Fanfics Brasil - Primeiro Ciclo - Capítulo VI - Holocausto Sete Demônios

Fanfic: Sete Demônios | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass


Capítulo: Primeiro Ciclo - Capítulo VI - Holocausto

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Encolhida em sua dor muda, Ellie Donovan seguiu com os poucos familiares e os incontáveis amigos e sócios de seu pai que, agora, percorriam um caminho por entre túmulos e flores. Quatro homens desconhecidos – provavelmente pagos para executar tal serviço – levavam o caixão de mármore em textura sombreada. Ellie não reagira desde que soube da morte do pai.


Depois da inesperada ligação e do anúncio feito por James na noite anterior, as notícias correram rápido, alastrando-se como um câncer.


Os mais prestigiados membros da alta sociedade de Washington deram a graça de sua presença no funeral de Maurice Donovan. A causa da morte era simples: um ataque cardíaco.


Segundo Katherina, Maurice havia se levantado no meio da noite em busca de um copo d’água. Descera as escadas e seguira para a cozinha. Ela estranhou sua demora e desceu minutos mais tarde para verificar se ele estava bem. Fora assim que o encontrara. Caído ao chão. Cacos de vidro partidos do copo que ele provavelmente havia segurado estavam ao seu redor, espalhados por toda parte. Ela chamara uma ambulância e, lá mesmo, os paramédicos já lhe informaram para se preparar para o pior. Levaram-no para um hospital particular da cidade. O mais bem conceituado de todos.


A conclusão fora rápida, clara. Não havia mais nada a ser feito.


Maurice Donovan falecera às duas horas daquela madrugada.


As palavras dele ainda estavam presas na mente de Ellie enquanto ela caminhava lentamente, liderando todos os outros que ali estavam presentes. Uma fila que mais parecia andar no corredor da morte. Todos vestiam preto, apresentando suas condolências à jovem Sra. Braxton que acabara de perder o pai de forma tão súbita. Ellie, por sua vez, não se importava se as pessoas realmente sentiam muito ou se estavam apenas fingindo, tentando ganhar sua amizade. Pois, era óbvio, todos estavam desejosos de sua companhia desde o dia em que se casara. Era incrível como as pessoas mudavam da água para o vinho quando o dinheiro, o poder ou somente o próprio status estavam envolvido na questão. De repente, a multidão parou.


Ellie viu os homens deitarem o caixão no concreto, cavando um profundo buraco ao seu lado. Ela não deixava transparecer qualquer tipo de emoção. Não externamente.


Em seu interior ainda lembrava-se de sua última conversa com seu pai. Arrependeu-se da forma como o tinha tratado no momento em que soube de sua morte. Aquele havia sido o pior dos castigos, então. A culpa a dominava de forma brutal, deixando-a em pleno estado de choque. Nada conseguia dizer ou ouvir.


Um padre aproximara-se do chão onde o buraco estava sendo cavado. Tinha uma Bíblia em mãos e sua expressão era séria. Severa. Ele deu início a um tradicional discurso.


– Maurice Donovan foi um excelente pai, marido e amigo. Um homem bom e honesto. Todos sabemos perfeitamente bem que seus esforços e sua fé o levaram até o topo de seus maiores sonhos. Mas sua hora de partida chegou gloriosamente. – o padre olhava para todos, virando o rosto de um lado para o outro. – Que o amor de Deus aqueça nossos corações diante desta lamentável perda.


Ellie olhava para o padre com o rosto em uma expressão congelada. O rosto estava rígido, sem esboçar qualquer expressão.


– Maurice certamente encontrará sua paz no Reino dos Céus.


Ellie viu pelo canto dos olhos quando James Braxton – de pé ao seu lado – tentou conter um riso debochado. O padre prosseguiu, sem notar:


– Deus supri todas as nossas necessidades, nos conforta. Maurice encontrará a paz. – ele pousou os olhos sobre a Bíblia aberta em suas mãos. – “Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir. Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor”.


Um coro de “amém” surgiu por detrás de Ellie, respondendo às palavras ditas pelo padre. Ela não dissera nada. Esperava que seu pai e sua mãe estivessem, ao menos, juntos agora. Onde quer que estivessem.


Os quatro homens tomaram posse do caixão novamente, descendo-o pelo buraco que haviam terminado de cavar. Um aperto no coração dominou Ellie e ela sentiu que não seria capaz de conter as lágrimas desta vez. Agarrou o tecido de seu vestido negro com violência, fechando os olhos com muita força.


