava certo de que não conseguiria recebê-lo novamente. Nunca mais. Afastou-se dela, deixando-a sozinha no jardim. Ellie assistiu o pai partir dali com um de seus carros. Katherina e Declan o acompanhavam. Quando se deu conta, já haviam ido embora. Ellie deixou um suspiro de alívio escapar. Voltou para dentro da casa.


Passou a hora que se prolongou debaixo de um chuveiro, deixando que as lágrimas que outrora ela tentara segurar caíssem, mesclando-se com a água. As palavras de seu pai tornaram a soar em sua mente, ecoando. Por um instante se perguntou qual era o propósito do qual ele havia falado. Mas possivelmente aquela era apenas uma desculpa para conseguir seu perdão.


Ellie prometera a si mesma que perdoaria seu pai, ainda que não fosse capaz de se esquecer do que ele fizera. Porém, antes de decidir-se entre perdoar e esquecer, Ellie tinha atitudes a tomar. Ainda visava recuperar os bens de sua família. Queria se livrar daquele casamento. Queria se livrar de James Braxton e de todos os problemas que vieram com ele desde que ela aceitara aquele maldito acordo. Depois do banho, dirigiu-se para seu quarto.


Notara que ele estava lá, esperando por ela na cama, mas Ellie decidiu que não prolongaria aquela constrangedora situação. Sentou-se na cama e desligou seu abajur, deitando-se e puxando um dos cobertores para si.


– Quero que saiba de uma coisa. – a voz de James quebrou o silêncio. Ellie não ousou responder. – Duas, na verdade.


– Diga. – ela acabou dizendo. Estava encarando o abajur, evitando virar-se para ele.


– A primeira é que sou completamente indiferente em relação a você. – ele explicou o que Ellie já sabia. – E a segunda... – respirou fundo. – A segunda é que nada lhe acontecerá enquanto eu viver.


Aquele era o maior paradoxo que ele havia conhecido desde então. Mas Ellie já estava caindo no sono. Não conseguiu compreender exatamente o que ele dissera por último. Também não se importava. O que quer que fosse, não faria diferença.


Aqueles dias e noites infernais seguiriam a mesma rotina até que ela pudesse finalmente encontrar uma saída. Uma solução. Ou, pelo menos, alguém em quem pudesse verdadeiramente confiar.


Duas horas mais tarde o telefone tocou. Ellie assustou-se, se levantando rapidamente. James, por sua vez, sentou-se na cama calmamente.


Tomou posse do auscultador do telefone sobre a mesa ao seu lado da cama. Levou-o até seu ouvido e manteve-se calado. Tornou a pousar o auscultador. Virou-se para Ellie e, com muita naturalidade, anunciou:


– Seu pai está morto.



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 51



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  • shadowxcat Postado em 19/07/2016 - 16:24:44

    ESSA FANFIC ESTÁ SENDO REPOSTADA AQUI: http://fanfics.com.br/fanfic/54463/sete-demonios-romance-terror-horror-teen-amor -suspense-thriller-aventura-acao-vampiros-bruxas-demonios

  • raysantos Postado em 12/08/2015 - 20:10:35

    Sua fic e muito top e bem escrita tudo d bom tomara que logo logo a Ellie e James possam ficar juntos sem a essa fulana que eu nao aprendi a dizer muito menos escreve o nome no meio nada contra a crianca mais fazer oq ne continua

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 23:19:37

    Olá, to lendo pelo spirit anime =)

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 22:54:24

    Por favor!!! Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa mais!!! Okk, já sabes q amo de paixão esta web!!! To sentindo muita falta dela....please, preciso de mais caps!!!! Não me deixe na curiosidade por muito tempoooooo *_*

  • vverg Postado em 10/01/2015 - 01:47:30

    Desculpe meu sumisso!! Mas assim q der, comento qdo ler todos os caps =)

  • vverg Postado em 19/08/2014 - 23:57:43

    Poxa não judia tanto de sua leitora caramba!!! Minha fic perfeição, posta mais, preciso de mais.... Estou ficando agoniada sem suas atualizações Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa maissssssssssssssssssssssssssss nesta fic perfeitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa amo sua fic, ok vc já sabe disso, mas não custa falar né hahahahahahahaha

  • vverg Postado em 12/08/2014 - 12:10:07

    Meu Deus! Que nojo deste Declan!!!! Cara##@%@#$#! Putz!!! Como ela se deixa dominar desta forma, caramba!!! Posta mais mais mais mais mais mais. Poxa vc me deixou curiosa agora, tadinha da Elie, ela é muito fraca e se deixa dominar por este imundo.... Estou pasma, posta mais na minha fic perfeição mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais =)

  • vverg Postado em 09/08/2014 - 17:08:49

    Quero maisssssssssssssss!!! Preciso mais desta fic perfeita!!! Posta sim??? Necessito ler.... =)

  • vverg Postado em 06/08/2014 - 10:33:43

    Dahlia tah ferradinha kkkkk. Posta mais! Necessito de mais rsrsrs *_*

  • vverg Postado em 02/08/2014 - 09:55:32

    Minha fic mais q perfeitaaaaa posta mais quero mais caps


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