Fanfic: Sete Demônios | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass
– Q-quem o fez? – a voz de Ellie soou baixa, embargada pela emoção que se deslocava para cada parte de seu corpo, deixando-a incapaz de se expressar.
Milhões de imagens eram reproduzidas em sua cabeça, como um filme psicodélico que não condizia com sua sanidade.
James Braxton recostou-se à sua cadeira em um gesto natural e muito calmo. Para ele, era como se nada estivesse acontecendo. Para Ellie, o chão se abria, pronto para engoli-la.
Ele abriu um sorriso sarcástico diante da postura da garota. Estava claro que ela tencionava descobrir toda a verdade e que, definitivamente, não deixaria aquela sala até obtê-la. A ingenuidade de Ellie era algo admiravelmente cômico. James julgava que no mundo não havia mais pessoas assim. Boas. Com o coração limpo. Imaculado.
– Como assim? – ele indagou em tom sério.
– Você acaba de dizer que... – sentiu a emoção, a raiva e a angústia – todas juntas – dominarem sua mente. Com muito esforço ela tentava impedir que as lágrimas que faziam menção de cair desabassem. – Que assassinaram meu pai...
– E para que você quer saber?
– Quem o matou? – Ellie elevou sua voz. A agonia a sufocava. Toda aquela situação a estava enlouquecendo. Uma insanidade que corria sem freio.
– O que fará quando descobrir quem o matou? – o tom de voz usado por James era perverso, hipnotizante. Ele parecia estar tentando corrompê-la de alguma forma. Era traiçoeiro. Traiçoeiro como o diabo. – Diga-me.
Ellie ergueu seu rosto e fitou-o diretamente nos olhos, não se importando com as lágrimas que já caíam incontrolavelmente, banhando seu rosto pálido. Ficou perante o olhar mal-intencionado de James e respondeu-lhe esforçando muita seriedade:
– Eu me vingarei.
Mas a doçura presente em seus olhos brilhantes cobria quaisquer desejos de vingança ou justiça que ela tentava demonstrar. James a olhou com muita atenção. Abanou a cabeça e soltou um riso.
– Quem o matou? – ela perguntou novamente. Estava impaciente, exigindo uma resposta. Falava-lhe agora em tom autoritário. Um tom que jamais havia usado antes. Falava como ele.
James Braxton surpreendeu-se, levantando sua face. Em outras circunstâncias, com outra pessoa, ele teria revidado com uma – quase – imperceptível grosseria. Algo como o que ele dissera à Katherina Donovan na noite em que Maurice falecera. Mas, ao contrário disto, sua reação fora diferente.
Fitou a jovem sentada à sua frente. Por um momento, Ellie pensou que ele estivesse orgulhoso. Mas de quê? James sorriu. Um sorriso de triunfo, como se ele tivesse acabado de chegar ao ponto que queria. E, de fato, havia conseguido.
– Não sei quem matou seu pai, pequena. – disse-lhe calmamente. Ellie detectou uma súbita gentileza nas palavras dele. Algo pelo qual ela não esperava, mas não criou expectativas de uma conversa normal entre eles. – Este é o problema. Bem, um deles.
– Do que está falando? – indagou, balançando a cabeça para os lados lentamente.
– Seu pai e eu tínhamos um acordo. E, não, – ele rapidamente respondeu a pergunta que ela provavelmente viria a fazer. – Não me refiro a este casamento. Tínhamos outro acordo além deste.
– Que acordo? – tudo o que Ellie proferiam eram perguntas. E cada vez que as fazia, não recebia qualquer explicação plausível em resposta. Era uma avalanche de confusões desabando bem ali, sobre sua cabeça.
Braxton soltou um longo e intenso suspiro. Algo que causou um arrepio em Ellie, fazendo-a abrir ainda mais seus olhos assustados. Ficaram ambos em silêncio. Um denso e torturante silêncio.
– Você foi escolhida para um propósito. – assegurou ele, com ar sombrio.
– Propósito... Propósito... É só nisso que ouço falar, mas ninguém me diz de que propósito se trata. – ela resmungou, passando os dedos pelos olhos marejados.