Inquieto com o sofrimento da pobre garota, Michael Graber aproximou-se de Braxton e disse-lhe algo em tom baixo.


– Ela precisa de consolo.


James abriu um sorriso pelo canto dos lábios sem sequer virar-se para fitá-lo.


– Eu não dou a mínima.


Graber abanou a cabeça, inconformado com tanta indiferença e frieza.


– É sua esposa.


– Terá de esperar sentado se pensa vou acolhê-la nos braços, fingindo que tudo ficará bem.


Michael Graber tornou a balançar a cabeça negativamente. Passou por ele, dirigindo-se para a filha de Maurice Donovan. Lançou para ela um olhar de misericórdia, dizendo:


– Sinto muito por seu pai.


Ellie ergueu o rosto. Uma solitária lágrima escorria lentamente pela face meiga e pálida. Olhou-o muito séria.


– Tudo bem. – sua voz soou baixa e hesitante.


O advogado fez o que pôde para não deixar que aquilo o comovesse demais, forçando-o a fazer o que James Braxton não conseguia. Todavia, ele mesmo não podia. Limitou-se a apenas lhe dirigir palavras de consolo e afastou-se em seguida.


Ellie assistiu os homens à sua frente encherem as pás de terra, jogando-a por cima do caixão posto no fundo do buraco. Aos poucos, a terra fora cobrindo todos os cantos pelos quais se podia ver a madeira do caixão. Ellie virou o rosto, cerrando os olhos. Recusava-se a assistir àquilo até o final. A dor a consumia de forma incontrolável.


Com o rosto virado para um dos lados, ela tornou a abrir os olhos quando o som da terra sendo jogada por cima da grande caixa de madeira cessara. Ao fazer isto, porém, ela percebera algo.


Uma silhueta muito distante dos demais parecia observá-la. Seu olhar era diretamente dirigido à ela. Ela piscou e tentou focar sua visão. O homem era desconhecido. Vestia-se formalmente de preto e levava em seu rosto o olhar mais crítico que Ellie já vira em toda a sua vida. Ela não o conhecia. Pelo menos não se lembrava daquele rosto.


Incomodada com aquela presença soturna e desconhecida, Ellie recuou para o outro lado, sem deixar de fitar a figura distante. Sua mão encontrou outra, e ela segurou-se àquilo instintivamente. Ela lentamente virou-se e se deparou com o insosso e – ao mesmo tempo – duro olhar que James lançou para ela quando sua mão tímida encontrara a dele. Percebeu então que segurava a mão dele com uma involuntária força, resultado do receio que sentira ao ver aquele homem desconhecido a observando de longe. Afrouxou sua mão e procurou o sujeito novamente com os olhos.


Não havia mais ninguém lá.


Olhou para trás.


Em um vestido preto e demasiadamente justo para a posição de nova viúva, Katherina rolou os olhos quando seu olhar se encontrou com o de Ellie. Declan, ao lado da madrasta, mantinha uma postura séria. Não parecia triste, muito menos surpreso.


James Braxton sorria – um sorriso triunfante e sarcástico – enquanto sentia a pequena mão de Ellie estremecer na sua. Desta vez, porém, Ellie nem ao menos tentou controlar seu nervosismo. Não se importava. A tristeza e o pavor transitavam por seu corpo e mente de modo que ela sentia-se entorpecida pela grande perda que sofrera. A morte do pai deixara um vazio imenso em sua vida e em seu coração. A cerimônia fora encerrada e, ainda segurando sua mão com firmeza, James a conduziu pelo mesmo percurso que percorreram antes do funeral.


Caminhando por entre túmulos acinzentados com imagens de anjos e cruzes logo acima, James e Ellie Braxton lideraram a multidão que vinha logo atrás, sem pressa e sem hesitação. Pontos negros seguindo uma mesma direção. Ellie negava-se a fazer qualquer objeção, deixando-se levar pela mão que a guiou até um automóvel negro como a noite. O mesmo no qual chegara àquele local. Instalou-se no banco de trás quando um motorista uniformizado abriu a porta para ela. James sentou-se ao seu lado no banco e a porta foi fechada.


O motorista colocou-se atrás do volante e Ellie sentiu a limousine arrancar, deslizando pelo asfalto, rumo à sua casa. A apatia que dominava sua alma naquele momento era perceptível a quilômetros de distância. Ela mantinha seu rosto fixo para frente, fitando o nada. James aproximou-se dela com cautela e sussurrou-lhe ao ouvido:


– “O aguilhão da morte é o pecado”. – cerrou os olhos e aspirou o doce perfume que emanava dela. – “E a força do pecado é a Lei”.


