Fanfic: Sete Demônios | Tema: Original, Originais, Terror, Horror, Suspense, Terror Psicológico, Thriller, Romance, Segredos, Pass
Os meses que se seguiram desde seu casamento com Delilah pareciam estar trazendo uma parcial brisa de paz na vida de James Braxton. Ele dedicava-se imensamente ao bem-estar da esposa e de Willow, a pequena profetisa a quem devia sua vida.
Diariamente, porém, acompanhava seus novos companheiros até a fronteira para alguns descarregamentos. Desmond Walker – que tomara o posto de líder – desenvolvera com ele uma aliança de confiança, pois Braxton demonstrara-se útil no grupo. O que era óbvio para ele próprio. Sua parte no trabalho era entregar armas. E ele passara toda a sua vida cercado por elas, sendo forçado pelo pai a decorar cada detalhe, nome, utilidade dos itens de seu extenso arsenal. Mas os dias em Abingdon estavam demasiadamente distantes dos dias que ele estava vivendo agora.
Aparentemente não era apenas Walker quem admirava seu conhecimento acerca dos negócios. Todos os outros homens passaram a confiar em Braxton, de modo que Desmond insistira para que ele tomasse seu lugar como líder do grupo. Relutante, James negara-se a fazer isso.
Era um tanto irônica a sua decisão.
Durante muito tempo aspirara a posição de summus da Sétima Divisão. O pai sempre lhe dissera que havia nascido para ser um líder, o melhor assassino de toda a Fraternidade, um homem de poder. E agora ele recusava-se a assumir tal posto. Talvez porque sua mudança fosse realmente radical. Ou porque tinha agora, dentro de si, algo diferente em sua alma. Afinal, agora sentia como se tivesse uma.
E tal mudança tomara proporções ainda maiores conforme se passavam os dias nos quais convivia ao lado da esposa.
Delilah sempre se demonstrava atenciosa e doce. Todavia, sua teimosia – outrora presente quando haviam se conhecido – ainda encontrava-se ali, em sua personalidade incrivelmente adorável.
Willow, por sua vez, jamais permitira que o sorriso que estampara seu rosto no dia da cerimônia desaparecesse. E era contemplando a alegria no rosto da criança e apreciando a paz que Delilah lhe transmitia que James tinha a mais completa certeza de que tomara a mais certa decisão desde que a vida lhe dera uma nova oportunidade.
Em mais um dia, no qual tudo parecia estar seguindo a mesma tranquila rotina, a vida em si decidira dar outro rumo à vida daqueles que o cercavam.
Conduzindo sua motocicleta de volta para o vilarejo depois de mais um descarregamento na fronteira, James Braxton olhou para um dos lados, certificando-se de que o chacal, sua mascote, o acompanhava, tal como passara a acompanhá-lo todos os dias. O sol estava descendo, se pondo, a noite chegaria cedo sobre a vila. A brisa batia contra os cabelos castanho-claros – agora quase alcançando seus ombros –. Era prazerosa a sensação de saber que alguém estaria esperando por ele todas as noites.
Adentrando o pequeno vilarejo, Braxton estacionara em frente à sua casa. Emitiu um gesto com a mão para que Alpha – o chacal – o aguardasse do lado de fora. Assim o animal o fez, sentando-se à entrada da casa.
Assim que se colocara para dentro de seu lar, James se deparara com a esposa apreensiva demais preparando algo em frente ao balcão improvisado da cozinha.
Ele se aproximou dela, já sorrindo. Sua presença era sempre contagiante, irradiando positividade. Depois dos meses que vinha vivendo ao lado dela, James passou a acreditar que toda aquela positividade que fluía dela vinha de sua fé, pois todas as noites a via fazer suas preces. Vendo-a sempre tão crente de que seu deus era real e justo, nasceu em Braxton a curiosidade de ter o que ela tinha. De se apegar a algo, pois temia por sua sanidade mais uma vez. Sabia que algo habitava seu corpo desde o dia em que seus caminhos cruzaram-se com os de sua mascote, o canídeo que agora o acompanhava.
Delilah virou-se para ele, distraída demais. Ao se deparar com o marido, a jovem arregalou os olhos, estremecendo de repente.
– Desculpe. – ele riu-se, achando graça na reação inesperada dela.
– Mas será que precisa fazer isso toda vez? – recompondo-se, Delilah secou as mãos no vestido de algodão. Deferiu um leve soco no ombro dele e sorriu. – Quase me faz gritar de susto!
Ele esboçou um sorriso pelo canto dos lábios, arqueando uma sobrancelha.
– Nós dois sabemos que posso fazê-la gritar de outras formas, se preferir. – lançou uma piscadela para ela.
– Oh! – ela exclamou, empurrando-o com a mão, mas logo Braxton aprisionou-a pelos pulsos, pressionando-a contra o balcão que encontrava-se atrás dela. Olhou-a nos olhos, vendo-a corar.
– Senti sua falta. – ele disse-lhe.
– E eu a sua. – respondeu Delilah. Ele fez menção de aproximar-se para selar seus lábios, mas sentiu-a tentando libertar-se das mãos que a seguravam. – Mas precisa me soltar.
– Nunca. – Braxton começou a depositar beijos sobre a face dela, descendo para o pescoço exporto.
– Tenho que lhe dizer algo. – insistiu a garota.
– Temos tempo para conversar depois.
– Não, James. Precisamos conversar. Agora. – o tom sério de sua voz o fez suspender suas investidas, soltando-lhe os pulsos.
Delilah respirou fundo quando ele a soltou, dando um passo para trás.
