Fanfic: Sete Demônios | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass
Subindo para o segundo andar do prédio, aquele no qual passara alguns bons anos, lutando ao lado que julgara ser o certo, ela tratou de ignorar os olhares que voltavam-se em sua direção conforme avançava seus passos. Tudo era o mesmo. As mesmas paredes pálidas, os móveis quase tão claros quanto sua pintura, a tranquilidade que pairava no ar...
Quando, por fim, chegara ao andar seguinte, dirigindo-se para a sala de seu – até então – superior. Entrou sem bater, já abrindo a porta e colocando-se para dentro da sala.
O homem ergueu o rosto cansado para ela no momento em que a vira entrar, arqueando as sobrancelhas.
– Dahlia? – indagou. Claramente não esperava vê-la ali. Não depois de tantos dias sem ter notícias dela. – Mas o que faz aqui?
– Ainda sou parte da Ordem, Barth. – puxando uma cadeira, ela assentou-se diante de Bartholomew. – Ora, mas por que a surpresa?
As feições do homem oscilaram, mesclando-se em meio ao nervosismo e confusão. Sua desconfiança crescera com o passar do tempo, com a ausência constante de Dahlia que – outrora – costumava estar sempre presente ali, no prédio da sede. A situação tornara-se pior depois que o próprio Bartholomew procurara Christian Madden, pedindo ao exorcista para que descobrisse o que Dahlia tanto parecia esconder. Madden, sem sucesso, contara ao líder da Ordem da Trindade que Dahlia dissera-lhe claramente que sabia que ele a estava interrogando, e que deixara seu quarto de hotel com ar furioso.
Vendo-a agora ali, diante dele com um sorriso vitorioso nos lábios, Bartholomew acreditou que ela estivesse determinada a explicar-lhe o que estava havendo e, certamente, lhe pediria perdão pelo que fizera, fosse o que fosse.
– Bem... – Barth levou os dedos à cabeça, coçando sua orla de cabelos esbranquiçados. – Você tem estado ausente ultimamente.
– Sei disso. – ela alargou o sorriso.
– Há algo que queira me dizer?
– Na verdade, sim, Barth. – erguendo o rosto parcialmente pontilhado por suaves e graciosas sardas, os olhos de Dahlia brilhavam em pura empolgação, ainda que ela esforçasse-se em se manter séria. – Estou deixando a Ordem.
Bartholomew imediatamente arregalou os olhos, indignado. A garganta secou de um súbito, e sua voz soou fraca quando indagou:
– O que disse?
– Vou embora, Barth. Já não quero mais fazer parte disto. – ela declarou. – Preciso tomar voos mais altos. Ficar na Ordem não me levará a lugar algum.
– Que tipo de brincadeira é esta? – a tom de Bartholomew tornara-se mais firme, severo.
Dahlia, por outro lado, manteve-se muito séria.
– Não há brincadeira alguma. Estou simplesmente lhe informando que deixarei a Ordem.
– O que está havendo, Dahlia? Quem está fazendo com que abandone sua vida desta maneira?
– Ninguém, Barth. Encarei os fatos. Meu lugar não é este. – afirmou com convicção.
– Então qual é?
– Estar no poder. – Dahlia fitou-o diretamente nos olhos. – Este é o meu lugar. Como governante, Barth. E isto... Isto já foi reservado para meu futuro.
Cada palavra proferida por ela parecia estar sendo dita por outra pessoa. Alguém que Bartholomew não conhecia. Ou talvez que não quisera conhecer. Talvez fosse aquela a verdadeira face da jovem a quem ele tanto protegera por anos.
– Do que está falando? – perguntou-lhe o homem. Havia imensa confusão em seus olhos.
– Vim para avisar-lhe, Barth, – Dahlia não deixou de olhá-lo nos olhos. – De que estou deixando a Ordem porque vou casar-me com Aaric Hunter e juntar-me aos propósitos dele.
Tomado pela surpresa, o homem agiu impulsivamente, colocando-se em pé e batendo com os punhos contra a mesa de acrílico.
– Eu sabia! – vociferou. – Sabia que estava envolvida com aquela gente! O que há consigo, Dahlia? Como pode permitir que a manipulem desta forma?
– Ninguém está me manipulando.
– Casar-se com aquele homem? Como isso é possível? – encarou-a, indignado.