Ellie também fechou os olhos, fazendo um grande esforço para não perder seu autocontrole. James, então, afastou-se dela. Suas palavras pairavam sobre o ar. Quaisquer que fossem as intenções dele escondidas por trás daquelas mesmas palavras, Ellie estava certa de que com a morte do pai as coisas piorariam. Estava sozinha.


Durante o funeral havia desejado que o irmão e a madrasta lhe oferecessem apoio e consolo. Fora uma tola ao pensar em tal possibilidade. Ninguém se importava com ela. Não havia mais ninguém para quem lutar. Não havia mais motivação. Sua vida havia sido corrompida. Mas não apenas isso. Seu corpo e sua mente outrora imaculados agora também estavam se corrompendo com os acontecimentos que se seguiram desde que perdera a mãe. Não conseguia encontrar uma razão para continuar.


Era como se a famosa luz no fim do túnel, na verdade, não estivesse lá. Apenas trevas. A escuridão a forçava a se afundar em um poço sem volta. E Ellie já havia atingido o fundo deste poço.


Com os olhos fechados, murmurou para si mesma em tom inaudível:


– Deus, por que me abandonou? – e duas lágrimas desabaram de seus olhos, escorrendo até seu queixo, perdendo-se no meio do tecido negro de seu vestido de luto.


James Braxton observou a garota cabisbaixa fazendo uma prece silenciosa ao seu lado no banco de trás do carro. Seus lábios arquearam em mais um sorriso desdenhoso e ele virou-se para ela.


– Não precisa disto. – Ellie olhou para ele assim que sua voz soou subitamente. Ele tinha os insolentes olhos azuis pousados no pálido rosto dela. – O que acontecerá a você dependerá de minhas decisões. Não das de Deus.


Ela permaneceu calada, olhando para ele. Que outras formas de prejudicá-la teria aquele homem em mãos? Tudo o que mais desejara naquela desesperadora manhã era um abraço acolhedor.


Desejava poder ver Dora. Ela, certamente, lhe proporcionaria a agradável sensação de consolo. E aquilo acalmaria seu coração. Mas não podia voltar para sua casa. Não podia agir por conta própria. Não depois que o pai a vendera daquela maneira. E agora ele já não estava mais lá para reverter tal situação.


Foi então que Ellie chegou à conclusão de que jamais se livraria daquele acordo. Ela estivera certa ao julgar aquilo um pacto. Era o que aquilo, de fato, parecia ser. Um pacto. E, evidentemente, não havia qualquer forma de quebrá-lo.


Quando chegou à casa, Ellie fora recebida por Marina que parecia estar esperando por ela há muito tempo na sala principal. Aproximou-se dela com hesitação e muita calma. Fez um gesto, abaixando sua cabeça perante ela. Algo que Ellie desaprovava imensamente.


– Lady Braxton, lamento por sua perda.


Ellie respirou fundo. Olhou para o lado. James afastara-se dela sem hesitar, adentrando seu escritório e fechando a porta, trancando-a por dentro. Tornou a olhar para a empregada.


– Marina, por favor. – disse-lhe suavemente, com paciência. – Chame-me de Ellie.


– Não seria correto, Lady Braxton.


– Não sou Lady Braxton. Não quero título algum.


– Perdoe-me. – censurou-se a jovem. – Mas em Abingdon...


– Não estamos em Abingdon. – Ellie a interrompeu. – Por favor.


Marina fez um aceno com a cabeça. Não parecia concordar e nem discordar. Ellie suspirou.


– Preciso subir para meu quarto.


– Eu a acompanharei. – Marina a conduziu para as escadas, seguindo para a suíte principal da casa. Ellie deixou-se sentar sobre a cama. Ainda que não quisesse admitir, sentia-se exausta. Não apenas fisicamente, mas também mentalmente. Todos os ossos de seu corpo pareciam doer. Sua cabeça rodava em incontáveis voltas.


Marina ajudou-a a se livrar dos sapatos que lhe apertavam o sangue e Ellie permitiu-se deitar sobre o macio colchão de sua cama. A empregada retirou-se após emitir um gesto educado, fechando a porta. Olhou para o teto.


A luminária posta sobre sua cabeça brilhava, fazendo arder seus olhos.


Batidas surgiram à sua porta.