– O que é tão importante? – ele indagou, curioso.
Novamente, Delilah exalou um profundo e longo suspiro. Seu corpo estava tenso. Os olhos miravam o chão, um claro sinal de sua angústia. Ela, no entanto, levantou seu olhar e encarou-o muito séria para dar-lhe a notícia.
– Eu estou... Gávr... Gávi... – ela balbuciava tentando encontrar o termo correto. As palavras saíam atrapalhadas por conta de seu forte sotaque.
James imediatamente arregalou os olhos, o coração acelerou repentinamente.
– O quê? – disse, elevando a voz. Seu tom alto deixou a garota ainda mais nervosa.
– Disse que estou gávr...
– Grávida! – ele a corrigiu quase que em um grito. – Está grávida?
Delilah desejava se demonstrar forte e séria, mas a incerteza a cercava de modo que ela tornara a abaixar o rosto, permitindo que suas lágrimas deslizassem por suas faces.
Houvera um silêncio insuportavelmente prolongado. Quando a jovem sérvia já estava prestes a rompê-lo, James Braxton esboçara um sorriso orgulhoso e dissera:
– É mesmo verdade? Está esperando um filho meu? – aproximou-se dela mais uma vez, tocando-lhe o queixo, fazendo-a olhar para ele. – É uma notícia maravilhosa, querida.
Ela, então, acompanhou-o em seu sorriso, cessando seu pranto. Beijaram-se e o ato deixara muito claro para ambos que o sentimento que nascera entre eles com o passar dos dias era mútuo. Delilah sentia-se imensamente aliviada.
Louco de alegria, James regressou às intenções que tivera minutos atrás. Deslizou as mãos por toda a extensão do corpo da jovem, sentindo a pele dela arrepiar-se com seu contato. Tomou-a no braço, sem quebrar o contato, e levou-a até a cama improvisada.
Ali, fizeram amor com imensa doçura, ambos felizes com o trajeto para o qual suas vidas estavam rumando. Ao final, afagando os cabelos escuros em desalinho da garota que agora deitava a cabeça sobre seu peito, Braxton permitira-se analisar suas emoções. Há muito não avaliava seus sentimentos. Especialmente aqueles que passaram a invadir seu coração, mente e corpo devido aos mais recentes acontecimentos.
A resposta vinha lentamente à medida que ele ligava os fatos aos eventos ocorridos. Amava Delilah. Aprendera a amá-la à sua maneira. Era uma mulher admirável, muito forte e determinada. Sua personalidade o intrigava, sua beleza exótica fazia dela algo ainda mais especial em sua vida. Sabia que seus sentimentos por ela eram todos recíprocos, pois podia sentir o coração dela acelerar-se toda vez que a tocava.
Prometera a si mesmo que jamais erraria com ela da maneira que errara com Eleonora em outros tempos. Outra vida.
Aquela era uma nova vida agora. Uma chance de fazer tudo funcionar corretamente.
Sons sobressaíram do lado de fora da casa. De prontidão, James dirigira um olhar em direção à porta. Esta estava entreaberta, e ele pôde ver o olhar de alguém que os estava espionando.
Se dando conta disso, Delilah também se assustou. Sentou-se na cama, cobrindo-se com um lençol. Ao lado dela, Braxton reconhecera o olhar através da fresta da porta. Delilah também o reconhecera.
– Danika! – exclamou. E a pessoa por trás da porta desaparecera.
James bufou, profundamente irritado.
– Precisa resolver-se com sua irmã. – ele disse. – Ela está aqui há meses e quase não dirige a palavra a mais ninguém a não ser você. Me perturba como ela age às vezes.
– Sei disso, mas... – ela parou de falar quando James começou a se levantar, colocando suas roupas em silêncio. – O que vai fazer?
– Vou eu mesmo colocar um fim nesta situação.
– O que quer dizer?
Ele se virou para ela, simplesmente dizendo:
– Willow está brincando lá fora. Não deixe que ela volte muito tarde para casa. Já está escurecendo.
Voltou-se em direção à porta e saiu de casa, deixando para trás uma Delilah temerosa.
Caminhando até o rio que corria ao fim do vilarejo, James olhou ao redor procurando pela irmã da esposa a quem ele debochadamente chamava de Lince, devido ao par de olhos que sempre lembravam os de um felino selvagem.
Ela claramente não estava ali. Ao menos não encontrava-se próxima.
– Lince! – chamou por ela. – Lince, apareça! Eu já estou farto de seu jogo.
Não houvera resposta. Sequer pudera notar uma comoção alheia.
– Está na hora de agir como adultos, vamos!
Então ele sentira a presença de alguém atrás dele. Um som já conhecido soou suave. Ele se virou lentamente, se descobrindo perante Danika. Ela empunhava seu arco, a flecha o mantinha em sua mira.
James presenteou-a com um olhar apático, despreocupado. Parecia estar zombando da atitude dela.
– Finalmente apareceu. Boa garota.
– Não fale, chacal. – ela dissera em sua voz rouca e severa. – Não me agrada.
– Bem, querida, então somos dois. – Braxton fez esforço para não rir. – Abaixe isso. Não queremos mais um problema.
– O problema é você. – Danika negava-se a abaixar seu arco e flecha, fitando-o com os olhos estreitos.
James abafou um riso e suspirou, olhando-a com ar debochado.
– Eu lhe dei uma chance. – em um gesto muito rápido, ele sacou por detrás de si, do cinto das calças, um revólver, colocando a sérvia em sua mira também. Fitou-a intensamente, sem tirar os olhos dos dela. – Sei que não quer se machucar. – começou a andar em círculos ao redor dela. Atenta aos movimentos dele, Danika seguia-o com o olhar. – Agora, vamos. Chega de cenas.