– Aaric e eu temos os mesmos propósitos. – declarou, por fim. – Seguimos o mesmo caminho. Continuaremos seguindo-o, só que agora juntos.
– Pois eu não permitirei que...
– Que o quê, Barth? – Dahlia também colocou-se subitamente em pé, elevando seu tom de voz. – Que eu aja por conta própria? Que eu lute por meus ideais? Estou farta de sua covardia, da forma como desistiu de lutar tão facilmente. Não quero fazer parte disto. Não mesmo.
– Como ousa...?
Bartholomew estreitou os olhos, fitando-a como se já não a conhecesse. De fato, era esta a realidade.
– Sou eu quem lhe pergunto. – colocou-se face a face com aquele que uma vez a tirara da vida miserável que levava e que, ironicamente, agora parecia estar se tornando apenas mais um inimigo. – Como ousou pedir a Christian para que me investigasse? Quem lhe deu o direito de invadir minha privacidade?
– Pois vejo que não precisarei mais pedir a ele para que faça tal coisa. – afirmou Bartholomew. – É como pensei. Uma traidora!
– Suas palavras não mudarão minha decisão.
Soltando um suspiro, olhando-a com profunda decepção, o homem deu-se por vencido de forma rápida. Discutir era inútil. Insistir em provar a ela que estava enganada seria uma tentativa inválida. Exalando lamúrias, Bartholomew disse-lhe:
– Rezarei por sua alma, criança. Que Deus tenha misericórdia de seus atos impensados.
Abrindo um sorriso pelo canto dos lábios, a ruiva não economizou em seu sarcasmo.
– Foi o próprio Deus quem tirou-me deste poço sem fundo que a Ordem se tornou. – começou a afastar-se dali. – Há um lugar para mim na nova era que se aproxima. E definitivamente não é este.
Virando-se, Dahlia deu as costas ao seu protetor, dirigindo-se para a porta. Retirou-se dali sem olhar para trás, sem qualquer sinal de hesitação ou incerteza. Já não havia mais volta. Tanto para ela como para Bartholomew, que – oficialmente – fora obrigado a desistir dela, aquela que costumava ser seu braço direito, sua protegida.
Ele consequentemente tivera de encarar o fato de que a guerra já havia começado. Todos estavam escolhendo seus lados, tal como ele havia previsto. Dahlia havia escolhido o seu, e nem mesmo Bartholomew poderia interferir naquela decisão. Ainda que soasse patética, a realidade era óbvia: agora era cada um por si.
–--
Quando a tarde chegara, os céus novamente ameaçavam chuva. Pessoas por todos os lados espalhavam-se em busca de abrigo, antecipadamente preocupadas com o tempo. O movimento era intenso, todos passando aqui e ali, milhares de rostos avançando e afastando-se.
Acomodado no pequeno perímetro de um beco qualquer, James arquitetava minuciosamente as ações que teria de tomar para manter tanto Willow quanto Delilah a salvo. Eram sua responsabilidade agora. Ao menos era assim que ele encarava toda a situação.
Após ter presenciado tantas e tantas atrocidades, era previsível que a pequena Willow ficaria emocionalmente abalada. Contudo, a postura da menina era surpreendentemente firme. Ela não chorara até então. Não tocara no assunto. Nenhuma palavra a respeito das estranhas mortes de Noah, Seth e Amber fora proferida. Nada a respeito da forma brutal com a qual James assassinara o chefe do grupo de motoqueiros na fronteira fora dito.
Delilah, por outro lado, demonstrara-se ainda abalada com o que lhe ocorrera na noite em que a resgataram daquele estranho culto. Apesar de curioso a respeito do passado da garota e dos motivos pelo qual ela fora mandada para tão longe de casa, James Braxton não conseguia focar-se em mais nada além de ideias para manter todos distante de todos aqueles problemas acerca de Eleonora e os outros.
Sua decisão havia sido tomada recentemente. Ele não se envolveria mais. Nunca mais. O arrependimento de ter sido o maior causador de tudo o que ocorrera à Ellie era imenso. Sentia-se obrigado a se afastar, a desaparecer, manter-se morto para ela e para aqueles que a cercavam. Era melhor assim, tinha de ser feito.