– Entre. – disse ela.


Marina apareceu mais uma vez no quarto. Tinha um olhar de preocupação no rosto.


– Precisa de mais alguma coisa, Lady Braxton?


Ellie dirigiu a ela um olhar de repreensão.


– Oh, desculpe-me.


– Tudo bem. – Ellie abanou a cabeça, sentando-se na beira da cama. – Não preciso de nada.


Marina assentiu e fez menção de se retirar mais uma vez, mas algo ocorreu a Ellie.


– Espere. – ela deteve a empregada.


– Sim? – Marina voltou-se para ela.


– Alena sente-se melhor? – indagou.


O rosto de Marina oscilou em várias expressões antes que ela respondesse.


– Creio que sim, senhora.


– Não a tenho visto.


Marina suspirou, hesitante.


– Alena é uma garota complicada.


Ellie arqueou uma sobrancelha.


– Já ouvi isto. – assegurou ela. – Mas o que exatamente acontece com ela?


Claramente a empregada não compartilharia das coisas as quais estava a par. Seria antiético e nada educado da parte dela. Entretanto, Ellie demonstrara-se preocupada com a menina. Algo que deixou Marina brevemente comovida.


– Pode-se perceber que há um tanto de rebeldia nas atitudes dela. – comentou Marina. – Alena sofre de distúrbios emocionais. Pelo menos foi isto o que disseram os médicos que a trataram anteriormente.


– E a causa seria a morte dos pais? – inquiriu Ellie.


– Certamente, senhora. – Marina assentiu com a cabeça. – Mas devo dar limite às minhas palavras.


Ellie soltou um riso como se acostumara a fazer sempre que ouvira o tom extremamente formal com o qual Marina se dirigia à ela.


– Por quê? – perguntou. – Sou de confiança.


– Não foi isto o que quis dizer, senhora. – explicou ela.


– E então?


– Lorde Braxton nos deixou claro que não devemos nos intrometer nos assuntos pessoais da família.


– Ora, por Deus, Marina! – exclamou Ellie com os olhos arregalados. – Por que tanta formalidade?


Cabisbaixa, ela começou a falar:


– Peço desculpas. Mas minha mãe me ensinou a me dirigir aos donos desta casa da maneira correta.


– Onde está sua mãe? – Ellie perguntou, curiosa.


– Faleceu há cinco anos, senhora.


– Sinto muito. – ela se arrependeu de ter perguntado. Conhecia a dor daquela perda mais do que ninguém. – Não há mais nenhum familiar seu nesta casa?


– Não, senhora. – respondeu rapidamente. – Minha mãe serviu à essa família por muitos anos quando... – ela parou de falar. – Desculpe-me. Não quero aborrecê-la.


– Não seja boba. Por favor, sente-se. – Ellie indicou seu lado. – Gostaria de ouvir sua história. Preciso mesmo ocupar minha mente neste momento.


Apesar de hesitante, a jovem sentou-se ao lado dela e deu continuidade à sua narração.


– Minha mãe deixou Palermo quando tinha minha idade.


– Que idade tem?


– Dezenove, senhora.


Ellie não se surpreendeu. Desde a primeira vez em que a vira julgara que Marina tinha aproximadamente a mesma idade que a sua.


– Deixou Palermo e partiu para Londres. E de Londres para Abingdon. Os motivos eram óbvios. Precisava de um emprego, e, naquela época, era dificílimo conseguir um. – Marina prosseguiu. – Foi quando conheceu meu pai. Era um dos motoristas dos donos da casa. A família Braxton. – fez uma breve pausa. – Engravidara assim que começara a trabalhar na mesma casa que ele, como empregada. Ela estava segura de que perderia o emprego assim que os donos da casa descobrissem, mas se enganara. Eles a acolheram de muita boa vontade, oferecendo-lhe apoio. Tanto à ela quanto ao meu pai.


– E o que houve?


– Depois da morte dos donos da casa... Muita coisa mudou, senhora.


– Como o que?


– Meu pai adoeceu e não resistiu à grave pneumonia que tomara conta dele. Minha mãe teve o mesmo. Foi um terrível choque.


– Eu lamento muito.


– Então eu tive de substituí-la. Preciso deste emprego mais do que nunca.


– Planeja alguma coisa? – Ellie indagou.


– Enquanto tiver este emprego, terei um teto e comida.


Ellie não conseguia se colocar no lugar dela. Nunca sofrera qualquer necessidade daquele nível. Jamais sentira fome ou frio durante a noite.