– Na noite em que você nasceu, – ele prosseguiu. – Uma mulher veio até seu pai. Ele te observava através de um vidro que o separava do berçário, no hospital.
– Como sabe disso? – inquiriu.
– A mulher vestia-se de cinza. Tinha cabelos desgrenhados, parecia muito velha. – James continuou sem hesitar, ignorando-a. – Aproximou-se dele, dizendo: deve livrar-se dela. – os olhos de Ellie se estreitaram. Ela estava ficando cada vez mais confusa. – Seu pai perguntou de que diabos ela estava falando. E a mulher virou-se, afastando-se dele. Maurice tentou alcançá-la, mas ela já havia desaparecido uma vez que entrou no corredor ao lado.
Ellie o fitou com imensa confusão. Nada do que James lhe dizia lhe servia como uma verdadeira resposta para as incontáveis perguntas que assombravam sua mente naquele momento.
– Ele ignorou o ocorrido. – disse. – Mas depois que levaram você para casa, seus pais passaram a receber ameaças... Cartas...
– De quem?
– Deles. – James Braxton respondeu.
– O quê?!
– Há muitos deles espalhados pelo mundo. E é impossível distingui-los uns dos outros. São discretos.
– Por favor. – Ellie abaixou cabeça, fazendo um gesto com a mão para que ele parasse de falar. – Não consigo entender o que está me dizendo.
– Você nasceu em uma noite que mais parecia uma noite de inverno. Mas ocorreu algo naquela noite. Havia chovido e nevado durante toda a madrugada. Ambos de uma só vez. O céu estava agitado, como se os anjos estivessem em pânico. Era um sinal. Pelo menos, no ponto de vista deles.
– Eu não entendo... – ela murmurou. – De quem está falando?
– Fanáticos religiosos. – declarou. – Eles colocam a religião acima de qualquer coisa. E ela mexe com seu psicológico. É um fato engraçado, julgando que religião e fé são coisas totalmente diferentes. – ele riu. – Mas tentarei clarear sua mente.
Ellie assentiu.
– Esses... Essas pessoas... Elas procuraram por seu pai assim que você nasceu, acreditando que você seria a chave para uma profecia.
– O-o que...? – balbuciou ela.
– “Uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres. Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias da sua prostituição”. – olhava-a fixamente enquanto articulava palavras decoradas há muito, muito tempo.
Ela arregalou os olhos. Quando James Braxton falava era como se um orador estivesse executando uma importante narração. Todavia, ela reconhecera muito bem aquele versículo. Olhando para ele com infinita perplexidade, Ellie completou:
– A Mulher de Vermelho.
– Correto. – James balançou a cabeça positivamente.
– Mas... Qual é a ligação entre mim e... E o que você acaba de dizer?
– Muito simples. – respondeu. – Eles acreditam que a mulher citada... – os olhos dele estavam vidrados no rosto dela. – É você.
Ellie riu. Uma gargalhada alta e repleta de amargura e incredulidade. Aquela havia sido a pior piada que já ouvira. Esperava que pessoas surgissem por detrás daquela mesa com câmeras e microfones, anunciando que tudo aquilo havia sido apenas uma peça. Uma brincadeira.
Mas ninguém mais apareceu naquela sala.
Eram apenas ela e Braxton. E o olhar que ele lançava para ela não tinha nada de engraçado ou divertido.
– Acreditam que você seja a mulher que se sentará sobre muitas águas. E, estas águas serão povos, multidões, nações e línguas.
– Chega! – ela objetou em voz alta. – Isto tudo é ridículo! Eu não consigo acreditar na quantidade de besteiras que estou ouvindo.
– Temendo por sua vida, seu pai recorreu a nós. – ele não proporcionou a ela nenhuma pausa. Apenas prosseguia com suas palavras absurdamente confusas. – E fizemos um pacto.
– “Nós”?
– Bem, esta é outra história...
– Por Deus! – exclamou. – Você tem ideia do que está me dizendo?