Reagindo de forma ainda mais rápida que a dele, a mulher deu-lhe um chute contra o tronco, empurrando-o fortemente com o pé. Sem o tempo necessário para reagir, Braxton caiu ao chão, para trás. A arma escorregara de sua mão.
Danika – ainda empunhando seu arco e flecha – aproximou-se dele, mantendo-o em sua mira, a flecha diante de seus olhos.
– Delilah não falou correto. – declarou a arqueira com certa dificuldade. Suas sentenças eram desordenadas, seu sotaque era ainda mais nítido que o de sua irmã. O olhar em seu rosto rígido, no entanto, não negava sua fúria. Estava tomada pelo ódio. – É inimigo. Meu inimigo.
– É completamente louca se me vê desta maneira. – James retrucou, fazendo menção de recolher sua arma do chão. Danika interveio, chutando-a para longe. Braxton paralisou-se diante do olhar dela.
– Não mova.
– Será que pode me dizer o motivo de tanta besteira? – ele indagou, por fim. Toda a situação o estava desgastando. – O que raios fiz a você?
– Não fez. – respondeu friamente. – Afastou. Eu. Sestra.
Ele fitou-a com incerteza em sua expressão, dando a entender que não conseguia compreender sua afirmação. Em seguida, uma conclusão viera brevemente à mente de Braxton. A confusão desaparecera de seu rosto.
– Não afastei sua irmã de você, lince. – assegurou-a. – Eu a salvei. Ofereci a ela uma vida, uma casa, uma família.
– Eu sou família. Você não. – ela resmungou, mantendo a flecha diante dele, pronta para soltá-la de seu arco.
Desde que passara a analisar o comportamento de Danika, James lutara para afastar da mente a possibilidade de suas teorias serem reais. Era ridículo. Impossível. E se fosse real, seria doentio.
Perante a expressão dela, porém, observando atentamente as proporções do ódio que ela trazia por detrás de seus olhos, James Braxton acreditou que seria a oportunidade perfeita para arrancar aquela dúvida de seus pensamentos.
– Diz isso porque está com medo de perdê-la. – Braxton alterara seu timbre, falando em tom persuasivo. – Porque você a ama, não é? – assistiu a mudança de expressão no rosto dela, vendo-a esboçar espanto. – Você está apaixonada por sua irmã.
– Cale-se! – vociferou ela. O ódio havia estourado dentro dela como uma bomba. E então preparou-se para lançar a flecha nele.
– Você a ama. É por isso que vem causando indiferenças entre nós dois. Matou seu pai quando ele mandou Delilah para longe de você. E então veio atrás dela, para reencontrá-la. – ele abriu um sorriso irônico e Danika fez menção de finalmente lançar sua flecha.
– Danika! – uma terceira voz – feminina – soou por detrás dela, fazendo-a interromper seu ataque. Virando-se para se certificar de quem era, deparou-se com a irmã mais nova. Ela correu, colocando-se entre eles.
Delilah estava agora em frente à flecha, impedindo Danika de mirar seu alvo. Braxton ainda não havia se levantado do chão.
– Precisa parar com isto! Agora! – começou a manifestar-se em desgosto. Danika mantinha o arco e flecha em mãos, de prontidão.
O silêncio rodeava-os agora. A respiração ofegante da mais velha era tudo o que podia ser ouvido.
– Morate da odlučite, sestra. – Danika disse entre os dentes. Mantinha-se petrificada em posição de ataque, o arco e flecha em mãos. – Eu. Ele.
– Não faça-me escolher, Danika. – a mais jovem pediu, balançando a cabeça negativamente. – Sabe que a amo. É minha irmã.
Mas Danika pudera ouvir as palavras não ditas que ficaram pairando sobre a sentença de Delilah.
Amava-a.
Como sua irmã.
– Eu a amo. Muito. – repetiu Delilah.
– Ama ele mais. – a arqueira indicou Braxton com os olhos. – Escolha. Escolhe ele eu vou embora. Escolhe a mim e a levarei comigo.
Delilah exalou um suspiro sufocado.
– São circunstâncias diferentes. Não pode me fazer escolher.
– Escolha! – ordenou, enfurecida.
– Não posso! – Delilah alterara sua voz. Havia lágrimas em seus olhos. James finalmente colocara-se em pé, atrás da esposa. – Não posso ir consigo, Danika. Não posso...
Danika assistiu a irmã desatar em prantos. Ela prosseguia, a voz embalada pelos soluços:
– O que tínhamos não pode continuar. Não é correto. – ela tomou ar. – Danika, o que tínhamos desgraçou nossas vidas. – ela expunha suas conclusões em lágrimas. A mais velha parecia incrédula, ouvindo-a falar. – Ficará no passado agora. Se quiser viver comigo e com minha nova família terá de ser assim.
Os olhos felinos da mulher abriram-se, deixando de expressar raiva para demonstrar surpresa.
– Não gostará de minha resposta se insistir para que eu escolha entre James e você. – prosseguiu Delilah. – Porque eu escolherei ficar ao lado dele, Danika.
E sua sentença final doera na irmã como um punhal fincado em suas costas. Ela pôde ver a tristeza estampada nos olhos da maior.
Respirando pesadamente, muito tensa, Danika Mislav, por fim, abaixou seu arco. Deu alguns passos adiante, colocando-se diante da irmã e de Braxton. Olhando-os com firmeza, cuspiu sobre eles.