Todas as suas memórias haviam voltado, e com elas o peso da culpa. Todas as vidas que arrancara, todos os bárbaros crimes que cometera por diversas vezes, toda a violência que envolvera sua vida desde criança... O que Willow lhe dissera quando ele regressara dos mortos fazia sentido agora. Deus havia lhe dado uma nova chance, uma nova oportunidade de seguir com a vida com um propósito digno. Tudo havia mudado. Ele havia mudado. Estava mais do que na hora de – também – mudar algumas atitudes.
Lembrava-se vagamente do que fizera ao homem na fronteira com o México, mas não de absolutamente tudo. Não se recordava do que fizera após Willow ter lhe contado como Declan planejava livrar-se de Ellie. Entretanto, lembrava-se de como voltara à si no meio da noite, correndo desesperadamente enquanto suas roupas encontravam-se sujas de sangue. Não de seu próprio sangue, o que deixava claro que ele fizera novamente. Voltara a matar.
Fora seu segundo homicídio desde seu regresso à realidade.
E era perturbadora a forma como ele não conseguia se lembrar destes acontecimentos. Era como se – durante os tais atos – algo apoderara-se de seu corpo, tomando controle absoluto. Era como algo que ele conhecia muito bem, de seu passado. Como uma possessão.
Vendo-o sentado no canto do beco com um olhar vago no rosto apático, Delilah sentara-se ao lado dele, fitando-o com certa preocupação.
– Algo o perturba? – perguntou-lhe com a voz apaziguadora.
O som de sua voz o trouxe de volta à realidade e ele virou o rosto para encará-la.
Ele não pensou muito para responder. Toda aquela incerteza o estava sufocando.
– Gostaria de lhe perguntar algo. – disse. – Sobre o que aconteceu na fronteira... O motoqueiro que nos atacou... O que foi que... O que eu...
A expressão de Delilah alterou-se imediatamente, e ela falhou em tentar esconder o quão incomodada sentia-se ao se lembrar do acontecido.
– Por que pergunta? – devolveu a questão.
– Porque... Há algumas falhas em minha memória. Não sei ao certo.
– Não se lembra?
James fez que não com a cabeça em um gesto lento.
– Não exatamente.
– Você o...
– Eu o matei. – Braxton interrompeu-a. – Sei disso. Mas quero que me digacomo.
Breves flashes do que ocorrera vieram à mente da jovem. A forma brutal com a qual James dilacerara o pescoço do homem trouxe a ela o gosto de bile subindo pela garganta.
– Atacou-o. – ela disse, simplesmente. E ergueu os olhos acinzentados para ele. – Como... Como um animal ataca sua presa.
Ele arqueou as sobrancelhas, um tanto surpreso. Conseguia imaginar como o fizera. E tal pensamento deixou-o ainda mais agoniado. Desviou o olhar, fitando o chão sujo no qual estava assentado.
– Não fui eu. – declarou. – Quando o matei... Não estava em mim. Algo... Algo aconteceu, eu não sei...
– Do que está falando? – Delilah o encarou, confusa.
James virou-se para ela novamente, o rosto coberto de desespero.
– Há algo de errado comigo. – ele confessou-lhe em tom baixo. – Está dentro de mim. E eu não posso controlar.
Muito calmamente, embora estivesse assustada com tal afirmação, a garota sérvia tomou-lhe ambas as mãos entre as suas e olhou-o nos olhos com compaixão.
– Está tudo bem. – disse-lhe. – Deve haver uma solução. Alguém que possa ajudar.
E havia.
De fato, havia.
Um nome que em um passado não muito distante James reconhecia como o nome de um inimigo viera agora à sua mente em uma lembrança súbita e extremamente necessária. Era a pessoa que poderia lhe ajudar. Talvez a única. Alguém que, ao menos, poderia lhe explicar o que estava havendo.
Ele precisava de respostas. Essa pessoa claramente as teria.
Não sabia onde procurar, onde encontrar, mas tinha uma vaga ideia de onde poderia tentar entrar em contato.
Braxton não perdeu muito tempo. Tinha de correr atrás da solução. E tinha de fazê-lo naquele mesmo instante.
–--
Saindo da Catedral Nacional de Washington, Christian Madden encarregara-se de trancar as portas por fora, enfiando as chaves em um dos bolsos de seu sobretudo. Soltou um suspiro e rumou caminhando até seu hotel. O vento batia forte contra seu rosto. A tempestade avizinhava-se. Estava frio. As pessoas ao redor corriam para suas casas e carros, desesperadas para abrigarem-se antes que a chuva caísse.