– “Nós” somos uma fraternidade. Uma fraternidade constituída por sete organizações. Todas ao redor do mundo. – James Braxton inclinou-se para frente. – Temos um objetivo único e claro. – os olhos dele brilhavam de ansiedade e orgulho enquanto falava a respeito daquilo. – Planejamos banir daqui todos aqueles que não são dignos que habitar o mundo que pretendemos criar. Um novo mundo. – explicou. – O mundo perfeito.
Ellie já não conseguia nem mesmo se expressar. Seguiu fitando-o incrédula enquanto ele continuava:
– Onde não haverá fome, frio, guerra ou morte. – recostou-se à cadeira mais uma vez. – Seu pai tornou-se um de nós.
– Toma-me por tola! – retrucou Ellie. – Não vou acreditar no que está me dizendo.
– Não? – James sorriu desdenhoso. – Muito bem.
Ele colocou-se em pé, aproximando-se dela. Ellie sentiu um arrepio lhe percorrer a espinha. Braxton segurou-a por um dos braços, fazendo-a também se levantar.
– O que pensa que está fazendo? – surpresa, ela perguntou.
James aproximou seu rosto do dela, fitando seus olhos com uma intensidade fatal. O rosto dele estava fixo em uma só expressão. E esta demonstrava austeridade, sisudez. Ellie teve a impressão de que ele fosse começar a ranger os dentes para ela, como um ávido animal pronto para atacar sua presa.
– Destruindo seu ceticismo.
Guiando-a para fora do escritório, James Braxton conduziu a esposa para a porta principal da casa. Abriu-a e levou a jovem até um de seus automóveis parados próximos ao jardim. Fez com que ela entrasse pelo lado do passageiro e, então, – batendo a porta dela com força – instalou-se no banco do motorista. Levou a chave à ignição e deu a partida.
– Para onde está me levando?
Sem virar-se para olhá-la, James pisou no acelerador, arrancando bruscamente. Sua voz soou assustadoramente ameaçadora quando respondeu:
– Para o Inferno.
Ellie foi levada em um luxuoso carro negro conduzido por James Braxton até o outro lado da cidade. Já era tarde. O céu estava nublado. Uma chuva ameaçava cair. Nenhuma palavra foi dita durante o percurso.
Até que o automóvel parou.
Ellie ergueu seus olhos para admirar uma antiga construção abandonada. Seu aspecto era envelhecido, um tanto lúgubre. James abriu a porta e colocou-se para fora do veículo. Deu a volta e também abriu a porta para Ellie. Ela hesitou, mas ele estendeu-lhe uma mão e ela viu-se sem saída.
Ignorando a mão esticada em sua direção, Ellie levantou-se, saindo do carro. Ajeitou seu vestido, puxando para baixo e pigarreou.
– Que lugar é este?
James não fez questão de respondê-la. Indicou a entrada do local com a cabeça e afastou-se, caminhando na direção de uma vetusta porta de madeira.
Ellie o seguiu, com seus pensamentos embaraçados em sua cabeça. Ele empurrou a porta, adentrando o local como se já o conhecesse muito bem.
Foi quando Ellie concluiu.
Ele conhecia aquele lugar.
Ela vinha logo atrás dele, caminhando com um cuidado meticuloso pelo assoalho velho e sujo. Mas cada passo dado causava um inconveniente ruído que quebrava o silêncio do ambiente, deixando Ellie ainda mais nervosa. Ela olhava ao redor conforme avançava seus passos.
O local em si tinha uma aparência inteiramente antiga. Ellie tirou breves conclusões, julgando que aquele lugar costumava ser algum tipo de fábrica. Mas há muitos anos, levando em conta o aspecto em que se encontrava agora. As janelas eram enormes, com vidros quebrados. As paredes eram todas manchadas, com a pintura descascando. Portas de madeira com buracos e poeira espalhada por todas as partes. Os raios de sol lutavam contra a escuridão que insistia em permanecer ali, tomando parcialmente alguns cantos do local.
Ela jamais estivera em um lugar como aquele.
Parou ao lado de James quando ele cessou seus passos. Haviam parado em frente à duas longas escadas que não condiziam em nada com o restante daquele ambiente.
– Ora, ora... – uma voz soou subitamente. Seu som era estranhamente agradável, gentil.