– Gori u paklu. – ela declarou, virando-se de costas. Começou a afastar-se dali sem olhar para trás.
Novamente o silêncio reinou.
Delilah avistou a irmã rumar para longe, deixando-a para trás, sumindo quando a escuridão já havia caído sobre o vilarejo e o rio. Danika havia ido embora.
Para sempre. Ela pensou. E seu coração se contraiu.
James tomara posse do revólver, devolvendo-o na parte de trás das calças. Aproximou-se da esposa e tomou-a nos braços, comprimindo-a contra si. Ouviu-a chorar, mas fora incapaz de dizer qualquer coisa em relação ao que acontecera.
Suas suspeitas eram, então, reais.
Todavia, estava ciente de que o passado de Delilah em nada interferiria em seus sentimentos por ela ou no respeito que passara a ter pela admirável personalidade dela.
Confortou-a, afagando-lhe os cabelos fartos até seu choro cessar.
Seguiram os dois de volta ao vilarejo. Durante a caminhada, James lembrara a esposa de que agora tinham mais alguém por quem lutar e viver. Todas as boas vibrações vindas de suas palavras trouxeram conforto também ao coração dela.
Quando alcançaram sua casa, ambos já estavam sorrindo. Sorrisos alegres e espontâneos. Willow Hope esperava por eles, sentada à porta ao lado do chacal de Braxton.
Delilah passou por ela, muito mais empolgada do que minutos atrás. James sentiu-se aliviado por vê-la recomposta.
Curiosa, a pequena profetisa aproximara-se de Braxton.
– Danika não apareceu até agora.
James franziu os lábios em uma manifestação de seu desgosto.
– Ela não voltará. Danika decidiu seguir... Outros caminhos. – deu à menina uma resposta vaga. Willow o conhecia. Sabia que o assunto não o estava agradando.
– Entendo. – abaixou a cabeça. Levantou-a novamente, inquirindo algo mais: – Houve algo com Delilah?
Desta vez, Braxton não pudera conter o sorriso. Os olhos brilharam. Sua reação parecera nítida para a profetisa.
– Delilah está grávida, Willow.
– Oh, Deus! – a pequena exclamou, já sorrindo. Abriu os braços para dar nele um abraço terno de congratulações. – É mesmo uma maravilhosa notícia. – afastou-se dele, vendo-o sorrir abertamente.
– Sim, estou certo disso. É óbvio que terei de conseguir mais dinheiro aqui e ali, arranjar mais espaço, algo confortável... – encheu-se de ar e depois soltou-o, extremamente nervoso.
– Não se preocupe tanto. Tenho a certeza de que se sairá um excelente pai.
Ele arqueou uma sobrancelha, intrigado com a convicção imposta nas palavras da garotinha.
– O que a faz afirmar isso com tanta certeza?
– Sei que salvei você da morte uma vez. Mas você esteve comigo desde então. Desde que perdi aqueles a quem amava, as únicas coisas próximas de uma família que já conheci. Durante todos os dias, a todo momento, você esteve lá. Para me consolar, proteger, ensinar. – Willow articulava suas palavras com infinita seriedade. – Você sempre esteve lá por mim.
Ele soltou um breve riso, sentindo-se desconsertado. A gratidão de Willow tocara-lhe o coração da maneira mais pura que se podia imaginar.
– Era minha obrigação.
– Não. – ela disse. – Mas mesmo assim você o fez. Cuidou de mim. – Willow fitou-o com os grandes olhos azuis e ele conseguia ver a sinceridade dela. Algo que sempre o surpreendera. – Lembra-se de quando lhe disse que via meus pais em meus sonhos? Um cavaleiro negro e uma arqueira?
James Braxton assentiu com a cabeça.
– Não eram sonhos. – afirmou. – Eram visões. Premonições. – a criança fez uma breve pausa e caminhou até a motocicleta de lataria escura estacionada diante da casa, pousando uma das mãos sobre ela. – As pessoas que vi eram você e Delilah. Faz todo o sentido agora.
Braxton não soube quais palavras apresentar em resposta. Esperou que ela continuasse.
– Não sei quem são meus verdadeiros pais. Porém sei quem são os que me amam como se fossem meus pais. Chama-me de irmãzinha, mas é mais do que meu irmão. – caminhou novamente até ele, colocando-se diante dele. – Queira ou não, é exatamente isso que diz meu coração. E você, James, é o meu pai.
Ele fora dominado por uma emoção tão intensa que sentia todo o corpo sacudir. O coração flamejava e ardia, o espírito parecia ter subido, esvaindo-se de seu corpo por instantes. Ajoelhou-se perante a profetisa e apertou o corpo pequeno contra o seu em um abraço.
– Obrigado, Willow. Obrigado. – dizia-lhe. E pela primeira vez, talvez, permitiu-se derrubar algumas lágrimas. Estas traziam consigo alegria. Uma emoção outrora jamais explorada – ou sequer conhecida – por ele antes.
Afastou a garota de si e olhou-a com imenso amor.
– Por isso, não se preocupe. – Willow tornou a dizer. Ela ainda mantinha-se séria. – É uma pessoa maravilhosa para quem Ele tem grandes propósitos. – sua voz era suave e sincera. Ela referia-se ao seu deus. O deus a quem Braxton passara a querer conhecer desde então. – Será um excelente pai para a filha de vocês.
Ele sorrira mais uma vez. Contudo, este desmanchara-se quando ele se dera conta do que a criança lhe dissera.
– Disse filha...
Willow Hope ergueu os olhos para ele e abriu o maior sorriso que James já vira naquele pequeno rosto.