– Entendo que a vida tenha sido dura para você e seus pais, que Deus os tenha. – declarou ela. – Mas não precisa se dedicar a mim com tantos exageros, Marina. Não aceitarei tanta formalidade. Não me trate por Lady Braxton.


– Não tenho escolha. – disse a empregada. – E creio que nem a senhora tenha.


– Por que diz isso?


– Depois da morte dos pais, Lorde Braxton tornou-se o Conde de Abingdon. – olhou-a com uma súbita firmeza. – O que faz da senhora a Condessa de Abingdon, Lady Braxton.


Os olhos castanho-claros de Ellie brilharam com o espanto que a invadira. Perguntou-se então o que um homem de tanto poder e prestígio visava ao casar-se com ela. Uma garota rica, de fato, mas era apenas isto. Nada mais. Não havia títulos, posses ou acordos importantes no mundo de Ellie. O argumento apresentado por James não condizia com a atitude de ter se casado com ela. Se ele buscava uma mulher para lhe ajudar a manter sua boa imagem social, não lhe faltava opções. Entretanto, ele a escolhera. Definitivamente havia algo por trás disso. E Ellie estava determinada a descobrir do que se tratava. Subitamente, as palavras de Michael Graber lhe vieram à mente.


James Braxton é a última pessoa que você gostaria de ter como seu inimigo.


E então ela começou a sentir como se estivesse pisando em território desconhecido. Era realmente aquilo. Ela desconhecia tudo naquele lugar. As pessoas e as intenções delas. Os segredos, as mentiras, os planos. Precisava parar para pensar e, então, agir.


Pediu à Marina para que se retirasse e, em seguida, colocou seus sapatos e também saiu do quarto. Em passos firmes, Ellie desceu os degraus da escada e parou na sala principal. Seguiu para a porta pela qual James entrara desde que chegaram do funeral. Bateu à porta duas vezes. Não obteve resposta. Esquecendo-se do fato de que o ouvira trancando a porta por dentro, Ellie passou sua mão pela maçaneta, girando-a.


Ficou surpresa quando empurrou a porta e notou que ela não estava mais trancada.


James Braxton recostou-se à sua macia cadeira por trás de uma bem decorada mesa de madeira. Ellie avançou um passo e entrou na sala. Ele ergueu os olhos ao notar sua presença.


Ela estava linda parada ali, com seu vestido preto e uma expressão fria e taciturna nos olhos. Todavia, sua beleza jovial ainda era convidativa e agradável. Ele sentiu-se preenchido pelo desejo de admirá-la por um longo tempo, mas não era o correto a se fazer. Não daquela forma.


Foi o primeiro a falar:


– O que quer?


– Preciso lhe perguntar mais uma vez. – declarou ela com muita segurança. Não tinha mais nada a perder, afinal. – Por que propôs este acordo ao meu pai?


James levantou as sobrancelhas, admirado. Apontou para uma das cadeiras à sua frente.


– Sente-se, por favor.


Ellie obedeceu sem deixar de fitá-lo nos olhos. Desta vez não deixaria que nada lhe escapasse. Qualquer alteração na expressão dele significaria alguma coisa. Algo que a ajudasse a entender o propósito por trás de todos aqueles falsos argumentos.


– A morte de seu pai não foi nenhuma surpresa para mim. – ele disse. Sua voz era o som da própria persuasão, tendo o dom de fazer qualquer um crer que ele sempre tinha a razão. – E não era surpresa para ele.


Ela, de repente, franziu o cenho. Sua cabeça pendeu para um dos lados. Uma expressão de plena curiosidade em seu belo rosto.


– Creio que tenha ouvido falar na história de Jefté e sua filha. – deduziu ele. A expressão dela se manteve do mesmo jeito. Ainda parecia terrivelmente confusa. – Jefté fora rejeitado pelos irmãos por ser filho ilegítimo de Galad. Porém, quando Israel foi ameaçada pelos amonitas, seus irmãos voltaram atrás e lhe convidaram para ser o líder do exército de Israel. – James narrava a história com muita naturalidade e calma. – Entretanto, antes do combate, Jefté prometeu a Deus que, se vencesse a batalha, ofereceria, em holocausto, a primeira pessoa que ele encontrasse. – depois de uma curta pausa, ele prosseguiu. – O juiz Jefté venceu a batalha e voltando para casa encontrou sua filha.


– Isto me é indiferente. – disse Ellie. James abriu um sorriso de canto, ignorando as poucas palavras ditas por ela.