Apressando seus passos, porém ainda muito distraído, o exorcista fora pego de surpresa quando alguém tocara-lhe no braço, obrigando-o a virar-se para trás.
Grande fora a sua surpresa ao deparar-se com um rosto há muito tempo não visto. Um rosto que ele tinha completa certeza que jamais voltaria a ver. Ainda que sua aparência atual o deixasse quase que irreconhecível, Madden o teria reconhecido mesmo em meio a milhões de outras pessoas. O olhar penetrante era o mesmo, mas seu semblante não parecia tão intimidador quanto antes. Havia certo desespero em sua expressão.
O silêncio seguiu-se nos segundos em que ambos se encararam. Era como se o tempo parasse. Dois velhos conhecidos frente a frente depois de muito tempo, reencontrando-se em circunstâncias – supostamente – diferentes.
James Braxton fora o que quebrara o silêncio, declarando com a voz firme e angustiada ao mesmo tempo:
– Sabia que o encontraria. – não deixou de encará-lo por um segundo sequer. – É o único que pode me ajudar.
Christian abriu os lábios para responder, mas não conseguira. O choque de sua surpresa o mantinha congelado, os olhos muito abertos.
Estava quase certo de que seus olhos o estavam enganando e que aquilo era apenas mais uma peça do destino. Uma terrível brincadeira.
E, se fosse, definitivamente seria a pior de todas até então.
Prévia do próximo capítulo
Extremamente intrigado, Christian Madden terminou de preparar o habitual café, despejando-o fumegante sobre duas canecas de porcelana enquanto assistia apaticamente à chuva que caía do lado de fora do hotel, leve, porém seguida de breves raios e trovões, clareando a cidade vez ou outra. Virou-se para a mesa posta no meio do quarto, onde as ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 51
Para comentar, você deve estar logado no site.
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shadowxcat Postado em 19/07/2016 - 16:24:44
ESSA FANFIC ESTÁ SENDO REPOSTADA AQUI: http://fanfics.com.br/fanfic/54463/sete-demonios-romance-terror-horror-teen-amor -suspense-thriller-aventura-acao-vampiros-bruxas-demonios
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raysantos Postado em 12/08/2015 - 20:10:35
Sua fic e muito top e bem escrita tudo d bom tomara que logo logo a Ellie e James possam ficar juntos sem a essa fulana que eu nao aprendi a dizer muito menos escreve o nome no meio nada contra a crianca mais fazer oq ne continua
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vverg Postado em 08/02/2015 - 23:19:37
Olá, to lendo pelo spirit anime =)
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vverg Postado em 08/02/2015 - 22:54:24
Por favor!!! Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa mais!!! Okk, já sabes q amo de paixão esta web!!! To sentindo muita falta dela....please, preciso de mais caps!!!! Não me deixe na curiosidade por muito tempoooooo *_*
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vverg Postado em 10/01/2015 - 01:47:30
Desculpe meu sumisso!! Mas assim q der, comento qdo ler todos os caps =)
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vverg Postado em 19/08/2014 - 23:57:43
Poxa não judia tanto de sua leitora caramba!!! Minha fic perfeição, posta mais, preciso de mais.... Estou ficando agoniada sem suas atualizações Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa maissssssssssssssssssssssssssss nesta fic perfeitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa amo sua fic, ok vc já sabe disso, mas não custa falar né hahahahahahahaha
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vverg Postado em 12/08/2014 - 12:10:07
Meu Deus! Que nojo deste Declan!!!! Cara##@%@#$#! Putz!!! Como ela se deixa dominar desta forma, caramba!!! Posta mais mais mais mais mais mais. Poxa vc me deixou curiosa agora, tadinha da Elie, ela é muito fraca e se deixa dominar por este imundo.... Estou pasma, posta mais na minha fic perfeição mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais =)
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vverg Postado em 09/08/2014 - 17:08:49
Quero maisssssssssssssss!!! Preciso mais desta fic perfeita!!! Posta sim??? Necessito ler.... =)
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vverg Postado em 06/08/2014 - 10:33:43
Dahlia tah ferradinha kkkkk. Posta mais! Necessito de mais rsrsrs *_*
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vverg Postado em 02/08/2014 - 09:55:32
Minha fic mais q perfeitaaaaa posta mais quero mais caps