– Eu sei de algumas coisas. – afirmou, simplesmente.
–--
Quando descobrira-se perdida novamente em uma situação há muito conhecida, Eleonora não soube qual passo dar. Qual caminho seguir.
Tudo acontecera de forma inesperada, muito embora ela tivesse arquitetado mil e um planos parar aliar-se a Oliver Blake.
Estavam noivos há meses, mas sua relação com ele não mudara em nada. Ainda saíam para jantar, beber e dançar todas as noites. Oliver sempre se demonstrava atencioso e carismático. Nunca esforçara-se para levá-la para a cama, entretanto.
A primeira e única vez em que dormira com ele fora na mesma noite em que ele a pedira em casamento. E Ellie não levara aquilo em consideração.
Na cama, Oliver Blake era da mesma forma que agia fora dela: muito delicado. Suave. Meticuloso.
Eleonora não esperava que aquela noite tão indiferente fosse lhe trazer consequências. E talvez não tivesse trazido.
Talvez o fato de estar grávida novamente fosse consequência das noites que passara ao lado de Dominic Ryder.
A ideia assustava-a, trazia à sua mente terríveis recordações. Lembranças das perdas anteriores, da vida que costumava levar antes, da maldição de Lilith...
Sete vezes eu a amaldiçoo!
Ellie, no entanto, sabia que a melhor opção era dar a notícia para Oliver. Isso apressaria seus planos, era verdade, mas não atrapalharia em absolutamente nada.
Naquela noite, porém, ela recusara-se a sair com o noivo.
Desesperada, ela encontrara-se com Dominic Ryder na casa do próprio. Fora recebida por ele ao bater à sua porta, e adentrou o local como uma louca, atirando-se para seus braços. Não disse-lhe nada. E sua inciativa não desagradara Ryder.
Ele a possuíra avidamente, atrapalhando-se ao tirar as roupas do corpo que tanto desejava.
Estava ciente do casamento dela com o possível futuro presidente, mas depois de longas conversas nas quais Eleonora lhe garantira que toda a situação era apenas para manter a imagem de Oliver e ajudá-la a conseguir status em meio à sociedade, Dominic acabara cedendo aos planos da amada.
Completamente entregue às carícias dele, Ellie imaginou como seria deixar para trás todos os seus planos e promessas, fugir, levar uma vida simples ao lado dele. Sabia que era impossível, porém apenas imaginar tal possibilidade preenchia seu coração com uma sensação maravilhosa de liberdade e bem-estar.
Permitiu-se desfrutar daquela sensação mais uma vez – talvez a última –, sentindo um prazer ao mesmo tempo doce e violento a envolver. Seus gritos foram logo abafados pelos beijos do amante.
Ambos apaziguados, deitados sobre o tapete, acabaram adormecendo entrelaçados. Por sua vez, Eleonora despertara antes do nascer do sol. Muito antes. E manteve-se calada, contemplando o teto da miserável sala em silêncio, no escuro.
Houve uma comoção ao seu lado. Virando-se para Dominic, Ellie o encontrara desperto, procurando por algo com as mãos. Viu-o se ajeitar sobre o tapete, recostando-se aos pés do sofá quebrado atrás deles. Ele demoradamente acendeu um cigarro e manteve-se também calado por minutos.
Eleonora preencheu-se com toda a coragem que possuía, com toda a energia que ainda lhe restava naquela madrugada. Virou o rosto, evitando olhar para ele. Fez o anúncio de modo desdenhoso e breve:
– Estou grávida.
Ouviu-o sufocar com a fumaça de seu cigarro, provavelmente devido ao choque da notícia. Ele se recompôs o mais rápido que pôde. Ellie virou-se para ele, por fim.
– Oliver é o pai.
Embora a escuridão desfavorecesse sua visão, Ellie pôde ver os olhos verdes arregalados em espanto.
Ryder permanecera calmo, forçando-se a não estourar em fúria. A voz soara carregada, porém, quando ele se manifestara:
– Disse-me que isso tudo não passava de um plano para status.
– E é. – ela afirmou secamente. – Mas Oliver é meu futuro marido. Não se pode evitar esse tipo de coisa. Um dia dividiremos a mesma cama.
– Parece que apressou esse acontecimento. – ele riu com amargura, enfiando o cigarro aceso na boca novamente.
– Dom... – Ellie suspirou, finalmente se demonstrando angustiada e incerta.
– Não. – interrompeu-a. – Me poupe disso, por favor. Ambos sabemos que o filho é meu.
Ela sentou-se ao seu lado, um fino lençol cobria-lhe o corpo nu delicado. Olhou-o com doçura, como se implorasse para que ele a compreendesse.
– Sou a futura esposa do presidente. – esclareceu. – Qualquer escândalo pode custar-me toda a vida.
– E é por isso que decidiu que ele será o pai do filho que espera? Porque Blake é rico e tem seu lugar na sociedade? Isso tudo é mesmo parte de seu plano ou está se tornando tudo aquilo que costumava repudiar?
Ouvia-o acusá-la com a voz ríspida. Incrédula, Ellie sentiu a raiva tomar conta do restante de suas emoções.
– O que acha que aconteceria comigo se Oliver soubesse de tudo isso? Se as pessoas soubessem?
– Já deixou claro o suficiente para mim. – ele apagou o cigarro no chão ao lado e virou-se para fitá-la. – O que diabos eu posso lhe oferecer além de consolo em suas noites solitárias, não é mesmo?
– Bem sabe que não me importo com o que pode ou não me oferecer.
– Pois não é essa a impressão que me causa. – disse Ryder.