Um homem vinha na direção deles. Tinha cabelos grisalhos muito brilhantes, refletindo a luz do sol que atravessava as janelas com pedaços de vidro em falta, olhos acinzentados de um brilho acolhedor e uma postura elegante. Vestia-se com roupas formais. Um blazer escuro e calças sociais pretas.
Abriu os braços, avançando para James Braxton em uma saudação amigável. – Aqui está você! – olhou para Ellie. Ele irradiava uma simpatia da qual Ellie não hesitou em desconfiar. – E não está sozinho.
– Esta é Eleonora. – James fez um aceno com os dedos, apontando para ela. – Minha esposa. Filha de Maurice Donovan.
– Conheço-a muito bem. Portanto, encerremos estas desnecessárias apresentações. – ele emitiu um sorriso para a garota. – Olá, Ellie.
Ela franziu o cenho.
– Eu o conheço?
O homem não deixou de sorrir. Tomou uma das mãos dela e depositou um beijo em um gesto exageradamente educado.
– Vincent Hurst. Amigo de seu querido pai.
Ellie não compreendia os fatos. Até que, de um súbito, reconheceu aquele rosto. Mas não das vezes em que o pai convidava seus amigos e sócios para um jantar em sua residência.
Lembrava-se daquele rosto devido à outra ocasião.
O funeral do pai. O homem que a observava discretamente à distância.
Instintivamente, Ellie puxou sua mão de volta.
– Acalme-se. – disse o sujeito. – Estamos do mesmo lado.
– Vincent é o líder de uma das organizações da Fraternidade. – James explicou. Ellie virou o rosto e olhou para ele, atenta ao que ele dizia. – Que seria... Esta aqui. – ele olhou para os lados.
– N-não entendo... – foi tudo o que ela conseguiu dizer. Aquele misto de sentimentos e pensamentos embaralhados em sua mente e corpo a impediam de raciocinar corretamente. Havia muita informação a ser processada.
– Acompanhe-me, por gentileza. – Vincent seguiu pelo mesmo caminho de onde viera, entrando em uma sala que em nada parecia melhor que o resto do lugar.
Havia uma mesa de madeira, cadeiras, livros antigos e um cheiro de mofo no que mais parecia ser um escritório. O escritório de Vincent Hurst.
Ele sentou-se em uma cadeira revestida em couro preto e apontou duas cadeiras de madeira postas à frente de sua mesa. James sentou-se e o mesmo fez Ellie.
– Quanto ela sabe? – perguntou dirigindo-se a James Braxton.
– Quase tudo.
Vincent suspirou. Fechou os olhos e depois tornou a abri-los, observando Ellie com muito cuidado.
– Antes de tudo, quero que saiba que lamento por sua perda. – a voz dele era branda. Havia afeto quando ele referia-se ao pai de Ellie. Evidentemente eles se conheciam. – Era um homem de muita coragem.
– Qual era o envolvimento de meu pai com este... Lugar? – Ellie estava decidida a poupar-se de mais absurdos como os que ouvira antes de chegar ali.
– Seu pai era um de nós. – Hurst disse o que Braxton havia dito antes. – E nós somos uma fraternidade de assassinos, Ellie.
Ellie sentiu um choque contra seu estômago. Um nó em sua garganta a impediu de falar. Conhecia o pai melhor do que qualquer outra pessoa. Aquilo realmente estava indo de mal à pior.
Definitivamente, todas aquelas afirmações eram loucura.
– O nosso objetivo é exterminar todo aquele que corrompe o mundo com imundices. Criminosos, políticos com as intenções erradas, autoridades que abusam de seu poder, terroristas...
– E-eu...
– Eu apareci na vida de seu pai e lhe ofereci apoio. Foi algo simples. Ele queria proteção para sua garotinha. Nós queríamos mais um para nossa organização. O pacto foi feito.
– Meu pai não era um assassino. – Ellie disse com muita calma, tentando se manter firme.
– Bem, eu sinto lhe informar, mas seu pai foi um dos melhores em toda a Fraternidade. – Vincent Hurst respondeu de modo natural. – A Fraternidade consiste em sete organizações. Já alguma vez ouviu falar a respeito dos sete demônios?