– Muito me admira. – comentou ele. – Mas eu tentarei ser mais específico.


Ellie continuou olhando para ele, fixamente, esperando que ele começasse a lhe dizer a verdade e encerrasse aqueles rodeios que não faziam sentido algum para ela.


– Seu pai entregou-a a mim para que eu a protegesse. – James olhou para ela com um olhar inexpressivo.


– Proteger-me? – ela inquiriu. – Mas... De que?


– Do holocausto, minha querida.


Ellie tentou dizer algo que deixasse transparecer toda a confusão que viajava a bordo de cada célula de seu corpo naquele momento. Nada do que ele dizia fazia sentido. Absolutamente nada.


Antes que ela pudesse se expressar, James Braxton interveio:


– Querem assassiná-la, pequena Ellie. – havia um estranho misto de sadismo e seriedade no tom de sua voz. – Assim como assassinaram seu pai.


Houve uma ênfase que deixou Ellie apavorada. O que aquele sujeito acabara de afirmar – com todas as letras – era que seu pai não havia morrido por acaso. Alguém o tinha assassinado. Alguém o matara. A mesma onda de uma perplexa fúria que a invadira no dia em que o pai lhe contara a respeito de sua aposta agora tornara a dominá-la. Mas havia algo diferente naquela reação. Ela não estava apenas desejosa de descobrir a verdade. Desejava vingar-se de quem quer que fosse o culpado pela morte do pai.


Não se tratava mais de uma questão de recuperar os bens de sua família. Tratava-se agora de uma questão de vingança.


E, decididamente, era isto o que ela lutaria para conseguir.



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– Q-quem o fez? – a voz de Ellie soou baixa, embargada pela emoção que se deslocava para cada parte de seu corpo, deixando-a incapaz de se expressar. Milhões de imagens eram reproduzidas em sua cabeça, como um filme psicodélico que não condizia com sua sanidade. James Braxton recostou-se à sua cadeira em um gesto ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 51



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  • shadowxcat Postado em 19/07/2016 - 16:24:44

    ESSA FANFIC ESTÁ SENDO REPOSTADA AQUI: http://fanfics.com.br/fanfic/54463/sete-demonios-romance-terror-horror-teen-amor -suspense-thriller-aventura-acao-vampiros-bruxas-demonios

  • raysantos Postado em 12/08/2015 - 20:10:35

    Sua fic e muito top e bem escrita tudo d bom tomara que logo logo a Ellie e James possam ficar juntos sem a essa fulana que eu nao aprendi a dizer muito menos escreve o nome no meio nada contra a crianca mais fazer oq ne continua

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 23:19:37

    Olá, to lendo pelo spirit anime =)

  • vverg Postado em 08/02/2015 - 22:54:24

    Por favor!!! Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa mais!!! Okk, já sabes q amo de paixão esta web!!! To sentindo muita falta dela....please, preciso de mais caps!!!! Não me deixe na curiosidade por muito tempoooooo *_*

  • vverg Postado em 10/01/2015 - 01:47:30

    Desculpe meu sumisso!! Mas assim q der, comento qdo ler todos os caps =)

  • vverg Postado em 19/08/2014 - 23:57:43

    Poxa não judia tanto de sua leitora caramba!!! Minha fic perfeição, posta mais, preciso de mais.... Estou ficando agoniada sem suas atualizações Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa maissssssssssssssssssssssssssss nesta fic perfeitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa amo sua fic, ok vc já sabe disso, mas não custa falar né hahahahahahahaha

  • vverg Postado em 12/08/2014 - 12:10:07

    Meu Deus! Que nojo deste Declan!!!! Cara##@%@#$#! Putz!!! Como ela se deixa dominar desta forma, caramba!!! Posta mais mais mais mais mais mais. Poxa vc me deixou curiosa agora, tadinha da Elie, ela é muito fraca e se deixa dominar por este imundo.... Estou pasma, posta mais na minha fic perfeição mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais =)

  • vverg Postado em 09/08/2014 - 17:08:49

    Quero maisssssssssssssss!!! Preciso mais desta fic perfeita!!! Posta sim??? Necessito ler.... =)

  • vverg Postado em 06/08/2014 - 10:33:43

    Dahlia tah ferradinha kkkkk. Posta mais! Necessito de mais rsrsrs *_*

  • vverg Postado em 02/08/2014 - 09:55:32

    Minha fic mais q perfeitaaaaa posta mais quero mais caps


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