– Preciso de alguém de poder ao meu lado para fortalecer minha divisão. Anossa divisão.
– Aqui não há nada nosso. Nunca houve, segundo me parece. – afirmou ele, desdenhoso. – Disse-lhe uma vez que pretendo deixar essa cidade. Que encontrei uma maneira de arranjar dinheiro. Se é isso o que tanto quer, sabe que posso lhe dar.
Ellie abanava a cabeça negativamente.
– Não quero dinheiro algum.
– Qualquer coisa que seu coração desejar, sabe que arranjarei uma forma de conseguir para você.
Suas palavras cortavam seu coração. Ellie sabia que ele sofreria mais do que ela com aquele casamento. Com o rumo que sua vida estava tomando.
– Podemos fugir, Ellie. Apenas eu e você. – Dominic agora falava com certa empolgação, esforçando-se para convencê-la. – Podemos ir para a Flórida. Colin dizia que era um estado maravilhoso, com praias e milhares de outros lugares para se conhecer. Tenho certeza de que gostaria de ir até lá. Nós poderíamos... – ele se calou quando ela tocou-lhe os lábios com seu dedo indicador.
– Não posso fugir. Não posso abandonar meu destino. As pessoas precisarão de mim algum dia. Bem aqui.
Seus olhos castanho-claros estavam ameaçando derrubar algumas lágrimas. As mãos tremiam. O coração apertava-se, causando-lhe uma dor no peito.
– Não desista de nós. – Dominic Ryder disse em um apelo. – Ellie, por favor. Eu a amo.
– E eu a você. – ela falou, contendo suas lágrimas. – Mas não posso deixar-me levar por sentimentos e laços. Meu dever não é comigo mesma. É com o futuro. Com o que está prestes a acontecer.
Ele permaneceu em silêncio.
Estavam tensos, lado a lado, a cólera era mútua.
Eleonora jamais imaginou que pudesse lhe doer tanto a indiferença de alguém. Não tratava-se, no entanto, de qualquer pessoa, mas daquele a quem amava.
Passaram por sua mente milhões de imagens, lembranças de noites que passaram juntos, momentos que haviam compartilhado, promessas que haviam feito um ao outro. Costumavam ser imprudentes e insaciáveis quando se encontravam, como dois adolescentes rebeldes fugindo de casa numa sexta-feira à noite.
Agora, olhando um para o outro, não passavam de duas sombrias figuras feridas pelos planos do destino.
Sufocada pelo silêncio, Ellie inclinou-se para Ryder e começou a beijar-lhe o rosto, os lábios, enquanto lágrimas deslizavam de seus olhos. Ele não reagiu.
– Por favor, meu amor... – murmurou ela. A voz entristecida, vacilante. – Fale comigo...
Dominic Ryder estava completamente tenso, mas não a afastou. Ele não respondia. Não correspondia.
Ellie desistiu, afastando-se dele por conta própria. Olhou-o com o coração partido e tudo o que pudera contemplar era uma imagem apática. Ela sabia que era a culpada.
Decidira-se encerrar a noite ali mesmo. Levantou-se e em questão de segundos encontrava-se vestida.
Olhou uma última vez para Ryder. Este nada dizia. Não fazia menção de movimentar-se. Calado. Observando o nada.
– E-eu o... – brecou suas palavras. Seria inútil tentar fazê-lo entender. – Apenas... Me perdoe...
Seu murmúrio pairou, ecoando naquela sala enquanto ela caminhava para a porta. Sequer olhou mais uma vez para ele, evitando sofrer diante do silêncio que ele estava lhe impondo.
Cobrindo a boca com as mãos, evitando irromper em lágrimas, Ellie retirou-se da casa. Correu para seu veículo e adentrou-o, posicionando-se atrás do volante.
Ali ela permitiu-se chorar, soluçando como uma criança perdida. A dor apertava-lhe o coração com mais força, cada vez mais.
Morrerei se ele deixar de me amar. Ellie pensara consigo mesma.
E a partir daquele momento sentia que começaria a morrer. Morrer aos poucos. Ainda que seu corpo se mantivesse vivo.
Sua alma já havia sido violada há muito tempo.
Agora era seu coração que sofria as consequências das decisões que ela passara a tomar em favor ao seu destino.
Destino este que lhe custara tudo.
Absolutamente tudo.
–--
Christian Madden checara o relógio pendurado à parede diante de sua cama. Eram quatro horas da manhã. Estava frio. Mais do que nas noites anteriores. Ele descobrira que havia caído em sono profundo horas atrás, sua Bíblia ainda encontrava-se em suas mãos.
Ele quase saltara de sua cama ao ouvir batidas contra a porta de seu quarto de hotel.
Ainda atordoado, Madden colocara-se em pé. Passou as mãos pelos cabelos curtos escuros e respirou fundo, dirigindo-se à porta.
Ao abri-la se encontrou frente a frente com um rosto que não via há muitos dias. A beleza presente naquela face, nada obstante, era ainda fascinante aos olhos do caçador de demônios.
– Olá. – ele conseguiu dizer, disfarçando sua surpresa.
– Boa noite. – Marina Baresi cumprimentou-o de modo sério. – Poderia deixar-me entrar?
– Sabe que horas são?
– Não se importará com as horas quando ouvir o que tenho a lhe dizer.
Sempre conseguindo convencê-lo a se envolver em seus atos, Marina vencera a possível discussão. Christian deu espaço e ela adentrou o local. Ele fechou a porta e se virou para ela, esperando uma explicação.
– Bem... – disse ele.