Ellie abanou a cabeça em um gesto negativo.
– Cada um dos sete demônios representa um dos sete pecados capitais. É uma metáfora. E esta metáfora tornou-se outra metáfora quando a Fraternidade foi fundada. – o homem abriu uma gaveta em sua mesa, retirando dela um livro de páginas amareladas. Depositou-o em frente à Ellie, abrindo-o e folheando até encontrar uma página específica. – Em 1943, durante a segunda guerra, um homem chamado Alain Tissou perdeu a mulher e a filha de apenas dois anos durante um bombardeio em uma pequena região na França. – Ellie se esforçava para compreender, esperando que ele continuasse falando. – Trancou-se em sua casa por diversos dias, transtornado, consumindo um insano desejo de vingança dentro de si. Foi então que, após dias sem sair de casa, tanto por causa da guerra como por causa de seu choque, ele levantou-se de sua cama e declarou: hoje eu acordei com os sete demônios. – Hurst falava e era como se Ellie estivesse ouvindo as palavras de um profeta. Sua voz era melodiosa, calma, proporcionava a ela uma desconhecida tranquilidade. De alguma forma, Ellie não conseguia deixar de ouvi-lo. – Correu para o porão de sua casa e tomou posse de uma arma que havia guardado ali por muito tempo. Logo em seguida, este homem saiu, colocando-se em frente à sua casa. Com a arma em mãos, ele a apontou para todos os soldados inimigos que sitiavam sua rua. – ele fez uma pausa proposital para criar ênfase em sua explicação. – Tissou disparou sua arma até matar todos eles.
Primeiro, Ellie não se expressou de nenhuma maneira. Depois, levando certo tempo para absorver tudo o que escutara, ela manteve-se à espera de mais explicações.
– A história se repetiu. Muitas vezes. Em várias partes do mundo. Até que essas pessoas, pessoas que seguiram o exemplo de Alain Tissou, decidiram se unir em favor de um só objetivo. – ele exibiu um sorriso. – Um novo mundo.
– Desculpe-me. Isto é loucura. – Ellie afirmou.
– James deve ter lhe informado a respeito daqueles que a perseguem desde o dia em que nasceu. – subitamente, ela descobriu-se interessada nesta parte da história. – São fanáticos religiosos que acreditam que o Apocalipse está próximo. Obviamente toda essa coisa de religião afetou o bom senso de todos eles. – Vincent disse, debochando. – Há muito tempo tencionam matá-la, Ellie. Foi por isto que seu pai uniu-se à nós.
– Qual o sentido disso tudo?
– Eliminamos muitos dos que tentaram matá-la até agora. Nós a protegemos por dezoito anos. – ele explicou pacientemente. – Mas houve uma traição na Fraternidade.
– Traição?
– Como eu disse anteriormente, minha querida, seu pai foi um dos melhores assassinos desta organização. E eu arrisco dizer de toda a Fraternidade. Isto, possivelmente, causou a inveja de um dos membros das sete organizações.
– O que quer dizer?
– Que a pessoa que assassinou seu pai é um de nós. – ainda que aquelas fossem palavras duras, Hurst as articulava com benevolência. – Temos um traidor em nosso meio. Ainda não o descobrimos, mas estamos trabalhando nisto. Todavia, – Ellie abaixou seus olhos para o livro colocado à sua frente e leu uma infinita lista de nomes. Seus olhos descobriram o nome de seu pai escrito com a caligrafia do próprio. Era uma lista de presença. Ele realmente estivera ali. – Seu pai sabia que ia morrer. Então, julgo eu, que ele descobriu algo que não deveria. E então, acabou pagando um preço alto por isso. Acabou perdendo a vida.
Ellie sentiu que as lágrimas tornariam a inundar suas pálpebras. Tudo agora estava fazendo sentido, por mais insanas que aquelas palavras fossem. Tudo se encaixava.
– Antes de morrer, seu pai procurou por mim. – James interveio. – Nunca houve uma aposta, pequena Ellie. Seu pai jamais faria isto com você.
Cabisbaixa, ainda fitando a caligrafia do pai escrita no velho livro sobre a mesa de madeira, Ellie apenas escutava.
– Ele temia pelo que poderia acontecer à você caso ele não estivesse mais aqui para protegê-la. Então, pediu-me para que cuidasse de você.
– Por que você aceitou? – ela perguntou com a voz embargada de emoções.
– Seu pai e meu pai foram grandes amigos. Melhores amigos, eu diria. – ele falou com convicção. – Ambos estavam na mesma organização. Sei que meu pai teria aceitado o pedido do amigo de muito bom grado. Mas, infelizmente, ele morreu há oito anos.
Ellie lembrou-se do que Michael Graber havia lhe contado. Lembrou-se do que ouvira a respeito da explosão que tirara a vida dos pais de James e lamentou pelo homem que outrora lhe parecia um inimigo perigoso e, agora, agia de forma totalmente contrária.
– Coube à mim aceitar o pedido desesperado de seu pai. Mas ele não queria que você soubesse disto. Da Fraternidade, dos malucos que a perseguem... Então ele inventou toda aquela história. – James Braxton ainda demonstrava arrogância em seu tom de voz, embora estivesse falando palavras sinceras. – Em nome de seu pai, eu a protegerei até o dia de minha morte. Este é o trato.
Ela sentiu que devesse se aliviar com aquilo, mas não conseguia. A cada palavra dita, Ellie sentia-se ainda mais desesperada e perdida.
– Seu pai acrescentou algo ao pedido. – Vincent Hurst tornou a falar. – Manteríamos você longe disto, mesmo depois que ele viesse a morrer. Mas isto é algo que não podemos cumprir, Ellie. – balançou a cabeça. – Aquelas pessoas não deixarão de tentar matá-la. E nós ainda temos de nos preocupar com o traidor que ainda faz parte da Fraternidade. São duas coisas que estão prejudicando nosso desempenho nesta organização em especial.
– Por isso estão me contando a verdade? – ela perguntou, ainda cabisbaixa.
– Sim. – Vincent disse. – Queremos que se junte à nós.
Ellie soltou mais um riso de amargura. Aquela, decididamente, era a pior parte de toda aquela história. Ela abanou a cabeça, deixando o rosto banhar-se em lágrimas mais uma vez.
– Não sou uma assassina.
– Eu também não costumava ser. – Vincent Hurst respondeu seriamente. – Mas o que fazemos é por uma boa causa. – fitou os olhos da garota com ar severo. – Ou você vai permitir que o assassino de seu pai saia impune pelo que fez?
Ao dizer isto, era como se Vincent tivesse acertado em carne firme. O ponto que visava alcançar. O que almejava ao dar início àquela explicação insanamente complexa.
Ellie, furiosa, retribuiu a provocação com um olhar firme, deixando transparecer seu orgulho ferido.
– Foi o que eu pensei. – falou o homem. – Ofereço-lhe esta proposta, Ellie. – inclinou-se sobre a mesa, aproximando-se dela. – Junte-se à nós e terá a oportunidade de matar o assassino de seu pai com suas próprias mãos.
Aquelas palavras soaram tentadoras, ainda que as circunstâncias fossem ridiculamente inacreditáveis. Inúmeros pensamentos vieram à tona na mente de Ellie. Pensou na mãe, nas doces palavras que ela dizia quando a filha sentia-se ameaçada por algo. Pensou no pai, em como ela havia acreditado que ele tinha lhe apostado em um jogo. Pensou também em como se sentia culpada, agora que conhecia toda a verdade. Desejava poder voltar no tempo. Mas já era tarde demais.
Diante de tais situações, Ellie viu-se sem qualquer outra opção a não ser aceitar a mão que lhe estavam estendendo. A mão que, talvez, a fosse tirar do posso fundo e escuro no qual ela agora se encontrava.
– Somos uma família, Ellie. – Hurst quebrou o silêncio que se prolongou enquanto Ellie coordenava suas ideias calada. – E também seremos sua família se aceitar minha proposta.