– Meus pais... Guias... – ela corrigiu a si mesma rapidamente. – Entraram em contato comigo esta noite. Há muito tempo não o faziam.
– Estou ouvindo. – Madden cruzou os braços em frente ao peito, atento às palavras dela.
– Disseram-me que há algo muito poderoso e obscuro atrás de sua pessoa. Algo que o persegue desde o dia em que veio ao mundo. E está se aproximando. – sua explicação soava ridícula demais. Contudo, Madden sabia que descartar coisas como aquela poderia ser uma atitude da qual se arrependeria depois. Além disso, Marina não era tola. Não teria vindo até ele se o assunto não fosse de extrema importância. – Tenciona corrompê-lo. Levá-lo para o outro lado.
– Muito bem. – suspirou o exorcista. – Agora diga-me: como e por que eles estão a par de acontecimentos acerca de minha vida?
Neste momento, Baresi mudara seu olhar de direção, corando. A voz soara mais baixa quando respondeu-lhe:
– Meus pais estão sempre a par de tudo o que encontra-se em minha mente constantemente. – falara com sinceridade. – E em meu coração.
Madden piscara duas vezes. A surpresa em seu rosto era agora total.
– Que disse? – indagou ele.
Marina erguera para ele o belo par de olhos, aqueles que oscilavam do castanho para o verde. Os mesmo nos quais ele se descobria pensando vez ou outra. Com mais frequência do que gostaria.
– Que penso em si o tempo todo. Em seu bem-estar. Preocupo-me como uma louca e esforço-me todos os dias para não vir aqui lhe... Lhe dizer... – suas palavras morreram ali. A essa altura, seu rosto queimava, a pele extremamente pálida estava agora corada. – E, agora, sabendo o que sei, o que ouvi de meus guias espirituais... Estou com muito medo.
– Medo do quê? – Christian Madden não conseguia acompanhá-la em sua explanação.
– De perdê-lo. – a bruxa respondeu diretamente, sem rodeios. Estava farta de evitar o assunto. Já havia ultrapassado seus próprios limites. Não conseguia mais ocultar a realidade. Estava ali. Clara. Óbvia. Incontrolável. – Mesmo que... Mesmo que não seja meu. Eu temo perdê-lo. Temo que algum dia desses desapareça de minha vida e não me deixe mais ouvir a seu respeito.
A surpresa dele convertera-se subitamente em uma comoção desconhecida. Sentia seu coração bater muito mais rápido do que o normal. As mãos suavam. A emoção subia por seu corpo gradativamente, tomando posse de cada célula de seu ser. Christian Madden jamais sentira-se assim antes.
Forçou a si mesmo a acreditar que tudo aquilo não passava de uma visão. Mas era a mais pura realidade. Estava acordado. Estava lúcido. E diante dele encontrava-se a única que até então conseguira causar nele um milhão de emoções em um segundo, todas juntas de uma vez.
Ficara claro para ele agora.
Sentia por Alena Braxton imensa compaixão, carinho, ternura. O que sentia por Marina Baresi, por outro lado, assustava-o. Era algo totalmente novo. Desconhecido. E Madden perguntou-se se estaria pronto para explorar aquele sentimento.
Quando a jovem bruxa aproximou-se dele, tomando as mãos dele entre as suas, olhando-o nos olhos como se quisesse visualizar sua alma, Christian tivera sua resposta.
Os braços de Marina envolveram-no pelo pescoço. Ele então espontaneamente colocara as mãos na cintura da jovem. Agarrados um ao outro, caíram sobre o sofá do quarto de hotel.
No momento em que seus lábios encontraram-se, sentiram como se uma forte descarga elétrica se desse entre eles, alastrando-se pelo interior de seus corpos.
Madden deixara-se cair sobre o corpo frágil de Marina, contemplando a bela imagem de seu rosto. Devoraram-se então com os olhos, não acreditando na alegria que conseguiam proporcionar um ao outro com apenas um gesto. Com um sorriso torto nos lábios, Christian tocou-lhe a face gelada com a ponta dos dedos, desenhando-lhe os contornos de seu rosto, dos lábios, do pescoço. Marina permitiu que ele o fizesse, atenta a excitação que crescia nela sob a ligeira carícia do homem a quem tanto amava e desejava.
Lentamente, as mãos do exorcista começaram a remover as roupas que cobriam o corpo da jovem. Não demorou muito e Baresi encontrava-se nua por debaixo do corpo dele. Christian levara pouco tempo também para livrar-se das próprias roupas. Tornando a contemplá-la, sentiu que a garota pousava uma das mãos sobre a nuca dele, acariciando-o. Ele olhou-a com admiração. Estava esplendidamente bela. Ainda mais do que ele conseguia imaginar.
Sem deixar de olhá-la, parecendo pouco constrangido por seu sexo hirto, Madden afastou-lhe as pernas delicadamente. Pausou seus movimentos subitamente, esboçando incerteza em seu olhar.
Marina estranhou a mudança de humor da parte dele.
– Você... Tem certeza?
A morena consentiu em um gesto com a cabeça.
– Por quê? – ela perguntou. – Você nunca...?
– Não. – respondeu ele. E Marina julgou tê-lo visto corar.
Ela sorriu diante de toda a doçura que Madden escondia por debaixo daquela personalidade fria e severa. Tocou-lhe o rosto, fazendo-o olhar para ela mais uma vez.
– Eu também jamais permiti que alguém tocasse-me dessa maneira. – confessou. – É a primeira vez que está acontecendo. E eu quero que seja com você.
– Está certa disso? – insistiu o caçador.
– Por que pergunta?
– Porque sou um homem marcado para morrer. – ele disse-lhe, novamente muito sério. – Não posso lhe oferecer um casamento, uma vida decente ou uma família. Algum dia, talvez muito em breve, acabarei morrendo nessa batalha da qual já estamos cientes. Eu não ficarei ao seu lado para sempre.
Marina Baresi inclinou-se para frente, levantando a cabeça. Olhou-o, intrépida.
– Todos nós morreremos algum dia, Christian. Você, eu, as pessoas a quem amamos, aqueles que conhecemos... Todos. Mas hoje, apenas por esta noite, eu quero afastar de nós qualquer pensamento que envolva guerra e morte. – sua voz – agora firme e decidida – causava arrepios pelo corpo dele. – Esta noite – ela prosseguiu, tornando a deitar a cabeça sobre o sofá. – Eu quero viver.
Christian conteve um sorriso que ameaçava surgir em seus lábios. Tornou a afastar as pernas dela, inclinando-se sobre seu corpo, aproximando-se de seu rosto. Com os lábios úmidos colados à face de Marina, Madden sussurrou-lhe:
– Então peça-me para possui-la. – depositou um beijo molhado sobre o pescoço dela. – Deixe-me ouvir.
– Por favor... – ela gemeu baixinho, as pálpebras cerradas. – Me ame, Christian. Faça-me sua.
Houve então uma farta distribuição de beijos e carícias da parte de ambos. Se amaram de maneira terna. Havia sentimentos no ato. Paixão. Cumplicidade. Amor.Seria essa a palavra?
Após se retirar de dentro de Marina, acomodando-a junto a si, Christian Madden se descobrira perguntando a si mesmo se era aquele o tal sentimento do qual tanto ouvira falar.
Desistiu de pensar, concluindo que sentia-se completo naquele momento. Completo em sua mente, alma e corpo. Marina afastara dele toda a solidão. Pelo menos por aquela noite.
Christian Madden descobrira-se vivo pela primeira vez na vida. Já não lhe restavam mais dúvidas. Estava entregue ao amor que alimentava pela jovem bruxa.
Tal como estava certo de que aceitar a realidade de tal sentimento traria aos dois problemas ainda maiores do que os quais já estavam enfrentando.
Recordara-se então do motivo pelo qual ela viera até ele naquela noite.
Algo o estava perseguindo.
A confusão em seus pensamentos deixara-o exausto. Antes de adormecer com Marina em seus braços, Christian sentiu que as palavras dela, ditas horas antes, tornaram a emergir em sua memória.
Todos nós morreremos algum dia... Mas hoje, por esta noite... Eu quero viver...
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* Morate da odlučite, sestra. - Precisa se decidir, irmã.
* Gori u paklu. - Queimem no Inferno.
Prévia do próximo capítulo
– Vamos! Empurre! Delilah Mislav gemia tentando comprimir a dor que parecia rasgá-la por dentro. Havia lençóis debaixo de seu corpo suado. Estes estavam agora encharcados. Encontrava-se em sua casa. Uma mulher na casa dos setenta anos, com a face enrugada e um lenço de estampas aleatórias ao redor da cabeça, cobrindo-lhe os c ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 51
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shadowxcat Postado em 19/07/2016 - 16:24:44
ESSA FANFIC ESTÁ SENDO REPOSTADA AQUI: http://fanfics.com.br/fanfic/54463/sete-demonios-romance-terror-horror-teen-amor -suspense-thriller-aventura-acao-vampiros-bruxas-demonios
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raysantos Postado em 12/08/2015 - 20:10:35
Sua fic e muito top e bem escrita tudo d bom tomara que logo logo a Ellie e James possam ficar juntos sem a essa fulana que eu nao aprendi a dizer muito menos escreve o nome no meio nada contra a crianca mais fazer oq ne continua
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vverg Postado em 08/02/2015 - 23:19:37
Olá, to lendo pelo spirit anime =)
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vverg Postado em 08/02/2015 - 22:54:24
Por favor!!! Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa mais!!! Okk, já sabes q amo de paixão esta web!!! To sentindo muita falta dela....please, preciso de mais caps!!!! Não me deixe na curiosidade por muito tempoooooo *_*
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vverg Postado em 10/01/2015 - 01:47:30
Desculpe meu sumisso!! Mas assim q der, comento qdo ler todos os caps =)
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vverg Postado em 19/08/2014 - 23:57:43
Poxa não judia tanto de sua leitora caramba!!! Minha fic perfeição, posta mais, preciso de mais.... Estou ficando agoniada sem suas atualizações Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa maissssssssssssssssssssssssssss nesta fic perfeitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa amo sua fic, ok vc já sabe disso, mas não custa falar né hahahahahahahaha
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vverg Postado em 12/08/2014 - 12:10:07
Meu Deus! Que nojo deste Declan!!!! Cara##@%@#$#! Putz!!! Como ela se deixa dominar desta forma, caramba!!! Posta mais mais mais mais mais mais. Poxa vc me deixou curiosa agora, tadinha da Elie, ela é muito fraca e se deixa dominar por este imundo.... Estou pasma, posta mais na minha fic perfeição mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais =)
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vverg Postado em 09/08/2014 - 17:08:49
Quero maisssssssssssssss!!! Preciso mais desta fic perfeita!!! Posta sim??? Necessito ler.... =)
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vverg Postado em 06/08/2014 - 10:33:43
Dahlia tah ferradinha kkkkk. Posta mais! Necessito de mais rsrsrs *_*
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vverg Postado em 02/08/2014 - 09:55:32
Minha fic mais q perfeitaaaaa posta mais quero mais caps