Ellie deixou que todos os seus pensamentos escapassem, esvaindo sua cabeça por segundos. Manteve apenas um raciocínio rápido em mente. O pai fizera parte daquilo. Era um deles. Isto já havia sido comprovado. Ele confiara naquelas pessoas. Eram seus amigos. Ellie concluiu por si mesma que também podia confiar neles.
Recompôs-se, enxugando as lágrimas com uma das mãos num gesto muito delicado. Quando tornou a ergueu o rosto, seus olhos estavam mais brilhantes que de hábito. Secou os dedos em seu vestido de luto que fazia com que sua palidez se sobressaísse diante do aspecto sombrio daquela sala.
A voz saiu firme e envolta em determinação quando anunciou:
– Aceitarei a proposta.
Vincent Hurst sorriu, vitorioso. James Braxton, entretanto, limitou-se a se manter calado.
Algumas grandes mudanças ocorreriam ali, naquele mesmo lugar. Tanto na vida de Ellie como na organização da qual seu pai fizera parte. O primeiro passo havia sido dado. O primeiro de muitos que se seguiriam por um caminho cercado por uma imensidão de fatos que Ellie desconhecia desde então.
Era exatamente o que ela havia pensado antes.
Estava pisando em território desconhecido.
Prévia do próximo capítulo
– Este foi o primeiro passo a ser dado, Ellie. – Vincent Hurst sorria, deixando transparecer seu orgulho pelo fato de ter convencido a crédula jovem sentada à sua frente em seu vestido de luto. – Devo lhe afirmar que os passos seguintes serão um tanto... Difíceis para você. – O que quer dizer? – Ellie mantinha ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 51
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shadowxcat Postado em 19/07/2016 - 16:24:44
ESSA FANFIC ESTÁ SENDO REPOSTADA AQUI: http://fanfics.com.br/fanfic/54463/sete-demonios-romance-terror-horror-teen-amor -suspense-thriller-aventura-acao-vampiros-bruxas-demonios
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raysantos Postado em 12/08/2015 - 20:10:35
Sua fic e muito top e bem escrita tudo d bom tomara que logo logo a Ellie e James possam ficar juntos sem a essa fulana que eu nao aprendi a dizer muito menos escreve o nome no meio nada contra a crianca mais fazer oq ne continua
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vverg Postado em 08/02/2015 - 23:19:37
Olá, to lendo pelo spirit anime =)
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vverg Postado em 08/02/2015 - 22:54:24
Por favor!!! Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa mais!!! Okk, já sabes q amo de paixão esta web!!! To sentindo muita falta dela....please, preciso de mais caps!!!! Não me deixe na curiosidade por muito tempoooooo *_*
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vverg Postado em 10/01/2015 - 01:47:30
Desculpe meu sumisso!! Mas assim q der, comento qdo ler todos os caps =)
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vverg Postado em 19/08/2014 - 23:57:43
Poxa não judia tanto de sua leitora caramba!!! Minha fic perfeição, posta mais, preciso de mais.... Estou ficando agoniada sem suas atualizações Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa maissssssssssssssssssssssssssss nesta fic perfeitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa amo sua fic, ok vc já sabe disso, mas não custa falar né hahahahahahahaha
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vverg Postado em 12/08/2014 - 12:10:07
Meu Deus! Que nojo deste Declan!!!! Cara##@%@#$#! Putz!!! Como ela se deixa dominar desta forma, caramba!!! Posta mais mais mais mais mais mais. Poxa vc me deixou curiosa agora, tadinha da Elie, ela é muito fraca e se deixa dominar por este imundo.... Estou pasma, posta mais na minha fic perfeição mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais =)
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vverg Postado em 09/08/2014 - 17:08:49
Quero maisssssssssssssss!!! Preciso mais desta fic perfeita!!! Posta sim??? Necessito ler.... =)
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vverg Postado em 06/08/2014 - 10:33:43
Dahlia tah ferradinha kkkkk. Posta mais! Necessito de mais rsrsrs *_*
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vverg Postado em 02/08/2014 - 09:55:32
Minha fic mais q perfeitaaaaa posta mais quero mais caps